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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

A nova decisão de Moraes que acerta em cheio os bolsonaristas

A nova decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou o bloqueio de contas de supostos financiadores dos atos bolsonarisas pelo país, deixa o ministro mais perto de descobrir quem está por trás dos movimentos que pedem absurdos como um golpe das Forças Armadas para impedir a posse de Lula como presidente da República.

A coluna apurou [essas três palavras sempre substituem a verdade que se dita seria: este repórter queria que fosse assim ] que as investigações sobre esses atos pós-eleição podem estar ligadas com os atos antidemocráticos apurados no inquérito aberto em 2020, também por Moraes.

Nas duas situações, é evidente que as pessoas estão passando dos limites constitucionais. Os atos antidemocráticos que aconteceram durante o governo defendiam pautas como o fechamento do Supremo e tiveram, inclusive, o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Agora, após a derrota na eleição, bolsonaristas inconformados pedem que as Forças Armadas façam algo para impedir a posse de Lula.

Para Moraes, nos movimentos atuais “verifica-se o abuso reiterado do direito de reunião, direcionado, ilícita e criminosamente, para propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado do pleito eleitoral para Presidente e Vice-Presidente da República, cujo resultado foi proclamado pelo Tribunal Superior Eleitoral em 30/10/2022, com consequente rompimento do Estado Democrático de Direito e a instalação de um regime de exceção”.

O extremismo é tão grande que um vídeo de manifestantes ajoelhados em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, nesta terça, 15, é divulgado nas redes sociais como se fosse um grande ato para “salvar o país“. Rezando um Pai Nosso pelo golpe, o grupo é um demonstrativo de como os bolsonaristas radicais perderam a noção dos limites.[curioso é os supremos ministros, a mídia militante e a corja esquerdista praticam os maiores absurdos, desrespeitam a Constituição, ignoram principios básicos do Direito e da Justiça, sempre a pretexto de salvar a democracia e não aceitam que os apoiadores de Bolsonaro (o movimento já não é de BOLSONARISTAS,  ultrapassou o que se propunha) rezem um Pai Nosso para salvar o Brasil, salvar a Pátria Amada, salvar os brasileiros da maldita esquerda e manifestar repúdio a que um ladrão presida o Brasil.]

A democracia traz liberdade, mas não a liberdade de tentar destruir a própria democracia. [só que a turma do repórter destrói a democracia, viola princípios democráticos a pretexto de preservar a democracia.]

Na decisão, Moraes também destaca que os pedidos de “intervenção federal” feitos por manifestantes “pode configurar o crime de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito”.[a Constituição Federal estabelece: NÃO HÁ CRIME SEM LEI ANTERIOR QUE O DEFINA. NÃO HÁ PENA SEM PRÉVIA COMINAÇÃO LEGAL. 
O Código Penal Brasileiro, em seu artigo primeiro repete na inteireza o mesmo principio.]

O que o ministro quer é chegar à raiz do movimento. As estruturas que estão montadas há dias em frente a quartéis militares em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília têm banheiros químicos, comida, água, luz e barracas para os manifestantes. Esse dinheiro está saindo de algum lugar e Moraes quer descobrir de onde.

[até entendemos o esforço do repórter - ele é empregado, mandado, tem que cumprir pauta e nos parece que a pauta exigida é: "não interessa a narrativa que você tenha que criar,o importante é o ministro Moraes sempre vença". Uma informação que o jornalista militante não considerou: o Comandante-geral da PMDF apurou e comunicou oficialmente ao STF que os movimentos realizados próximos ao QG do Ex, SMU - Brasilia - DF, são regulares e não há líderes.

Outro complicador é que o movimento é realizado em ÁREA MILITAR, sob jurisdição do Exército Brasileiro.]

O ministro decidiu andar mais uma légua para chegar ao fundo do poço e descobrir quem está financiando esses movimentos. Se a fonte secar, os atos perderão força. E a democracia agradece.

Matheus Leitão - Blog na Revista VEJA


segunda-feira, 15 de agosto de 2022

A esquerda é um grande teatro farsesco - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino - VOZES

“A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”, disse o duque La Rochefoucauld. O moralista francês resumiu com perfeição quando alguém tenta sinalizar uma falsa virtude, lembrando que ele, ao menos, sabe o que é a virtude em questão. Daí a hipocrisia, o cinismo, o fingimento.

A esquerda em geral é toda cínica, fingida, e o motivo é simples: ela precisa ocultar sua real agenda radical e revolucionária, pois sabe que se expor tudo de forma transparente, jamais vence uma eleição. O presidente Bolsonaro comentou sobre os recentes esforços petistas de enganar os desatentos: “Soube que o PT agora reza o Pai Nosso e usa bandeiras do Brasil em seus eventos. É um bom começo. Só falta parar de defender aborto, drogas, ideologia de gênero, desencarceramento, controle da mídia/internet, ladrões de celular, financiamento de ditaduras e diálogos cabulosos”. No alvo!

Petistas aparecem em missas de quatro em quatro anos, sempre às vésperas da eleição. 
 Ciro Gomes deixou qualquer pudor para trás e apareceu todo teatral numa atividade solene, carregando objetos sagrados, o mesmo que diz que é preciso ter controle social e o fim da ilusão "moralista". A cor da bandeira que costumam empunhar é vermelha, mas o tom começa a desbotar para o amarelo perto de pedir votos. Se a esquerda fosse sincera, ela deixaria bem claro que despreza o patriotismo, visto como um sentimento “pequeno burguês” ou mesmo fascista.

Se fosse transparente, a esquerda diria que odeia a polícia, que prefere os bandidos, lembrando que sempre age para abrandar punições aos marginais enquanto demoniza a atuação policial e sua “letalidade”. Os partidos de esquerda votaram contra o fim das "saidinhas", essa indecência que acaba levando à fuga de vários criminosos. Mas detonar a polícia e enaltecer os bandidos não rende muitos votos, e a esquerda sabe disso. Por isso muda seu discurso em época eleitoral.

O manto da “democracia” é outra enorme farsa esquerdista 
Assinam cartinhas sem qualquer coerência, uma vez que sempre defenderam ditaduras comunistas, e até hoje o PT de Lula apoia o tirano Maduro na Venezuela, isso sem falar da relação umbilical com Cuba. Ou fazem pior: forjam assinaturas, como denunciou Paulo Skaf, ex-presidente da Fiesp, que teve seu nome incluído sem seu consentimento na cartinha lulista.

Tudo na esquerda é jogo de aparências, é uma farsa calculada para enganar os trouxas. E como notamos essa mudança abrupta de discursos nas semanas que antecedem eleições, podemos concluir que a esquerda sabe muito bem o que são virtudes, mas prefere rejeitá-las por ideologia, oportunismo ou canalhice mesmo.

A tentativa da esquerda é ir comendo pelas beiradas, colocando aos poucos suas verdadeiras pautas, para a população ir se acostumando sem muito choque. É como a situação do sapo escaldado. 
Se a esquerda apresentasse seu verdadeiro projeto de uma só vez, todos sairiam correndo, assustados - e com toda razão. 
Ela sabe disso. E por isso vai cozinhando lentamente suas vítimas, insistindo em seu teatro farsesco, até que um dia os otários acordem na Venezuela: como foi que isso aconteceu?!
 
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 

domingo, 27 de março de 2022

Bolsonaro fala como candidato e diz que disputa será do ‘bem contra o mal’

Presidente discursou em evento do PL neste domingo e deu o tom do que deve ser sua campanha 

O presidente Jair Bolsonaro discursou neste domingo, 27, em evento do Partido Liberal (PL). O encontro, que inicialmente seria para o lançamento da pré-candidatura do político à reeleição, foi rebatizado de “ato de filiação” para evitar problemas com o TSE. Apesar disso, Bolsonaro falou como candidato em um discurso em que atacou o PT e afirmou que a disputa em 2022 será do “bem contra o mal”.

O evento teve locução de rodeio, dezenas de aliados no palco e apresentação oficial do slogan “O capitão do povo”. No início, o apresentador conclamou os presentes para rezar o Pai Nosso.

O presidente subiu ao palco depois de apertar a mão de apoiadores. Se posicionou ao lado do ex-presidente Fernando Collor de Mello e da primeira-dama Michelle Bolsonaro, rodeado por dezenas de ministros, deputados e senadores da base aliada. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, anunciou a filiação do ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), João Roma (Cidadania) e do senador Eduardo Braga (TO). A expectativa era de que o ministro da defesa, Walter Braga Netto, cotado para vice na chapa presidencial, se filiasse hoje ao PL, mas ele não compareceu ao evento.

Bolsonaro discursou durante vinte minutos e deu o tom do que deve ser a linha de discurso da sua campanha: o bem versus o mal, sendo ele o bem e a esquerda o mal.

“O inimigo não é externo, é interno. Não é uma luta da esquerda contra a direita. É uma luta do bem contra o mal”, afirmou ele. Em outro momento, Bolsonaro declarou que só espera deixar a Presidência “bem lá na frente”, “por um critério democrático e transparente”, completou ele, que mesmo sem provas critica a segurança do sistema eleitoral e das urnas eletrônicas.

Atrás de Lula nos levantamentos eleitorais, o governante, também sem provas, questionou a lisura das sondagens que colocam o petista à frente. “Uma pesquisa mentirosa publicada mil vezes não fará o presidente da República."

Durante seu discurso em tom messiânico, o presidente afirmou que em novembro de 2014 algo lhe tocou e ele passou a percorrer o país, decidido a disputar a Presidência da República, sozinho. “Nessas andanças pessoas algumas pessoas foram aparecendo ao nosso lado”, afirmou, acrescentando que chegava a locais “com pequena comitiva” e se apresentava como candidato.

Disse que a reeleição de Dilma Rousseff, “uma pessoa que não tinha qualquer carisma” lhe “moveu a buscar” o Palácio do Planalto. E mencionou o seu voto no impeachment da ex-presidente, quando citou o torturador [sic]  Carlos Alberto Brilhante Ustra como “o pavor de Dilma Rousseff”. “Eu não podia deixar que um velho amigo que lutou por democracia, teve reputação quase destruída, sem deixar (sic) de ser citado naquele momento.”

No discurso, Bolsonaro voltou a falar do atentado que sofreu à faca em 2018, a responsabilizar governadores pela crise econômica e a se apresentar como defensor da democracia. O presidente também voltou a incentivar o garimpo em terras indígenas e a fazer ameaças veladas ao Judiciário. Ao final, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) subiu ao palco “para discursar como filho”, disse que o pai é “homem de família temente a Deus” e se referiu ao ex-presidente Lula como “mentiroso de nove dedos”.

Pré-campanha
Inicialmente o evento foi formulado para marcar o lançamento oficial da pré-candidatura de Bolsonaro à reeleição. No entanto, a equipe jurídica do partido alertou que poderia haver contestação na Justiça eleitoral porque a campanha começa oficialmente em agosto. Ontem, no entanto, Bolsonaro disse a apoiadores e jornalistas que o ato seria sim para marcar o início de sua pré-campanha.

Política - VEJA - MATÉRIA COMPLETA


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Fachin e a 'Rússia' - J.R.Guzzo

Por que a ‘Rússia’ estaria atacando os computadores do TSE? Fachin não diz nada

Os brasileiros devem ao ministro Edson Fachin, mais que a qualquer autoridade pública deste país, uma situação que não existe em nenhuma sociedade democrática do mundo – a candidatura para a Presidência da República de um ladrão condenado pela Justiça em três instâncias sucessivas e por nove magistrados diferentes, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.  

 Fachin anulou com um único golpe de caneta, sem discutir absolutamente nada sobre culpa, provas de crime ou qualquer fato relevante, as quatro ações penais que condenaram o ex-presidente Lula à pena de prisão fechada. Pronto, eis aí o milagre: um cidadão que a Justiça brasileira declarou oficialmente corrupto, e expulsou da vida pública, é candidato ao cargo mais elevado do Brasil. 

É um portento para encher qualquer biografia, mas Fachin está longe de se mostrar satisfeito. Não basta ser o pai e a mãe da candidatura Lula. Ele também quer, na sua posição no “Tribunal Superior Eleitoral”, que Lula ganhe a eleição – e acaba de dar um passo que ele julga importante nesta direção, ao criar um tumulto inédito, deliberado e grosseiro em torno da limpeza das eleições.

Segundo Fachin, o sistema eleitoral brasileiro “pode estar”, já neste momento, sob ataque da “Rússia” – não dos russos em geral, ou de um grupo de malfeitores russos, mas da “Rússia”, assim mesmo. Por que raios a “Rússia” estaria atacando os computadores do TSE? Fachin não diz nada. O ministro não apresentou um átomo de prova para a acusação que fez em público, nem um raciocínio lógico, nada; falou apenas em “relatórios internacionais”, sem citar nenhum. A única coisa certa é que fez a sua acusação justamente durante a visita do presidente da República à Rússia.

Fachin falou também sobre hackers da “Macedônia do Norte”. E da Macedônia do Sul, o que ele acha? Não se sabe qual o grau de conhecimento do ministro sobre qualquer Macedônia, do Norte ou do Sul, e muito menos por que ele resolveu dizer o exato contrário do que seu colega Barroso vem dizendo, sem parar, com a mesma fé que o papa tem no Padre Nosso: o sistema eleitoral brasileiro é “inviolável” e, se alguém duvida disso, é acusado na hora de querer “o golpe militar”. Cada vez que o presidente cobra “mais segurança do sistema”, anota-se automaticamente que ele falou “sem apresentar provas”. E Fachin? 
Pode falar uma barbaridade dessas sem prova nenhuma, num ataque primitivo a uma nação que mantém relações perfeitamente normais com o Brasil, e pretender ser um juiz imparcial das eleições de 2022?

A acusação de Fachin não é apenas um ato de vadiagem mental. É uma convocação à desordem.

J.R. Guzzo - O Estado de S.Paulo - MATÉRIA COMPLETA


Saiba mais sobre a valentia do ministro Moraes = Bolsonaro está em flagrante impunidade; Barroso, Fachin e Moraes têm que ir para a ação, diz Josias 

Josias de Souza


segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Manifestantes pedem impeachment de ministros do STF - Estadão Conteúdo

Cidades brasileiras registraram atos contra a decisão do Supremo de derrubar a prisão em segunda instância



Manifestantes reunidos em diversas cidades do país pediram o impeachment dos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, neste domingo, 17. Em São Paulo, o ato fechou quarteirões da Avenida Paulista.
Os protestos foram convocados após a decisão do STF de derrubar a prisão em segunda instância. Na capital paulista, os manifestantes se reuniram aos gritos de “Fora Gilmar”, carregando bandeiras do Brasil e vestindo verde e amarelo.  O senador Major Olímpio participou do ato e discursou em um carro de som. “Só vai acontecer um impeachment de um ministro do Supremo Tribunal Federal se houver mobilização e muita pressão”, disse.

No Rio, a manifestação pedindo o impeachment do ministro Gilmar Mendes ocorreu pela manhã, na praia de Copacabana, na altura do Posto 6. Organizado pelo Movimento Nas Ruas, Movimento Conservador e Movimento Brasil Conservador, o evento contou com dois carros de som e conseguiu reunir algumas dezenas de pessoas, que ocuparam menos de um quarteirão da praia.

Os manifestantes que compareceram estavam, em sua maioria, vestidos de verde e amarelo, enrolados em bandeiras do Brasil. “Gilmar Mendes vai cair” e “Fora Gilmar Mendes” eram os slogans mais repetidos pelos participantes, na manhã deste domingo que amanheceu parcialmente nublado.

O juiz do STF foi chamado também de “inimigo número um do Brasil”. Um boneco inflável gigante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os dizeres “cafetão de Gilmar” também marcou presença no evento.

A hashtag #BrasilContraGilmarMendes esteve entre os Topic Trendings, como são chamadas as postagens mais populares no Twitter, durante toda a manhã deste domingo. Havia quase 500.000 tuítes sobre o tema até pouco antes das 14h.
Em Brasília, um grupo de cerca de 1.000 pessoas se concentrou em frente ao Congresso Nacional e caminhou até o STF. Os manifestantes rezaram o “Pai Nosso”, cantaram o hino nacional e carregaram uma bandeira gigante com as cores verde e amarela.


Transcrito de VEJA - Estadão Conteúdo


terça-feira, 1 de março de 2016

A vida de um jogador de futebol de verdade e que não sonega impostos



Salário abaixo de R$ 1.000, desemprego em 59%, atraso no pagamento e insistência no sonho – assim vive o atleta que ninguém vê
No Ninho do Corvo, ou Estádio Antônio Soares de Oliveira, a 12 quilômetros do aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, São Paulo, o barulho do avião que decola abafa os berros que saem do vestiário do time visitante, a Matonense. Ouvem-se os berros por trás da porta de ferro, mas não se distinguem os palavrões de qualquer instrução que o técnico Pinho esteja passando aos atletas. A 20 metros dali, no campo, dois garotinhos de seus 7 anos se revezam em chutes a gol, enquanto o jogo não começa. A cada bola que acerta, um, com a camisa da italiana Juventus e chuteira da Nike, comemora com um sonoro “goool!” e rola na grama. São filhos de jogadores do Flamengo, o time da casa. Não o carioca, da primeira divisão nacional. E sim o paulista, da terceira divisão estadual, em que os jogadores ganham menos que garçons e assistentes de obra.

A desigualdade entre os Flamengos é abissal. O carioca arrecadou R$ 334 milhões em 2014. O de Guarulhos, no mesmo ano, conseguiu 0,02% disso, R$ 59 mil. A diferença tem relação direta com os elencos. Eis a escalação do Flamengo que encara a Matonense neste domingo: Wagner no gol; Arthur, Carlão, Igor Prado e Biro Biro na defesa; Wellington Carioca, André Bilinha e Fernando Júnior na meia; Milton Junior, Ingro e Daniel Bueno no ataque. Não conhece ninguém? Não se culpe. 

Os jogos são transmitidos por rádio só para algumas cidades do interior do Estado. Nada de TV aberta nacional. Se o peruano Paolo Guerrero, sozinho, leva milhões de reais por ano do Flamengo do Rio de Janeiro, a folha salarial total do Flamengo de Guarulhos, em R$ 46 mil, permite pagar salários de cerca de R$ 700 mensais para cada jogador por quatro meses, tanto quanto recebem quatro em cada cinco jogadores de futebol profissionais no Brasil. Esses atletas ganham menos que ascensorista. O craque em Guarulhos é o veterano Daniel Bueno, de 32 anos, 1,84 metro de altura, 80 quilos. Artilheiro do time em 2016, com três gols em seis jogos até ali. Dentro do vestiário, antes do jogo, ele veste a camisa rubro-negra e amarra os cadarços da Adidas tão suja que mal se percebem as três listras.

Caminham para lá Rafael Piauí e Bartô. Ambos usam bonés com aba reta, camisetas coloridas, shorts e chinelos. Nenhum dos dois jogará. O primeiro, atacante, rompeu ligamentos do joelho em um jogo-treino em dezembro. Está fora da competição. Teve sorte de manter o emprego até o fim do estadual. O segundo foi eleito o melhor lateral-direito da terceira divisão pelo Tupã em 2015 e jogou como titular cinco dos seis jogos do Flamengo-SP em 2016, mas seu desempenho caiu e ele nem sequer foi relacionado pelo técnico Edson Vieira para esse jogo. Também se estranhou com a diretoria, depois que contou ter uma proposta para jogar no Nacional, da capital, e se mudar para a segunda divisão de Portugal no segundo semestre. Quis ir, mas desistiu. Diz ter preferido manter a palavra que deu ao técnico ao chegar ao clube. Piauí e Bartô entram no vestiário e na roda de flamenguistas já uniformizados. É hora de concentrar.

 “Eu não gosto de sentir o cheiro de derrota! Não deixa cair! Vambora!”, discursa o técnico, no meio da roda. “Vamos dar o sangue! Sem bobear! Sem sair atrás!”, grita Carlão, zagueirão e capitão do time. “Pai nosso que estais no céu! Santificado seja o vosso nome!”. 
 Os 20 atletas, técnico, assistente e preparador físico, todos agarrados e carrancudos, berram a oração. Batem palmas. Saem, um por um, e marcham para o túnel que leva ao campo. As pisadas mais fortes que o necessário reforçam o humor beligerante. Passam por uma barata morta, uma parte escura do corredor com lâmpada queimada e sobem para o gramado. De longe, todo verdinho. Basta se aproximar para notar no mínimo três espécies diferentes de grama e perceber os buracos. Aguardam o jogo 638 torcedores, acomodados com espaço, que gritam e tomam picolés de R$ 2.