Eleição líquida e voto volante
O
ambiente é absolutamente fluído, e as consequências do atentado a Jair
Bolsonaro podem ter os mais variados desdobramentos. Um mês antes das eleições,
o tempo é líquido no Brasil. A situação do candidato do PSL antes de ir para
Juiz de Fora era a de quem liderava a eleição sem Lula, mas havia tido um
aumento da rejeição e perdia no segundo turno para Ciro, Marina e Alckmin.
Agora, tudo dependerá dos próximos movimentos de cada um dos atores desta
campanha. [quanto Bolsonaro for empossado, em 1º de janeiro - e será, DEUS vai permitir - ainda haverá manchetes criando hipotéticas situações e nelas a eleição de Bolsonaro (mesmo com ele já empossado) ainda será objeto de dúvidas.]
Na
segunda-feira, o Datafolha poderá mostrar a reação no eleitorado nas primeiras
horas do atentado. A pesquisa é preciosa como um instantâneo. Na terça-feira, o
PT anunciará sua chapa. O que o candidato oficial a vice, Fernando Haddad, disse
na Globonews, respondendo a Merval Pereira, foi que ele pode ser vice do Lula,
mas de nenhum outro. O que ficou implícito é que se for vencedora no PT outra
corrente que não a que tem sustentado o ex-prefeito de São Paulo, seja
consagrando Gleisi Hoffmann, seja Jaques Wagner, a vice será a ex-deputada
Manuela Dávila, do PCdoB.
A foto acima foi recebida por e-mail e é postada sob responsabilidade exclusiva do Blog Prontidão Total.
A decisão
das principais campanhas de suspender as atividades foi importante para evitar
qualquer palavra impensada. A um mês das eleições, a dúvida do eleitor é
elevada, e foi isso que a pesquisa Ibope mostrou. Num quadro desses, qualquer
fator interveniente produz efeitos encadeados e incertos, aumentando ainda mais
a imprevisibilidade. Na
pesquisa do Ibope, parte dos eleitores de Lula se dispersou de forma
fragmentada, indo para Ciro, Haddad e até Bolsonaro. Os eleitores volantes
nunca foram tantos e tão determinantes como nesta eleição. Nas simulações de
segundo turno, Jair Bolsonaro perderia para Ciro, Marina e Alckmin, mas o
percentual dos que votariam em branco ou nulo e dos que não souberam responder
ficou em 23%, na hipótese com Ciro e com Marina, e 27%, quando o oponente de
Bolsonaro é Alckmin ou Haddad. O representante do PT é o único que aparece
empatado com Bolsonaro, mas ele ainda não é oficialmente o candidato e não teve
tempo de exposição oficial. Quando a chapa do PT, na terça-feira, for definida,
restarão apenas 26 dias para as eleições. O partido terá que correr na sua
estratégia de transferência de votos.
Enquanto
isso, a campanha de Bolsonaro seguirá sem ele. Por enquanto, os representantes
oscilam entre vários tons. Desde o “agora é guerra”, do presidente do PSL,
Gustavo Bebianno, até as declarações mais amenas do general Hamilton Mourão, em
Porto Alegre, no dia do atentado. Quando falou no vídeo do senador Magno Malta,
o candidato Jair Bolsonaro misturou no discurso Deus, pátria e família. Malta
repetiu que Bolsonaro está em missão de Deus. Bolsonaro lembrou que era o dia 7
de setembro e que gostaria de estar no desfile militar no Rio de Janeiro. Como
os eleitores reagirão a esses apelos é ainda uma incógnita.
O general
Mourão define Bolsonaro como vítima de um crime político, de um atentado contra
o Estado. A dúvida é se a campanha o apresentará como a vítima vingadora, numa
guerra santa contra os “inimigos”, ou se haverá uma mudança no discurso para
trazer mais seguidores para o seu grupo. O grande desafio de qualquer
candidato, de direita ou de esquerda, é capturar parcelas mais ao centro. Lula
conseguiu isso em 2002 e iniciou a sua escalada de popularidade. Na pesquisa
Ibope, a rejeição de Bolsonaro havia subido de 37%, em agosto, para 44%, em
setembro. Na intenção de votos, ele oscilou na margem de erro, de 20% para 22%,
mas o percentual dos que acham que ele vai ganhar subiu de 27% para 38%. [sabemos que a maior parte dos adversários de Bolsonaro são covardes o bastante para tentar se aproveitar da temporária fragilidade do futuro presidente; resta saber se tal covardia dará 'coragem' àqueles adversários para assacarem acusações caluniosas contra o presidenciável, que padece em um leito de hospital, com limitações físicas e sob o efeito de diversos remédios - portanto sem condições de se defender, de esclarecer e desfazer as acusações e de contra-atacar.
O eleitor estará atento para os que forem capazes de acusar vitimas indefesas - não será surpresa que tal covardia ser concretize, afinal entre os adversários de Jair Bolsonaro (que também são adversários de um Brasil melhor e de que os brasileiros tenham melhores condições de vida) muitos são favoráveis ao aborto, que é o assassinato de seres humanos inocentes e indefesos e o candidato do PSL está, no momento, indefeso.]
Para o
sociólogo Zygmunt Bauman, a era em que vivemos é de incerteza e falta de
referências; de relações fluídas, voláteis, que escorrem pelos dedos. Nestes
tempos líquidos, a um mês de uma eleição dramática, com um candidato na UTI,
depois de um atentado, e outro impugnado dirigindo a campanha da prisão, nunca
foi tão verdadeira a frase “tudo pode acontecer”. O voto volante pode ser
atraído por qualquer dos candidatos. Até parte dos eleitores que já têm
candidato pode migrar, sem obediência aos compartimentos políticos definidos
como esquerda, direita e centro. Isso tudo faz com que estejamos
definitivamente numa eleição líquida.
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