Alckmin escolheu Ana Amélia sob a alegação de que ela sempre foi sua favorita. Verdade: Ele não conseguiu Alencar, e optou pela melhor candidata
Aécio
desistiu de disputar a reeleição ao Senado, e tenta a Câmara Federal. Alegação:
“A gravidade da situação de nosso Estado exigirá uma bancada forte e unida
na defesa dos interesses de Minas”. Verdade: Aécio temia ser derrotado. E,
sem foro, é com Moro. Aécio prefere o STF.
Alckmin
escolheu uma grande vice: a senadora gaúcha Ana Amélia. Alegação: Alckmin disse
que ela sempre foi sua favorita. Verdade: Alckmin tentou Josué Alencar, que
pagaria sua própria campanha; e Álvaro Dias, para livrar-se do oponente que
disputa seus eleitores. Na falta do dinheiro de um e dos votos do outro, optou
pela melhor candidata.
Os verdes
se aliaram a Marina, indicando Eduardo Jorge para vice. Alegação: “A aliança
reforça o trabalho nos Estados”, disse o presidente do PV. Verdade: ou aceitava
a vice de Marina ou ficava sem nada.
O PSC, do
Pastor Everaldo, retirou a candidatura de Paulo Rabello de Castro à Presidência
e o indicou para vice de Álvaro Dias, do Podemos. Alegação: “A aliança”, diz
Paulo Rabello, “é o primeiro passo para acabar com a picaretagem na política”.
Verdade: Rabello corria o risco de ter menos votos que Meirelles, pois de
Meirelles se sabe ao menos que é candidato e foi ministro de Temer. Álvaro Dias
empacou nas pesquisas e não tinha um vice popular. Vai portanto de Rabello, que
não é popular, mas tem boa reputação e é ficha limpa. Antes ao lado do que
concorrendo.
Assim é…
A aliança
de Álvaro Dias com Rabello foi rica em boas frases. O Pastor Everaldo,
presidente do PSC de Rabello, disse que a principal negociação foi
programática. “O senador aceitou incorporar à sua proposta de governo nosso
Plano de 20 Metas”. Claro! E o fará assim que descobrir que metas são essas.
Renata Abreu, presidente do Podemos de Álvaro Dias, festejou a aliança: “Além
de PSC e Podemos, o PRP estará na aliança”. Álvaro Dias disse que busca o apoio
do PROS. E ainda falou com ar de alegria!
…se lhe
parece
E
Alckmin? Na Globonews, elogiou a história do PTB, que o apoia. É uma história
rica, riquíssima: Roberto Jefferson, seu presidente, cumpriu pena por ser
condenado no Mensalão, e é investigado pela Polícia Federal no caso da venda de
registros de sindicatos no Ministério do Trabalho.
Falsos
puros
Lula
jogou pesado e, de seu escritório na carceragem da Polícia Federal em Curitiba,
torpedeou a candidatura de Ciro Gomes (que foi seu ministro), única
possibilidade real de união dos partidos de esquerda. A união de esquerda que
podia admitir era em torno de seu nome — embora inelegível.
O PT
mantém o discurso da pureza ideológica. Mas se aliou àqueles a quem chamava de
“golpistas” para as disputas estaduais. Em Alagoas, fechou com Renan Calheiros;
em Pernambuco, fez o possível para rifar Marília Arraes e se aliar ao
governador Paulo Câmara, do PSB (mas Marília venceu a convenção — e agora?). No
Piauí, a senadora Regina Souza, do PT, foi queimada; o partido apoia Ciro
Nogueira, do PP, um dos líderes do Centrão (que, nacionalmente, está com
Alckmin). E no Ceará o PT apoia Eunício — que não apenas chamavam de “golpista”
mas atacavam por ser amigo do presidente Michel Temer. Em resumo, vale tudo,
exceto aquilo que possa prejudicar a suprema posição de Lula.
Atenção
às mulheres
Vale a
pena prestar atenção nas duas gaúchas envolvidas na disputa pela Presidência:
Manuela d’Ávila, candidata do PCdoB à Presidência, e Ana Amélia, do PP, vice de
Alckmin, são adversárias, pensam diferente, mas pensam. Manuela d’Ávila tinha
sido lançada pelo PCdoB para ocupar o espaço até que o partido decidisse o que
fazer, mas ocupou-o tão bem que, a menos que haja uma união das esquerdas, é
candidata até o fim. Ana Amélia é competente, ficha limpa, corretíssima (este
colunista, que trabalhou com ela na Rede Bandeirantes de Televisão, é seu
admirador). E há anos é colocada pelos jornalistas entre os melhores senadores.
Observe.
Publicado
na Coluna
de Carlos Brickmann
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