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quinta-feira, 30 de julho de 2020

Gilmar e os Valentes da Live - Guilherme Fiuza

A Disneylândia da cruzada contra o fascismo imaginário transforma qualquer proscrito em herói, e isso foi irresistível para o ministro

O genocídio digital de Gilmar Mendes fez o maior sucesso. Aliás, tem sido sempre assim: no que aparece na sua frente uma tela dividida com aquele monte de janelinhas, cada uma delas ocupada por uma cabecinha educada, ética, empática, simpática, solidária, civilizada, perfumada (não dá pra sentir o cheiro, mas tá quase), consciente, antifascista, quarentenada e culta, com cara de quem está no lugar certo, protegido pela ciência e pronto para repreender os ignorantes do mundo lá fora — enfim, quando você está diante de uma cena como essa, já sabe que vem merda.

E não deu outra. Gilmar Mendes, que era a criatura mais detestada do Brasil e hoje é um queridinho da grande imprensa — a militância contra o  fascismo imaginário faz milagres —, deu um show. Mostrando que para os Valentes da Live verdade se faz em casa, Gilmar saiu inventando com grande fluência e desassombro. Os Valentes da Live não têm medo de nada.
O ex-vilão sabe que o confinamento burro campeão de contágio e responsável por 12 mil mortes diárias de fome no mundo é, no Brasil, obra do STF. Gilmar sabe que foi a Suprema Corte (ou seja, ele e seus colegas) quem deu a caneta mágica para governadores e prefeitos brincarem de fascismo (real) prendendo e arrebentando o cidadão — e recitando o famoso “fica em casa enquanto a gente rouba você”.
O mínimo que um picareta espera do seu ídolo é que ele minta com desenvoltura — e assim foi feito.

Todo ladrão que ficou rico com o Covidão é grato aos supremos juízes que inventaram a pandemia estadual — e assim deram poderes mágicos aos tiranetes para montar as estatísticas que lhes rendessem mais hospitais de campanha fantasmas e respiradores superfaturados. Qualquer desses picaretas que ficaram milionários em dois meses fingindo salvar vidas, barbarizando os cidadãos sob o silêncio dos humanistas de Zoom, diria sem pestanejar: meu time é Gilmar e mais dez.

O craque do time não decepcionou. O mínimo que um picareta espera do  seu ídolo é que ele minta com desenvoltura — e assim foi feito. Gilmar Mendes trocou tudo sem a menor inibição e disse que o descalabro patrocinado por togados, tiranetes e sanguessugas foi obra do governo federal e da militarização. Um genocídio. Enfim, um Valente da Live sabe quais são as palavrinhas mágicas que lhe darão as manchetes certas e os holofotes mais luminosos.

Não deixa de ser comovente assistir a um personagem execrado pela opinião pública como Gilmar Mendes se lambuzando no mel da mídia que o tratava como ser abjeto. Curiosamente, Gilmar havia feito um contraponto importante dentro do STF às tentativas da Corte de sabotar o impeachment de Dilma Rousseff. E também ajudou a expor as manobras conspiratórias em 2017 baseadas na delação forjada de Joesley Batista. Mas a Disneylândia da cruzada contra o fascismo imaginário transforma qualquer proscrito em herói, e isso foi irresistível para ele. Chegou a hora do banho de loja.

Um mundo ideal em que as pessoas permaneçam trancafiadas de pavor ou egoísmo (tanto faz)
Nessa mesma live estavam o médico Drauzio Varella, que disse no início da epidemia ser possível circular com responsabilidade, e o ex-ministro Henrique Mandetta, que pregou o lockdown horizontal, o isolamento total e se despediu do cargo abraçando-se ao vivo e sem máscara com seus auxiliares. Num alegre jogral com o genocídio digital de Gilmar, Mandetta disse que o ministro interino da Saúde, um militar especializado em logística, deveria na verdade ser especializado “em balística”, considerando-se a quantidade de mortos pela covid. Veja toda a empatia do ex-ministro da Saúde para com as vítimas fatais de uma epidemia e entenda a ética circense dos Valentes da Live.

Qual o mundo ideal para um Gilmar Mendes repaginado e toda a freguesia dessa fabulosa butique humanitária? É um mundo onde as pessoas permaneçam trancafiadas de pavor ou egoísmo (tanto faz) e não seja preciso nunca mais cruzar com alguém na rua, que aí complica. Eles vão lutar com todas as forças para que o novo paradigma de liberdade seja o pombal do Zoom.

Guilherme Fiuza, jornalista -  Coluna na Revista Oeste


terça-feira, 7 de julho de 2020

O Juizado da Verdade Suprema - Guilherme Fiuza

Revista Oeste

Fake news é o que “a gente” quiser que seja

Esse negócio aí de fake news, você é contra ou a favor?
— Contra, claro.
— Por quê?
— Ué, porque sou contra a mentira. Qual seria a dúvida?
— Não, nenhuma. É que não é bem isso.
— Não é bem isso o quê?
— Esse negócio de mentira.
— Como assim? Mentir agora é relativo?
— Depende.
— Depende de quê?! Você enlouqueceu?
— Depende da fake news. Vou te explicar.

— Por favor.
Por exemplo: a eleição presidencial foi decidida por uma fraude de WhatsApp?
— Claro que não.
— E você leu notícias dizendo que a eleição foi maculada por disparos de WhatsApp?
— Li.
— E você viu algum desses checadores de fatos decretando que isso aí era fake news?
— Não.
— Então não era.
— Não era o quê?
— Fake news. Se os checadores não disseram que era fake news, não era fake news.
— Aonde você quer chegar?
— Já cheguei. Estou te provando que nem sempre mentira é fake news.
— Então o que é fake news?
— Está preparado para ouvir a verdade?
— Sempre.

— Então lá vai: fake news é o que a gente quiser que seja.
— A gente, quem?
— A gente que denuncia fake news.
— Tá meio confuso, isso. Dá um exemplo.
— Sabe o Supremo Tribunal Federal?
— E como sei.
— Pois é. Eles botam a polícia pra pegar jornalista, invadir casa de deputado, enfim, tocam o terror dizendo que estão combatendo fake news, né?
— Impressionante, não tinha me dado conta. E quais são as fake news que eles estão denunciando?
— Bobo.
— Qué isso? Olha o respeito!
— Desculpa. Eu quis dizer distraído.
— Tá certo. Ando meio distraído mesmo. Essa quarentena tá…
— Olha o foco. Estamos falando de fake news.
— Isso, obrigado. A denúncia do STF. Continua.
— Já terminei. O STF prende e arrebenta dizendo que é alvo de fake news. E ainda fala que tá defendendo a democracia. Aí não precisa explicar nada, é só sair amordaçando.

— Desculpe a minha distração… Ninguém reclama disso? Ninguém diz que é contra a lei?
— Só o povão da internet. Mas você não tá tão distraído assim: esse é um bom ponto e já está sendo resolvido.
— Como?
— Com uma nova lei. Pra ninguém mais poder dizer que é contra a lei.
— Interessante. E o que vai dizer essa lei?
— Basicamente isso que eu já te disse.
— O quê?
— Que fake news é o que a gente quiser que seja.
— Isso vai virar lei, é?
— Já tá virando. O Senado fez a parte dele. Foi uma coisa linda. Até os tucanos apoiaram.
— O pessoal do FHC apoiou a mordaça?
— Se você usar essa palavra mais uma vez, eu te acuso de fake news e mando o STF invadir a sua casa.

— Calma, desculpe. Foi só uma brincadeira. Entendi perfeitamente que criar um juizado da verdade suprema não é amordaçar ninguém. É só convidar as pessoas a pararem de se meter a besta e só falarem o que é certo, não é isso?
Exatamente! Quem não falar coisa errada não vai ter problema.
— Perfeito. Só não entende quem não quer. Até eu que ando meio distraído entendi. Posso te fazer só mais duas perguntas?
— Se for pergunta certa, sim. Se for pergunta errada, não.
— Já tá no clima da nova lei, né?
— Tem que exercitar.
— Sem dúvida. Então aqui vai a primeira pergunta certa: a gente pode contar com a Câmara dos Deputados pra aprovar essa lei tão importante para a democracia brasileira?
Gostei do “a gente”. Seja bem-vindo ao clube da verdade soberana. Sim, contamos com a Câmara para prestar esse serviço ao clube… digo, ao povo. Os deputados podem ter a certeza de que, se aprovarem a lei proibindo o eleitorado de dizer coisa errada, só vai ser eleito político certo. Isto é, os que aprovaram a lei. É dando que se recebe.
— Sensacional.
E a outra pergunta?
— Essa é mais simples. Você vai ter influência na escolha dos checadores da verdade?
— Sim.
— É que eu tenho um sobrinho muito bom…
— O que ele faz? Neste momento tá em casa.
— Home office?
— Não. Home home, mesmo. Mas de vez em quando ele sai. De máscara.
— Pra evitar o contágio, faz muito bem.
— Não. Pra jogar pedra em vidraça. Ele luta contra o fascismo por um mundo melhor.
— Bom perfil. Com certeza o seu sobrinho saberá o que é fake news.
— Que bom! É isso mesmo, ele vive na internet mandando as pessoas calarem a boca.
— Então pode dizer a ele que vai continuar fazendo isso, só que com um ótimo salário.
— Oba! Muito obrigado! E viva as fake news! Quer dizer… morte às fake news! Desculpe…
— Relaxa. Dá no mesmo.

Guilherme Fiuza,  jornalista - Revista Oeste


sexta-feira, 19 de julho de 2019

Guilherme Fiuza - "O chapa-branca arrependido"

O tal do “bolsonarismo” tem sido um fenômeno revelador no debate político nacional. Um estudo antropológico sério – que nunca será feito, claro – mostraria que os brasileiros que se acham cultos e civilizados tendem a preferir as caricaturas à realidade. Não para de sair gente do armário.  Lancemos aqui as bases para o tratado antropológico que nunca será feito – dividindo de forma arbitrária (e fascista e ditatorial) os democratas carnavalescos em quatro categorias. Não entram no estudo aqueles que não votaram em Bolsonaro porque não quiseram e ponto final. Esses não estão fazendo proselitismo sobre caricaturas, portanto apenas seguem suas convicções e isso não tem a menor graça. Contemplaremos só os acrobatas da lenda – que são a maioria.

A primeira categoria é a dos que aderiram ao “Ele Não” na eleição para poder sair daquele armário petista genérico – e poder voltar a ficar ao lado dos que exaltam a doce e charmosa lenda do bom ladrão. Estavam cansados de ser patrulhados pela MPB.   A segunda categoria é a daqueles que cansaram a beleza de todo mundo com aquele papo chato e burro de “sou de direita” (tipo sou Corinthians ou sou Flamengo) para se sentir heróis da resistência ao petismo. No que apareceu a caricatura bolsonarista, deram uma cambalhota no playground ideológico deles e viraram petistas de sinal trocado. Aí, se Bolsonaro virasse o Mahatma Gandhi ou a Madre Tereza de Calcutá, eles iam se horrorizar do mesmo jeito com seus maus modos.

A terceira categoria é a dos que foram “Ele Sim(para derrotar o PT) e no dia 1º de janeiro já estavam de-ce-pi-ci-o-na-dos e fazendo cara de nojo para tudo – e esses dispensam explicação porque você já entendeu.  A quarta categoria é a mais intrigante. É composta pelos que apoiaram o novo governo, inclusive duelando bravamente contras as três categorias acima – todas no modo sabotagem frenética. Aí se dá a grande alquimia.

Não mais que de repente, justamente quando o governo emplacava agendas positivas como a lendária reforma da Previdência, os alquimistas da quarta categoria saem do armário com sua mutação chocante de antibolsonaristas! Você não entendeu: não é que tenham passado a fazer críticas que não faziam antes. Viraram militantes, corneteiros, tarados pelo fetiche de detonar a caricatura que até anteontem era uma grande convicção.  Freud foi chamado às pressas para explicar essas almas, mas respondeu em alemão: “Me inclui fora dessa”. O VAR também foi chamado, mas os árbitros de vídeo mandaram dizer que estavam no banho.

DefesaNet - Guilherme Fiuza


 



quinta-feira, 25 de outubro de 2018

O Partido dos Trabalhadores enfim chegou à perfeição: deu ao Brasil o primeiro candidato a presidente escolhido na cadeia.

O Partido dos Trabalhadores enfim chegou à perfeição: deu ao Brasil o primeiro candidato a presidente escolhido na cadeia. Agora o PCC sabe quem é que manda. 

Depois de três décadas de crise de identidade, o Partido dos Trabalhadores enfim chegou à perfeição: deu ao Brasil o primeiro candidato a presidente escolhido na cadeia. Agora o PCC sabe quem é que manda.  Representante do maior assalto já perpetrado no mundo democrático ocidental, Fernando Haddad disse que recebeu uma missão “do Lula”: olhar nos olhos do povo e construir um país diferente. A melhor maneira de construir alguma coisa aqui, responderia o povo, começa com a devolução do dinheiro que vocês nos roubaram.

Nada feito. Não tem devolução, só gastança
. Dilma Rousseff, por exemplo, notória regente da segunda metade do assalto, não só está solta (é a maior vergonha da Lava Jato, sem dúvida), como lidera a campanha mais cara para o Senado – superando inclusive vários presidenciáveis.
Contando ninguém acredita.

O Brasil não quer falar disso. Talvez você se lembre, caro leitor, no auge da explosão da Lava Jato, com tubarões petistas sendo presos em série até a deposição da companheira presidenta, o que projetavam os que projetam: o PT nem terá candidato em 2018; talvez sequer exista mais. Pois bem, aí está: os que projetam estão projetando o PT no segundo turno.  O Brasil virou isso: um lugar onde todo mundo fica tentando adivinhar o que vai acontecer e se dispensa de pensar.  Foi assim que chegamos à primeira eleição presidencial após o assalto petista… sem discutir o assalto petista. A campanha simplesmente não trata disso – e o respeitável porém distraído público resolveu comprar esse lunático dilema esquerda x direita.

Eis o furo de reportagem: é isso que se discute na campanha sucessória de 2018 – essa falsa pantomima ideológica. Agora tirem as crianças da sala: até aqui, o debate eleitoral falou mais de ditadura militar (meio século atrás) do que de petrolão. O que fazer com o Brasil? Botar em cana por vadiagem? Já que Lula canta de galo e protagoniza o debate de dentro da cadeia, melhor soltá-lo e botar o Brasil no seu lugar. Chega de intermediários.

Se o Brasil não sofresse de amnésia profunda e falta de juízo,
Fernando Haddad não teria coragem nem de se candidatar a vereador pelo PT.
Mas ele está por aí dizendo que “é Lula” – dizendo que “é” um condenado a 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que responde a mais meia-dúzia de processos de onde provavelmente virá uma boa ampliação de sua temporada no xadrez.  Seria uma vergonha, mesmo para quem não tem um pingo dela. E sabe por que não é, Brasil? Porque você está aí muito ocupado em adivinhar o que vai acontecer, enquanto se entretém lendo essas pesquisas que colecionam erros clamorosos às vésperas de todas as eleições.


Você não se importa: será que o Lula vai ser preso? Não acredito. Será que o Lula vai ser candidato? Talvez. A ONU mandou liberar… Pare com esse jogo fútil, Brasil. Se olhe no espelho. A quadrilha que te humilhou e te jogou na maior recessão da sua história está aí, sambando na sua cara. Tome juízo. Deplore esse escárnio. Não posso, responde você. Eles me disseram para parar com a onda de ódio…


Deixa de ser tolo, Brasil. O PT plantou o ódio na população como truque propagandístico – Lula está há duas décadas ensinando o povo a não acreditar na Justiça, na imprensa livre e nas instituições de seu país. É a incitação contra o inimigo imaginário para semear o “nós contra eles”: há uma elite demoníaca pronta para devorar tudo e eu vou salvar vocês dela, etc, etc. Foi por trás desse véu que o PT, ele mesmo, devorou tudo – e continua aí, vendendo a salvação.



O fenômeno Bolsonaro é parte da reação, às vezes cega, às vezes furiosa, a essa impostura. E a tentativa de assassinato do candidato é o desfecho óbvio desse “nós contra eles” que Lula e o PT plantaram muito bem plantado. O autor do atentado foi filiado por sete anos ao PSOL, o partido pacifista que incendeia museu, barbariza o patrimônio público e privado e protege blackbloc assassino. Apontar e repudiar esses picaretas que te sugam o sangue é disseminar o ódio, Brasil?
Acorda, companheiro. Antes que seja tarde." 



Guilherme Fiuza

 

sábado, 13 de outubro de 2018

"O fascismo fake"

Roger Waters foi vaiado em São Paulo ao acusar Bolsonaro de fascismo. Houve aplausos também. No show seguinte, o cantor inglês substituiu a referência ao candidato no telão por uma tarja com as palavras “ponto de vista político censurado”.



Roger Waters é fake news.
[esse individuo deve ser desprezado; ele é estrangeiro e NÃO TEM NADA A VER com os assuntos internos do Brasil.
Vá manifestar sua opinião sem valor para os ingleses e sobre assuntos da Inglaterra e deveria privilegiar os brasileiros com sua ausência.] 
 

Ninguém censurou a pantomima do ex-líder do Pink Floyd. É típico do totalitário em pele progressista o horror ao contraditório. Ele sonha com uma plateia dócil e disposta a tietar incondicionalmente a sua demagogia barata. Waters quer boiar sozinho nas águas da propaganda populista e sonha calar quem ousa apontar o seu ridículo.  Nem dá para afirmar que as vaias em São Paulo sejam necessariamente de simpatizantes de Bolsonaro. Muitas vezes um hipócrita é vaiado apenas e tão-somente por sua hipocrisia. Uma parcela das vaias certamente poderia ser traduzida por algo como: “Companheiro, cadê sua indignação contra a ditadura sanguinária da Venezuela?”


Podem esperar sentados. O autoritarismo, a violência e a desumanidade de Nicolás Maduro não sensibilizam Roger Waters. Pelo singelo motivo de que isso estraga sua lenda de combatente contra a direita perversa. Onde o inimigo perfeito não existir, ele inventa. Mas a boçalidade de Maduro tem adereços “de esquerda”, então está liberada.

Pode descer a lenha, companheiro chavista, que Pink, o pacifista, libera. O astro justiceiro também foi uma gracinha com a delinquência de Dilma Rousseff, emergindo contra o impeachment para colar seu selo fascista Tabajara no mordomo. O povo roubado e aviltado pela falsa propaganda progressista do PT nunca preocupou o Roger. Importante é a solidariedade aos sócios de picaretagem politicamente correta.


Você já entendeu: a estrela pop do clássico “The Wall” é Haddad, a candidatura que fará bem à Humanidade por ter sido ungida dentro da cadeia, onde a bondade, o humanismo e a ética ficam muito bem guardados por carcereiros vigilantes, grades intransponíveis e muros altos. Bota “Wall” nisso, parceiro.  O PT como salvação democrática é a invenção da década. Jornalistas que vivem como eternas viúvas da ditadura militar, cuidando com esmero do seu figurino de resistência contra a opressão do século passado, aproveitaram a onda do fascismo Tabajara para ressalvar corajosamente: o PT sempre respeitou a democracia!



É verdade. A não ser quando o partido estava usando o Supremo Tribunal Federal e o Ministério Público para blindar o maior assalto da história – que só não saiu impune porque a Lava Jato explodiu parte dessa aparelhagem.  A reverência do PT à democracia também tirou uma folguinha quando os companheiros usaram dinheiro do povo para financiar ditaduras amigas. Ou quando tentaram obstruir a Justiça de dentro do Palácio do Planalto para que seus marqueteiros presos não entregassem a presidenta mulher. Ou quando planejaram a fuga de criminoso condenado, ou quando transformaram a maior empresa nacional em anexo do partido, ou quando tentaram controlar a imprensa fingindo proteger os direitos humanos, ou quando incentivaram a violência do MST contra pessoas e instituições, ou quando mataram Celso Daniel.


Fora isso e mais uma ou outra centena de afrontas ao estado de direito, o PT sempre foi democrático. Se você quiser saber exatamente quando, onde e como, pergunte aos jornalistas e intelectuais que estão te dizendo isso cheios de charme progressista.

O transformismo ideológico no segundo turno não comporta nem mais uma dessas máscaras para eleitor envergonhado – tipo Marina, Ciro Gomes e outras fantasias providenciais. Vai ter que cravar PT mesmo, e aí a única saída possível é a clássica: mentir.

O governo do PT já sabemos a beleza ética e administrativa que é. O governo Bolsonaro é uma incógnita. Acha uma escolha miserável? Anula. Declara que não é sócio do emburrecimento do país que impôs a polarização sonhada pelo PT e lava as mãos. Mas não finja que Adolf Hitler ressuscitou no Brasil e está te obrigando a sancionar a gangue do Lula. Nesse caso, a maior fake news de todas será você."

 
Guilherme Fiuza - Gazeta do Povo

 


sábado, 27 de agosto de 2016

Dilma, o filme (conteúdo adulto)

Felizmente, o país tem militantes da cultura que não fogem à missão de defender a quadrilha contra o golpe

Você achou que já tivesse visto tudo sobre esse fenômeno(a) da política brasileira, mas tem mais. Vem aí Dilma Rousseff, o filme. O projeto é simples e genial: enfiar no julgamento do impeachment todos os delinquentes petistas que roubaram o Brasil sem perder a ternura, e filmá-los gritando, chorando e esperneando. Não tem erro. Nada comove mais os brasileiros do que o sofrimento de um picareta do bem.

Felizmente, o país tem militantes da cultura que não fogem à missão de defender a quadrilha contra o golpe. É bonito ver a invasão do Senado pelos cineastas da revolução, enquanto Lula é indiciado pela polícia por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Democracia é isso, cada um escolhe a sua narrativa. Dilma, o filme, não é em si uma novidade. Isso tudo já era um filme, e continuará sendo.

Se não fosse, esse bando de notáveis que finge defender uma mulher de um golpe, para dar aquela retocada no verniz de esquerda, estaria exilado de vergonha no pré-sal. Sim, porque só num filme muito bem feito o espectador pode ver uma gangue de parasitas autoritários, ideologicamente filiados aos Maduros da vida, fazendo papel de heróis da resistência democrática. Essa importante contribuição do cinema brasileiro para a formação do caráter nacional terá cenas fortes.

A própria Dilma já deu a pista, comparando-se a Getúlio Vargas e João Goulart: ela explicou que só não a obrigaram a se matar, como fizeram com o companheiro Getúlio, porque hoje vivemos numa democracia. Ou seja: você vai entrar no cinema para assistir à história de uma lenda viva, sabendo que ela poderia ser uma lenda morta. Isso emociona. Mas cuidado para não se engasgar com a pipoca: essa mesma democracia que salvou a vida de Dilma, a lenda, provavelmente tinha ido à esquina comprar cigarro quando se deu o golpe de estado.

Porque ou você tem democracia, ou você tem golpe. Mas não tem problema: se ficar confuso na tela, é só dar uma legendada na lenda. E aí se dá a maravilha: você que é um vaidoso, egoísta, sem saco para entender os problemas complexos do seu país e a fim apenas de dar aquela lustrada na imagem, ganha uma narrativa épica novinha em folha “contra a direita”. Getúlio, Jango e Dilma.

Talvez valesse incluir a frase imortal do companheiro Delúbio no momento em que estourou o mensalão: “É uma conspiração da direita contra o governo popular”. O tempo mostrou que ele tinha razão, porque só uma conspiração muito eficiente seria capaz de levar tantos heróis progressistas para a cadeia por ladroagem. Graças aos cineastas da revolução, a dicotomia entre esquerda e direita não será condenada à morte num front colegial no Facebook.

Seria uma crueldade deixar Jair Bolsonaro e Jandira Feghali a sós com a criançada digital. Dilma, o filme, virá mostrar que você precisa decidir urgentemente se é contra ou a favor da Guerra do Vietnã. Não se omita. A denúncia cinematográfica contra o golpe dos homens brancos, velhos, feios, recatados e do lar contra a vanguarda política representada por Dilma Rousseff é uma grande sacada.

O vexame petista ameaçava a vida boa dos gigolôs da bondade. A falência do proselitismo coitado ameaçava criar uma multidão de párias ideológicos. Aí surgiu a ideia genial, que promete salvar todos os canastrões politicamente corretos fazendo, simplesmente, o mesmo de sempre: chorar. As Olimpíadas confirmaram, com toda a eloquência das suas caras e bocas, que a verdadeira medalha de ouro no Brasil é a manha.

Um bom tira-teima talvez seja capaz de mostrar Neymar armando a expressão de bebê chorão ainda com sua bola derradeira balançando a rede da Alemanha. É impressionante a velocidade da transformação do gênio em bobo, em nome da brasilidade. Bernardinho não chorou. Mas esse é um chato que só pensa em trabalhar, construir, melhorar, e alimenta sua alma disso. Muito estranho. Capaz até de não se emocionar com o filme da Dilma.

Só no país da manha poderia brotar a coragem de se jogar na tela um bando de criminosos com sotaque de vítimas, em nome de um filão retórico. O truque é continuar chorando, porque aqui quem não chora, não mama — e quem chora mama o seu e o do vizinho, como comprova a literatura pornô da Lava-Jato.

A impressionante trilogia GetúlioJango-Dilma logo estará num cinema perto de você, e também numa sala de aula e num palanque eleitoral (que no caso são a mesma coisa). Os genéricos do PT já estão nas ruas para continuar transformando manha em votos. Chorando e mamando.

Imagem: Rede sociais

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Começou a operação Lava Crime



O escândalo obsceno de Pasadena, repleto de digitais de Dilma, não mereceu o devido inquérito
O ex-ministro Paulo Bernardo foi preso. Ele ocupou as Pastas do Planejamento e das Comunicações nos governos Lula e Dilma. Um ministro importante – ou, mais que isso, um dos líderes da hegemonia petista no Planalto. É acusado de roubar R$ 100 milhões de servidores públicos – destinando a maior parte do roubo para o caixa do Partido dos Trabalhadores, sem esquecer-se de reservar seu pixuleco particular. Mas Paulo Bernardo foi solto pelo STF, em decisão providencial do companheiro Dias Toffoli.

Veio também do Supremo Tribunal Federal outra decisão importantíssima para a preservação da saúde da quadrilha. Em ato do companheiro Teori Zavascki, o processo contra Lula por tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró foi parar longe das mãos de Sergio Moro. O argumento do ministro companheiro para mandar a operação cala a boca para a Justiça Federal de Brasília é impagável: o suposto delito de Lula denunciado pelo senador cassado Delcídio do Amaral não está no âmbito das investigações da Lava Jato.

Perfeito: o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi condenado no escândalo do petrolão, investigado pela Operação Lava Jato, mas a tentativa de um ex-presidente da República de impedir que o condenado contasse tudo o que sabia sobre o escândalo investigado pela Operação Lava Jato não tem nada a ver com a investigação conduzida pela Operação Lava Jato. Claro como petróleo roubado.

Surge então o companheiro procurador Rodrigo Janot, autor de vistosas coreografias para bagunçar o processo de impeachment, e recomenda que José Dirceu tenha sua pena pelos crimes do mensalão perdoada. Outra decisão cristalina. Ela ocorre no exato momento em que o juiz Sergio Moro, esse golpista, aceita nova denúncia contra o ex-ministro de Lula e o torna réu pela segunda vez na Lava Jato. Como se vê, a floresta de implicações de Dirceu no assalto ao Estado brasileiro perpetrado pelo PT não enseja outra providência senão o perdão.

E a quem caberá, no STF, a decisão final sobre o perdão ao guerreiro do povo brasileiro? Ao companheiro Luís Roberto Barroso – isso, aquele mesmo. Façam suas apostas.
Outra dobradinha da Procuradoria-Geral com o Supremo que tem feito história no refresco à quadrilha do bem é a Janot-Teori. Funcionou melhor que a zaga do Barcelona rebatendo a saraivada de denúncias contra a companheira afastada Dilma Rousseff. Nem o escândalo obsceno de Pasadena, repleto de digitais da companheira, mereceu o devido inquérito – sempre sob as escusas de não haver indícios suficientes contra ela, embrulhadas no sofisma de que presidente no exercício do mandato não pode ser investigado.

Mais uma falsidade, naturalmente. Presidente não pode ser réu, mas o delito no qual supostamente se envolveu pode e deve ser investigado. Menos na democracia companheira – onde as instituições são muito sensíveis aos corações valentes.  Aí aparece uma perícia no Senado decretando que a Sra. Rousseff não pedalou. Como o Brasil é uma mãe, a opinião pública é uma geleia e as instituições são uma sopa, a barbaridade se dissemina com solene indignação.

Não adianta informar ao jardim de infância que a perícia contratada pelos ciclistas operou apenas mais uma malandragem – alegando que não há ato direto da Sra. Rousseff nas pedaladas. Claro que não há. O ato da ex-mandatária foi justamente uma omissão – não pagar os débitos do Tesouro com o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o BNDES, forçando os bancos públicos a emprestar a seu controlador, o que é proibido pela lei fiscal.   

A tal perícia deixou só um crimezinho pendurado no processo de impeachment, reconhecendo que os decretos de crédito suplementar não foram autorizados pelo Congresso Nacional. No país da geleia geral, onde as convicções são formadas com a meticulosidade de um churrasco em Atibaia, vai emergindo a versão de que os ladrões não eram tão maus assim – e no fundo são até simpáticos. Aí, Dilma lança sua vaquinha para percorrer o Brasil contra o golpe. E você achava que sabia o que era uma ópera-bufa.

Libertem Paulo Bernardo. Prendam os milhares de servidores públicos desfalcados no escândalo do crédito consignado. Tragam Dilma de volta. Deem mais uma chance à elite vermelha – ela ainda não tinha terminado de raspar o tacho.

Fonte: Guilherme Fiuza – Época


quarta-feira, 11 de maio de 2016

Vem aí o Mandela do ABC



Se alguém se dispuser a governar o Brasil, a narrativa do coitadismo retornará a seu nicho folclórico
Atenção para a nova narrativa da elite vermelha (são os maiores narradores do mundo), de saída do palácio: estão sem grana. Começaram a espalhar que estão pagando seus advogados milionários do próprio bolso, a duras penas. É de cortar o coração. A razão, todos sabem: o produto do roubo de uma década, na corrente solidária do mensalão e do petrolão, foi integralmente doado a instituições de caridade. Os guerreiros do povo brasileiro não querem nada para eles. Só a glória de terem colocado um país na lona na base da conversa fiada.

A saudosa Dilma Rousseff avisou que vai resistir no Palácio da Alvorada. “É só o começo, a luta vai ser longa”, avisou a patroa do Bessias. E milagrosamente a gangue dos movimentos sociais S.A. saiu incendiando o Brasil, bloqueando ruas e estradas, difundindo os altos ideais do parasitismo profissional. Não pensem que sai barato uma mobilização cívica dessas. A mortadela é só o símbolo. É preciso um caixa poderoso para manter tantos vagabundos em estado de prontidão. Devem ser as famosas vaquinhas do Vaccari.

Pode-se dizer que o PT chegou, assim, ao nirvana. Passou um agradável verão de 13 anos e meio à sombra do contribuinte, fez o seu pé-de-meia muito bem feito e voltou para o seu lugar natural nesta existência: jogar pedra e reger a bagunça – protegido pelos melhores advogados e santificado pela fina flor da desonestidade intelectual.

A cena do escritor Adolfo Pérez Esquivel no Senado defendendo Dilma Rousseff de um golpe de Estado mostrou a importância do Prêmio Nobel da Paz: manter uma opinião pública em perfeita comunhão com suas ilusões pequeno-burguesas de bondade, enxergando no espelho um herói socialista. Enquanto Lula não for preso, continuará regendo esse repertório dos inocentes úteis e ativistas de aluguel, investindo sua gorda poupança no rendimento seguro do coitadismo. Depois que for apanhado por Sergio Moro, virará preso político – um Nelson Mandela do ABC, esperando para retomar o que é dele (o Brasil). Isso não tem fim.

A chance que o país tem de confinar a narrativa coitada no seu nicho folclórico é alguém se dispor a governar isto aqui. O Palácio do Planalto foi transformado num bilhete de Mega Sena, onde o felizardo e seus churrasqueiros vão passar longas férias inventando slogans espertos, botando ministro da Educação para caçar mosquito e outras travessuras do arraial. Se aparecer um governo por ali, a essa altura do campeonato, será uma revolução.

Se houver de fato a investidura de uma política econômica de verdade, com Henrique Meirelles na Fazenda e Ilan Goldfajn no Banco Central (ou qualquer outro que não aceite ser capacho de populista), as férias remuneradas da elite vermelha poderão começar a acabar. Se houver de fato a desinfecção da pantomima terceiro-mundista na política externa, faltará a ressurreição da democracia interna. O Brasil vive hoje uma democracia particular, na qual a gangue companheira que depenou o Estado faz chantagens emocionais ao vivo – constrangendo qualquer possível liderança legítima com seu exército de bolsistas sociais. Estamos na metade do caminho para a Venezuela, na metade do percurso para o chavismo e seu totalitarismo branco.

Um governo de verdade pode dar meia volta com relativa facilidade, bastando algo que os políticos atuais de todas as correntes rezam para não ter de exercer: autoridade. Bloqueou rua? O Estado vai lá e desbloqueia. Ele serve para isso, seus funcionários e representantes são pagos para issozelar pelo interesse da coletividade. Os monopolistas do bem gritarão que estão sendo reprimidos, na sua velha tática de jogar areia nos olhos da plateia. Cabe a um governo de verdade enxotá-los com a lei, esteja a plateia enxergando ou não. No Plano Real, antes de nascer gloriosa a moeda forte, o governo penou para implantar a responsabilidade fiscal – essa que está depondo Dilma Rousseff – contra a gritaria geral. Isso dói. Tem alguém aí disposto a esse sacrifício, prezado Michel Temer? Se não tiver, ouça um bom conselho: melhor ficar em casa. A lenda petista continuará dizendo que se trata de um golpe para entregar o país ao PMDB de Eduardo Cunha. Só há um antídoto eficaz para essa praga renitente: um governo que governe.

Fonte: Guilherme Fiuza – Época