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terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Economia estagnada, com investimento e poupança em queda, aponta futuro desanimador - Estadão

O Estado de S. Paulo

No terceiro trimestre, taxa de investimentos na economia voltou a cair e ficou em 16,6%, número considerado muito baixo

Os dados do PIB brasileiro no terceiro trimestre, divulgados nesta terça-feira, 5, pelo IBGE, mostram uma economia estagnada
O crescimento de 0,1% até veio melhor que o esperado pelo mercado (-0,2%), mas é um crescimento praticamente estatístico.  
Serve para livrar o País de uma recessão técnica (quando há dois trimestres seguidos de queda) que se avizinhava, já que as projeções para o quarto trimestre não são das melhores. 
Mas não é um quadro dos mais animadores.
 
O resultado do período de julho a setembro foi muito influenciado pelo agronegócio, que caiu 3,3% em relação ao segundo trimestre
A indústria cresceu 0,6%, mesma alta registrada pelos serviços. 
O consumo do governo subiu 0,5%, enquanto o consumo das famílias teve o melhor desempenho dentro da atividade econômica, com alta de 1,1%.
Mas dois dados importantes chamam a atenção negativamente. A taxa de investimentos da economia, que o IBGE chama de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) voltou a cair. Estava em 17,2% do PIB no segundo trimestre, um número já considerado bastante baixo, e ficou em 16,6% no terceiro trimestre
Para muitos analistas, uma taxa considerada razoável, dadas as nossas características de país emergente, seria de 25%.  
A taxa de poupança também caiu. 
Era de 16,9% no segundo trimestre, e agora ficou em 15,7%.
 
Esses são números importantes porque dão indícios de para onde caminha a economia. 
Representam, por exemplo, o vigor das empresas, a vontade de investir em máquinas, em processos que elevem a sua produtividade. 
Em última instância, mostram a confiança que as pessoas e empresas têm no futuro do País. E, levando-se em conta esses dados, essa confiança vem caindo.
 
As projeções para o crescimento do PIB brasileiro este ano estão por volta de 3% - no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, estavam em 2,8%. Para 2024, a projeção está em 1,5%, e para 2025, em 1,9%. Não são números animadores.

E, com a economia global se tornando cada vez mais complexa, com novas tecnologias sendo adotadas mundo afora, uso intensivo de inteligência artificial, nosso desafio de tornar o Brasil um competidor forte é cada vez maior. 

Os dados divulgados também nesta terça-feira do Pisa (o Programa Internacional de Avaliação de Alunos) mostram o tamanho do nosso buraco.

Entre 81 países avaliados, o Brasil ficou em 52.º em Leitura, 61.º em Ciências e em 65.º em Matemática.  
Quer dizer, temos um problema de formação dos jovens que se reflete diretamente na qualidade da mão de obra que chega ao mercado de trabalho. 
Com profissionais pouco qualificados, será difícil elevar a produtividade. 
E o País dificilmente vai romper esse ciclo de crescimento medíocre da economia. 
Nunca vai dar o salto de um país de renda média, como o que somos hoje, para se tornar um país desenvolvido.
 
O diagnóstico está dado há tempos
É preciso investir em educação, em reformas estruturais (como a tributária, finalmente a caminho), em reduzir a burocracia, a corrupção. Mas, ano após ano, é sempre difícil acreditar que estamos no caminho certo.

Alexandre Calais, colunista - O Estado de S. Paulo


sábado, 22 de janeiro de 2022

Investimento estrangeiro no Brasil dobra a despeito dos pessimistas de plantão - VOZES

J. R. Guzzo

Mais dólares

Até o presente momento, o cidadão que acredita no que lê, ouve e vê por parte dos economistas e dos outros cérebros superiores que a mídia chama para nos explicar o que está acontecendo na economia nacional – tem certeza de que o Brasil foi reduzido aos restos de um prédio em demolição.

Em poucas áreas, dizem os economistas e os jornalistas que os reproduzem, a coisa é tão ruim quanto na área dos investimentos externos. O capital internacional, segundo eles nos explicaram por A + B, tirou o Brasil “do seu radar”. Ninguém, entre os donos do dinheiro, quer colocar mais um centavo de dólar aqui dentro – basicamente porque os investidores pegaram horror de Jair Bolsonaro e vão boicotar o país enquanto ele for o presidente da República. [boicote que, segundo os economistas e mentirosos que trabalham contra o Brasil, vai durar no mínimo até 2030.] 

Fica incompreensível, assim, porque o investimento estrangeiro, conforme acaba de divulgar o órgão das Nações Unidas encarregado de acompanhar o comércio mundial, simplesmente dobrou no Brasil em 2021 com pandemia e todas as desgraças econômicas que estão diariamente no noticiário. Não deveria ter acontecido exatamente o contrário?

Se o Brasil foi abandonado por investidores internacionais escandalizados com o bolsonarismo, o fascismo, o direitismo, o negacionismo e o terraplanismo do presidente, por que eles colocaram aqui 100% a mais do que haviam investido no ano anterior? O desastre deveria ter acontecido, é claro – mas não aconteceu, porque as análises dos economistas brasileiros refletem apenas os seus desejos, e raramente os fatos.

O Brasil, em 2021, recebeu quase 60 bilhões de dólares em investimento estrangeiro direto. Com esses números, aliás, foi o sétimo país mais procurado pelos investidores internacionais em todo mundo só ficou abaixo de países como Estados Unidos e China, que por definição têm de ser os maiores, e de competidores com economias privilegiadas, como Canadá e as potências comerciais da Ásia. É a comprovação numérica, mais uma, da distância que separa o Brasil real do Brasil da mídia.

STF deixa de ser funcional e quem paga a conta somos nós

Com Bolsonaro, cantava o coro de economistas e comunicadores até a divulgação das informações da ONU, o Brasil tinha se transformado num “pária” da comunidade financeira mundial. Empresários, banqueiros e investidores, com suas sensibilidades sociais chocadas, não iriam mais aplicar dinheiro num país que “queima a Amazônia”, ou “persegue os índios”, ou “utiliza agrotóxicos”, ou “produz efeito estufa”, ou tem um presidente “de direita”, ou “acaba com as girafas”, ou “mata Marielle”. Onde foi parar essa conversa?

O público não receberá nenhum pedido de desculpas pela má qualidade da informação que recebeu. Ao contrário: vai continuar ouvindo mais do mesmo. Que fazer, então? A saída disponível é não levar essa gente a sério.
    

J. R.Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES     

 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

O desmanche do PT - J.R. Guzzo

Desmanche do PT coincidiu com o desmanche do próprio Lula, condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato.

Pouco se ouviu falar do ex-presidente Lula depois de encerrado o primeiro turno das eleições municipais. Para dizer a verdade, também não tinha se ouvido muita coisa antes, durante a campanha. Não combina, nem um pouco, com o protocolo geral da ciência política brasileira dos últimos 40 anos, ou quase isso. Afinal, não se faz política neste país sem que Lula seja levado em consideração, como a peça-chave do jogo, em qualquer momento, situação ou perspectiva eleitoral.

Talvez o mais correto, hoje, seja mudar o tempo do verbo: não se fazia política sem Lula. Pelo jeito, como parecem indicar essas eleições, já estão começando a discutir a política do presente — e principalmente do futuro — sem que seja invocado o nome do ex-presidente do Brasil por dois mandatos e o grande chefe, sem a mínima contestação, daquele que foi um dos maiores partidos do país. Entre um momento e outro o seu PT foi entrando em colapso progressivo e a peça-chave deixou de ser chave.

O desmanche do PT coincidiu com o desmanche do próprio Lula – ou, mais exatamente, foi provocado pela fogueira que consumiu o ex-presidente com a sua condenação pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, e os 18 meses de cadeia que teve de puxar na Polícia Federal de Curitiba.

Um ano atrás, exatamente, Lula foi solto, mas politicamente foi como se continuasse tão anulado quanto estava durante o tempo em que ficou preso. O terremoto que iria abalar o Brasil com a sua prisão simplesmente não aconteceu; o máximo que se conseguiu foi juntar uma dúzia de “militantes” em torno da sede da PF para gritar “bom dia, presidente Lula” e outras ilusões do mesmo tipo.

De lá para cá, piorou. Lula já se colocou “à disposição” para, segundo sua análise da situação, “salvar o país do fascismo”, ou algo assim. Ninguém ligou. Recebeu votos de admiração de Luciano Huck, João Doria e banqueiros de investimento que se descobriram como “homens de esquerda” , mas isso não resolve a vida de ninguém. Enfim, nessas últimas eleições municipais, bateu no seu fundo do poço pós-Lava Jato.

O candidato do Partido dos Trabalhadores na cidade que tem o maior número de trabalhadores do país – São Paulo ficou em sexto lugar, junto com os concorrentes nanicos, no pior desempenho da sua história na capital. No restante do país, foi o mesmo cataclismo. Dos 630 prefeitos que o PT tinha em 2012, no auge de Lula, ficaram 179.

Poderá eleger mais um ou outro no segundo turno, mas isso não vai mudar absolutamente nada. O partido, que já ocupou as prefeituras de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, corre o risco de não eleger o prefeito de nenhuma das 27 capitais de estado. Aliás, só concorre em duas neste segundo turno — Recife e Vitória. Se perder, fica no zero.

Há um discreto silêncio em relação ao tema. Do mesmo jeito como não se fala alto em velório, parece falta de educação citar a calamitosa performance do PT e do seu comandante nas eleições municipais. Estão colhendo, como estabelecem as leis da natureza, exatamente aquilo que plantaram. O partido nunca se formou como um verdadeiro partido, embora tivesse todos os adereços das grandes organizações políticas.

Durante o tempo todo, faltou o essencial: a defesa de um conjunto de ideias, e não de um indivíduo — e a consequente capacidade de sobreviver à pessoa de seu líder. Sem Lula, o PT não é nada. Como não houve Lula nas eleições, não houve PT nos resultados.

J.R. Guzzo, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes

 

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Temer errará se vetar o projeto de lei 7.448/2017

O projeto aumenta a segurança jurídica, estimula o investimento, eleva a produtividade e contribui para o desenvolvimento do país

Está nas mãos do presidente Michel Temer, para sanção ou veto, o projeto de lei 7.448/2017, que cria novas bases de interpretação do direito público. O projeto tem tudo para melhorar o processo decisório nas esferas administrativas, de controle e judicial. Trata-se de um avanço institucional que promoverá segurança jurídica em áreas cruciais para o desenvolvimento do país, particularmente na infraestrutura.

O projeto inova ao exigir que, nas decisões, se prove que a medida é a melhor e seja precedida da avaliação das suas consequências práticas. Hoje, o TCU, o Ministério Público e outros entes públicos podem suspender a execução de investimentos ou determinar certas despesas, como na área de saúde, sem se preocupar com seus efeitos. [um pequeno e fundamentado comentário: se o projeto for vetado vão continuar casos em que um determinado órgão do Governo entende que uma prática é ilegal e de forma sumária manda interromper - se a parte prejudicada com a medida não concordar que recorra a Justiça, com elevados gastos e grande demora o que exigirá que suporte os prejuízos daí decorrentes.
Para ser breve citamos o tal de TAC - Termo de Ajustamento de Conduta, muito utilizado pelo Ministério Público e que permite àquela instituição agir como polícia, juiz e de forma sumária.

O MP, mais precisamente um promotor,  entende que uma prática de uma empresa privada (as vezes até mesmo pública) não está correta, está prejudicando alguém e de forma imediata, sem analisar as implicações, estabelece o que deve ser feito em um bendito TAC que a suposta infratora  é instada assinar concordando e na maior parte das vezes aceitando ser penalizada se descumprir uma vírgula do malfadado documento.

Tudo isso pela decisão única de um membro do MP, sem manifestação do Poder Judiciário, sem contestação. 
Cabe à 'taqueada' aceitar ou aceitar; discordando é penalizada e tem que suportar um processo demorado, oneroso.
Que os órgãos públicos, incluindo o MP, TCU, todos, quando decidirem impor a uma empresa, ou mesmo um ente público,  determinadas medidas, tenham a obrigação de analisar o impacto e consequências  do cumprimento do que foi determinado e se provada a incorreção do determinado seja o órgão público, incluindo sem limitar, o funcionário responsável (ou o membro) devida e severamente penalizado tanto no aspecto financeiro quanto no administrativo.]

Por exemplo, ao interromper a construção de uma escola, em face de divergência sobre quem deveria ter ganhado a concorrência ou por outro motivo, a autoridade responsável pela decisão precisará avaliar o que fazer com os estudantes que frequentavam a escola.  A avaliação das consequências pode evitar processos administrativos ou judiciais, que podem arrastar-se por décadas. Como é comum determinar os efeitos de eventual invalidação da decisão, serão necessários muitos anos para uma solução definitiva.

O país vem sofrendo os graves efeitos de decisões adotadas sem a devida consideração de suas consequências, não raramente de forma açodada. Obras são interrompidas, outras nunca se completam. Gastos injustificáveis são realizados na saúde. Tudo isso resulta em desperdícios que impactam a produtividade e o potencial de geração de emprego e renda.

Outra inovação é proteger o servidor público, que somente poderá ser punido em caso de dolo ou erro grosseiro e não por interpretação distinta de outro agente público. Mesmo no caso em que a punição é aplicável, o funcionário não pagará do seu bolso, como hoje, os respectivos custos judiciais. O órgão a que pertence arcará com as despesas.  A medida evitará o chamado “apagão decisório”, isto é, a situação em que o servidor prefere não decidir, temendo enfrentar os riscos de erros involuntários. Quando no governo, vi casos em que se optava por engavetar os processos ou sugerir que a parte recorresse ao judiciário. “A assinatura de hoje é o processo judicial de amanhã”, se dizia.

O projeto tem outros avanços benéficos, que podem expandir o investimento e a atividade econômica. Tornará mais ágil o processo de licenciamento ambiental e outros. Apesar disso, o TCU e procuradores estão pressionando o presidente Temer a vetá-lo, com argumentos pobres de conteúdo, inclusive, pasmem, o de que o projeto seria prejudicial ao andamento da Operação Lava Jato. 

 É hora de resistir ao corporativismo e dotar o Brasil de uma legislação moderna, que aumente segurança jurídica, melhore o processo decisório público e privado, e contribua decisivamente para o desenvolvimento do país.

 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Protocolo de ressuscitação

Não faz sentido esperar que a retomada do nível de atividade possa estar baseada em expansão do dispêndio público

O título, extraído de um manual de atendimento cardiovascular de emergência, é para não deixar dúvidas acerca de quão inerte está o investimento na economia brasileira e da urgência de ressuscitá-lo.  Ao fim de uma recessão tão profunda, a maior parte das empresas encontra-se com níveis muito altos de capital fixo ocioso. Como a capacidade instalada de que dispõem parece mais do que suficiente para fazer face à provável evolução da demanda nos próximos anos, as empresas não têm por que encomendar novos equipamentos ou expandir suas instalações. Simplesmente pararam de investir.

A persistência de taxas de juros extremamente altas e a incerteza sobre as possibilidades de superação da grave crise fiscal com que se debate o país — amplificada por preocupações com desdobramentos políticos da Lava-Jato e seus possíveis efeitos sobre o desfecho das eleições de 2018 — têm sido fatores adicionais de desestímulo ao investimento.  Ainda assim, é sobre a recuperação do investimento que recaem as esperanças de uma reativação sustentável da economia ao longo dos próximos anos. Em meio às dificuldades fiscais que vêm sendo enfrentadas pelos três níveis de governo, não faz sentido esperar que a retomada do nível de atividade possa estar baseada em expansão do dispêndio público. 

Do lado do consumo, tampouco se pode esperar muito. Com o desemprego a 12% e as famílias, em grande parte, ainda excessivamente endividadas, a recuperação do consumo parece fadada a dar contribuição relativamente modesta à retomada da economia. Da expansão das exportações, sim, se pode esperar efeito dinâmico significativo. Mas a magnitude desse efeito estará limitada pela participação ainda muito pequena das exportações na demanda agregada da economia brasileira.

É da recuperação do investimento, portanto, que, em grande medida, dependerá o vigor da retomada da economia no próximo biênio. E, na corrida contra o tempo, é crucial que o governo não cometa erros no protocolo de ressuscitação do investimento. Todo cuidado é pouco. Há que se reconhecer que medidas importantes para destravar os investimentos vêm sendo tomadas. Merece destaque a atuação decisiva do Banco Central, que, em poucos meses, restaurou a credibilidade da política monetária e abriu espaço para uma queda pronunciada das taxas de juros. 

Por altas que ainda sejam, as incertezas sobre as possibilidades de superação da crise fiscal foram substancialmente reduzidas nos últimos meses, à medida que a aprovação da PEC do teto e a perspectiva de avanço da reforma da Previdência passaram a dar mais credibilidade ao plano de jogo do governo. Mas a recuperação do investimento não pode ficar na dependência do desfecho de um esforço de ajuste fiscal que, na melhor das hipóteses, deverá se arrastar por vários anos. Para intensificar o círculo virtuoso do reflorescimento do investimento, o governo terá de ter cuidado especial com setores que não padecem de problemas de excesso de capacidade, como agricultura, infraestrutura e exploração e produção de petróleo e gás.

No setor agrícola, o reflorescimento do investimento, alimentado por uma safra de grãos recorde e preços favoráveis, deu-se de forma natural e parece bem promissor. Para que tenha continuidade, basta que o governo não atrapalhe. Já os investimentos em infraestrutura, não obstante seu enorme potencial, continuam entravados pela falta de um aparato regulatório adequado, que o governo ainda não conseguiu entregar.  Grande potencial têm também os investimentos em exploração e produção de petróleo e gás. Mas é importante que o governo impeça que seu reflorescimento seja atrofiado pela imposição de exigências de conteúdo local, como voltou a ser agressivamente defendido pelos lobbies de praxe. Ceder a tais pressões seria péssimo sinal. 

O que está em jogo é muito mais que o investimento no setor de petróleo e gás. É a própria perspectiva de avanço do delicado círculo virtuoso de quebra do pessimismo e reflorescimento do investimento na economia como um todo.

Por: Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC-Rio - O Globo

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Dilma veta R$ 3 BI de gastos com a saúde = brasileiro morto não recebe aposentadoria, é o lema da soberana


Veto de Dilma na LDO desobriga governo a gastar R$ 3 bi com a saúde


Artigo barrado dizia que investimento mínimo seria calculado com base em aporte do ano anterior, e não na receita 

Não faltam problemas na saúde pública, mas Dilma vetou mesmo assim um dispositivo na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016 que, segundo especialistas, elevaria em R$ 3 bilhões o investimento mínimo obrigatório na área.

O dispositivo barrado por Dilma havia sido incluído na LDO pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara e estabelecia que o piso da saúde seria calculado a partir do valor destinado para a área no ano anterior, somado à variação nominal do PIB. 

 Isso faria com que o governo tivesse de cumprir pelo menos R$ 103,5 bilhões nas chamadas Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS). 

Com o veto de Dilma, foi mantida a norma aprovada em 2015 pelo Congresso, que faz a conta com base na receita corrente líquida. Com a queda de arrecadação registrada, a aplicação mínima para a saúde estimada para 2016 gira em torno de R$ 100,2 bilhões. [diferença de R$ 3 BILHÕES e 300 milhões, contra a Saúde, contra os doentes, contra a população.
Sem esquecer que a SEM NOÇÃO apelidou o Brasil de PÁTRIA EDUCADORA e já cortou mais de R$ 10 BILHÕES nas verbas destinadas à EDUCAÇÃO.]

Fonte: Revista Época 

 

sábado, 12 de setembro de 2015

Desemprego em alta, crédito mais caro, investimentos em queda

A sombra do rebaixamento

Para agência de risco, o Brasil agora é um potencial caloteiro. Com a redução da nota de crédito, os investimentos vão cair, as empresas pagarão mais caro para fazer empréstimos e o desemprego tende a aumentar

Para entender o significado do rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor´s, basta responder a seguinte pergunta: você emprestaria o seu dinheiro para um mau pagador? A não ser que se trate de um perdulário irremediável, provavelmente dirá não. Ao colocar as finanças brasileiras na segunda divisão – a nota caiu de “BBB-” para “BB+” –, a S&P fez mais do que tirar o grau de investimento conquistado a duras penas em abril de 2008. Numa tacada só, a agência americana desmoralizou a política econômica da presidente Dilma Rousseff, colocou pressão adicional em um governo aturdido e escancarou para o mundo inteiro o buraco em que o País se meteu. A expressão mais adequada para definir as nações que se enquadram no nível “BB+” é “potencial caloteiro.” Daí se compreende o tamanho da encrenca que os brasileiros terão pela frente. Designado pelo Palácio do Planalto para falar oficialmente sobre o assunto, o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) era na quarta-feira 9 o retrato do desespero. Nervoso e atrapalhado, Barbosa não conseguiu encontrar nada melhor para dizer a não ser que o Brasil passará por uma fase de “travessia.” E se do outro lado estiver o abismo?

As consequências do rebaixamento serão desastrosas. De imediato, o Brasil terá dificuldades para atrair recursos estrangeiros. O selo de bom pagador é uma exigência dos principais fundos de investimento para aplicar em títulos de governos. Com o risco de calote cravado na imagem do Brasil, esses investidores desaparecerão. “Os grandes fundos serão obrigados a retirar suas aplicações”, diz Celso Grisi, professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo. “Como o nível de poupança do Brasil é muito baixo, o crescimento do País depende de capital externo. É esse dinheiro que vai sumir.” O setor mais afetado deverá ser o de infraestrutura, que depende das grandes somas desembolsadas por capitalistas internacionais. Na quinta-feira 10, a S&P deu uma nova demonstração dos estragos que virão. A agência excluiu a Petrobras da lista de empresas com grau de investimento.


Com menos dinheiro circulando, o crédito se torna mais escasso e, por isso, mais caro também. Assim, as empresas terão dificuldade para se capitalizar – dificuldade dupla se a nota da empresa for ruim, como é agora o caso da Petrobras –, reduzindo seus projetos e planos de expansão. Na medida em que os investimentos minguam, o desemprego cresce, a renda média encolhe e o consumo cai. A onda perversa deságua no PIB, que, no caso brasileiro, já está em ritmo negativo. É impossível dimensionar, em termos percentuais, o impacto da perda do grau de investimento na performance da economia, mas é certo dizer que o rebaixamento da S&P contribuirá para alimentar a recessão. Para Clemens Nunes, coordenador da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o corte da nota brasileira eleva a pressão sobre o dólar, que tende a aumentar, e poderá trazer prejuízos para o mercado acionário.

O principal argumento usado pela S&P para o rebaixamento da nota de crédito foi o projeto de orçamento apresentado há duas semanas pelo governo que prevê um déficit R$ 30,5 bilhões nas contas públicas em 2016. Esse equívoco deve ser atribuído principalmente à presidente Dilma, principal defensora da proposta. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, era contra. Voz solitária no governo, Levy defendia o corte radical de custos para equilibrar as contas, mas a presidente não mostrou disposição para isso. Depois do anúncio do rebaixamento da nota, Levy disse que “é preciso fazer escolhas” e que, sem coragem para decidir, “tudo ficará mais caro.” Ele tem razão.

Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Foi recorde negativo, desempenho ruim... pode marcar na Dilma.... ela é imbatível



Maior desde... Veja alguns recordes negativos do PIB
Num cenário de desaceleração, o resultado da economia no primeiro trimestre é marcado por números ruins
A desaceleração da economia brasileira é evidenciada no resultado do PIB do primeiro trimestre deste ano, divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE. Várias taxas mostram o pior desempenho em ao menos cinco anos. Veja alguns deles:

PIB
A queda do PIB de 1,6% em relação ao primeiro trimestre de 2014 é a maior na comparação anual (trimestre contra igual trimestre do ano anterior) desde o segundo trimestre de 2009, quando foi de -2,3%. O resultado do PIB acumulado em 12 meses (na comparação com os 12 meses imediatamente anteriores), de queda de 0,9%, é o pior desde o terceiro trimestre de 2009, quando a perda foi de 1,3%.

SERVIÇOS
Responsável por cerca de 70% do PIB, o setor de serviços recuou 1,2% em relação ao primeiro trimestre de 2014 e registrou a pior queda interanual desde o início da série histórica, iniciada em 1996.

ENERGIA
Já o tombo de 12%, frente ao primeiro trimestre de 2014, na geração e distribuição de água, energia e gás sofreu o maior revés desde o quarto trimestre de 2001, quando caíra 15,8%. Naquele ano houve racionamento forçado de energia, o apagão.

CONSUMO DAS FAMÍLIAS
Depois de 45 trimestres em alta, o consumo das famílias teve queda de 0,9% no primeiro trimestre, em relação ao primeiro trimestre de 2014. Esta é a primeira taxa negativa desde o terceiro trimestre de 2003, quando também foi de -0,9%.

O recuo de 1,5% no consumo das famílias, frente ao trimestre anterior, é a maior neste tipo de comparação desde o quarto trimestre de 2008, quando a queda foi de 2,1%.

INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO
A queda na indústria de transformação, de 7% frente a igual período do ano anterior, foi a maior desde o terceiro trimestre de 2009, quando registrara recuo de 10,6%.

IMPOSTOS
O resultado da arrecadação de impostos registrou recuo de 3,5% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. A queda é a maior desde o primeiro trimestre de 2002, quando o recuo foi de 6,2%.

INVESTIMENTOS
O indicador de investimento do PIB registrou, no primeiro trimestre, queda de 1,3% a sétima seguida — na comparação com os três meses anteriores. Importante termômetro do grau de confiança do empresário brasileiro, o dado registrou a pior sequência de resultados negativos, nesse tipo de cálculo, desde o início da série histórica, em 1996.

Fonte: O Globo