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quinta-feira, 2 de abril de 2020

Vergonha alheia - Merval Pereira

O Globo

Estádios viram hospitais

A falta dos hospitais que não fizemos 

“Não se faz Copa do Mundo com hospitais”, disse Ronaldo Fenômeno, rebatendo as críticas sobre os gastos para a realização campeonato mundial de futebol no Brasil em 2014. Também o então presidente Lula foi na mesma linha, declarando que ser contra a Copa por causa dos hospitais seria “um retrocesso danado”.
[o péssimo hábito que existe de atribuir a jogadores de futebol que se destacam nos campos capacidade pensante (alguns conseguem pensar, una poucos) insiste no Brasil.
Um dos poucos que conseguiu,  e consegue, pensar  é o Pelé, quando cunhou aquela famosa frase: 'o povo brasileiro não sabe votar' - frase tão correta que quando elegeu, reelegeu, coisas como o ex-presidente condenado e a engarrafadora de vento, o povo brasileiro confirmou a famosa conclusão do Rei Pelé.]

Também deixamos de construir hospitais enquanto nos vangloriávamos de termos vencido a concorrência para realizar as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Sabemos hoje que nas duas competições houve fraude na disputa pela indicação, e o Brasil ganhou as duas com a ação de atravessadores e lobistas, brasileiros e estrangeiros, comprando os votos de delegados.

A Copa do Mundo de futebol deixou na nossa memória uma vexaminosa derrota por 7 a 1 para a Alemanha, que acabou sendo a campeã. Mas deixou também inúmeros elefantes brancos construídos a preços superfaturados, que geraram diversos processos criminais por corrupção. Inclusive o Itaquerão, onde se realizou a abertura da Copa, em São Paulo, e o Maracanã, palco da final. O Itaquerão, aliás, foi denunciado pela Odebrecht como tendo sido construído por pressão do então presidente Lula, torcedor fanático do Corinthians.

Pelo Brasil, estão espalhadas diversas arenas esportivas que se transformaram em problemas para os governadores dos 12 Estados em que foram construídas, a maioria deles sem torcidas capazes de enche-los em jogos do campeonato local. Aliás, o Brasil teve 12 sedes, e não 8, por pressão do presidente Lula e da CBF, para agradar politicamente alguns estados. Hoje, ironicamente, vários deles estão transformados em hospitais para o enfrentamento da crise do Covid-19: em São Paulo, o Pacaembú será um hospital administrado pelo Albert Einstein, e o Itaquerão possivelmente será usado também.

Em Fortaleza, o estádio Presidente Vargas terá 204 leitos, que podem ser transformados em UTIs. Em Brasília, o Mané Garrincha, que até pouco sobrevivia comprando o mando de campo de times com grandes torcidas, como o Flamengo, agora virou hospital. O Nilton Santos, no Rio, a Arena da Baixada, no Paraná, o da Ilha do Retiro, em Pernambuco, todos estão se transformando em hospitais para receber os infectados pelo Covid-19.

Coube à então presidente Dilma, que fora reeleita em 2014, abrir a Copa do Mundo. Como acontecera um ano antes, em 2013, na abertura da Copa das Confederações, a presidente foi vaiada assim que seu nome foi anunciado pelos alto-falantes, e ela nem pôde falar. Reflexos da insatisfação que reuniu, em 2013, as maiores manifestações contra Dilma nas ruas do país, eventos que deram início à derrocada da presidente até o impeachment em agosto de 2016. Os panelaços foram indicador preciso da crescente insatisfação do povo contra a presidente Dilma Rousseff, mas o processo de desgaste político foi lento e aconteceu concomitantemente ao crescimento das investigações da Operação Lava-Jato, que colocou o PT diante de provas irrefutáveis do maior esquema de corrupção já descoberto no país.   

Junto com a trágica realidade que enfrenta de ter que transformar arenas esportivas em hospitais, fenômeno que de resto acontece em diversos países pela gravidade da pandemia, o presidente Bolsonaro continua fazendo bolsonarices, revivendo o Febeapá do inesquecível Stanislaw Ponte Preta. Na época, durante a ditadura, era o Festival de Besteiras que Assola o País. Hoje seria o Festival de Bolsonarices que Assola o País.

Após ter feito um discurso equilibrado e ponderado na terça-feira, voltou ao seu normal ao divulgar um vídeo fake sobre uma suposta falta de mercadorias na Ceasa de Belo Horizonte, para forçar uma mudança na política de isolamento horizontal. Os bolsonaristas gostam de opor a suposta falta de corrupção em seu governo ao perigo que representaria o PT de volta ao poder. Como se fossemos obrigados sempre a escolher o menos ruim entre os dois. Trocamos a corrupção financeira em larga escala pela corrupção dos hábitos e costumes nacionais, ambas provocando a deterioração da democracia brasileira.

Merval Pereira, jornalista - O Globo


sexta-feira, 19 de julho de 2019

Guilherme Fiuza - "O chapa-branca arrependido"

O tal do “bolsonarismo” tem sido um fenômeno revelador no debate político nacional. Um estudo antropológico sério – que nunca será feito, claro – mostraria que os brasileiros que se acham cultos e civilizados tendem a preferir as caricaturas à realidade. Não para de sair gente do armário.  Lancemos aqui as bases para o tratado antropológico que nunca será feito – dividindo de forma arbitrária (e fascista e ditatorial) os democratas carnavalescos em quatro categorias. Não entram no estudo aqueles que não votaram em Bolsonaro porque não quiseram e ponto final. Esses não estão fazendo proselitismo sobre caricaturas, portanto apenas seguem suas convicções e isso não tem a menor graça. Contemplaremos só os acrobatas da lenda – que são a maioria.

A primeira categoria é a dos que aderiram ao “Ele Não” na eleição para poder sair daquele armário petista genérico – e poder voltar a ficar ao lado dos que exaltam a doce e charmosa lenda do bom ladrão. Estavam cansados de ser patrulhados pela MPB.   A segunda categoria é a daqueles que cansaram a beleza de todo mundo com aquele papo chato e burro de “sou de direita” (tipo sou Corinthians ou sou Flamengo) para se sentir heróis da resistência ao petismo. No que apareceu a caricatura bolsonarista, deram uma cambalhota no playground ideológico deles e viraram petistas de sinal trocado. Aí, se Bolsonaro virasse o Mahatma Gandhi ou a Madre Tereza de Calcutá, eles iam se horrorizar do mesmo jeito com seus maus modos.

A terceira categoria é a dos que foram “Ele Sim(para derrotar o PT) e no dia 1º de janeiro já estavam de-ce-pi-ci-o-na-dos e fazendo cara de nojo para tudo – e esses dispensam explicação porque você já entendeu.  A quarta categoria é a mais intrigante. É composta pelos que apoiaram o novo governo, inclusive duelando bravamente contras as três categorias acima – todas no modo sabotagem frenética. Aí se dá a grande alquimia.

Não mais que de repente, justamente quando o governo emplacava agendas positivas como a lendária reforma da Previdência, os alquimistas da quarta categoria saem do armário com sua mutação chocante de antibolsonaristas! Você não entendeu: não é que tenham passado a fazer críticas que não faziam antes. Viraram militantes, corneteiros, tarados pelo fetiche de detonar a caricatura que até anteontem era uma grande convicção.  Freud foi chamado às pressas para explicar essas almas, mas respondeu em alemão: “Me inclui fora dessa”. O VAR também foi chamado, mas os árbitros de vídeo mandaram dizer que estavam no banho.

DefesaNet - Guilherme Fiuza


 



domingo, 16 de junho de 2019

Clubismo, silêncio e homofobia: como a torcida se comportou no Morumbi

Clima frio nas arquibancadas refletiu, também, dentro de campo

[Seleção = timinho; a cada dia está menor. A Copa América será mais uma derrota.

Pena que está contaminando  a seleção feminina.]

O Estádio do Morumbi voltou a receber um jogo da seleção brasileira nesta sexta-feira, 14, depois de quase cinco anos. O placar de 3 a 0 registrou uma vitória tranquila do Brasil sobre a Bolívia, na abertura da Copa América. A equipe, como em anos anteriores, não contagiou o público de mais de 47.000 pessoas, que se deteve ao clubismo e só entoou cânticos de incentivo ao time, como o agora consagrado “Brasil olê, olê, olê!”, depois do primeiro gol, aos 5 minutos do segundo tempo. Durante os 90 minutos, o que chamou a atenção foi a apatia do estádio na maior parte do jogo. A falta de empolgação da torcida deixou o jogo ainda mais frio, assim como os jogadores, vaiados na saída para o intervalo.

Apesar do fato de os portões estarem abertos quatro horas antes do início da partida, os torcedores começaram a ocupar as arquibancadas do Morumbi em cima do horário do jogo. Muitos relataram problemas, como ingressos “duplicados”, o que talvez explique o número de torcedores bem abaixo do esperado. A cerimônia de abertura do torneio, movida a fogos de artifício e música, foi o momento que mais prendeu a atenção do público. Com celulares em mãos, registraram boa parte da festa. O novo telão do estádio paulista também contagiou os torcedores com uma espécie de karaokê, focalizando os fãs mais animados, algo muito frequente nas ligas americanas, como na NBA e NFL.

Outro ponto alto foi a execução do hino nacional. Os torcedores presentes ao Morumbi parecem ter memorizado o ritual estabelecido durante a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 de continuar cantando o hino à capela até o fim, assim como os jogadores da seleção, mesmo após o corte da execução da melodia. Os cantos em uníssono, porém, acabaram por aí. A partir de então, o que prevaleceu foram demonstrações esparsas de clubismo – um grito de “vai Corinthians” aqui, um coro com uns versos do hino do São Paulo ali. A entrada do ex-jogador do Palmeiras Gabriel Jesus na partida provocou algum alvoroço no segundo tempo.

O clubismo também teve destaque durante a apresentação dos jogadores da seleção brasileira. O volante Casemiro e o atacante David Neres, formados pelo São Paulo, foram ovacionados, enquanto o goleiro Cássio e o lateral-direito Fagner, do Corinthians, foram extremamente vaiados. Tite foi tema de indecisão para os torcedores e ficou entre vaias e aplausos. Antes do início da partida, o técnico recebeu incentivos de alguns presentes, mas a manifestação durou menos de dez segundos. O mesmo serviu para o volante Fernandinho, criticado por suas atuações nas últimas duas Copas do Mundo.

Embora silenciosa na maior parte do jogo, uma manifestação destoou pelo lado negativo: a homofobia. Apesar da decisão recente do Superior Tribunal Federal que tornou demonstrações homofóbicas um ato equivalente ao crime de racismo, parte das arquibancadas insistiam em entoar o lamentável coro “Bicha!” a cada tiro de meta cobrado pelo goleiro boliviano Carlos Lampe.

A última reação dos torcedores antes do final da partida foi um suspiro de espanto, aos 42 minutos do segundo tempo, quando o locutor do estádio anunciou os mais de 22 milhões de reais de renda – um recorde dentro para o futebol brasileiro. Apesar do alto valor arrecadado com a venda de ingressos, o público de 47.260 pessoas (o tíquete médio custou incríveis 485 reais) não nem chegou perto dos 60 000 esperados antes do jogo.

Veja

domingo, 19 de maio de 2019

Os Bolsonaros a perigo

Flávio mostra-se assustado, Jair sai pela arrogância, e Carlos recolhe-se ao silêncio

[detesto Romário, tanto quando jogador - mesmo quando jogou pelo Mengão (a propósito, a derrota de ontem para o 'galinho' é perdoável, visto que na quarta abateu o 'corinthians') - como político  e o que mais for, mas, a famosa frase cometida pelo jogador quando disse que 'Pelé calado é um poeta ...' (frase que o senador não deveria ter pronunciado, ele deve respeito ao REI do Futebol) - e perfeitamente aplicável ao Carlos Bolsonaro e seus dignos irmãos, perfeita também para o 'aiatolá de Virginia'.

Quanto ao nosso presidente Jair Bolsonaro, ele pode de deve falar - preferencialmente através do porta-voz.

Em 2022 aí sim, ele pode e deve falar no estilo capitão - ainda acredito que seu Governo será excelente (ainda há tempo para ajustes) e ele será reeleito.]

Os ardis que consistem em contratação de funcionários fantasmas, repartição das remunerações desses e de funcionários ativos e ainda o uso de funcionários para serviços privados não se limitam a irregularidades administrativas de gabinetes parlamentares, federais ou estaduais. Configuram desvio e apropriação de dinheiro público, tanto faz se para o próprio parlamentar ou para outros. É isso que, na verdade, caracteriza a numerosa série desses fatos atribuídos a Jair, Flávio e Carlos Bolsonaro pelo Ministério Público do Rio. ['atribuídos' tem  significado bem diferente de praticados e provados.
Se deve ter sempre presente, que JAIR BOLSONARO e seus familiares não são a mesma pessoa.]
Inexiste ainda a caracterização real e pública dessas sucessivas constatações, por serem seus relatos moderados e intermitentes. O oposto dos vazamentos e do carnaval de manchetes e telejornais nos casos envolvendo Lula, o PT e Dilma.
Nestes, jornalismo propriamente dito e política + Ministério Público brigaram o tempo todo. A briga continua, mas a rubrica “política” tem composição diferente, sem partidos enlaçados com poder econômico e imprensa/TV/rádio. E os Ministérios Públicos não denotam o facciosismo e o desregramento da Lava Jato. “Venham pra cima, não vão me pegar!” é uma boa frase de efeito, mas Bolsonaro deve saber que as circunstâncias, se não a negam, também não a confirmam. Basta o primeiro lote de sigilos bancários a serem quebrados, já próximos de uma centena, para sugerir o que é esperado daí sobre o pai e dois dos filhos. Todo o caso, por sinal, foi constatado por causa de Flávio, mas o iniciador das atividades merecedoras de investigação foi Jair. [até mesmo aparentes irregularidades em quebras de sigilo, podem ser esclarecidas e explicadas.
 
Criticam o depósito em espécie de R$24.000,00 feito por Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro - alegam que poderia ter feito um DOC ou uma TED.
Qual a diferença entre quem está em um Banco, tem uma quantia em espécie para pagar a determinada pessoa, que é correntista daquele Banco, e optar por depositar direto na conta ou fazer um DOC ou um TED - que, estão sujeitos à cobrança de tarifa, o que não ocorre com os depósitos?
 
Quanto a Bolsonaro, pelo menos até agora e creio que vai assim permanecer, nada há contra ele (ganhou um recurso impetrado no Ibama, contra uma multa aplicada) - ter uma multa anulada é normal, qualquer cidadão tem o direito a recorrer e ganhar o recurso.
Provem que Bolsonaro teve a multa cancelada por determinação legal de alguma autoridade e que tal fato a autoridade praticou por determinação do presidente da República.
 
Por fim, não esqueçam que Bolsonaro tem um CPF e cada um de seus familiares tem um  CPF diferente, único, individual.]
Também envolvedor daquele filho, quando, eleito deputado federal, transferiu-lhe os beneficiados, práticas e “fantasmas” que mantinha no Rio. De quebra, entre os investigados predominam pessoas ligadas a Bolsonaro, agora ou em suas famílias passadas. E ainda a proximidade com milicianos, motivo de explicações escapistas e não menos indagações em aberto. Os riscos são grandes. Pendentes apenas da maior ou menor disposição do Ministério Público de ir adiante na sua função —o que, triste é dizê-lo, nunca se sabe. [o MP até que exerce seu múnus, as vezes até com exagero; é que acusações precisam ser provadas.]
Não é uma situação em que Bolsonaro possa contar com a proteção que o levou a cercar-se de generais. Embora, por enquanto, essa trincheira seja uma das intimidações que atenuam os relatos do caso em sua gravidade inequívoca. Funcionários fantasmas, ou só fantasiados de ativos, recebem dinheiro público, tomado à população. [provas? provas?: provas? onde estão?] Trata-se, portanto, de desvio caracterizador do ato criminoso de peculato. Flávio Bolsonaro mostra-se assustado com o inquérito. Jair Bolsonaro sai pela arrogância. Carlos recolhe-se ao silêncio sugestivo. Mas a ansiedade não se divide por três. É equânime.


Janio de Freitas - O Estado de S. Paulo



domingo, 10 de junho de 2018

INsegurança Pública no DF: não garante a segurança das pessoas de bem nem pune seus assssinos

Jovem linchado no Parque: duas semanas após o crime, ninguém foi punido

A maior dificuldade dos investigadores está na falta de testemunhas. Não há quem fale, dê pistas, denuncie. É como se existisse um pacto pela impunidade daquele que entra para a lista dos mais brutais crimes de Brasília

DENUNCIE:

197Serviço telefônico da Polícia Civil para denúncias
DenuncieQuem tiver informações sobre os autores do linchamento no Parque da Cidade pode denunciar. Não é obrigado a revelar a identidade. A Polícia Civil tem quatro meios para os relatos, além do telefone 197. São eles:
site
www.pcdf.df.gov.bre-mail:
  denuncia197@pcdf.df.gov.br
         Telefone: 197
WhatsApp 98626-1197

Pelo menos 20 jovens de classe média brasiliense, moradores do Plano Piloto, do Lago Norte e do Guará, mataram a socos, pontapés, facadas e garrafadas um garoto de 16 anos. Outros tantos assistiram ao linchamento no maior parque da capital do país, sem intervir. Muitos incentivaram, aos gritos de “Pega!”, “Finaliza!”, “Mata!”, acompanhados de inúmeros palavrões dirigidos à vítima. Apesar de se tratar de um local público, de haver tantos autores e cúmplices, e com a grande possibilidade de alguém ter filmado algo com um telefone celular, passaram-se duas semanas sem ninguém ter sido preso ou sequer indiciado. A maior dificuldade dos investigadores está na falta de testemunhas. Não há quem fale, dê pistas, denuncie. É como se existisse um pacto pela impunidade daquele que entra para a lista dos mais brutais crimes de Brasília.

A selvageria aconteceu por volta das 19h de 26 de maio, um sábado, no Parque da Cidade. Além dos tradicionais frequentadores, os atletas amadores, e dos clientes dos comércios, havia mais de 1,5 mil meninos e meninas em uma festa realizada no estacionamento público número 11 da área de lazer, em frente ao Carrera Kart, cenário da barbárie. Evento ilegal, sem alvará, sem segurança privada, sem equipe de enfermeiros e socorristas, mas que prosseguiu, por ao menos quatro horas, com venda e consumo de álcool. Isso apesar de o parque ter administração própria, rondas de policiais militares a cavalo e em picapes, equipes de vigilância patrimonial motorizadas, da ampla divulgação do encontro em redes sociais, de ele concentrar tanta gente e de emitir um som alto o suficiente para ser ouvido nas quadras vizinhas da Asa Sul e do Sudoeste.

A vítima 

» Victor Martins Melo
» Tinha 16 anos
» Morava no Setor de Chácaras do Lago Norte
» Era aluno do 8º ano de um colégio público da Asa Sul
» Torcia para o Corinthians, adorava ouvir música e dançar

“Triste ir para o rolê (festa) e ter que ver esse tipo de coisa. A gente se arruma e sai (...) para se encontrar com os amigos e se divertir e não sabe se vai voltar para casa inteiro”
Participante do evento onde houve o crime, em relato na internet
 
A primeira festa
A vítima, Victor Martins Melo, havia saído de casa, no Setor de Chácaras do Lago Norte, pouco antes das 16h. Restrito a eventos sociais nos âmbitos familiar e escolar, o aluno do 8º ano de um colégio público da Asa Sul seguia para uma festa em local público, sozinho, pela primeira vez. Havia recebido autorização do pai, o comerciante Íris de Melo, 47, dois dias antes. “Ele queria muito ir a essa festa. Chegou a me dizer: ‘Pai, você sabe que eu não faço nada de errado.’ Ele tinha razão. O Victor nunca me deu dor de cabeça. Era um menino caseiro. Namorava a mesma menina havia dois anos. Preferia passar os fins de semana em casa, com ela. Durante a semana, estudava de manhã e, à tarde, vinha me ajudar na loja. Não bebia, não fumava, não arrumava confusão com ninguém”, lembra Íris, dono de uma loja de películas para vidro, na Asa Norte.

A mãe, Valdineia Martins Melo, 41, só soube da intenção do filho de ir ao evento no Parque da Cidade uma hora antes do início. E ele prometeu retornar entre as 19h e as 19h30. Com o consentimento de Valdineia, Victor deixou a casa feliz, de roupa nova, bem arrumado e penteado. Bonito, era extremamente vaidoso. Adorava música. Ouvia de quase tudo, do funk ao sertanejo. Curtir a música e dançar eram os plano para a festa no Parque da Cidade, onde também estariam colegas da escola e vizinhos adolescentes do Setor de Chácaras do Lago Norte. Quando o ponteiro do relógio marcou 19h, a mãe fez a primeira de uma sequência de ligações para o telefone celular do filho naquela noite de sábado. “A minha mulher telefonou até as 19h40, quando o aparelho do nosso filho deu sinal de que estava desligado”, conta o pai.

Assassinado e roubado
Vinte minutos depois, Valdineia recebeu a visita inesperada do dono de uma mercearia vizinha, ponto de encontro dos moradores da região. O homem disse a ela que um dos adolescentes da quadra acabara de mandar um recado aos pais de Victor. Pediu para irem ao Parque da Cidade, pois havia “algo de errado” com o filho deles. Valdineia ligou para o marido, que estava na loja. Íris foi para casa. “Sabia que algo grave havia acontecido, mas não imaginava que era tão grave. Fomos primeiro para o Hospital de Base. Não encontrando o meu filho, seguimos para a DCA (Delegacia da Criança e do Adolescente). Lá, falaram-nos que havia tido um assassinato no Parque, mas que a vítima era uma mulher. Estavam nos enrolando. Não queriam que fôssemos ao Parque. Queriam nos poupar”, relata Íris.

Pouco depois, um agente pediu para o casal ir ao Instituto de Medicina Legal (IML). “Nessa hora, falei para a minha esposa: ‘Mataram o nosso filho!’”, recorda-se Íris. Para chegar ao IML, o pai passou pelo Parque. Ao enxergar veículos e homens da PM e da Polícia Civil em um dos estacionamentos, por volta das 21h, ele parou e desceu. Encontrou, caído, ensanguentado, com marcas de violência, o filho morto, só de cueca e com a camiseta furada, rasgada e suja. Pelos policiais, soube do que havia acontecido, pelo menos a parte que se sabia até então. Que uma adolescente teve o celular roubado, apontou para um grupo de jovens e, na confusão, Victor foi detido por outros rapazes. Caído, recebeu chutes, socos e garrafadas. Perfurações apontavam, ainda, facadas. Por fim, roubaram-lhe a carteira, o celular, os tênis e a bermuda. Paramédicos do Samu fizeram massagem cardíaca na vítima, que não resistiu aos ferimentos.

Fã de futebol que sonhava servir à Aeronáutica 
Victor Martins Melo era o filho do meio. Tinha um irmão de 21 anos e uma irmã, de 14. Nasceu em Luziânia, assim como o mais velho. Época em que os pais moravam em Valparaíso, e a cidade goiana sequer tinha maternidade. A vida da família girava entre os dois municípios do Entorno, mas o goianiense Íris de Melo e a goiana do interior Valdineia Martins de Melo queriam um lugar mais promissor para os filhos. Decidiram por Brasília, onde compraram um terreno no Setor de Chácaras do Lago Norte e montaram a loja de películas que viria a sustentar todos. Em seguida, adquiriram um sítio em São Gabriel (GO).

Na capital, nasceu a menina. Ela e os dois irmãos sempre frequentaram escolas públicas. Brincavam juntos. Nunca criaram problemas para os pais. Terminado o ensino médio, o mais velho decidiu cuidar do sítio da família. A propriedade se tornou ponto de encontro familiar aos fins de semana. Para lá, Victor levava a namorada, de 17 anos. Dos tempos em Goiás, além da música sertaneja, o garoto cultivava a paixão pelo Villa Nova. Sempre que a família ia a Goiânia visitar os parentes, o rapaz pedia ao pai para irem ao jogo do Dragão. O adolescente também torcia pelo Corinthians. Não perdia uma partida do time paulistano pela tevê. “Todo dia de manhã, eu levava o Victor e a irmã ao colégio. Quando entrávamos no carro, ele pedia para sintonizar em uma rádio de notícia. Principalmente, às segundas, às quintas e às sextas-feiras. Queria saber os resultados dos jogos de futebol do dia anterior e os comentários. Quando decidi voltar ao trabalho, na segunda passada, entrei no carro e não vi o Victor ao meu lado, o meu coração doeu muito”, conta Íris. Ele também lembra da paixão do filho pela Aeronáutica. “Desde pequeno, o Victor não falava em outra coisa, queria servir às Forças Armadas, seguir carreira na Aeronáutica. Como ele faria 17 anos daqui a pouco, estava ansioso pela oportunidade.”

Dor e burocracia
Além de não ver o sonho do filho realizado, Íris teve frustrada outra vontade de toda a família, a de cremar o corpo do garoto. “Todos em casa concordamos com esse procedimento. Acreditamos que, com ele, podemos deixar o ente querido em um lugar belo, em paz. Mas não pôde ser assim com o Victor por causa da burocracia do Estado e da máfia das funerárias”, reclama. Depois de ver o filho morto no Parque da Cidade, na noite de sábado, o empresário voltou ao IML na manhã de domingo acreditando que, por meio de um trâmite rápido, poderia levar o corpo para uma cerimônia em Valparaíso, onde ocorreria a desejada cremação.

Mas, por se tratar de morte violenta, funcionários do instituto alegaram que seria necessária a autorização de um promotor de Justiça plantonista. “Nesse momento, o Estado não pensa na dor da família. O que mais queria era pular aquela etapa do luto, mas ela foi só se arrastando, enquanto apareciam funcionários de funerárias oferecendo os serviços e a administração (privada) dos cemitérios de Brasília aceitava só vender jazigo para três corpos. Não era o que a minha família queria”, observa Íris.

Com a falta de resposta do promotor, o domingo acabou, e os familiares de Victor passaram mais uma noite sem cremação nem enterro. O calvário se repetiu na segunda-feira. “Quando foi na terça-feira, vendo a minha família estraçalhada, decidi me render à máfia das funerárias. Mas optamos por um enterro na Cidade Ocidental (GO), onde poderíamos comprar uma cova simples para, quando tivermos cabeça e a Justiça permitir, fazermos uma exumação e realizar a desejada cremação, para deixar os restos mortais do Victor em um local de descanso, mas lindo”, comentou o pai do adolescente. “Por isso, quase ninguém soube de velório. Fizemos uma cerimônia rápida e simples, que reuniu poucos familiares”, afirma.

Desde o enterro, só Íris saiu de casa. “Tinha de trabalhar. Muita gente depende do meu trabalho”, frisa. Sedada, Valdineia não conseguiu sair do quarto. Recebe o amparo da irmã, única parente em Brasília. A irmã do menino só chora. “Ela fala do irmão o tempo inteiro. Lembra do que faziam juntos”, conta Íris. Talvez a menina volte à aula amanhã. O irmão mais velho também segue recluso. Pouco fala. O quarto de Victor continua intacto, como ele deixou em seu último dia de vida. Do que Victor saiu carregando de casa naquele trágico sábado, a família recebeu de volta apenas os documentos dele. Jogados por cima do muro da casa por um anônimo. Alguém que provavelmente estava na cena do crime. 
197Serviço telefônico da Polícia Civil para denúncias
DenuncieQuem tiver informações sobre os autores do linchamento no Parque da Cidade pode denunciar. Não é obrigado a revelar a identidade. A Polícia Civil tem quatro meios para os relatos, além do telefone 197. São eles:
site
www.pcdf.df.gov.bre-mail:
  denuncia197@pcdf.df.gov.br
WhatsApp 98626-1197

Adolescente se contradiz
Os investigadores do caso duvidam que Victor Martins Melo roubou algo na festa do Parque da Cidade. Conclusão tirada após ouvir sete testemunhas, inclusive a adolescente de 16 anos dona do celular levado por desconhecidos

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 Em um dos depoimentos, a garota afirmou que não se lembrava de tudo, porque estava sob forte efeito de álcool. 

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Responsável pela gestão do Parque da Cidade, a Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer do DF confirmou que o encontro não tinha permissão pública, mas não explicou por que durou pelo menos quatro horas. Apenas afirmou ter acionado a Polícia Militar assim que soube do evento. Quando a primeira equipe da PM chegou ao local, o linchamento havia acontecido.

CONTINUAR LENDO: Correio Braziliense 

 

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

TOSTÃO - Futebol não é para os crédulos


Milhares de razões da astronômica ascensão e queda do Corinthians já foram abordadas, um milhão de vezes, na mídia, nas ruas e nos botequins. Alguns psicólogos do esporte pensam que houve um relaxamento do time, como mostrou, nesta terça (31), matéria da Folha. Novas estatísticas surgem a cada dia, para tentar explicar o fenômeno. Se o Corinthians não for campeão, haverá uma mega congresso, com os maiores catedráticos nos assunto.

Como sou metido a entendido, tenho também minhas teorias, que têm grandes chances de estarem erradas. Pela lógica do caos, do acaso e dos mistérios da mente, os jogadores entraram em pânico, em vez de relaxarem, quando perceberam, no início do 2º turno, que seria um vexame perder o título, pois estava muito fácil ser campeão. Até o sensato Carille perdeu o bom senso, ao pôr, ao fim de vários jogos, um excesso de atacantes, o que diminuiu organização e chance de vitórias.

Começaram as comparações entre Carille e Valentim. Se o Palmeiras for campeão, Valentim será endeusado, como foi Carille no primeiro turno. Já o técnico do Corinthians, poderá ser, se brilhar, no primeiro semestre de 2018, o Valentim do fim de 2017. As coisas vão e voltam, especialmente as análises sobre a qualidade dos técnicos.  Os melhores treinadores, ou melhor, os que ganham mais títulos, sobretudo os campeonatos por pontos corridos, são os que dirigem as equipes com os melhores jogadores. [custa reconhecer, mas, existe uma exceção: o 'zé ruela' técnico do MENGÃO; aliás, pior que o 'zé ruela' só o Mano  Menezes.]  Há exceções, pontuais. Um técnico inferior pode, surpreendentemente, ganhar um grande título, passar a dirigir as mais fortes equipes e ter mais sucesso que um outro superior, que não teve as mesmas chances. O melhor é relativo.

Parafraseando Tom Jobim, o futebol não é para os crédulos, ingênuos.

Empate
Antes do jogo contra o Cruzeiro, parecia, pelos programas esportivos e pelas conversas de rua, que o Palmeiras já se preparava para conquistar a liderança contra o Corinthians, no próximo fim de semana.

O Palmeiras jogou bem, criou chances de gol, pela qualidade de seus atacantes e pela pressão por jogar em casa, mas mostrou problemas defensivos. O time avançava a marcação e deixava espaços na defesa, ainda mais que não tem defensores de qualidade. O Cruzeiro, no início do segundo tempo, fez um gol e teve chance de fazer o terceiro. Aí, Mano Menezes trocou Arrascaeta por mais um volante, Lucas Silva. O time não melhorou a marcação, não teve mais contra-ataque e foi sufocado, até sofrer o gol de empate.

Decisões
No Fla-Flu que define a classificação na Sul-Americana, três jogadores me chamam a atenção: o jovem Scarpa, 23, que, se jogasse em um time de grandes jogadores teria chance de evoluir e se tornar um meia excepcional; Juan, 38, um dos grandes zagueiros da história do futebol brasileiro, ainda melhor que os outros; e Vinícius Jr., que passou da hora de ser mais bem aproveitado no time titular do Flamengo. [o desprezo por Vinicius Jr é mais uma das falhas do 'zé ruela' - o pior é que parece que o Vinicius está esquecendo o que é jogar;  entrou no Flamengo como promessa e tudo indica vai embora ainda prometendo.]

O Grêmio está praticamente na final da Libertadores.
Se houver uma zebra e o time ser eliminado, após vencer o Barcelona por 3 a 0, e, ao mesmo tempo, o Corinthians perder o título, o que era inimaginável ao término do primeiro turno do Brasileiro, serão situações tão surpreendentes quanto um corrupto e seus aliados apoiarem a Lava Jato.


Fonte: Blog Perca Tempo



sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Fifa reconhece títulos de Flamengo, Grêmio, Santos e São Paulo como mundiais

A Fifa reconheceu como oficiais os títulos obtidos por clubes sul-americanos e europeus entre 1960 e 2004, através do antigo Mundial Interclubes. Mas deixou de fora torneios como a Copa Rio de 1951, vencida pelo Palmeiras. Nesta sexta-feira, na reunião do Conselho da Fifa realizada em Calcutá, na Índia, a entidade aprovou a proposta da Conmebol e, assim, espera colocar fim a uma polêmica que dura anos.

[excelente notícia para nós, membros da Galera FLAMENGUISTA e um ótimo presente de São Judas Tadeu - Padroeiro do Flamengo e cujo dia é comemorado amanhã, 28 de outubro]

Nesta semana, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, já havia antecipado ao Estado com exclusividade que a aprovação estava à caminho. Os europeus tinham dado uma sinalização também no sentido positivo. Em 2014, Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, atendeu a um pedido do ex-ministro do Esporte Aldo Rebello e enviou uma carta reconhecendo o título de 1951 como sendo uma conquista mundial para o Palmeiras. Neste ano, porém, a Fifa esclareceu que, ainda que reconhecesse o valor das disputas passadas, apenas poderia reconhecer como “oficial” os torneios promovidos por ela. Isso significava que não apenas o de 1951 estava descartado, mas também as disputas entre sul-americanos e europeus entre 1960 e 2004.

A Conmebol decidiu reagir e pedir oficialmente que o assunto fosse reconsiderado. Mas mesmo a entidade sul-americana reconhece que não tinha argumentos para defender que torneios antes de 1960 fossem considerados como oficiais. Alejandro Domínguez, presidente da entidade, explicou ao Estado que o ano de 1960 foi escolhido por conta do início da Copa Libertadores nesta data – a competição definia quem era o representante da região no Mundial Interclubes.

Para 1951, porém, o Mundial que o Palmeiras alega ter vencido ocorreu quando a Libertadores ainda não existia. Em 1952, o mesmo torneio – a Copa Rio – foi vencido pelo Fluminense.

Com o reconhecimento oficial da Fifa, portanto, são campeões mundiais pelo Brasil
o Flamengo (1981), Grêmio (1983), São Paulo (1992 e 1993) e o Santos (1962 e 1963). Corinthians, com os Mundiais de 2000 e 2012, e o Internacional com o de 2006, já eram oficialmente reconhecidos, assim como a conquista de 2005 do São Paulo.

Mas nem o Palmeiras e nem o Fluminense, por essa definição do Conselho da Fifa, podem ser considerados oficialmente como campeões mundiais de clubes.

Fonte: O Estado de S. Paulo

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Lula no Itaquerão: entra em campo o Amigo da Odebrecht

Os parteiros do estádio do Corinthians sabiam que aquilo daria muito dinheiro por fora. Não imaginavam que também poderia dar cadeia

 

Em 3 de setembro de 2011, três meses depois do início da construção do novo estádio do Corinthians, Lula estacionou o palanque ambulante em Itaquera para uma discurseira ao lado de Andrés Sanchez, então presidente do clube e hoje deputado federal pelo PT paulista. O trecho em que celebra a parceria com a Odebrecht ajuda a entender por que, além dos mimos milionários ofertados pelos chefões da empresa, ganhou do departamento de propinas o codinome Amigo.

“Eu quero agradecer, sobretudo, ao doutor Emílio Odebrecht, presidente do conselho da Odebrecht…”, entra em campo o camelô de empreiteira aos 57 segundos do vídeo. (Também de microfone em punho, Andrés Sanchez se volta para um ponto fora do alcance da câmera e pede que o chefão venha para a frente do palco: “Doutor Emílio… doutor Emílio”, diz, reforçando o convite com chamados gestuais. Safo, o dono do dinheiro continua longe da telinha).

Enquanto Sanchez tenta transformar a dupla em trinca, o comício segue seu curso: “… e o Marcelo, presidente do grupo Odebrecht, porque foram duas pessoas que começaram a construir essa obra ainda sem um contrato assinado”, confessa Lula. “Eles já tão trabalhando há noventa dias e o contrato foi assinado hoje, numa demonstração… numa demonstração de que o Corinthians vai construir um estádio”.

(E numa demonstração de que os craques da tapeação se julgavam condenados à eterna impunidade, reafirma o desprezo por documentos indispensáveis. Mais que um discurso, aquilo é um aviso perturbador: há outro vale-tudo em gestação. Os parteiros do Itaquerão sabiam desde sempre que obras sem contrato dão muito dinheiro “não-contabilizado”. Só cinco anos mais tarde saberiam que essas vigarices bilionárias também dão cadeia).

O ex-presidente retoma o falatório fantasiado de alma viva mais pura do país: “Nós temos que fiscalizar, Andrés, o estádio… pedir apoio da imprensa pra que este estádio seja construído da melhor maneira possível, da maneira mais honesta possível, pelo preço mais justo possível”, promete o intermediário de suspeitíssimos financiamentos do BNDES. “Porque nós precisamos provar que o Corinthians é um time de pobre, mas é um time de dignidade”.

Ninguém precisava provar que são incontáveis os corintianos pobres e dignos. [esticando um pouco a corda: o que só existe pela metade também é incontável; corintiano pobre - ou curintiano como diz o filho de Garanhuns - sabemos que existem... digno é outra coisa..... dignidade não combina com certas opções...  e só...] Faltava provar o que agora é evidente até para os bebês de colo: Lula não figura entre eles. [nem entre os pobres, os honestos e os dignos.] A Fiel queria ver o time ganhar numa casa nova. Lula queria ganhar a parte que lhe cabia naquele latifúndio. Ele nunca deu as caras 

Fonte: Coluna do Augusto Nunes - VEJA
 
 

sábado, 29 de outubro de 2016

Bandidos corintianos (alguns ingênuos chamam de "torcedores") precisam continuar presos

Violência nos estádios precisa de resposta exemplar

Episódios de brigas entre torcedores, um fenômeno mundial, ganham proporção alarmante no Brasil. Prisão de corintianos precisa marcar uma mudança de protocolo no combate a badernas

A prisão de um grupo de torcedores do Corinthians que agrediram policiais fluminenses, na partida entre o Flamengo e o time paulista, foi uma resposta à altura da gravidade das cenas de violência promovidas pelos baderneiros. A polícia, que os prendeu num arrastão logo após o jogo, e a Justiça, que os recolheu preventivamente à cadeia, para evitar que as agressões entrassem no rol de tantos casos semelhantes que se espalham pelos estádios brasileiros, e que terminam em impunidade, não podiam mesmo deixar passar sem tais providências um episódio que chocou o país, pelo barbarismo das imagens captadas por câmeras de TV. [os marginais corintianos precisam ser punidos com rigor; não pode se repetir a impunidade dos assassinos corintianos que em um gesto de imensa covardia assassinaram impunemente um torcedor boliviano.]

Até aqui o poder público do Rio reagiu positivamente, impondo um exemplar protocolo de punição aos arruaceiros, mas resta esperar para ver a extensão das providências que decorrerão daqui para frente. Os estádios brasileiros têm sido palco, em suas arquibancadas e nos entornos externos, de crescentes manifestações de violência entre torcedores. Poucos dias após os conflitos no Maracanã, um homem morreu ao ser, de acordo com testemunhas, agredido por seguranças no Mineirão, durante uma partida entre Cruzeiro e Grêmio. Pelas escaladas dessas manifestações de bestialismo, credite-se à Providência o fato de outras mortes não terem ainda ocorrido nas arquibancadas.

O fenômeno da violência não é restrito ao futebol. Agora mesmo, no Rio, Flamengo e Vasco disputam as finais do campeonato estadual de basquete para ginásios vazios, pela impossibilidade de se juntar num mesmo ambiente torcedores dos dois clubes, sem que o encontro derive para agressões mútuas. Mas, nos estádios, a situação vem ganhando características alarmantes — e, nesse particular, o Brasil não está sozinho. Brigas entre torcedores são comuns em diversos países. 

A diferença do Brasil em relação a outras praças é que, por aqui, o fenômeno ainda não é atacado, de forma eficiente, em suas causas. É certo que a adoção do Estatuto do Torcedor, com punições aos clubes, tem contribuído para conter ações de violência. Mas a punição exemplar a torcedores baderneiros ainda perde para a leniência no âmbito da Justiça. 

Mesmo os clubes, a despeito do Estatuto, têm grande parcela de responsabilidade no acirramento de ânimos, ao compactuarem — quando não estimulam — com a existência de torcidas organizadas, que em geral estão na fonte dos conflitos. Muitas são centros de banditismo. A juíza que decretou a prisão dos corintianos, por exemplo, viu-se no centro de uma série de ameaças, numa ação sem dúvida orquestrada à maneira de quadrilhas de criminosos. 

A punição dos corintianos tem duas pontas. Numa, fica o temor de que seja mera ação pontual, cujos efeitos se exaurem quando a repercussão do episódio sair do radar da opinião pública. Na outra, a que deveria prevalecer, a prisão pode marcar uma ruptura na leniência com que clubes e poder público costumam reagir, com a implantação de um novo protocolo de reação contra a baderna.

Fonte: O Globo - Editorial