[o aborto é um ato covarde, desumano, amoral, em qualquer circunstância e se torna mais reprovável, mais desumano, mais hediondo, quando sua vitima, o assassinado, além de ser a de sempre - um ser humano inocente, indefeso - tem como pai um médico - que melhor do que ninguém conhece os meios de evitar uma gravidez indesejada.
Ele contou que resolveram interromper a gravidez para cuidar melhor do filho com deficiência que havia nascido menos de um ano antes
Penúltima pessoa a falar na audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal (STF)
para debater a descriminalização do aborto, o pediatra Sérgio Tavares
de Almeida Rego foi, de longe, o que mais se emocionou. Ele aproveitou
os poucos minutos a que tinha direito para contar sua própria história
como pai de um filho com deficiência, ou, nas suas palavras, o "filho
eterno", que precisa de cuidados mesmo já sendo adulto.
Quando o bebê
não tinha nem 1 ano de idade, sua mulher ficou grávida novamente. Mas,
para poder cuidar melhor da criança com deficiência, eles decidiram
interromper a segunda gestação. [uma escolha de Sofia? só que a necessidade da escolha surgiu por opção dos próprios pais. Não havia condições de ter outro filho
naquele momento, eles alegam. Foi a primeira vez que Sérgio contou a
história em público.
Em entrevista ao GLOBO, o médico contou que apenas uma amiga sabia dessa história.
— Foi ela que nos instigou, nos instou a falar aqui. Ninguém na família sabia. Minha irmã me mandou agora uma mensagem de WhatsApp assim (faz expressão de espanto). Na verdade, são coisas com as quais você lida na intimidade, ainda mais com a proibição.
Questionado se foi fácil tomar a decisão de contar a história em público, ele respondeu:
— A decisão de contar aqui foi fácil. O difícil não é falar do aborto. O difícil é compartilhar todo esse processo de sofrimento, a realidade e a dureza que é você conviver e criar uma criança com múltiplas deficiências. Remorso? Nenhum, nenhum, nenhum. Não acho que haja nenhum problema moral. A emoção vem junto desse processo de relembrar aquela época, como foi o primeiro ano de vida... Isso é o mais difícil.
O médico falou na audiência em nome da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB).
O Globo
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