A sentença prolatada pelo juiz Sérgio Moro do Lula, condenando Lula a
9 anos e seis meses de prisão, praticamente decretou a sua morte
política. O período que se abre agora até a confirmação da sentença em
segunda instância será apenas um prolongado velório e, como todo
velório, terminará no sepultamento político do ex-presidente. A pergunta
que se coloca é o que será do PT sem Lula candidato e como ficará a
política partidária do Brasil sem a figura do ex-presidente.
Não há dúvida de que a mais singular criatura a aparecer no cenário
político nacional no último quartel do século passado foi o PT,
capitaneado pelo carrancudo Lula. A esquerda mais revolucionária
alinhou-se com ele e acabou chegando à Presidência da República em 2002,
tendo ficando por 14 anos no poder, oito anos sob a presidência de Lula
e os demais sob Dilma Rousseff, cujo mandato foi interrompido pelo
impeachment. O PT singularizou-se pelo discurso “ético”, mas, como
demonstrou Olavo de Carvalho, essa ética revolucionária é o oposto da
ética do senso comum cristão, é a própria cartilha de intenção de crimes
revolucionários. Ademais, a intenção de “mudar tudo que está aí” nunca
foi escondida, algo que só poderia ser feito mediante ou golpe de Estado
ou passando por cima do ordenamento jurídico. Foi o que foi feito com o
mensalão e com o petrolão e toda a prática criminosa resultante da
tentativa de perpetuação no poder.
O problema é que o PT jamais teve maioria parlamentar e foi obrigado a
se aliar ao PMDB que, nesses anos todos, serviu de freio aos anseios
revolucionários do PT. As falcatruas derivaram da tentativa de alugar
uma base aliada obediente, disposta a aprovar tudo. Houve erro de
cálculo, pois a tal base nunca votou incondicional. As três grandes
derrotas parlamentares sofridas foram justamente de autoria desse
partido: a recusa da CPMF, a negação do terceiro mandato a Lula e o
impeachment de Dilma Rousseff. A única força de oposição eficaz que o PT
teve foi o PMDB.
A contradição óbvia vivida pelo PT é ter uma plataforma
revolucionária sendo implantada dentro da ordem democrática, numa
sociedade aberta com imprensa livre. O PT colocou foco na nomeação dos
juízes das cortes superiores, que passaram a interpretar a Constituição
contra a letra do que nela estava escrito. Mesmo assim, vieram as
condenações do mensalão no STF, pois no campo penal não há muito o que
interpretar diante das provas. Seus líderes foram condenados, exceto
Lula, protegido que foi pela Procuradoria Geral, fato que lhe permitiu
escapar do impeachment.
Ao PT agora resta ou assumir de vez sua face revolucionária e, ato
contínuo, eleger a violência como instrumento de chegada ao poder, ou se
enquadrar na legalidade e se tornar um partido nanico, sem bandeiras e
sem recursos. O ajuntamento de revolucionários que se tornou a sigla
poderia então se dissolver, pois já não teria serventia para os
propósitos revolucionários.
Em face da idade, Lula deve encerrar sua carreira política lutando
pela liberdade pessoal nas barras dos tribunais. Deixou de ser líder
político relevante, na verdade já está fora da política eleitoral, fonte
que foi de seu poder durante toda vida. Sem votos, Lula não é nada e
ele agora não pode mais pleitear cargos eletivos, a se confirmar a
sentença de Sérgio Moro em segunda instância. O vácuo político deixado
por Lula e pelo PT parece estar sendo preenchido pela emergência de
forças de centro-direita. O partido mostrou-se frágil demais sem a
figura demagógica do seu líder máximo, Lula.
A eleição de 2018 promete uma renovação radical dos nomes propostos
pelas agremiações políticas. Não se sabe quem sairá vencedor, mas
sabemos quem será o grande perdedor: o PT. Já foi assim em 2016. O
partido vai desidratar de vez, dando lugar a novas forças que deverão
emergir.
Quem viver verá.
www.nivaldocordeiro.net - Nivaldo Cordeiro
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