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quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O trilhão duvidoso da Previdência - Míriam Leitão

O Globo

Proposta do Senado enfraquece reforma da Previdência 



A proposta do Senado desidratou o projeto à vista e reidratou a prazo. E um prazo duvidoso. Portanto, o número vistoso que parece tão próximo do trilhão sonhado pelo ministro Paulo Guedes pode não se confirmar. Só ocorrerá se forem aprovadas as reonerações de alguns setores hoje isentos. E isso terá que passar pela Câmara que, no caso do agronegócio, já derrubou uma vez. A retirada do BPC da Constituição aumenta o risco de judicialização.

As concessões feitas pelo relator Tasso Jereissati (PSDB-CE) reduziram a economia em 10 anos em quase R$ 100 bilhões, e uma parte por supressões feitas no texto da emenda original, que sendo aprovada vai para sanção. O relator argumenta que, em compensação, haverá um aumento de receita de R$ 155 bilhões. Só que isso está na PEC paralela que passará pela Câmara e, portanto, é mais duvidoso. O setor agropecuário exportador passaria a recolher contribuição previdenciária, que hoje não paga. Já se tentou isso na Câmara, mas foi derrubado. Além disso, o relator retirou a isenção das entidades filantrópicas de educação e saúde, e incluiu a obrigatoriedade de as empresas do Simples recolherem o correspondente ao custo do acidente de trabalho. Essa receita só virá se a PEC paralela for aprovada.

O texto do relatório usa argumentos fortes para defender o fim dessas isenções. “Não temos clareza sobre por que faculdades destinadas à elite da elite, hospitais que pagam salários de seis dígitos, ou bem-sucedidos produtores rurais não devam pagar INSS dos seus funcionários. A lógica é simples, se eles não pagam, alguém está pagando.” O que as entidades de ensino argumentam é que isso se reverte para a população mais pobre, porque eles têm que dar bolsa. Os exportadores do agronegócio dizem que não se pode exportar imposto. E até agora têm convencido os parlamentares quando essa proposta aparece.

O presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), João Eloi Olenike, prevê aumento de carga tributária se o governo elevar a arrecadação com o INSS em R$ 155 bilhões em 10 anos. — Se tiver aumento real de arrecadação do INSS é óbvio que a carga tributária vai aumentar. É uma medida que vai na contramão da redução da carga prevista pelo governo — afirmou. Além disso, lembra que o Brasil está para discutir uma reforma tributária.

O relatório do Senado reduziu de 20 para 15 anos o tempo mínimo de contribuição de quem ainda não entrou no mercado de trabalho. Na tramitação da Câmara havia sido reduzido para quem já está no mercado de trabalho. O próprio texto mostra a contradição dessa decisão. “A idade mediana da população vai aumentar em 13 anos até 2050. O avanço será um dos maiores do mundo segundo a ONU. A título de comparação, será de somente 4 anos nos Estados Unidos e 8 anos na Argentina”. Ou seja, quem entrar no mercado de trabalho no ano que vem, por exemplo, e vai se aposentar só depois de 2050 — quando o Brasil terá aumentado tanto a expectativa de vida ainda assim terá que contribuir apenas 15 anos.  O problema de retirar da PEC o critério de renda para a concessão do BPC é que aumenta o risco de continuarem as decisões judiciais com valores maiores. Pelo texto da Câmara, é considerado miserável quem tem apenas um quarto de salário mínimo como renda familiar per capita. O custo da mudança, segundo o Senado, é “inferior a R$ 25 bilhões”.

Outra desidratação foi a mudança na pensão por morte. A proposta era de ela ser 60% do valor do benefício do cônjuge falecido, acrescido de 10% por filho menor de idade. O Senado passou para 20%. Com dois filhos, portanto, chega-se a 100%. Isso parece justo para uma viúva ou um viúvo pobre. Mas o verdadeiramente pobre nem tem esse direito porque o BPC não deixa pensão. O problema são os altos benefícios. Pensão por morte, diz o texto do relatório, nos dois regimes, custam R$ 150 bilhões e crescem 4% acima da inflação. Na Alemanha, o cônjuge recebe 30%, no Canadá, 40%. [perguntinha boba: com uma pensão de 60% de um salário mínimo, como fazer face aos custos com remédios? na Alemanha e Canadá, os gastos do cônjuge com saúde são inexistentes ou mínimos - no Brasil, alguns remédios custam mais de um salário mínimo.]

O que parecia ser um grande avanço, que foi a inclusão dos estados e municípios, também dependerá da Câmara, porque está na PEC paralela. Além disso, é só autorizativo. Exigirá a aprovação de um projeto de lei em cada assembleia. É mais fácil aprovar do que uma emenda, mas ainda precisará de muito esforço legislativo. O governo nada reclamou das mudanças. Está torcendo para que não haja mais desidratações no relatório durante a discussão no Senado.


Blog da Míriam Leitão - Alvaro Gribel, de São Paulo - O Globo

Criatividade da Segundona - Merval Pereira

O Globo

Segunda Turma foi criativa ao beneficiar Bendine

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal exerceu o direito de errar por último, como Rui Barbosa definiu ser prerrogativa do STF. Mas o Supremo é composto por 11 ministros, onze ilhas, na definição de Sepultada Pertence, “Os Onze” retratados com maestria pelo livro desse nome dos jornalistas Felipe Recondo e Luis Weber.

Portanto, os três votos que inovaram a interpretação da lei para anular o primeiro julgamento da Lava-Jato, usando uma criatividade que até o momento era atribuída apenas ao “direito de Curitiba”, na expressão jocosa do ministro Gilmar Mendes, não representam a opinião do pleno, e em algum momento o caso deverá ser enfrentado pelo conjunto do Supremo. Ou então a própria Segunda Turma, diante da má repercussão da medida na opinião pública, pode explicitar no acórdão que os efeitos da decisão só se produzem nos processos posteriores, não tendo efeito retroativo para os casos em que a defesa não alegou cerceamento em recurso ainda na primeira instância.

Essa interpretação de que os réus delatores são parte da acusação, e por isso o réu delatado deve ter o direito de se defender por ultimo, deve servir para basear pedidos de anulação de uma série de processos, pois nunca os juízes separaram delatores e delatados, sempre considerados réus igualmente. [a interpretação do inicio deste parágrafo só serve para criar um círculo vicioso e levar o julgamento para uma duração infinita.

A condição de os RÉUS delatores serem parte da acusação não elide o fato que também são réus e sendo réus terão o direito de se manifestar por último, levando a novo pedido dos delatados de serem os últimos e, por óbvio cada vez que for concedido ao delatado (réu)  o direito de falar por último, o delator (réu) vai requerer o mesmo direito.

Natural que os 'supremos' ministros, especialmente os integrantes do 'jardim do Eden' tem a solução para essa situação 'suprema' - esse aprendiz de escriba, só pensa em uma: prazo único e simultâneo para todos os réus - delatores e delatados - e, mesmo assim vai dar um rolo.]
A anulação com base nessa nova interpretação da Segunda Turma, porém, só seria possível em situações como a de Bendine, em que a defesa dos réus pediu que falassem depois dos delatores. [uma pergunta que não quer calar: conceder ao réus delatados o direito de falar por último, não estará cerceando a defesa dos réus delatores?] Os que assim fizeram, antes da primeira condenação, tiveram seus recursos negados pelo juiz de primeira instância, pelo TRF-4 e pelo STJ, e agora podem ser beneficiados.

Como salientei ontem, o advogado Cristiano Zanin não fez esse recurso no julgamento de primeira instância nos dois julgamentos em que Lula foi condenado, o do triplex, e o do sítio de Atibaia, mas tenta se aproveitar da nova interpretação no julgamento em curso do processo sobre o terreno do Instituto Lula dado pela Odebrecht. A decisão do juiz Luiz Antonio Bonat ainda não foi divulgada mas, como de praxe, ele deu aos réus o mesmo prazo, fossem delatores ou não. Como o julgamento não terminou na primeira instância, basta que o juiz que substituiu Moro siga a nova instrução do Supremo, refazendo essa parte do processo, concedendo à defesa de Lula o direito de ser a última a falar.

A única possibilidade de que a decisão da Segunda Turma atinja a todos os condenados seria mais uma interpretação criativa. Devido à controvérsia que a decisão causou, era provável que o recurso da Procuradoria-Geral da República fosse encaminhado pelo relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin, para decisão do plenário do Supremo. Foi o que ele fez, ontem à noite, usando outro processo. Será a única maneira de esclarecer se essa criatividade jurídica conta com o respaldo da maioria do STF. Se a Segunda Turma recebesse o recurso, dificilmente o resultado seria diferente. Pode até ser que a ministra Carmem Lucia, que surpreendeu a todos votando junto com Gilmar Mendes e Lewandowski, defendesse  a tese de que a decisão se restringe ao caso de Bendini. Os dois outros teriam interpretação diferente, provavelmente, e o resultado seria um empate de 2 a 2, que beneficiaria o réu.

O ministro Celso de Mello está internado, e provavelmente não retornará ao trabalho tão cedo. A defesa de Lula poderia se aproveitar dessa baixa na Segunda Turma para apresentar o recurso, alargando sua interpretação. Esta é a primeira grande derrota da Operação Lava-Jato no Supremo, pois resultou na anulação de uma condenação. As outras derrotas, como o fim da condução coercitiva, ou a contenção da prisão preventiva, foram superadas na prática do dia a dia. Agora, depois da divulgação de "diálogos" [????] entre Sergio Moro e Dallagnol, e entre os procuradores de Curitiba entre si, foram revelados detalhes pessoais dos investigadores que reforçaram uma rejeição que já havia latente em muitos dos ministros do Supremo, e expressada por outros, sendo o mais contundente o ministro Gilmar Mendes.

Mesmo que as conversas não revelem nenhuma irregularidade jurídica nas decisões tomadas, mostram uma faceta nada edificante das investigações. São questões morais que não deveriam interferir no julgamento, mas interferem.    Muitos atribuem a esse incômodo o voto da ministra Carmem Lucia.
Merval Pereira, jornalista - O Globo
 
 

Fachin manda ao plenário ação que pede anulação de sentença na Lava-Jato - Correio Braziliense

Condenado a 10 anos, ex-gerente de empreendimentos da Petrobras,  Márcio de Almeida Ferreira,  pede anulação da sentença com base na mesma decisão do STF que anulou decisão contra o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, responsável pela Operação Lava-Jato no Supremo, encaminhou para julgamento em plenário um pedido de habeas corpus do ex-gerente de empreendimentos da Petrobras Márcio de Almeida Ferreira. Ele foi condenado, em fevereiro de 2018, a 10 anos e três meses, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava-Jato e pede a anulação da sentença. 
Um outro habeas corpus de Márcio de Almeida tinha sido negado por Fachin em junho deste ano. Este, porém, devido ao entendimento da Segunda Turma do Supremo de que os réus delatores devem apresentar primeiro as alegações finais do que os delatados, o ministro resolveu que seria melhor uma avaliação da ação por todo o colegiado.  De acordo com o ministro, o regimento interno do Supremo permite que ações sejam encaminhadas ao plenário para evitar divergências entre as turmas e controvérsias jurídicas. 
Com base nessa decisão, Fachin também determinou que uma ação penal do ex-presidente Lula retorne à fase das alegações finais na noite desta quarta-feira (28/8). O entendimento do STF [de uma turma, a Segunda , que é também conhecida como 'Jardim do Eden' pelas decisões favoráveis a investigados.] fez com que os ministros anulassem uma sentença proferida pelo ex-juiz Sergio Moro no ano passado contra o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, também no âmbito da Operação Lava-Jato. No caso, as alegações finais tinham sido apresentadas  no mesmo prazo conferido aos corréus colaboradores. Na ação de Márcio de Almeida Ferreira, a alegação é a mesma. [o único inconveniente dessa 'suprema decisão' é que se deixar os réus delatados se manifestarem por último - a praxe é a defesa, os réus, serem os últimos a se manifestarem;
só que os delatores também são réus e se os delatados, também réus, se manifestarem por último, o direito dos  delatores (lembrem-se que eles também são réus, portanto, com o mesmo direito dos demais réus de se manifestarem por último) estará sendo violado.
Com esse infinito, os depoimentos passam a ser em círculos, cada depoimento dos delatados, implica em que os delatores terão direito a depor.
A solução mais sábia para evitar esse círculo vicioso é a de todos os réus, terem o mesmo prazo.
Com a palavra do Plenário do Supremo Tribunal Federal.]

O entendimento do STF fez com que os ministros anulassem uma sentença proferida pelo ex-juiz Sergio Moro no ano passado contra o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, também no âmbito da Operação Lava-Jato. No caso, as alegações finais tinham sido apresentadas  no mesmo prazo conferido aos corréus colaboradores. Na ação de Márcio de Almeida Ferreira, a alegação é a mesma.


Política - Correio Braziliense

 

A política do crime (2) - Carlos Alberto Sardenberg

Coluna publicada em O Globo - Economia 29 de agosto de 2019

Tomando como exemplo o caso do tríplex, nenhuma prova solicitada pela defesa de Lula foi recusada pelo então juiz Sergio Moro

Carlos Alberto Sardenberg

Sigo na análise de algumas teses político/jurídicas supostamente articuladas para conter também supostos “excessos da Lava Jato”. Na semana passada, tratei de “criminalização da política” – a tese segundo a qual a Lava Jato criminaliza toda a atividade política e todos os políticos. Argumentei: a força tarefa não pega políticos, pega políticos ladrões. Outra tese criticada foi a da “criminalização da atividade empresarial”. Mesma lógica. A Lava Jato não apanha empresários, apanha empresários envolvidos em corrupção.

Nesta coluna, examino outra tese – “cerceamento do direito de defesa”. Aqui aparecem, de novo, os garantistas. Argumentam que os métodos de investigação, acusação e julgamento da Lava-Jato impedem a ação efetiva dos advogados de defesa. Ou, de outro modo, não garantem o direito dos réus de um julgamento, digamos, justo.  Foi a defesa de Lula que começou com isso logo no primeiro processo do ex-presidente em Curitiba, referente ao tríplex do Guarujá – e a tese se generalizou na medida em que a operação apanhou membros de todos os partidos. O que era uma operação contra Lula tornou-se, nessa visão, uma operação contra os políticos.

Mas, tomando como exemplo o caso do tríplex, nenhuma prova solicitada pela defesa foi recusada pelo então juiz Sérgio Moro. Ele também topou ouvir nada menos que 86 testemunhas, quando o normal seriam apenas oito.  Na verdade, neste caso como em outros, os garantistas (advogados, juízes e juristas) se incomodam com a celeridade dos processos em Curitiba.  O que leva a outra questão: onde há celeridade, os garantistas dizem haver um atropelo das normas e práticas do direito, ou um tipo de “ofensa à ordem jurídica” – outra tese muito utilizada.
Observem os fatos, porém. Em cinco anos, a Lava Jato instaurou 2.476 procedimentos, tudo aí incluído: mandados de busca e apreensão, condução coercitiva, prisões preventivas, temporárias e em flagrante. Parece muito e é muito, se os números forem comparados com a lentidão conhecida da justiça brasileira. Entretanto, apenas 438 pessoas foram acusadas, sendo 159 condenadas até o momento, em Curitiba.

Pode-se dizer que se trata de uma “sanha acusatória”? Na Itália, a operação Mãos Limpas levou à cadeia nada menos que 3.292 pessoas, incluindo políticos, governantes de alto nível, elite empresarial.  A reação dos ofendidos demorou para tomar força na Itália, mas acabou triunfando. Acabaram com a operação. Aqui, a reação das elites apanhadas ou ameaçadas começou bem antes. E está em progresso.  O último movimento nessa direção foi a decisão da Segunda Turma do STF, que anulou a condenação de Ademir Bendine alegando uma formalidade inédita.  A Turma entendeu que a defesa do réu Bendine deveria ser a última a ser ouvida, depois dos réus delatores. O juiz Moro havia decidido que a defesa de todos os réus tinha o mesmo prazo para as alegações finais. Argumentara que não havia nada na lei mandando separar os réus, delatores ou não.

Essa era a tese aceita até então. A decisão da Segunda Turma foi uma surpresa – e uma decisão que faz a festa dos chamados garantistas. [a decisão da Segunda Turma foi um balão de ensaio, se colar vão tentar usá-la para soltar o presidiário petista - só que soltar o Bendine é uma insignificância quando comparada a soltar o maior ladrão do Brasil;
caso não cole, tentarão encontrar outro caminho - afinal, os garantistas sabem que a reação popular, se o criminoso petista for solto, será intensa e até violenta. 
Os militares também não querem Lula solto. Se espera que um twitter oportuno seja emitido as vésperas de qualquer votação que possa favorecer o condenado Lula.]
Digamos que a defesa dos réus delatores, perdendo a última palavra, também se dirijam ao STF, alegando que está sendo prejudicada pois a defesa sempre fala por último. Pronto, isso vai ao infinito, esquecem-se as provas, os testemunhos, anula-se o processo por uma disputa formal.  Elites políticas e jurídicas dizem que houve uma conspiração não republicana entre promotores e o juiz Moro, e mais os agentes da Polícia Federal, Receita Federal e Coaf, tudo isso cerceando a defesa e poluindo o processo.
Mas seria o senador Flavio Bolsonaro um “garantista” revoltado com a ação do velho Coaf, que compartilhava informações com Receita, Ministério Público e Polícia Federal sem autorização judicial expressa? Ou estaria incomodado com o fato específico de um assessor seu, o Queiroz, ter sido apanhado?
Seguidas decisões de juízes do STF dificultando investigações envolvendo políticos, empresários e agentes públicos seriam apenas uma opção doutrinária?
Mais parece a politização do crime.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

O recado de Gilmar ao pessoal da Lava-Jato que quer seu impeachment e Justiça determina redução de salário de senador - Radar

Mendes é o ministro que mais teve pedidos de impeachment protocolados no Senado -- boa parte apresentada por apoiadores da operação


Como o Radar revela nesta semana, Gilmar Mendes é o ministro que mais teve pedidos de impeachment protocolados no Senado, entre os 11 ministros do STF (leia mais em O campeão).

Boa parte dos pedidos de impedimento foram assinados por defensores da Lava-Jato. O ministro não vai trombar publicamente com esse pessoal, mas deu seu recado no julgamento da Segunda Turma nesta terça.
Ele disse, entre outras coisas, que… “A república de Curitiba nada tem de republicana, era uma ditadura completa. (…) Assumiram papel de imperadores absolutos. Gente com uma mente muito obscura. (…) Que gente ordinária, se achavam soberanos.”

Justiça determina redução de salário de senador, de 57,2 mil para 33,7 mil

José Maranhão (MDB-PB) acumula de forma ilegal pensão de ex-governador com remuneração de senador; montante pago indevido ultrapassa R$ 1 milhão


A Justiça Federal da Paraíba determinou a redução da remuneração mensal do senador José Maranhão, do MDB, que acumula R$ 57 mil por mês, computando pensão especial de ex-governador (23,5 mil) com o salário de senador (33,7 mil). É uma liminar em ação do Ministério Público Federal, que considera abusiva lesão ao erário. A decisão foi do juiz Bruno Teixeira de Paiva.

Maranhão acumula os dois valores desde 2015, quando assumiu no Senado. De lá até outubro de 2018, quando foi ajuizada a ação, ele recebeu ilegalmente, segundo a decisão judicial, mais de R$ 1 milhão. Parte na ação, a União pode requerer de volta esse montante. O senador, agora, receberá o teto constitucional, de R$ 33,7 mil, salário de um ministro do STF.

Pela decisão, o Senado terá que reduzir o salário de Maranhão. Caberá ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, cumprir a sentença.  Na ação, o senador argumenta que o acúmulo não é ilegal por se tratar de duas fontes pagadoras distintas. Outros senadores também recebem as duas rendas. Tramita no Senado uma emenda à Constituição para pôr fim a esse acúmulo.


Blog Radar -  Veja

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Ele não está sozinho - Bernardo Mello Franco

O Globo
 

Maioria dos governadores da Amazônia está se lixando para floresta

 
A reunião com governadores da Amazônia serviu para Bolsonaro mostrar que não está só. A maioria dos convidados endossou seu discurso contra a proteção ambiental

A Amazônia continua em chamas, mas Jair Bolsonaro conseguiu mostrar que não está sozinho. Na reunião de ontem, a maioria dos governadores da região deixou claro que também está se lixando para a floresta. O encontro reuniu representantes de nove Estados. Sete deles apoiaram a eleição do presidente e agora endossam o seu discurso antiambiental. “Hoje o Ibama chega e multa todo mundo, sem nenhum direito de defesa. A Polícia Federal chega no porto e apreende todas as cargas de madeira”, reclamou o governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), dublê de político e porta-voz dos grileiros.

“As queimadas sempre existiram”, emendou o governador de Rondônia, Marcos Rocha (PSL). Coronel da PM, ele buscou apresentar os ruralistas como vítimas, e não responsáveis pelas queimadas. “O que eu vi foram agricultores apagando incêndio. Existe uma distorção do que é falado no exterior”, alegou.

Empenhados em bajular o capitão, alguns convidados repetiram seus ataques ao presidente da França. “O seu Macron está surfando nas cinzas da Amazônia”, discursou o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM). Ele também endossou o lobby presidencial para liberar o garimpo em terras indígenas. “Nós não queremos tirar terra de índio, não. Nós queremos tirar as riquezas que lá estão!”, esclareceu.

Sob críticas de líderes do G7 e da imprensa internacional, Bolsonaro não escondeu a alegria com os afagos. “Vamos sair todo mundo para tomar um refrigerante aí fora, numa boa. Todo mundo amigo!”, empolgou-se, depois que o aliado Denarium atacou as demarcações. O clima de camaradagem só foi quebrado por dois governadores. Helder Barbalho (MDB), do Pará, argumentou que a crise diplomática pode prejudicar as exportações brasileiras. Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, lembrou que as verbas do Fundo Amazônia estão fazendo falta no combate às queimadas. Até aqui, Bolsonaro já esnobou R$ 288 milhões em doações. “Nós não podemos rasgar dinheiro, porque rasgar dinheiro não é algo sensato”, afirmou Dino. O problema é que a sensatez anda em falta no Planalto.
Bernardo Mello Franco, jornalista - O Globo


Bolsonaro se assombra com fantasmas errados



Depois de culpar as ONGs pelas queimadas, Jair Bolsonaro responsabilizou as reservas indígenas pelas mazelas ambientais. "A Amazônia foi usada politicamente desde o [governo] Collor para cá", declarou o capitão em reunião com os governadores da região. "Foi uma irresponsabilidade essa política adotada no passado, usando o índio ao inviabilizar esses estados". Em matéria ambiental, o presidente se assombra com o fantasma errado há quase três décadas.

Bolsonaro estava no alvorecer de sua carreira política quando o então presidente Fernando Collor assinou, em maio de 1992, o decreto que homologou a reserva dos índios Yanomami. Num pronunciamento de novembro de 1995, o então deputado Bolsonaro declarou: "Com a indústria da demarcação das terras indígenas, assim como Quebec quase se separou do Canadá, num curto espaço de tempo, os Yanomamis poderão, com o auxílio dos Estados Unidos, vir a se separar do Brasil".

Decorridos 24 anos desse pronunciamento, o "curto espaço de tempo" de Bolsonaro ainda não chegou. Os Yanomamis continuam submetidos ao descaso do Estado brasileiro, que não consegue evitar a invasão de mineradores ilegais à reserva. Os Estados Unidos ainda não invadiram a Amazônia. O atual presidente norte-americano, Donald Trump, alia-se a Bolsonaro no embate contra o neocolonizador francês Emmanoel Macron. Enquanto o capitão transfere para o Planalto obsessões que cultivou em seus 28 anos de baixo clero parlamentar, a respeitabilidade ambiental que o Brasil levou duas décadas para conquistar vai virando cinzas. 

A boa imagem do Brasil arde graças a um governo que afrouxou a engrenagem fiscalizatória, rasgou dinheiro doado por parceiros estrangeiros, fechou os olhos para as violações à floresta e hostiliza índios num instante em que tenta apagar por pressão um fogo que não combateu por obrigação.  A gestão Bolsonaro é a verdadeira assombração, não as aldeias indígenas. Felizmente, fantasma não aparece em espelho. Do contrário, o capitão levaria um susto a cada manhã, quando fosse escovar os dentes.


[as aldeias indígenas podem e devem continuar existindo;
o inaceitável  é que um punhado de índios tenha, não se sabe para que, milhares de hectares, a título de reservas;

curioso é que todas essas reservas estão com sua localização vinculada a de outras, dando a entender que tem uma finalidade estratégica - contra o Brasil - a escolha da localização dos latifúndios indígenas.]



*Bomba! O grande brasileiro e indigenista,  Orlando Villas Boas, já previa, há décadas, há muito tempo atrás, 
para o que já foi dado o primeiro passo com a criação da reserva indígena "Raposa Serra do Sol". Vejam o vídeo e repassem em massa: O Bolsonaro está certo, ou não, em "colocar o dedo nesta ferida"?