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domingo, 7 de agosto de 2022

A imprudência do general - O general Nogueira flerta com o anedotário da caserna - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

O general Paulo Sérgio Nogueira em solenidade militar no Palácio do Planalto

O general Paulo Sérgio Nogueira, atual ministro da Defesa, flerta com o anedotário da caserna onde brilha a carga da cavalaria ligeira do Lord Cardigan na Batalha de Balaclava. Em 1854, durante a Guerra da Crimeia, ele atacou uma posição da artilharia russa com seus Dragões. Fracassou e perdeu 118 soldados. Em Pindorama, ocupando a função civil de ministro da Saúde, resplandece o general intendente Eduardo Pazuello. Ele precisava mandar vacinas para Manaus e elas chegaram a Macapá, que fica a mil quilômetros de distância.

Há dias, Nogueira expediu um ofício “urgentíssimo” ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pedindo “a disponibilização dos códigos-fonte dos sistemas eleitorais” para serem examinados por oficiais das Forças Armadas. Desde outubro do ano passado, o Ministério da Defesa tinha em seu arquivo um ofício do então presidente da TSE, Luís Roberto Barroso, informando que “os códigos-fonte dos programas que compõem o sistema eletrônico de votação estão disponíveis para inspeção de suas evoluções, das 10h às 18h, na Sala Multiuso, localizada no subsolo do edifício-sede deste Tribunal”.[em nossa opinião,  o 'urgentíssimo' facilitou as coisas - no dia seguinte os militares tiveram acesso aos códigos-fontes e sem limitações de horário.]

Explicando-se, o Ministério da Defesa diz que o “urgentíssimo” do pedido devia-se à proximidade da eleição de 2 de outubro. Verdade, mas era a Defesa quem estava atrasada, como o candidato do exame do Enem que tomou o ônibus errado e corre para fazer a prova.[temos também um caso de CEP errado, endereço errado, cujos efeitos prejudiciais, se concretizados, seriam devastadores  para o Brasil e os brasileiros. Graças a DEUS, mais uma vez o 'capitão do povo' neutralizará tal ameaça.]

A Controladoria-Geral da União e a Polícia Federal também receberam o ofício do TSE de 2021 e fizeram seus serviços. A CGU ficou cinco dias na Sala Multiuso em janeiro. A PF, mais equipes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Senado, estiveram lá por três dias cada uma. Só quem perdeu tempo foi o Ministério da Defesa, e essa paralisia nada tem a ver com piadas de caserna.

Passado mais de século da Batalha de Balaclava, pode-se perder uma tarde discutindo se o desastre deve ser atribuído a Lord Cardigan, que comandava a cavalaria, ou a Lord Raglan, comandante de todas as tropas, que lhe deu a ordem de atacar. Fica entendido que nenhum dos dois perseguia o objetivo oculto de matar os próprios soldados.

A urgentíssima preocupação do general Paulo Sérgio Nogueira foi mais uma de suas manifestações encrencando com o sistema eletrônico de coleta e totalização dos resultados eleitorais. Em abril, quando o ministro Barroso queixou-se das dúvidas levantadas por oficiais sobre o sistema eletrônico de coleta e totalização dos votos, o general viu na cena uma atitude “irresponsável” e “ofensa grave”. Barroso poderia ter ficado calado, mas não havia ofensa em suas palavras, nem ele é um “irresponsável”.

Os militares que acompanhavam o trabalho do TSE haviam feito 88 perguntas sobre o processo de apuração, e o TSE respondeu com um documento de 700 páginas, mostrando que em alguns casos as dúvidas partiam de premissas erradas. Por exemplo: não existe “sala escura” de totalização, e ela pode ser livremente auditada. Não se conhece tréplica de qualquer crítico do processo.

É sabida a crítica do presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas. Até hoje ela carece de provas e está prejudicada pela ocasião, pois é recente. Desde 1996, quando foram instituídas as urnas eletrônicas, Bolsonaro e seus filhos disputaram vinte eleições e venceram em dezenove. [sendo recorrente: em nossa opinião o fato da família Bolsonaro, vencer 95% das eleições em que as urnas eletrônicas foram utilizadas, credencia o presidente a criticá-las - tivesse perdido a maioria, seria chororô de derrotado. Além do que, qual o custo de provar o que é afirmado sobre a invulnerabilidade das urnas? 
Muito provavelmente até faria com que países mais adiantados tecnologicamente adotassem o sistema tão defendido - hoje são usadas apenas no Brasil, Bangladesh e Butão.]  mais Flávio Bolsonaro perdeu a Prefeitura do Rio em 2016 quando não chegou ao segundo turno, porque teve apenas 14% dos votos.

As dúvidas do ministro Paulo Sérgio devem ser levadas em conta enquanto ficam dentro das quatro linhas do ordenamento jurídico e dos parâmetros técnicos do sistema. Fora daí, não há salvação. Faz tempo, na eleição de 1965, quando as eleições eram feitas com cédulas de papel, um soldado da brigada paraquedista foi mobilizado para sequestrar as urnas que estavam no Maracanãzinho. A patrulha foi dissolvida. Afinal, o presidente Castello Branco queria respeitar o resultado.[era um soldado ou uma patrulha? com todas as vênias, narrativas costumam cometer atos falhos.]

(...) 
Folha de S. Paulo - Jornal O Globo - MATÉRIA COMPLETA - Elio Gaspari, jornalista 
 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Ministro da Defesa envia ofício 'urgentíssimo' ao TSE e pede acesso a códigos-fonte das urnas

Documento assinado por Paulo Sérgio Nogueira foi encaminhado ao presidente da Corte, Edson Fachin nesta segunda-feira

O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, encaminhou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um novo ofício classificado como "urgentíssimo" em que pede para ter acesso os códigos-fontes das urnas eletrônicas.

De acordo com o TSE, o acesso aos códigos-fonte do sistema de votação foi aberto em outubro de 2021. “Solicito a Vossa Excelência a disponibilização dos códigos-fontes dos sistemas eleitorais, mais especificamente do Sistema de Apuração (SA), do Sistema de Votação (VOTA), do Sistema de Logs de aplicações SA e VOTA e do Sistema de Totalização (SisTot), que serão utilizados no processo eleitoral", diz o documento, que chegou à Corte nesta segunda-feira.

Ainda no ofício, o Ministério da Defesa pede que o presidente do TSE disponibilize as informações técnicas entre os dias 2 e 12 de agosto, tendo em vista o curto espaço de tempo até as eleições."Haja vista o exíguo tempo disponível até o dia da votação, solicito que o acesso aos códigos-fonte seja disponibilizado, para a execução do trabalho da Equipe das Forças Armadas de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação, na janela de trabalho inicial de 2 a 12 de agosto de 2022", solicita a pasta.

Em um outro documento encaminhado ao TSE nesta segunda, Nogueira também cobra "informações técnicas preparatórias" solicitadas pelo Ministério em junho por meio de dois outros ofícios. O intuito dessas informações seria "viabilizar os trabalhos da Equipe das Forças Armadas de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação, à luz da Resolução TSE no 23.673, de 14 de dezembro de 2021".

"Considerando que a ausência das referidas informações poderá prejudicar o desenvolvimento dos trabalhos da supracitada equipe quanto ao cumprimento das etapas de fiscalização previstas na Resolução do TSE e, também, que há a necessidade de um ponto de contato que facilite as ações de fiscalização, reitero as solicitações em comento", afirma o texto.

O envio dos ofícios se deu no mesmo dia em que o TSE reuniu mais de 150 pessoas, representantes das diversas entidades com legitimidade para atuar na fiscalização do processo eleitoral de 2022, incluindo membros das Forças Armadas. [COMENTÁRIO: sem o objetivo de apresentar posição sobre a lisura do sistema eletrônico de votação usado no Brasil, Bangladesh e Butão  = apenas expressando o nosso entendimento que um processo de fiscalização, imparcial e independente, deve ser totalmente independente de qualquer ação do órgão fiscalizado sobre o órgão fiscalizador.] A reunião teve o objetivo de obter esclarecimentos sobre etapas, métodos, locais e formas de fiscalização e auditoria do sistema eletrônico de votação previstas na norma que disciplina o tema.

Em 2021, as Forças Armadas foram incluídas pelo TSE, juntamente com outras entidades, na Comissão de Transparência das Eleições (CTE), criada com o propósito de ampliar a transparência e a segurança de todas as etapas de preparação e realização das eleições. 

 Política - O Globo

 

PGR defende arquivamento de inquérito contra Bolsonaro e critica Moraes

Lindôra Araújo reiterou posição de arquivamento de investigação sobre vazamento de dados sigilosos 

A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, defendeu, novamente, o arquivamento do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro (PL) vazou dados sigilosos de uma investigação da Polícia Federal a respeito das urnas eletrônicas. A vice-PGR ainda criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que ele violou o sistema acusatório ao determinar novas medidas na investigação.

No dia 4 de agosto, ao lado do deputado Filipe Barros (PL), Bolsonaro vazou na internet um inquérito sigiloso [SIC] que apurava uma suposta invasão de um dos softwares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente fazia campanha contra as urnas eletrônicas e dizia que elas não eram seguras. [COMENTÁRIO: ao que se sabe o sigilo do inquérito foi declarado no dia seguinte  ao da comunicação do presidente Bolsonaro na internet.]

O caso ganhou proporção porque a investigação da PF era mantida em sigilo por ainda estar em andamento e os dados divulgados pelo presidente, portanto, não poderiam ser tornados públicos. A PGR pediu arquivamento do caso – contrariando o relatório da Polícia Federal. [comentando: é competência da PGR pedir arquivamento de um inquérito ou apresentar denúncia - cabendo recurso ao Poder Judiciário da decisão da PGR. 
 A autoridade policial pode até afirmar que o investigado cometeu determinado crime, mas a PGR tem a competência para decidir se apresenta denúncia ou pede arquivamento.] O documento, assinado pela delegada federal Denisse Ribeiro, afirmou que o presidente cometeu crime, sim, ao vazar os dados. No entanto, no primeiro parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), Augusto Aras disse que, mesmo que as informações tenham sido divulgadas de forma "distorcida", não existe crime a ser apurado.

No novo posicionamento, Lindôra Araújo afirmou que o posicionamento da PGR de arquivar o caso tem fundamentação jurídica. “No caso concreto, a atuação do Procurador-Geral da República pautou-se estritamente por uma análise jurídica e isenta sobre os fatos, sem qualquer desiderato de prejudicar ou beneficiar determinadas pessoas. A conduta adotada de promover o arquivamento fundamentado da investigação encontra respaldo no texto constitucional, no Código de Processo Penal e no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal”, escreveu.

“Portanto, não há quaisquer indicativos de prática delitiva por parte do PGR, já que o seu ato funcional não foi materializado para satisfazer interesse pessoal, mas dentro dos limites normativos e no pleno e escorreito exercício da função ministerial”, destacou Araújo.

Segundo a vice-PGR, o ministro Alexandre de Moraes violou o sistema acusatório ao determinar novas medidas de apuração do caso. “No caso concreto, o eminente Ministro Relator, data venia, acabou por violar o sistema processual acusatório, na medida que decretou diligências investigativas e compartilhou provas de ofício, sem prévio requerimento do titular da ação penal pública e até mesmo da autoridade policial que reputou concluída a investigação, além de não apreciar a promoção de arquivamento do Procurador-Geral da República”, disse.

Política - Correio Braziliense 

 

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Bolsonaro perde [SIC] um aliado na troca de comando em tribunal militar - Malu Gaspar

Ministro Lúcio Mário de Barros Góes, o novo presidente do Superior Tribunal Militar (STM), durante sessão da corte Divulgação/STM

Barros Góes é considerado por colegas militares um nome “muito equilibrado”, discreto, de perfil conciliador – e politicamente “neutro”, pelo menos até hoje.  O general foi indicado ao STM em 2012 pela então presidente Dilma Rousseff e assume a chefia do tribunal em 3 de agosto, na próxima quarta-feira. [antes que desavisados considerem a indicação do general Barros Góes, pela 'escarrada' ex-presidente, como indicativo de vínculo entre o general e a 'engarrafadora de vento', esclarecemos que a indicação para o STM, especialmente dos oficiais  generais,  quatro estrelas,  das 3 Forças, segue critérios rígidos havendo pouco espaço para indicações políticas. 
O general Barros Góes, certamente atendeu tais critérios. 
Portanto, ter sido indicado pela petista, em nossa opinião,  não vai representar uma nódoa na carreira do atual presidente da Instância máxima da Justiça Militar da União.]  Até lá, um ministro interino vai comandar a Corte.

De saída do STM, Gomes Mattos é um general alinhado aos interesses do Palácio do Planalto. Na semana passada, ele compareceu à controversa reunião em que o presidente Bolsonaro levantou suspeitas infundadas contra as urnas eletrônicas um sistema eletrônico de votação que está em vigor desde 1996, sem nenhuma acusação de fraude comprovada.

Gomes Mattos foi o único presidente de tribunal superior que aceitou o convite do governo para a reunião com embaixadores, minimizando o isolamento do mandatário. [isolamento só existente nas 'narrativas' da mídia militante. Um exemplo da 'imparcialidade' daquela imprensa: - ontem no noticiário de uma Rede de TV foi narrada  a queda da inflação, prévia deste mês (em alguns estados houve deflação) só que o apresentador, precisando do emprego, teve que dar destaque a possíveis repiques da inflação em função da queda de agora  e usou o  fatos do século passado a justificar seu raciocínio contra o 'despiora'.] Não por acaso, o general Braga Netto, companheiro de chapa de Bolsonaro, fez questão de marcar presença e prestigiar a solenidade de sua despedida ontem em Brasília.

O STM, convém ressaltar, não tem qualquer ingerência sobre a organização das eleições e a atuação dos militares no pleito. O próprio Gomes Mattos fez questão de ressaltar isso ontem. "Nós temos uma Justiça Eleitoral e ela é a responsável pelo funcionamento real daquilo. Nossa missão é diferente", disse o general a jornalistas. "Não temos que nos envolver… temos que garantir que o processo seja legítimo e tudo. Essa é a missão das Forças Armadas."

Generais ouvidos reservadamente pela equipe da coluna [nossos 'dois leitores' já conhecem nosso pensamento sobre a citação do 'ouvidos reservadamente' - é sempre a forma da mídia militante = militância formada por jornalistas a favor da censura. Mesmo assim, vamos ser recorrentes:  = sustentar alguma narrativa.] avaliam que, ao contrário de Gomes Mattos, Barros Góes teria declinado o convite.

“Barros Góes é pernambucano, discreto, preparado, conciliador e de fácil trato. Não é fanático”, disse um general [sic] à equipe da coluna. A aposta é a de que o novo presidente do STM fique “equidistante” em relação à cruzada bolsonarista contra as urnas. Gomes Mattos, por outro lado, já demonstrou reservadamente [sic]  que, assim como Bolsonaro, também tem desconfianças sobre o sistema eletrônico de votação. Para militares, ao aceitar o convite para a reunião sobre as urnas, o general acabou assumindo o lado do chefe do Executivo.[talvez militares 'melancia - são poucos, mas tem alguns. As regras de agora, que os inimigos do presidente = inimigos do Brasil, tentam impor, torna cabível que ficar ao lado do presidente Bolsonaro seja  caso de corte marcial.]

Aquela não foi a primeira demonstração de alinhamento do agora ex-presidente do STM com o atual ocupante do Palácio do Planalto. Em entrevista à revista Veja publicada no ano passado, Gomes Mattos saiu em defesa de Bolsonaro e do ex-ministro Eduardo Pazuello e chegou a chamar o presidente da República de “democrata”. Quando foi indagado sobre a candidatura de Lula ao Palácio do Planalto, respondeu que “o brasileiro precisa saber votar”.

Gomes Mattos também provocou polêmica ao dizer que a divulgação pelo GLOBO de áudios com relatos de tortura durante a ditadura era “notícia tendenciosa” com o objetivo de “atingir as Forças Armadas”.

O tema da tortura também veio à tona em 2012, na sabatina de Barros Góes pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que aprovou a indicação de seu nome por unanimidade. Naquela ocasião, o futuro presidente do STM disse que é “absoluto e bem protegido” pela Constituição o direito do ser humano não ser torturado.

Apesar das mudanças de perfil entre os dois generais, há quem adote a postura de cautela e prefira aguardar os próximos acontecimentos.

Isso porque o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, também era visto como um nome mais técnico e equilibrado, até assumir o comando da pasta, mudar de postura – e reforçar a narrativa bolsonarista contra as urnas.“Não tenho bola de cristal”, resume um conhecido de Barros Góes. A conferir.

Malu Gaspar, jornalista - Blog em O Globo 

[Aos nossos dois leitores:  

- buscando informar  o necessário para ser indicado ministro do STM, com destaque para as vagas reservadas a 10 oficiais generais, quatro estrelas, transcrevemos a biografia do general Mattos, competência e dedicação são essenciais e nos currículos dos indicados não há espaço para reprovações em cursos e concursos. 


 Fonte: site oficial  Corte Castrense.]

 


terça-feira, 26 de julho de 2022

Ciro Nogueira rebate carta de banqueiros contra Bolsonaro: ‘Perderam R$ 40 bi com Pix’

Executivos do Itaú e 'intelectuais' redigiram documento em prol das urnas eletrônicas e falaram em 'risco à democracia' [se eles são contraé sinal seguro de que é bom para o povão;  

- imagine, o prejuízo imenso que estão tendo com o PIX = 40 bilhões de reais = só com tarifas que não podem mais cobrar, devido ao PIX, implantado por Bolsonaro = 'capitão do povo.

- remessas de pequenas importâncias que hoje o POVÃO pode fazer de graça, através do PIX, antes a tarifa cobrada pelos bancos era, muitas vezes,  maior do que o valor a ser transferido.]

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e o presidente Jair Bolsonaro, durante uma cerimônia na capital do Estado, Teresina - 20/05/2022 | Foto: Isac Nóbrega/PT
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e o presidente Jair Bolsonaro, durante uma cerimônia na capital do Estado, Teresina - 20/05/2022 | Foto: Isac Nóbrega/PT

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), rebateu a carta de banqueiros contra o presidente Jair Bolsonaro, nesta terça-feira, 26. Segundo Nogueira, o Pix (sistema de pagamentos) é uma das razões para a existência do documento. “Se o senhor faz alguém perder R$ 40 bilhões por ano para beneficiar os brasileiros, presidente, não me surpreende que o prejudicado assine um manifestou contra o senhor”, escreveu o ministro, em um post no Twitter.

Nogueira ressalta que os demais signatários da papelada só a rubricaram “porque estão livres da perseguição”. Com 3 mil assinaturas, o texto é endossado por ex-ministros do Supremo Tribunal Federal e “intelectuais”.

Adiante, Nogueira exalta Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes. “Graças a vocês, o Brasil passou a ter um Banco Central (BC) independente”, observou. “Antes, o BC podia ser o chicote ou o bombom dos governos para os banqueiros.”

Carta de banqueiros contra Bolsonaro
Em 11 de agosto, um “manifesto a favor da democracia e das urnas eletrônicas” será lido na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na capital paulista. Com 3 mil assinaturas, a papelada reúne “intelectuais e nomes de peso do mercado empresarial”.

Entre os signatários do documento estão Roberto Setubal e Candido Bracher (Itaú Unibanco), representantes da indústria, como Walter Schalka (Suzano), e de empresas de bens de consumo, como Pedro Passos e Guilherme Leal (Natura).

Aderiram também ao manifesto Eduardo Vassimon (Votorantim), Horácio Lafer Piva (Klabin), Pedro Malan (ex-ministro da Fazenda do governo FHC), o economista José Roberto Mendonça de Barros e o cineasta João Moreira Salles.

Além desses nomes, a carta tem a rubrica de ex-ministros do STF Carlos Ayres Britto, Sydney Sanches e Sepúlveda Pertence.

Revista Oeste 

 

Após ataques de Bolsonaro, Fachin diz que TSE 'não se omitirá'

Os duros recados de Fachin a Bolsonaro na reunião com aliados de Lula

Presidente do tribunal recebeu grupo de advogados simpáticos a Lula e mandou uma mensagem direta aos militares e ao chefe do Planalto: 'O calendário eleitoral está em dia. A regra está dada'

Presidente do TSE, o ministro Edson Fachin recebe nesta tarde, no seu gabinete no tribunal, dez advogados simpáticos ao ex-presidente Lula e que integram o chamado Grupo Prerrogativas.[COMENTÁRIO: a presente matéria apresenta vários termos sobre situações/instituições existentes só no Brasil.Alguns exemplos, sem esgotar: jabuticabas, duros recados, imparcialidade parcial, Justiça Eleitoral. Temos também coisas que estão presentes no Brasil, em  Bangladesh e no Butão.]

No início do encontro, o chefe da Justiça Eleitoral fez uma fala com duros recados a Jair Bolsonaro e sua cruzada golpista contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral. Numa mensagem direta aos militares e ao próprio presidente, que insistem em cobrar mudanças nas urnas e no rito de votação, Fachin disse que “o calendário eleitoral está em dia. A regra está dada”. “O calendário eleitoral está em dia. A regra está dada. O TSE não se omitirá. A justiça eleitoral de todo o país não cruzará os braços… O TSE não está só, porquanto a sociedade não tolera o negacionismo eleitoral”, disse Fachin.

Fachin não citou Bolsonaro diretamente, mas disse também que “o ataque às urnas eletrônicas como pretexto para se brandir cólera não induzirá o país a erro”.
“Há 90 anos, criamos a Justiça Eleitoral para que ela conduzisse eleições íntegras e o Brasil confia na sua Justiça. Amarrada à Constituição e à institucionalidade, qual Ulisses de Homero, a Justiça eleitoral não se fascina pelo canto das sereias do autoritarismo, não se abala às ameaças e intimidações. Somos juízes, e nosso dever é abrir os nossos ouvidos à Constituição e às suas cláusulas pétreas democráticas, como bem pontuou metaforicamente o filósofo norueguês Jon Elster. A agressão às urnas eletrônicas é um ataque ao voto dos mais pobres”, disse Fachin.

“Cumprimento as advogadas e os advogados aqui presentes. É louvável a preocupação com a democracia e a vida pública no país. Não há justiça sem sociedade civil e advocacia fortes e em diálogo, nomeadamente para defender o processo eleitoral, as eleições, e o próprio Estado democrático de direito”, seguiu o ministro.

Robson Bonin, Colunista - RADAR - Coluna em VEJA
 

domingo, 24 de julho de 2022

A VERDADE "DIVINA" DAS URNAS ELETRÔNICAS - Sérgio Alves de Oliveira

A fé "compulsória"exigida pelas autoridades judiciais "supremas" sobre  a validade "inquestionável"do processo eleitoral brasileiro, sujeitando à prisão imediata, fora do processo legal, todos os que levantarem qualquer dúvida ou suspeita sobre a lisura das eleições, nos força a pedir auxílio  à  São Tomás  de Aquino, que ao lado de Santo Agostinho, são considerados os mais sábios filósofos do cristianismo.
 
Tomás de Aquino foi o grande construtor do maior sistema teológico-flosófico a partir da Idade Média. Estruturou toda  a sua filosofia partindo da premissa que tanto as verdades divinas "acessíveis" à razão, quanto as verdades divinas  "inacessíveis" à razão, seriam propostas â pessoa como objetos da FÉ.             
A fé seria obrigatória,segundo o filósofo, porque a imensa maioria das pessoas não teria condições de chegar ao conhecimento de Deus pelas vias da razão, mesmo sem que descartasse essa possibilidade  aos mais inteligentes. Os impeditivos para uso correto da razão  seriam as más disposições do temperamento que desviam do saber
os afazeres dos que se ocupam com a administração  e posse dos bens materiais,que não encontrariam tempo para a contemplação na busca do conhecimento de Deus; a preguiça para essa contemplação
o longo tempo e as condições intelectuais necessárias para essa busca; 
o fato de que na  juventude a alma fica agitada pelos diversos movimentos das paixões, e por isso não ter aptidões para conhecer verdades tão profundas, uma vez que o homem se torna prudente e sábio somente na medida que as suas paixões se acalmam e, por último, a fragilidade da inteligência humana frequentemente eivada de erros.
 
Portanto, assim como Santo Tomás de Aquino concluiu que tanto as verdades divinas acessíveis à razão, quanto às não acessíveis, teriam que ser aceitas  pela FÉ, mesmo que não explicadas pela razão, do mesmo modo os "supremos" juízes brasileiros estão coagindo o povo brasileiro a aceitar sem protestos um sistema  eleitoral que à toda evidência está sujeito à fraudes, e sobre o qual radicalmente se negam a adotar medidas para maior transparência eleitoral. [PARABÉNS ao ilustre Sérgio por todo o artigo, com destaque especial para os dois parágrafos que encimam este comentário - descrevem com clareza e precisão o sentido de 'dogma', citados em comentário de nossa lavra em matéria também excelente do Percival Puggina,  sobre o caráter dogmático conferido pelo JE à crença na inviolabilidade das urnas eletrônicas.
O ilustre Sérgio é mais um brasileiro, junto a milhões, que não acusa o sistema eleitoral implantado em 1996 de fraude, mas clama por mais transparência, dentro do famoso axioma ' quem não deve, não teme'.]
 
Na verdade de nada vale o argumento dos "supremos" ministros de que a lisura do sistema eleitoral estaria  "provada", porque jamais foi demonstrado  ter havido qualquer irregularidade nas eleições anteriores, desde quando  as urnas eletrônicas foram implantadas em caráter geral, em 1996. 
Mas a adoção desse tipo de urna  deve-se ao então Juiz Eleitoral de Brusque/SC,Dr. Carlos Prudêncio, que apesar da proibição do TRE/SC, implantou a primeira votação eletrônica,nas eleições municipais de 1989.  Homem de extrema  coragem e sabedoria , que tive o  grande o prazer de conhecer pessoalmente.
Pois bem, é verdade essa alegação. Mas também é verdade que jamais foi provado por "eles" não ter havido adulteração de resultados, e que não haverá na próxima eleição.
 
Os que alegam a possibilidade de fraude eleitoral na verdade não conseguem provar nada, mesmo porque eles não têm em mãos as informações que seriam necessários para provar essa irregularidade. As "chaves do cofre". Mas o "outro" lado também não consegue provar a lisura do processo. Portanto é palavra contra palavra. E palavra por palavra, a de um juiz, mesmo que "supremo", não vale nada mais que a de qualquer  outro.
 
Mas as suspeitas dos inconformados com o sistema eleitoral vigente, dentre os quais o atual Presidente Jair Bolsonaro, parecem ter fundamento pela simples razão da recusa radical das autoridades "eleitorais" de possibilitar uma conferência  em paralelo dos resultados  apontados pelos computadores do TSE, uma auditoria para "valer", que confirme à plenitude os resultados oficiais.  
É como se diz na minha terra: deve ter "boi nessa linha"!!!
 
Essa acusação de tentativa de golpe sobre os que suspeitam de fraude nas eleições de outubro próximo,por manipulação humana dos resultados  nos computadores, faz lembrar  a célebre frase de Vladimir Lenin, comandante "bolchevique" da Revolução Russa de 1917: "Acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é".
Sem dúvida trata-se de  uma inescondível coincidência "vermelha".
 
Em   suma: os resultados eleitorais de outubro de 2022  serão alguma verdade "divina"? Acessível,ou não acessível , à razão? 
Deve ser aceita a vitória de Lula da Silva,a única admissível pelas autoridades eleitorais, simplesmente por  uma questão de "fé"? Imposta pelo STF e TSE?
 
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
 

O sistema eleitoral, o poste e o bêbado - Percival Puggina

Trata-se de algo realmente irritante. Tem-se a impressão de que a maior parte do jornalismo brasileiro, ao sentar-se diante do teclado para produzir um texto ou repassar uma informação veste a camiseta partidária ou se ajoelha ante o altar da ideologia, passando a agir como militante.

Ontem, quis verificar os resultados de pesquisas que tenham avaliado a confiabilidade do nosso sistema eleitoral (votação e apuração). Do que encontrei conclui que apenas Datafolha faz essa investigação com certa regularidade. Afora essas, só encontrei uma Genial/Quaest, feita também em maio, com números semelhantes aos do Datafolha desse mesmo mês.

Nem o noticiário do site do TSE escapa à manipulação da informação. [comentando o óbvio: A insistência da Justiça Eleitoral com a perfeição total do sistema eleitoral brasileiro chega a ser dogmática - apesar de que dogmas só são aceitos,  incontestáveis e válidos no Catolicismo.  
NÃO ESTAMOS APREGOANDO QUE AS URNAS SÃO FRAUDÁVEIS,  nem também que ocorreram fraudes nas eleições brasileiras após a adoção do sistema eletrônico de votação, apenas defendemos que não custa conferir mais transparência ao sistema de votação brasileiro, possibilitar que eventual suspeita de fraude possa ser combatida mediante a conferência física, palpável, 'olhável', obtida mediante a simples impressão do voto, permanecendo o sigilo de quem votou.]

A exemplo dos maiores veículos de comunicação do país, divulgou pesquisa de março afirmando, no título, que 82% dos eleitores confia nas urnas eletrônicas”. Mas... e o termo médio, senhores? Eu sabia que as pesquisas indagam ao entrevistado se confia muito, confia um pouco ou não confia. No noticiário, porém, o termo médio some da informação e é, sem autorização dos entrevistados, somado ao “confia muito”!

Na pesquisa de maio, a mais recente, ele aparece apenas em matérias de O Globo e na DW. Os três números são os seguintes: 42% confiam muito, 31% confiam um pouco e 24% não confiam. As notícias, porém, destacam que 73% confiam no sistema brasileiro de votação e apuração.

No mundo onde vivo, com os pés no chão dos fatos, quem confia um pouco no médico, procura outro; quem confia um pouco no cônjuge, contrata detetive; ministro que confia um pouco em seu guarda-costas o substitui. E eleitor que confia um pouco no sistema preferiria algum mais confiável.

A pergunta sobre a posição intermediária – confia um pouco – está bem formulada. O que estou questionando aqui é a incorreta leitura da resposta. Só como exercício de manipulação faz sentido misturar esse tipo de desconfiança com confiança absoluta! Menos ainda em matéria dessa gravidade.

Então, caro leitor, se somarmos os eleitores que dizem “confiar um pouco” (31%) aos que não confiam em absoluto (24%), temos que a maioria do eleitorado não confia, ou seja, 55% dos pesquisados não confiam e 42% confiam. Mesmo assim, a matéria de O Globo sublinha que “a grande maioria dos brasileiros confia plenamente no equipamento usado pela Justiça Eleitoral”

Por quê? Porque tudo serve se for útil contra o governo. Até usar o poste de luz da informação como bêbado, para escorar-se. Ou coisa pior.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sábado, 23 de julho de 2022

Ministério da Defesa quer mudar teste feito nas urnas no dia da eleição; TSE resiste

Fachin negou reunião exclusiva entre militares e técnicos da Corte

O Ministério da Defesa vai manter a solicitação para que seja realizada uma reunião entre militares e técnicos da área de tecnologia do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), informou reportagem publicada pelo jornal Gazeta do Povo neste sábado, 23. 
A Defesa pretende convencer o TSE a mudar, ainda neste ano, o teste de integridade nas máquinas feito no dia da eleição, em outubro. 
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, durante Audiência Pública Interativa no Senado, para debater as recomendações da Defesa ao Tribunal Superior Eleitoral - 14/07/2022 | Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, durante Audiência Pública Interativa no Senado, para debater as recomendações da Defesa ao Tribunal Superior Eleitoral - 14/07/2022 | Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo

Esse procedimento consiste em retirar uma pequena parte das urnas das seções, no dia da eleição, e levá-las para o Tribunal Regional Eleitoral de cada Estado. Lá, em um ambiente monitorado por um juiz, servidores, técnicos e representantes de partidos, é realizada uma votação simulada, em que os mesmos votos digitados na urna são registrados em cédulas. Ao fim, o resultado eletrônico é comparado ao das cédulas em papel — desde 2002, quando o teste começou a ser realizado, discrepâncias não foram identificadas.

O Ministério da Defesa quer que o teste seja realizado nas próprias seções eleitorais, com a participação de eleitores voluntários e biometria [ao nosso entendimento  é mais imparcial, torna impossível qualquer tentativa de manipulação = MAIS CONFIABILIDADE. = MAIS TRANSPARÊNCIA.] o que não é feito no atual procedimento. 

A ideia é reproduzir ao máximo uma votação real, em virtude da suspeita da Defesa de que a urna possa conter um código malicioso que reconheça o ambiente de teste e, assim, se comporte de maneira diferente. A hipótese é a de que na votação real haja algum tipo de falha no registro dos votos que se ocultaria quando a urna é submetida ao teste. [COMENTANDO: pela insistência do senhor ministro da Defesa por mais transparência, ousamos supor que em alguma mesa do STF ou TSE,  já existe um 'mandado de prisão em flagrante' do general Paulo Sérgio, ainda não expedido por aguardar quem possa cumpri-lo.]

No mês passado, o pedido de um encontro exclusivo entre militares e o TSE não foi atendida pelo presidente da Corte, ministro Luiz Edson Fachin. O juiz do TSE disse que as Forças Armadas poderiam falar com “entidades fiscalizadoras”, para as quais os técnicos do TSE apenas apresentaram o cronograma oficial dos próximos passos dos procedimentos nas urnas.

Leia também: “É proibido modernizar a urna eletrônicas?”, reportagem publicada na Edição 69 da Revista Oeste

Revista Oeste


sexta-feira, 22 de julho de 2022

Um tribunal que joga para Lula - Revista Oeste

 J. R. Guzzo
 

Moraes proibiu que qualquer brasileiro diga nas redes sociais uma única palavra sobre as possíveis ligações que existem entre Lula, o PT, o PCC e o assassinato do prefeito Celso Daniel

Prepara-se neste momento no Brasil, à vista de todo mundo e com a falsificação da lei por parte dos que têm a obrigação de garantir o seu cumprimento, o que tem toda a cara de ser o roubo de uma eleição — ou algo tão parecido com isso, mas tão parecido, que fica difícil dizer qual seria a diferença. Podem não conseguir. Podem desistir no meio do caminho. Pode até ser, dentro do princípio geral de que tudo é possível, salvo prova científica em contrário, que acabe havendo eleições limpas para a escolha do próximo presidente da República daqui a dois meses e meio. Mas provavelmente nunca, nos 522 anos de história deste país, uma facção política que controla a eleição e a apuração dos votos fez tanto esforço para dar a impressão que está usando o aparelho do Estado com o propósito de fazer exatamente isso: garantir, antes da votação e seja lá qual for a vontade dos eleitores, a vitória do seu candidato à presidência. Esse candidato é o ex-presidente Lula.

Não basta que uma eleição seja honesta. Ela tem de parecer honesta, como a mulher de Cesar

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) | Foto: Pedro França/Agência Senado
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) | Foto: Pedro França/Agência Senado
 
Não há nisso tudo nenhum mistério ou problema incompreensível de física nuclear. Vota-se, no Brasil, com um sistema eleitoral que essencialmente só é utilizado em dois outros países, Butão e Bangladesh e não se admitiu até agora a mínima sugestão para dar mais segurança ao processo. Encerrada a votação, um funcionário do Estado que preside o “tribunal eleitoral”, uma aberração que não existe em nenhuma democracia séria do mundo, vai dizer quem ganhou — sem que haja, por parte de ninguém, a possibilidade material de verificar se a apuração dos votos corresponde à vontade que a maioria dos eleitores registrou nas urnas eletrônicas. 
Esse funcionário é o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com o apoio fechado de oito entre os seus dez colegas de função pública — é ele quem vai chefiar o TSE nessas eleições. 
 
Acontece, muito simplesmente, que o ministro Moraes dá a entender todos os dias, pelas decisões oficiais que está tomando, que não é imparcial. Ao contrário: age como inimigo aberto de um dos candidatos, o presidente da República, e como militante também aberto do seu adversário. 
Não é uma questão de achar ou não achar isso ou aquilo. 
É o que está nos despachos do ministro. 
Como evitar, assim, que cresça dia a dia a desconfiança geral na honestidade dessas eleições? 
Não basta que uma eleição seja honesta. Ela tem de parecer honesta, como a mulher de Cesar. 
Essa aí não está parecendo, nem um pouco.
Os fatos são os fatos. Em seu último conjunto de decisões, Moraes proibiu que qualquer dos 200 milhões de brasileiros diga nas redes sociais uma única palavra sobre as possíveis ligações que existem entre Lula, o PT, a organização criminosa PCC e o assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André — atendendo a uma exigência feita pelos próprios Lula e PT.  
É um ato inédito, em sua ambição, seu rancor e sua violência, contra a liberdade constitucional de expressão garantida por escrito na principal lei do país. 
A informação sobre essas ligações é fato público: foi impressa e divulgada digitalmente pela revista Veja, reproduzida por outros veículos de imprensa e debatida no ambiente político
Faz parte, aliás, de um documento oficial — o depoimento de confissão, homologado pela justiça, de Marcos Valério, o intermediário na distribuição de propinas no primeiro governo Lula.  
Que lei permite ao ministro impedir que alguém mencione um fato exposto ao conhecimento geral pela mídia? 
O que Moraes decidiu na prática é que ninguém pode dizer a seguinte frase no Twitter, no Facebook e em outras redes sociais: “Eu li na Veja que o Marcos Valério falou à justiça sobre ligações entre Lula, o PT, o PCC e o assassinato do prefeito Celso Daniel”.  
Como assim, “não pode”? As informações já foram publicadas na mídia, e a mídia, pelo menos até agora, não está proibida de dizer nada, e nem obrigada a dizer o que quer que seja; a divulgação das palavras de Marcos Valério, assim, foi perfeitamente legal. 
Como, então, o sujeito não pode repetir fatos que foram expostos legalmente? 
A imprensa pode falar e o cidadão não pode? 
É isso o que o ministro resolveu?

 Foto: Reprodução

Moraes mandou apagar das redes as menções feitas sobre o relacionamento entre Lula, PT e PCC; afirmou que são “mentiras”. Quem disse que são “mentiras”? Não foi a justiça
O caso Valério continua em aberto; como o ministro pode dizer, antes da decisão final do processo, que as declarações do intermediário do “Mensalão” são mentirosas?  
Quem está dizendo isso é Lula e o PT, só eles, para não terem de responder perguntas sobre o assunto durante a campanha eleitoral — eles e, agora, Alexandre de Moraes. 
Onde está, nesse caso, a imparcialidade do magistrado que vai dizer, em outubro, quem ganhou a eleição? 
O que ele fez, neste episódio, foi interferir diretamente na campanha, tomando o partido de um dos candidatos. É exatamente a mesma parcialidade que Moraes mostrou ao dar “dois dias” para o presidente Jair Bolsonaro “explicar” a acusação, feita por partidos de esquerda, de que ele incentiva o chamado ”discurso do ódio” na campanha eleitoral. 
De qual ato de “ódio”, objetivamente, se acusa Bolsonaro? 
 
Os acusadores não citam nenhum. Dizem apenas que seus discursos “configuram-se em estímulos psicológicos que vão construindo no imaginário dos seus apoiadores e seguidores a desumanização dos opositores”. É isso, promover o ódio? 
Moraes afirmou que essas alegações são “relevantíssimas”
Não disse uma sílaba, porém, sobre o filme em que Bolsonaro aparece assassinado numa passeata de motocicletas, jogado no chão, com sangue e uma faixa verde-amarela de presidente. 
Isso, para os árbitros supremos das eleições, não é ódio nem o vídeo em que uma turma aparece jogando futebol com a cabeça do presidente da República.

“É um claro abuso de poder, uma censura inaceitável e um facciosismo incontestável”, diz o jurista Adilson Dallari sobre a proibição de se falar nas redes sociais a respeito das ligações de Lula e PT com o PCC. “O despacho deveria terminar com a expressão: ‘PT saudações.’” O advogado e ex-desembargador Ivan Sartori diz que a decisão de Moraes é censura prévia. “O artigo 220 da Constituição estabelece que a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição”, diz ele. “A retirada prévia implica em censura.” O jurista Dircêo Torrecillas acha estranho que Moraes tenha decidido que as afirmações sobre Lula, PT, PCC e Celso Daniel sejam falsas antes da apuração do caso. “As eventuais punições por crimes de calúnia, injúria ou difamação só podem vir depois que forem concluídas as investigações”, diz ele. O professor Ives Gandra Martins diz que a história em torno de Celso Daniel é um boato, já que não há provas sobre o que realmente aconteceu — mas na sua opinião boato se desmente, e não se transforma em causa levada à suprema corte do país.

Como Moraes pode ser imparcial e, ao mesmo tempo, receber para uma reunião íntima, a portas fechadas, os chefes dos partidos de esquerda?

Tudo o que o ministro Alexandre de Moraes decide vai na mesma direção. Ele acaba de prorrogar por mais 90 dias o inquérito ilegal, inédito e perpétuo que conduz desde 2019 isso mesmo, 2019, ou três anos — para investigar “fake news”. 
Não há um único fato que possa ser apresentado para justificar a continuação desse inquérito que não acaba mais, e que não tem similar na história da justiça brasileira. 
Um ministro do STF não tem direito de abrir e chefiar um inquérito policial sobre causa nenhuma. 
Não pode chamar agentes da Polícia Federal para trabalharem sob suas ordens diretas. 
Não pode negar aos advogados o acesso aos autos da sua investigação. Não pode recusar-se a especificar para os indiciados quais as acusações legais que estão sendo feitas contra eles. 
Não pode prender durante nove meses, e depois condenar a nove anos de cadeia, um deputado federal no exercício do seu mandato. 
Não pode bloquear salários. Não pode — mas foi feito, e continua sendo feito. 
 
A única função do inquérito de Moraes, no mundo das realidades, é perseguir o presidente da República e os seus aliados. 
Como falar em neutralidade da “justiça” nesta campanha eleitoral se o ministro mantém aberto, pelo menos até o dia da eleição, um processo oficial que hostiliza abertamente um dos candidatos — e só ele
Em que democracia do mundo se faz um negócio desses? 
Mais: como Moraes pode ser imparcial e, ao mesmo tempo, receber para uma reunião íntima, a portas fechadas, os chefes dos partidos de esquerda? 
Se existe alguma questão legal a ser resolvida, quem teria de se dirigir ao ministro seriam os advogados; em vez disso, ele recebe os políticos que compõem uma das partes da disputa eleitoral. 
É do conhecimento geral, também, a coleção de ameaças, inclusive de prisão, que Moraes faz contra o que ele considera o “mau uso” dos recursos digitais na campanha — e nas quais fica claro, até para uma criança com 10 anos de idade, qual dos dois lados da disputa está sendo de fato ameaçado.

“Basta” o quê? Qual a sentença que o ministro vai dar na próxima vez que Bolsonaro falar ou fizer alguma coisa que ele não gosta?

O marechal de campo do “tribunal eleitoral” tem o apoio quase completo dos colegas. O ministro Edson Fachin parece ser o primeiro deles. Fachin tomou a extraordinária decisão de anular, por erro de endereço postal, as quatro ações penais contra Lula inclusive sua condenação pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes.  

Ele criou, com essa canetada, a candidatura de Lula à presidência — e, agora, acusa Bolsonaro de querer dar um “golpe nas eleições. 
Não gostou, nem um pouco, que o presidente tenha se reunido com embaixadores estrangeiros para falar das eleições. 
Ele estava simplesmente exercendo o direito de apresentar o seu lado numa discussão na qual os adversários se manifestam a cada cinco minutos, aqui e no exterior; provocou reações histéricas. 
“Basta”, disse Fachin. “Basta” o quê?  
Qual a sentença que o ministro vai dar na próxima vez que Bolsonaro falar ou fizer alguma coisa que ele não gosta?
Ainda falta tempo para as eleições. O presidente não vai ficar quieto até lá. O STF, então, vai cassar a sua candidatura? 
 
Há também o ministro Luís Roberto Barroso. 
Esse já disse que “eleição não se ganha, se toma”. Também afirmou, numa conferência nos Estados Unidos, que Bolsonaro é o “inimigo”. Dos outros ministros nem é preciso falar. Sete dos 11 foram nomeados por Lula e Dilma Rousseff. 
Outros dois são Alexandre de Moraes, justo ele, e Gilmar Mendes, que chorou em homenagem aos advogados que defenderam Lula nos seus processos criminais. São essas as figuras que vão lhe dizer quem ganhou a eleição.

Leia também “O Brasil, o mundo e as angústias da Europa” 

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 21 de julho de 2022

Decisão de Fachin sobre reunião com embaixadores frustra PT e expõe diferença com Moraes - O Globo

A decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, que se limitou a dar cinco dias para Jair Bolsonaro (PL) se manifestar sobre ações contra as mentiras ditas na reunião com embaixadores, deixou a oposição frustrada. E também expôs as diferenças no perfil do atual chefe do TSE e o de seu sucessor, o ministro Alexandre de Moraes.

Dentro do TSE, Moraes é considerado um ministro mais implacável e rigoroso no combate às fake news, enquanto Fachin é visto como um magistrado de perfil mais cauteloso – no entorno de Fachin, ninguém esperava que a liminar reivindicada pela oposição fosse dada. [entendermos que o ministro Moraes não vai deter de forma absolutista,   como quase sempre faz, o poder de decidir o que é e o que não é Fake News. O  'ministério da verdade', que nos parece ser o órgão máximo para decidir o que é verdade e o que é mentira, foi criado pela Resolução 742/21, do STF.                                              Ele terá a palavra final sobre o que é VERDADE e o que é MENTIRA.]

Aliados do ex-presidente Lula avaliaram que o despacho de Fachin é "decepcionante" e "absurdo". Isso porque o próprio ministro veio a público rechaçar os ataques infundados de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, pedindo um "basta à desinformação e ao populismo autoritário".

Responsável pela análise de casos urgentes durante o período de férias do TSE, Fachin analisou pedidos feitos pelos partidos PDT, PT, Rede e PC do B. As legendas solicitaram que fossem excluídos das redes sociais os vídeos em que o mandatário aparece atacando as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral.

A oposição queria uma liminar de efeito imediato, nos moldes da decisão de Moraes que determinou na última segunda-feira que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP), Otoni de Paula (MDB-RJ), Hélio Lopes (PL-RJ) e outros apoiares do presidente do Bolsonaro retirassem do ar postagens que disseminam notícia falsas sobre Lula.

No entanto, ao invés de determinar a remoção, Fachin esfriou o assunto: deu cinco dias para Bolsonaro se manifestar – e fixou o mesmo prazo para que o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, envie um parecer sobre o caso depois. "Num caso desses, não decidir é decidir", observou um integrante do TSE.