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terça-feira, 27 de abril de 2021

Artistas de Hollywood têm alucinações; quais países poderiam se comprometer com o que eles exigem para a Amazônia?

J.R Guzzo

Defesa do meio ambiente é o tema campeão no bonde de Hollywood: é um dos mais fáceis, mais baratos e com retorno mais garantido em termos de cartaz disponível hoje em dia na praça

Olha eles aí outra vez — sempre os mesmos, e sempre com o mesmo assunto. Eles são os artistas e as atrizes do cinema norte-americano, e continuam indignados com o Brasil, o governo brasileiro e os incêndios na Amazônia. Estão lançando, naturalmente, mais um manifesto em favor da rain forest: pedem, agora, que o presidente Joe Biden não assine o tratado que Brasil e Estados Unidos estão negociando, já há algum tempo, para reforçar medidas de prevenção contra queimadas na região amazônica. Dessa vez, os artistas vêm com exigências extras. Além de acabar com os incêndios na mata, o Brasil tem de se comprometer também com o respeito aos “direitos humanos” sem maiores informações sobre onde e como esses direitos estariam sendo concretamente desrespeitados no presente momento, e sem revelar quais as providências objetivas que o governo deveria tomar a propósito. Exigem também, para que Biden assine o acordo, uma maior participação da “sociedade civil” na questão amazônica — nada menos que a sociedade civil, em pessoa. Não fica claro, na prática, quem é essa “sociedade civil”, ou o que ela teria a ver com o assunto.

Querem, enfim, que “os índios” recebam mais proteção e ajuda do poder público. De novo, não se diz o que teria de ser feito, e não se leva em conta que as terras reservadas aos índios no Brasil já somam hoje quase 1.200.000 quilômetros quadrados, ou cerca de 14% de todo o território nacional — isso para uma população de 800.000 pessoas, no máximo, dos quais mais de 300.000 vivem em áreas urbanas. [curioso é que dizem terras indígenas,o que  já deixa claro que os indígenas devem, ou deveriam morar lá; 
se lá morassem (tem reserva de 50.000 hectares para meia dúzia de indígenas) não seria necessário que o Governo Federal investisse milhões para vacinar indígenas contra a covid-19 - afinal, viver em aldeias é uma saudável e eficiente forma de isolamento social e dispensaria qualquer medida complementar para preservar nossos silvícolas.]  Mais de 400 das 700 reservas estão justamente na Amazônia, onde ocupam acima de 20% do território total. Nenhum país do mundo tem tanta terra assim para as chamadas populações indígenas. Fazer mais que isso? Os artistas aí estão no caminho da alucinação.  
Quais países, entre os 200 que formam o planeta, poderiam se comprometer com o tipo de coisa que eles estão exigindo? Está certo que tratem o Brasil como uma republiqueta, até porque não sabem direito o que é o Brasil — mas há coisas que nem a republiqueta mais ordinária consegue topar. Dizer o quê? É assim mesmo que uma atriz ou um ator norte-americano funciona, em condições normais de temperatura e pressão, quando quer se meter com política. Como suas almas gêmeas das empresas-gigante de tecnologia, que querem ir morar na Lua e salvar a humanidade de tudo o que desaprovam, tratam-se de milionários à procura do que fazer em benefício do bem universal.
Estão sempre assinando as mesmas petições, sobre as mesmas coisas: racismo, transgêneros, homofobia, eliminação do masculino e feminino na linguagem, veganismo, os crimes de Cristóvão Colombo, liberdade para as crianças escolherem o seu próprio sexo, direito dos avestruzes, denúncia da “cultura clássica”, denúncia da “direita”, denúncia do “lucro” (salvo o próprio), defesa da “mulher”, defesa das “minorias”, defesa do meio ambiente em outros países, sobretudo no Brasil. [temos certeza que o gringo esquerdista desistiu da sua live ridícula e que outra situação vergonhosa e constrangedora não ocorrerá - é mais provável que tentem levar uma bomba nuclear para a nossa Amazônia e chamem  especialistas (especialmente os ongueiros brasileiros, especialistas em nada e que vomitam asneiras contra o Brasil a troco da remuneração dos traidores = 30 moedas) para falar dos malefícios; 
de qualquer forma já foi ajustado que se houver outro convescote, será adotado para controle de presença o método seguido por um conhecido programa de TV,que recebe fotos dos participantes.
O que também facilita mascarar eventual e deselegante indisposição do atual presidente dos Estado Unidos.] 
Esse último tema é campeão no bonde de Hollywood e arredores: é um dos mais fáceis, mais baratos e com retorno mais garantido em termos de cartaz que está disponível hoje em dia na praça. Que risco você corre falando mal do Brasil, da “destruição da floresta” e do governo “genocida”? Nenhum; é só lucro, aplauso e dever cumprido, sem qualquer sacrifício, perante a própria consciência.


O que destrói a Amazônia é a metástase do favelamento em volta das cidades
Uma das maiores vantagens desse tipo de atitude é que os artistas não precisam pensar em nada para assinarem qualquer folha de papel que acham rentável para a sua imagem. Não precisam e não gostam de pensar: jamais deram cinco minutos do seu tempo para entender um mínimo a respeito dos assuntos sobre os quais têm posições tão extremadas. No caso do Brasil, não saberiam dizer se Manaus é a capital de Buenos Aires, ou se Curitiba é um afluente que desemboca na margem esquerda do Rio Amazonas; tudo o que sabem sobre as realidades brasileiras é o que lhes dizem o Greenpeace, a menina Greta e Giselle Bündchen. [desta vez a carga negativa da letra G ficou intransportável.]  

Se fizessem um esforço mínimo para entender um pouco do que estão falando, saberiam o que qualquer pessoa séria sabe há muito tempo: que o grande inimigo da natureza, do meio ambiente e do equilíbrio ecológico na floresta amazônica é a miséria. 
O que destrói a Amazônia é a metástase do favelamento em volta das cidades. É a falta de saneamento, de água tratada e de energia elétrica. 
É a ausência de renda para os seus 20 milhões de moradores, que obriga muitos deles a qualquer coisa para sobreviver. É o crime, a desigualdade e a negação de justiça.  
Saberiam, também, que é impossível evitar queimadas naturais numa área com mais de 4 milhões de quilômetros quadrados, ou dez vezes o tamanho da Califórnia. Mas é assim que trabalha a cabeça dos artistas
Na Califórnia pode ter incêndio toda hora. 
Na Amazônia não pode, nunca.

Supõe-se que o governo norte-americano, que não nasceu ontem, ouça o que têm a dizer os seus diplomatas para tomar decisões sobre o tratado, e não se impressione mais do que o necessário com a espetacular ignorância das suas estrelas um terceiro-secretário da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, no fim das contas, sabe mais sobre as realidades da Amazônia do que todos os artistas da Netflix somados. É difícil, de qualquer forma, imaginar uma crise de verdade por causa de um manifesto, ou mesmo por causa da floresta inteira. Os Estados Unidos foram o primeiro país a estabelecer relações diplomáticas com o Brasil, em 1808 — ainda no tempo de Dom João VI. Foram os primeiros a reconhecer a independência brasileira, em 1822. Foram os primeiros, enfim, a abrirem uma embaixada em Brasília, em 1960, e ali vêm dando expediente diário nos últimos 61 anos.

Na prática, e na vida real, essa história toda acaba dando num grande “e daí?”. Não querem acordo? Então não vai ter acordo. Os Estados Unidos e a Amazônia continuarão a ser exatamente o que são. A alternativa é jogar uma bomba de hidrogênio em São Gabriel da Cachoeira — ou de preferência em Brasília, caprichando na pontaria para a coisa cair bem em cima do Palácio do Planalto. É provavelmente o sonho dos intelectuais brasileiros que se aliaram ao manifesto dos norte-americanos contra o seu próprio país. Pensando um pouco, qual a novidade nisso também? Agredir o Brasil e os brasileiros é o que eles fazem o tempo todo, a menos que Lula esteja na Presidência da República — mas aí também não vai haver manifesto nenhum.

J. R. Guzzo, colunista - Jovem Pan


CPI DA COVID - Juiz que barrou Renan em CPI deve ter despachado no Planalto, diz Randolfe - Bernardo Mello Franco

[temos nossas restrições a algumas decisões de alguns ministros do STF, entre eles,   Alexandre de Moraes - um direito nosso - mas, temos que lembrar que que se a ofensa assacada pelo senador paraense, tivesse como alvo o ministro Alexandre,  o senador já estaria preso, sob mandato de prisão em flagrante.

Crime de opinião não justifica, pelo menos no estado democrático de direito que dizem vigorar no Brasil, mas não gostar da decisão de um juiz e insinuar parcialidade do juiz é caso de prisão em flagrante, com direito a condução debaixo de vara. 

Vamos esquecer uma série de fatos que não recomendam que a raposa tome conta do galinheiro, mas, aceitar que o relator de uma CPI investigue seu filho... 

A irritação do parlamentar, nos parece que da Rede, nos parece ser motivada pela certeza que ele tem a cada dia que perdeu mais uma. E perder é natural, mas sempre perder ...

Fora do círculo governista, é grande a irritação dos senadores com a liminar que barra a indicação de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da CPI da Covid.  A decisão foi concedida pelo juiz Charles Renaud Frazão de Morais, da 2ª Vara Federal Cível do DF, menos de 24 horas antes de a comissão ser instalada. — É a liminar cloroquina. O juiz deve ter despachado de dentro do Palácio do Planalto — ataca o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Líder da oposição, Randolfe participou do acordo que prevê a escolha de Omar Aziz (PSD-AM) como presidente e Renan como relator. Ele deverá assumir a vice-presidência. — Se o Renan não puder ser relator da CPI, o Aziz pode me indicar. Vai ser pior ainda para o governo — provoca. [esse senador quer investigar crimes ocorridos durante o combate à covid-19 ou quer apenas aporrinhar o governe? o que ele sempre tenta, e fracassa, por trabalhar muito mal.]

O juiz Morais atendeu a um pedido da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente Jair Bolsonaro. Neste momento, senadores não alinhados ao Planalto estão reunidos no apartamento de Aziz. Eles discutem uma reação conjunta à decisão judicial.[reação conjunta e nada são exatamente a mesma coisa. A única medida que cabe é recorrer da decisão e se perder, recorrer de novo - sendo conveniente que o senador paraense tenha sempre em conta que a cada recurso ele deve ser mais cuidadoso com o que fala. 

O curioso de tudo é que contra Bolsonaro, o Renan virou cavaleiro da esperança dos desesperados. ]

A avaliação do grupo é de que a liminar invadiu atribuições do Senado e tende a ser derrubada nas próximas horas. Se isso ocorrer, o governo não deve esperar boa vontade de Renan como relator da CPI.

Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo
 

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Agora querem mais cotas: para salários entre homens e mulheres e para bonecas negras. E os empregos extintos pela pandemia são apenas mais um detalhe.

Correio Braziliense - Agência Senado

Projeto de igualdade salarial entre homens e mulheres volta à Câmara

Deve voltar à Câmara o projeto de lei que estabelece multa para empresas que pagarem salários diferentes para homens e mulheres que exerçam a mesma função. O PLC 130/2011, havia sido aprovado pelo Senado no dia 30 de março e aguardava sanção presidencial, mas o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, solicitou à Presidência da República a volta do projeto.

A alegação é de que as alterações feitas pelo Senado ao projeto iniciado na Câmara não foram só de redação, mas de mérito. Quando uma Casa altera o mérito de projeto iniciado na outra, é preciso que o texto retorne à Casa de origem para que as alterações sejam analisadas. Essa necessidade não existe quando as emendas são de redação, ou seja: não alteram o sentido do texto.

Pelo projeto aprovado pela Câmara, a empresa punida deverá compensar a funcionária alvo da discriminação com o pagamento de valor correspondente a cinco vezes a diferença verificada em todo o período da contratação (até o limite de cinco anos). No Senado, o texto foi alterado com a inclusão da palavra “até” antes do valor da multa, ou seja: a multa seria de até cinco vezes o valor da diferença, podendo ser menor.

Após a decisão da Câmara, na sexta-feira (30), o Senado enviou ofício ao ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, solicitando a volta dos autógrafos do projeto (documento oficial com o texto da norma aprovada pelo Senado). Os autógrafos já foram corrigidos com a inclusão da emenda e o texto deve seguir para a Câmara dos Deputados.

Bancada Feminina
A líder da Bancada Feminina, senadora Simone Tebet (MDB-MS), demonstrou preocupação com a devolução do projeto, especialmente com o pedido tendo partido do Legislativo, já que o texto aprovado foi elaborado “de forma coletiva, com acordo dos líderes”. A senadora disse esperar que o projeto, apresentado em 2009 e enviado ao Senado em 2011, não fique parado por mais uma década. — Isso deixa, sim, a bancada feminina no Senado indignada. Sabemos que o texto tem o apoio da bancada feminina na Câmara dos Deputados. Só não sabemos se houve artimanha, se houve acordo, se isso foi combinado para que esse projeto permaneça dormitando nos escaninhos por mais uma década — disse Tebet.

Bolsonaro
A desconfiança de que a volta do projeto possa representar uma manobra para evitar a sanção se dá em razão de declarações recentes do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre o texto. Na última quinta-feira, em uma transmissão ao vivo pela internet ele havia declarado, ter dúvidas sobre sancionar o projeto. O presidente disse temer que as empresas não contratassem mulheres, o que as prejudicaria no mercado de trabalho. [procede o justo receio do presidente da República: se as mulheres, por força de lei e não por produtividade, ou qualidade,  ganham mais que os homens, o esperado é o que produzem seja vendido, também por força de lei, a um preço superior.]

As declarações geraram reação da maior parte das senadoras, que se manifestaram nas redes sociais rebatendo o argumento e pedindo a sanção do texto. Para elas, o veto do presidente serviria para perpetuar desigualdades.

Solução imediata
Na manhã desta segunda-feira (26), o relator do texto, senador Paulo Paim (PT-RS), lembrou pelas redes sociais que o projeto foi aprovado por unanimidade e disse esperar a sanção do texto. “Foram longos 10 anos de debates e discussões até chegarmos a um acordo. Espero que o projeto seja sancionado no dia de hoje. É uma questão de justiça”.

Já a líder da bancada feminina pediu uma solução para o problema, que poderia vir com a edição de uma medida provisória ou com a votação do projeto em regime de urgência pela Câmara. — Queremos crer que o governo federal, em parceria com a Câmara dos Deputados, vai dar uma solução imediata para essa questão. O que nós não podemos é nos calar. O grito da bancada feminina será ouvido até o momento de esse projeto ser aprovado na Câmara dos Deputados e sancionado pelo presidente da República — afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Cotas para bonecas negras 

Uma boneca negra; um sorriso negro

Representatividade e inclusão importam. Esse precisa ser nosso ponto de partida em comum para iniciar um debate que, à primeira vista, parece desimportante, mas é, ao contrário, um planejamento de futuro da maior parcela da população brasileira: a mulher negra. Ela representa algo em torno de 27% de todos os brasileiros, segundo a PNAD do IBGE.

Entretanto o mercado não oferece o mínimo razoável de opções para um nicho das bonecas, que tem gerado bons dividendos para quem nele investe. Em 2018, a linha correspondia a 19,2% do total de faturamento, que chegou em 2019 a mais de R$ 7 bilhões, conforme o último relatório da Abrinq.

Com um cenário tão favorável, a lógica seria haver uma seção específica para bonecas negras, atendendo a esse mercado consumidor. Todavia elas correspondem a somente 6% da totalidade das fabricadas e 9% das comercializadas em lojas on-line, de acordo com a ONG Avante, que elaborou um relatório sobre essa triste realidade das meninas negras brasileiras.

Ao entrar numa loja de brinquedos, a criança, que precisa de um referencial para construir sua autoimagem, não tem acesso ao mínimo. Dentro de uma perspectiva psicológica, a mudança ocorrida a partir do contato com um brinquedo parecido consigo mostra a oportunidade de sonhar mais concretamente, gera uma sensação de pertencimento, que traz efeitos de maior segurança para desenvolver suas potencialidades no futuro.

Infelizmente, o Brasil revela a cruel exclusão do negro, desde o início da vida, com a ausência de opções. Se não somos vistos nos lugares, evidencia-se que esses espaços não são para nós.Mas, se tem mercado consumidor e demanda, qual a justificativa racional para tamanho desperdício de oportunidade? Por isso, é importante buscar diversidade na oferta, tendo em vista que nossas crianças querem ser vistas, ouvidas e incluídas na sociedade como um todo. Mas é necessário ir além: não basta colocar qualquer boneca, com qualquer história por trás. O imprescindível é levar boas referências para as meninas negras, com princesas e heroínas, médicas e engenheiras, advogadas e juízas...

Mas, para que isso ocorra, é relevante também estar atento para não impedir o acesso dos mais pobres a esse tipo de bem. Uma rápida pesquisa em sites de lojas de brinquedo apresenta um fenômeno perverso relativamente ao preço das bonecas negras, que acaba sendo elevado significativamente, em comparação com as brancas, pelo fato de serem raridade nas prateleiras.

Felizmente, a própria comunidade negra, ciente de suas necessidades, vem trabalhando no sentido de valorizar a produção e a comercialização do brinquedo voltado para um público tão grande quanto especial. Isso já foi sentido pelas grandes marcas, que também abriram espaço a novas personagens e a novas linhas de atuação.Portanto, devemos fortalecer tais iniciativas e fazer com que elas possam crescer e florescer, levando o encanto dos sonhos, fazendo nascer sorrisos genuínos nos rostos de nossas lindas meninas negras.

[o que complica, e até assusta, é que com o enfraquecimento irreversível do cotismo desenfreado  - na verdade, este ano o sistema de cotas raciais deverá sofrer inevitáveis ajustes, até mesmo para impedir que a pretexto de uma inclusão promover uma maciça exclusão - leia: sistema de cotas acaba em 2022 -. Nos dias atuais, qualquer pseudo administrador, também conhecidos por gestor, acorda com uma ideia de resolver os problemas do lado do mundo (dele) e logo pensa em cotas. 

Esquece, que as cotas geram despesas que precisam ser absorvidas, ocupam vagas que geram desemprego, são o terrível 'cobertor curto'.

É preciso gerar empregos para todos, sem nenhuma diferenciação, não podemos é em função de alguns detalhes físicos e/ou sociais criar exclusões.

Irapuã Santana - O Globo

 


 

Injustiça no esporte feminino - Violência contra mulheres e crianças - Declaração dos Direitos das Mulheres com Base no Sexo

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso". Joseph Joubert.

Sexo feminino ou gênero?

Feministas contra a ideia de gênero redigem Declaração da Mulher com Base no Sexo

Você concorda com o uso da palavra gênero em vez de sexo? Já se viu tendo que informar se pertence ao gênero masculino ou gênero feminino? Muitas empresas já estão adotando isso nas fichas cadastrais. No fichário para fazer reserva ou check-in alguns hotéis agora perguntam qual é o gênero do hóspede. Formulários de lojas vêm adotando o termo no cadastro de clientes para compras online.

Espalharam por aí a ideia de que isso é inclusão, uma forma de não discriminar a comunidade LGBT e muitos saíram replicando sem considerar que as mulheres poderiam vir a ser discriminadas e até prejudicadas ao entrar para a mesma categoria daquelas pessoas que nasceram homens e depois decidiram mudar de sexo, porque não se sentiam confortáveis no sexo de nascimento.

Eis que chegamos à Declaração dos Direitos das Mulheres com Base no Sexo, documento que já foi assinado por mulheres de 131 países. A iniciativa é de um movimento feminista que luta pelos Direitos Humanos das Mulheres e tem trabalhado para tornar público o que está acontecendo desde que começou a onda “politicamente correta” em torno da ideia de que existem vários gêneros na espécie humana.

Declaração dos Direitos das Mulheres com Base no Sexo
Para entender o que é a Declaração dos Direitos das Mulheres com Base no Sexo é preciso primeiro falar do grupo que redigiu e divulgou essa declaração para que mulheres do mundo inteiro conhecessem a ideia e assinassem o documento. O grupo, formado por pesquisadoras, professoras universitárias, advogadas, médicas, jornalistas, profissionais de várias áreas, todas feministas, incluindo lésbicas, criou um movimento chamado Campanha de Direitos Humanos das Mulheres (WHRC).

Entre as realizações desse movimento estão palestras e debates online envolvendo ativistas do mundo inteiro para discutir formas de reduzir a violência contra mulheres e meninas e para lutar por outros direitos. Foi dessa mobilização que surgiu a ideia da Declaração dos Direitos das Mulheres com Base no Sexo. A intenção é provocar reflexão e, quem sabe, mudanças de postura em empresas, instituições, órgãos de governo e confederações esportivas que passaram a adotar a ideologia de gênero como regra, sem perceber que, a título de inclusão de uma minoria específica, as transexuais femininas, excluíram todas as mulheres.

O documento visa combater a invasão de homens biológicos em questões, áreas e locais exclusivamente femininos. E aqui entra desde as questões da maternidade até o compartilhamento de banheiros públicos. [o Brasil por ser um partidário fanático do JUDICIALIZAR TUDO, tem uma importante ação no Supremo Tribunal Federal, para que a Suprema Corte decida se banheiros públicos podem ser unissex?]   Essas feministas alertam para o perigo de extinção do esporte feminino, que em muitos lugares do mundo já está acabando.

As competições de mulheres foram invadidas por homens biológicos, que se sentem e se assumiram como mulher, mas têm muito mais força, mais velocidade, mais capacidade pulmonar e, por isso, passaram a vencer todos os campeonatos femininos.  O resultado é que até mulheres atletas, que dedicaram a vida inteira a treinos, estão desistindo de competir, porque não há mais paridade na disputa e, muitas vezes, sequer chance de vitória.

Já escrevi sobre isso, mas vale a pena repetir. Nos Estados Unidos, onde o desempenho no esporte pode garantir bolsas de estudo em universidades, meninas que são atletas de ponta desde a infância estão perdendo a chance de estudar numa boa faculdade, porque não conseguem mais bolsa de estudo já que não vencem mais as competições. Enquanto isso uma minoria de atletas transgênero, que não se destacava no esporte masculino, está levando todas as medalhas, troféus e títulos no esporte feminino, além de fisgar as bolsas universitárias. Alguma dúvida do motivo pelo qual feministas abraçaram essa causa?

Nos EUA, aliás, já tem existe uma petição formalizada por outro movimento, o Save Women’s Sports (SWS) - Salve os Esportes Femininos, em tradução livre. O movimento foi criado exclusivamente para defender a preservação do critério de sexo genético para admissão de atletas em competições esportivas femininas. No site do SWS é incrível a quantidade de casos de atletas de boxe, levantamento de peso, atletismo, ciclismo e até de esportes coletivos que abandonaram a carreira por não suportar que o esporte tenha virado palco de injustiças.

Muita gente ainda insiste na narrativa de que quem não substitui a palavra sexo por gênero é preconceituoso e está discriminando a comunidade LGBT. Isso não tem nada a ver com preconceito. Discriminatório é eliminar por completo as chances de uma menina ou de uma mulher ocupar um lugar de destaque no pódio de uma competição esportiva, simplesmente porque a disputa entre os oponentes é absolutamente desigual. E tem muitas outras questões em que a ideologia de gênero está prejudicando as mulheres.

Banalização da Maternidade
A Declaração dos Direitos das Mulheres com Base no Sexo faz uma lista de nove questões para explicar por que coloca sexo, e não gênero, como única forma de reconhecer necessidades especificamente femininas. Uma delas sugere que a ONU volte a usar nos documentos oficiais a palavra sexo em referência ao sexo biológico, porque gênero é algo que se refere a papeis estereotipados, causa confusão e coloca em risco a proteção dos direitos humanos das mulheres.

O grupo feminista enfatiza que a substituição da palavra "sexo" por "gênero" pela ONU acaba influenciando outros organismos internacionais e isso passa a funcionar como referência jurídica e até moral.  Tanto isso é verdade que já se vê, em alguns países, o surgimento de discussões para que não se use mais a expressão leite materno (e sim, leite humano), porque isso ofende as transexuais femininas que querem ser chamadas de mães pelos filhos, e obviamente, não produzem leite.

É a tal referência moral que vai sendo deturpada. E aí entram questões que avançam para a esfera jurídica. Por exemplo: é certo comercializar a capacidade reprodutiva da mulher, permitir a “barriga de aluguel”? Quando a sociedade naturaliza a ideia de gênero, abre brechas para que uma transexual que queira ser mãe, não apenas adotiva, ceda material genético (como homem biológico) para uma desconhecida gerar seu filho. E depois passe a dizer que ela própria, a transexual, é a mãe da criança e não o pai. É a banalização da maternidade, uma das mais belas condições femininas.

Liberdade de expressão
A lista de demandas da Declaração tem pontos bem menos complexos. Um deles é o direito à liberdade de expressão da mulher. Chegamos a um ponto em que a mera manifestação de ser contra a identidade de gênero coloca a mulher, assim como o homem que também se posiciona contra, numa condição de ataque. Em muitos lugares quem ousa reclamar de uma ficha de cadastro que traz a palavra gênero em vez de sexo, é rotulado como transfóbico, fascista ou contra os direitos das minorias. Nada disso é verdade.

As pessoas têm o direito de querer ser identificadas pelo sexo de nascimento, assim como as que mudaram de sexo merecem respeito ao se apresentar como pertencendo ao sexo com que mais se identificam.

Violência contra mulheres e crianças
O principal ponto da Declaração dos Direitos das Mulheres com Base no Sexo é a questão da violência contra as mulheres e as meninas. reconhecer que existe sexo feminino em vez de gênero garante, na visão desse grupo feminista, mais segurança às mulheres e mais eficácia aos programas de apoio a mulheres e meninas vítimas de violência. Isso porque o conceito de "identidade de gênero" abre brechas para justificar a entrada e a permanência de meninos e homens em espaços reservados às mulheres, inclusive em banheiros públicos. A separação de banheiros por sexo não é só uma questão de privacidade, mas, obviamente, também de segurança.

Além de tudo isso as feministas que se lançaram nessa batalha contra o uso da identidade de gênero argumentam que ela também interfere nos direitos da criança. Alguns documentos internacionais já reinterpretaram a Declaração Universal dos Direitos da Criança dizendo que "as crianças têm uma 'identidade de gênero' inata". O movimento feminista Campanha de Direitos Humanos das Mulheres reforça que não há qualquer evidência científica objetiva apoiando tal afirmação. E não há mesmo. Em outro artigo publicado aqui na Gazeta do Povo abordei também esse tema em mais detalhes.

Nos Estados Unidos médicos e psicólogos já tentaram fazer experimentos para provar que não nascemos homem ou mulher, somos resultado de uma construção social. Todos fracassaram.

Criança precisa de proteção e não de ideias inventadas, confusas, que geram insegurança. Por isso o documento pede também que crianças e adolescentes não sejam submetidos a terapias hormonais e a outros procedimentos que alterem características físicas, já que estão numa fase da vida ainda imatura.

Na infância ou adolescência crises de identidade podem ser passageiras e resolvidas sem sequelas ou danos psicológicos e físicos permanentes, como é o caso da esterilidade para quem faz terapias hormonais pesadas e cirurgia de mudança de sexo. A Declaração dos Direitos das Mulheres com Base no Sexo já tem mais de 16 mil assinaturas de mulheres de 131 países. Se você tiver interesse em conhecer o conteúdo e assinar acesse aqui.


O flerte com o abismo - Revista Oeste

Silvio Navarro

Congresso rejeita contenção de gastos, atrasa reformas e compromete o futuro do país 

Em 1993, quando os maiores escândalos de corrupção no país ainda não carregavam aumentativos gramaticaiscomo Mensalão, Petrolão e Covidão —, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) jogou luz em um dos principais dutos de desvio de recursos públicos no Congresso Nacional: a elaboração do Orçamento da União. Batizada de “CPI dos Anões” (uma referência à estatura política dos parlamentares investigados, algo similar ao que hoje se apelidou de “baixo clero”), a comissão emparedou 37 políticos — 18 pagaram efetivamente o preço e, é claro, Geddel Vieira Lima já aparecia na lista suja. O grupo estava enredado num roubo de R$ 100 milhões, numa época em que cifras assim ainda assustavam o pagador de impostos. No centro da história estava um instrumento legislativo que o brasileiro até hoje não entende bem como funciona: a tal emenda parlamentar.
É claro que aquele não foi o último dos escândalos no uso dessa modalidade de destinação de verbas do Congresso depois vieram os sanguessugas e máfias de transportes, empreiteiras e afins e só foi descoberto porque um assessor era investigado por ganhar 56 vezes na loteria num único ano e tramava assassinar a mulher
Algemado, ele abriu o bico e entregou políticos. Mas onde esses casos conversam com os dias de hoje? Nas emendas. 
E, neste ano, foi necessária enorme ginástica política para que o Orçamento fosse equacionado em meio aos efeitos da pandemia na economia. Em suma, os deputados não quiseram abrir mão do quinhão de verbas públicas para seus redutos eleitorais mesmo diante de um cenário de aperto fiscal e em detrimento de sacrificar o andamento de reformas estruturais represadas e de uma agenda de privatizações prometida em campanha pelo presidente Jair Bolsonaro, [prometida em campanha pelo presidente Bolsonaro, e boicotada pelo Congresso Nacional e o próprio Poder Judiciário] mas que tampouco avançou porque não é da vontade dos donos das canetas.
Inicialmente, é preciso repisar que temas como reformas estruturais Previdência, tributária, administrativa — não interessam para pelo menos dois terços dos congressistas. O motivo? Cortar benefícios e regalias não assegura um único voto, pelo contrário, dada a impopularidade de mexer com o bolso dos cidadãos pendurados no caixa estatal. Vale frisar que não foi a primeira vez que os congressistas contribuíram para desidratar ajustes e, em consequência, aumentar gastos
 
No governo Michel Temer, a minirreforma trabalhista aprovada foi completamente descaracterizada e produziu poucos efeitos positivos, assim como ocorreu com o alardeado pacote anticrime apresentado como principal cartão de visita do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, elaborado a partir da proposta de “10 medidas anticorrupção” do Ministério Público. Na reformulação previdenciária, a estimativa de redução de gastos era de R$ 1 trilhão, mas em uma década não alcançará efetivamente R$ 700 bilhões, conforme projeções; a reforma administrativa fica mais tímida a cada passo na tramitação da Câmara e a tributária… A tributária mal existe ainda no papel.

Já as emendas vão na contramão — e tanto faz se estão no espectro federal, estadual ou municipal — porque são o caminho para conseguir recursos que financiam pequenas obras, como reformas de praças, quadras poliesportivas, asfaltamento, e a área da saúde metade do valor total obrigatoriamente deve ter esse destino —, como a compra de ambulâncias ou equipamentos para as Santas Casas, por exemplo. Atualmente, cada deputado federal e cada senador tem direito, individualmente, a R$ 16,2 milhões, divididos em 25 propostas. Além disso, ainda existem as emendas das bancadas estaduais, formuladas em conjunto para atender os governadores, algo em torno de R$ 6,7 bilhões fatiados para as 27 unidades da Federação.

Orçamento irresponsável
A peça orçamentária de 2021, aliás, é um exemplo de irresponsabilidade com as finanças públicas e de como os currais eleitorais são a prioridade e não a desidratação da máquina estatal inchada, segundo economistas ouvidos por Oeste. Foi necessária enorme pressão de articuladores políticos para que o relator, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), aceitasse cancelar R$ 10 bilhões em emendas carimbadas porque faltava dinheiro do Tesouro para arcar com despesas obrigatórias — leia-se gastos com seguro-desemprego e com a própria Previdência. Um rombo nessas áreas, aliás, seria munição para o tão desejado, pela oposição no Congresso e na mídia, pedido de impeachment de Bolsonaro prosperar.“Entre a responsabilidade fiscal e as emendas desnecessárias dos parlamentares, o Congresso preferiu as emendas. Como sempre, eles olham para o próprio umbigo e deixam a população em segundo plano. Quando não se tem responsabilidade fiscal, o resultado é mais inflação, juros e recessão. É o caminho mais rápido para repetir o desastre argentino”, avalia o economista Luís Artur Nogueira.

Também economista, Alan Ghani afirma que o Orçamento deixa a situação fiscal brasileira numa espécie de “fase emergencial”, para usar uma das expressões utilizadas por governantes à exaustão na pandemia. “A situação já era crítica, mas agora, com a possiblidade de os gastos em 2021 superarem em mais de R$ 100 bilhões a versão original do Orçamento, o quadro é assustador”, diz. Desde 2014, [o atual Congresso foi eleito em 2018] estamos com déficit primário, e o atual Congresso não entendeu a gravidade do problema. A elevação do gasto não só traz custos diretos para a contabilidade pública, como eleva o custo da dívida (elevação de juros). Como sempre, o povo acaba pagando a conta da irresponsabilidade dos políticos.”

Rogério Xavier, da SPX, também alerta para o estouro do teto. “Qual é a mensagem que é passada, quando vai aquele Orçamento para o Congresso? Reduzir despesas obrigatórias para caber no Orçamento. É inacreditável que um negócio sério vai daquela maneira. Mas está lá. Isso é igual a um jogo de pôquer: você me deixou ver três cartas e escondeu o resto — mas eu já vi grande parte de seu jogo. E o que você me mostrou é que não está comprometido em ajustar o fiscal. Pelo contrário: você está comprometido em piorar o fiscal, em estourar o teto, em criar novas despesas burlando o teto de gastos.”2021.

O palanque da CPI
Se é fato que a economia brasileira resistiu até agora aos 13 meses de crise da covid, graças à paciência do ministro da Economia, Paulo Guedes, em acalmar o mercado e ao fôlego que o agronegócio dá ao país, os políticos não ajudam. Pense numa reunião entre os senadores Renan Calheiros (alvo de seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal, mais de 40 investigações e cinco processos de cassação em 2007), Jader Barbalho (ele mesmo, do caso Sudam e do Banpará), Omar Aziz (ex-governador investigado do Amazonas) e o petista Humberto Costa (citado em listas de propina da Lava Jato [citado na sanguessuga,codinome 'drácula' = imagine um ministro da Saúde, envolvido em uma operação com sangue e usando o codinome 'drácula'.!!!]  ). Junte a eles o midiático Randolfe Rodrigues, especialista em judicializar o processo legislativo, [nunca aprovou um projeto de lei em defesa do estado que o elege; sempre consegue aprovar investigações estúpidas, infundadas, falsas e que a nada levam, exceto desviar o foco = nos lembra aquele promotor Pedro Francisco e outros colegas - alguns foragidos, outros no ostracismo.]  - velam e o tucano Tasso Jereissati, que parte da mídia o fez acreditar que pode ser um candidato viável à Presidência. Essa é a cúpula da CPI da Covid, a ser instalada na próxima semana em Brasília.
[presidente Bolsonaro, por favor não desperdice seu tempo, nem o dos seus assessores, 'levantando' supostas perguntas que poderão ser apresentadas na CPI.
Espere que sejam apresentadas, analisadas e se, e quando, se tornarem peças de acusação, sejam remetidas aos acusados, que poderão então se defender.
Estratégia militar e as de defesa não devem ser discutidas em 'lives', em corredores e outros vãos assemelhados.
Eles, os inimigos do Brasil - faz algum temo que não repetimos o rol:  arautos do pessimismo, adeptos do 'quanto pior, melhor', os que estão prontos a defender posições contrárias ao Brasil, em troco de trinta moedas, inimigos do presidente da República e coisas do tipo - é que tem a obrigação de apresentar as denúncias, acusações, prová-las e obter condenações.
No afã de aparecer se enroscarão nos fios dos holofotes que buscam.]
Nesta semana, a hashtag #RenanSuspeito frequentou os assuntos mais comentados do Twitter por uma razão básica:
 para além do histórico de frequentador do noticiário de corrupção, ele é favoritíssimo ao cargo de relator da CPI. Porém, um detalhe salta aos olhos, já que o alagoano é pai do governador Renan Filho (MDB-AL), que pode ser investigado. O mesmo se aplica a Jader, pai do governador Helder Barbalho (MDB-PA), cujo Estado, aliás, foi palco de roubo de respiradores.

Irritado, Renan Calheiros pediu ao Twitter o banimento de 3.000 contas e disparou: “[sic] Até a próxima sexta vou me dedicar a estudar temas da CPI e fazer uma profilaxia digital. Para evitar a infecção do radicalismo, o contágio dos extremistas e o negaciovírus, farei um isolamento sanitário, podendo voltar a qualquer momento se houver necessidade”.

“É preciso um equilíbrio nesta CPI. Existe um flagrante conflito de interesses nesse comando da comissão. Tudo indica que ela ‘dará em pizza’ para muitos e ‘em fígado’ para outros”, afirma o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), um dos indicados para a comissão, que pretende “bater chapa” pela presidência do colegiado. “Tem gente que até já fez o julgamento, com declarações públicas em jornais, o que é isso que estamos vivendo? Será que essa CPI é para valer ou é mero palanque político? Queremos uma comissão técnica, não pirotécnica.”

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado do Palácio do Planalto, avalia que o tiro pode sair pela culatra. “Em Brasília, há uma máxima de que uma CPI sabe-se como inicia, mas não como termina. A opinião pública está preocupada com desvios de recursos públicos e não se o presidente comprou cloroquina. O primeiro foco é atingir o presidente Bolsonaro, mas, como contra o governo não há acusação de desvio de recursos, quando chegarem os documentos do Tribunal de Contas da União e da Polícia Federal mostrando que o dinheiro público não foi usado para a saúde ou que houve fraudes, o foco vai mudar”, diz. [e até agora só algumas estapafúrdias deduções levantadas pelos caça-fantasmas  da Casa Civil é que tropeçaram em algum risco de apressada e infundada fake news de corrupção.

Querem plantar a acusação de que o presidente Bolsonaro não cumpriu a tabela de auditorias do TCU - o TCU tem a competência legal para marcar audiências. Caso não ocorram por ausência da parte intimada, cabe àquele Tribunal analisar as razões e decidir se a ausência foi dolosa.]

Em meio a esse tiroteio à brasileira, pelo menos dois nomes se esconderam debaixo das mesas: os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ambos catapultados às cadeiras com a ajuda do governo. As esquivas, contudo, têm motivos distintos: à sombra de denúncias recorrentes, Lira quer a maior distância possível de qualquer coisa que respingue em investigação e seu compromisso com Bolsonaro é simplesmente não ceder às pressões para pautar pedidos de impeachment. 
Já Pacheco, segundo políticos em linha direta com ele, deslumbrou-se desde que alguns colunistas do mainstream o compararam a Tancredo Neves e sugeriram que seu nome passe a integrar as pesquisas de intenção de votos para a Presidência da República em breve.

É bem provável que a CPI não dê em nada. Assim como ocorreu com quase todas as outras. Também é possível que a agenda de projetos que realmente interessam ao país não avance, como tradicionalmente ocorre com a proximidade do calendário eleitoral. Mas o Congresso Nacional, uma vez mais, dá sinais de que suas reais prioridades terminam na porta dos gabinetes. Para o brasileiro pagador de impostos, o abismo continua sempre logo ali.

Silvio Navarro, colunista - revista Oeste


Comissão Parlamentar da Infâmia - Vozes

  Gazeta do Povo - Guilherme Fiuza

A CPI da Covid é para investigar a atuação do governo federal na pandemia? Ok. 
Então ela tem que começar investigando a decisão do Supremo Tribunal Federal que impediu o governo federal de comandar o enfrentamento à pandemia.

É até bom porque a ordem para instalar a CPI veio do próprio STF, em ato do ministro Luiz Roberto Barroso, então ninguém vai poder dizer que a suprema corte foi pega de surpresa. Mas aí é aquela hora em que a resistência cenográfica grita: o STF não impediu o governo federal de atuar na pandemia! Fake news! Cada vez mais cresce essa mania dos senhores da verdade de chamar de mentirosos todos os que não recitam as suas cartilhas de empatia cosmética. Mas não vamos gritar com eles – vamos continuar falando baixo.

Quais os próximos passos da CPI da Covid no Senado; entenda prazos e poderes da comissão
O governo federal não foi impedido pelo STF de distribuir R$ 700 bilhões de reais em caráter de emergência para livrar o país do colapso e da fome.  
Esse aporte foi feito e o dinheiro chegou a quem deveria, inclusive a dezenas de milhões de pessoas que não teriam o que comer sem o auxílio emergencial. 
Vale aqui uma nota: o governo não fez mais do que a sua obrigação. E vale outra nota: nem todos sabem cumprir esse tipo de obrigação – como se viu no programa Fome Zero, de 2003, que matou a fome de zero pessoas e foi extinto pelo próprio governo da época (ninguém tinha avisado a eles que slogan não enche barriga).
 
Já a autoridade para comandar as políticas de saúde e segurança sanitária dentro da pandemia foi, sim, retirada do governo federal pelo STF. 
De que forma?

Da seguinte forma: no dia 8 de abril de 2020, em decisão assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, o Supremo Tribunal Federal resolveu que “não compete ao Poder Executivo federal afastar, unilateralmente, as decisões dos governos estaduais, distrital e municipais que, no exercício de suas competências constitucionais, adotaram ou venham a adotar, no âmbito de seus respectivos territórios, importantes medidas restritivas como a imposição de distanciamento/isolamento social, quarentena, suspensão de atividades de ensino, restrições de comércio, atividades culturais e à circulação de pessoas (...)”.

Na referida decisão, o STF manda que sejam respeitadas “as determinações dos governadores e prefeitos” quanto às referidas regras de funcionamento e restrições da sociedade durante a pandemia. E acrescenta que deve ser “respeitada a descentralização político-administrativa do Sistema de Saúde (...) com a consequente descentralização da execução de serviços e distribuição dos encargos financeiros entre os entes federativos, inclusive no que diz respeito às atividades de vigilância sanitária e epidemiológica”.

Ficou alguma dúvida? Sim, claro que ficou: vocês querem saber se mesmo assim, com esse embargo judicial escrito e escarrado às possibilidades de ação do governo nacional na crise de saúde, vocês podem continuar acusando de fake news quem menciona essa decisão do STF.  Claro que sim! Os próprios ministros do STF fazem isso! Tá liberado! Vocês têm o habeas cinicus, fiquem à vontade.
 
Mas agora com a CPI da Covid que vocês queriam tanto não vai dar pra fingir que nada aconteceu, né?
 Ou vocês vão querer radicalizar o teatro? 
Porque aí fica uma mentira em cima da outra, né? 
Vocês acham que dá para encarar essa? 
Fingir que não houve o embargo do STF ao governo federal e passar a investigar esse mesmo governo federal por aquilo que o STF não o deixou fazer?  
Bom, nada é impossível para vocês quando se trata de fingimento, então boa sorte.
 
Mas aí é o seguinte: vocês vão encarar uma CPI, ou seja, uma devassa sobre a crise da Covid fingindo que não houve o covidão
Fingindo que o governador do Rio de Janeiro não foi afastado do cargo por desvio de verbas emergenciais providas pelo governo federal? 
Ou vocês vão fingir que a culpa pelas tramoias do governo do Rio de Janeiro é do presidente da República?
Repetindo: boa sorte. Não se esqueçam de esconder a falta de fundamento científico para os lockdowns medievais e a completa inexistência de eficácia comprovada para uma medida em vigor de forma discricionária há mais de um ano.  
Porque se a maioria acordar para a pantomima devastadora de vocês, talvez a quarentena vip comece a se tornar um lugar não tão confortável.
Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES 
 
 
 

Por que o STF está na berlinda? - Folha de S. Paulo

Marcus André Melo

O momento em que mais precisamos da Corte, é quando ela enfrenta os maiores ataques

 “Por que eu vou ser o único presidente da Argentina a não ter a sua própria Corte?”

Foi assim que Carlos Menem (1930-2021) justificou sua iniciativa de criar uma maioria na Suprema Corte argentina. O caso ilustra um paradoxo já identificado na literatura: um Judiciário independente é difícil de emergir nos contextos em que se faz mais necessário; e fácil de se consolidar onde ele não importa. Nas democracias maduras, como a Inglaterra, a Suprema Corte não importa muito. Tanto que uma só foi criada no país em 2009. Há um equilíbrio institucional robusto que dispensa não só sua existência mas também a adoção de uma constituição escrita.

Em regimes autoritários, as cortes importam pouco porque neles elas são facilmente manipuláveis. O efeito é não linear: elas importam muito nos casos intermediários. É nos casos de mudança de regime ou alternância de poder entre forças políticas díspares que o Judiciário adquire centralidade política. Nas democracias estabelecidas isso só ocorre em situações muito raras (EUA sob Trump). Estou tratando aqui de centralidade política; não protagonismo em questões morais e comportamentais.

No caso do STF, sua centralidade política alcançou contornos sem paralelo em democracias. 
Seu hiperprotagonismo é magnificado por três fatores: seu papel como corte criminal em contexto em que ocorreu um dos maiores casos de corrupção já registrados e que atinge uma massa inédita de agentes políticos, inclusive três presidentes da República; 
a contenção que exerce em relação a um Executivo autoritário e populista, cujo discurso é abertamente antidemocrático; e pela elevada heterogeneidade política que é produto da alternância— e modus operandi individualizado.

Este último se expressa no ativismo processual e produz intensa cacofonia. O individualismo é insidioso: os casos controversos em que a corte atuou de ofício, sem ser provocado (caso da Revista Crusoé), o leitmotif que deflagrou o processo foi o envolvimento de um membro do próprio Supremo nas denúncias. E o que é muito mais grave: motivações individuais ligadas à Receita Federal e a Lava Jato parecem explicar a alteração de voto e a reviravolta ocorrida no julgamento de Lula.

Inicialmente restrito à esquerda, a ofensiva à Corte concentra-se recentemente no bolsonarismo. Como mostrou Gretchen Helmke, em análise de 472 casos na América Latina, há expressiva correlação negativa entre ataques às Supremas Cortes (impedimento de juízes, CPIs, intervenções etc) e a avaliação que desfrutam junto à opinião pública.

O momento em que mais precisamos da Corte, é quando ela enfrenta os maiores ataques. E seu maior desafio.

Marcus André Melo - Professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA)

Rumo ao nada - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Os que desfilam por aí não são candidatáveis a candidatura nenhuma, não na vida real

A imprensa brasileira desenvolveu ao longo das décadas, como a teoria da evolução garante que acontece com as espécies ao longo dos séculos, uma habilidade única. Mantém com vida artificial dentro do noticiário político, respirando por aparelhos, eventos de importância prodigiosa que têm uma característica muito simples entre si: não existem. É o que se poderia chamar de “não fato” – ou, mais precisamente, lendas que vão sendo repetidas de redação em redação, hoje em dia em tempo real, e que não têm nenhuma relação com qualquer tipo de coisa que possa ser certificada como realidade. É como o ar do pastel: está lá dentro, mas não serve para nada.

Você sabe o que é. Há uns 40 anos, ou por aí, aparece regularmente nas manchetes de jornal e no horário nobre da TV a seguinte frase:
 “MDB pensa em deixar o governo”. Precisa dizer mais alguma coisa? Um “não fato” como esse é provavelmente o melhor que se pode obter no gênero, mas há concorrentes. “Deputados estudam formação de frente comum”, por exemplo. 
Um clássico, sempre, são as CPIs. “CPI disso ou daquilo pretende investigar isso ou aquilo.” 
Há também a “apuração rigorosa”, o “novo estudo” e a “mobilização da oposição” – ou da “tropa de choque”. Nunca se apura nada, nem o estudo resulta em alguma coisa de útil, nem alguém se mobiliza para outra finalidade que não seja a de se aproveitar do erário ou fugir do Código Penal.
Mas e daí? Essas miragens sempre enchem páginas que correriam o risco de ficar em branco, ou minutos que poderiam passar em silêncio; pode ser inútil para o público, mas é útil para preencher espaço e tempo. 
Para sorte de comunicadores e veículos, a disposição do leitor em ser informado sobre fatos que não estão acontecendo é normalmente muito generosa; ele lê, esquece o que leu e acaba lendo outra vez. Passa um tempinho, e lá vem de novo: “MDB pensa em deixar o governo”. Nunca deixou, e não vai deixar nunca, mas a notícia volta. É a vida.
O duplo zero do momento são as matérias dando conta do que diz, do que faz e até mesmo do que pensa meia dúzia de cidadãos, ou mais, descritos pela mídia como “candidatáveis” à Presidência da República nas eleições de 2022. Não se para de falar deles, a propósito de tudo. Assinam manifestos. Fazem reuniões entre si
 
Solidarizam-se uns com os outros. Dão entrevistas. Lançam bulas de excomunhão contra o governo, o tempo todo. Falam para o Brasil. Falam para o mundo. Tudo bem, mas o que, no fim das contas, poderia ser um “candidatável”? Uma coisa é certa: os que desfilam por aí não são candidatáveis a candidatura nenhuma, não na vida real. Supõe-se que, para ser mesmo um “candidatável”, segundo o entendimento comum que se tem dessa palavra, o sujeito precisa ser capaz de se transformar num candidato de verdade – ou seja, em alguém que tem alguma chance de ser eleito, um dia, para algo de importância. Ou é isso, ou não é nada. Os “candidatáveis” de hoje não são nada.

Nenhum dos nomes que frequentam o noticiário de todos os dias tem a mais remota chance de chegar à Presidência da República – podem, com sorte, arrumar alguma coisa em seus Estados (deputado, por exemplo, não é difícil), mas ficam por aí. Se não são candidatos sérios a presidente, porque jamais serão eleitos, também não são “candidatáveis”. O Brasil tem dois candidatos a presidente, Jair Bolsonaro e Lula. O resto é o resto. [temos alto apreço pelas sábias manifestações do Guzzo, mas, pegou pesado - ou está brincando - quando cogita do principal resto do resto ser candidato a alguma  coisa. 

Outro absurdo é alguém acreditar que a CPI da covid-19, vai gerar alguma coisa = está mais para o famoso 'inquérito do fim do mundo' que a cada três meses é prorrogado pelo STF.

A CPI vai ciscar, ciscar e nada produzir. Alguma coisa pode até surgir, desde que leve o tema para um hipotético genocídio; só que por não haver a mínima condição de prosperar com acusações ao presidente Bolsonaro (outros poderão ser acusados) e não acusando o nosso presidente o interesse some. 

É igual a tal reunião do esquerdista que preside os Estados Unidos e sobre ela, Elio Gaspari com o brilhantismo que lhe é habitual, se manifestou,em O Globo:   
" Madame Natasha faz qualquer coisa pelo meio ambiente, mas não participa de queimadas do idioma. Na quinta-feira, não houve reunião de cúpula de chefes de Estado. 
Houve, quando muito, um vídeo muito chato.
Desde sempre, as reuniões de cúpula reúnem governantes que às vezes discursam, mas sempre conversam reservadamente. Essa é a parte útil dos encontros. Na cúpula de Biden, houve só a parte inútil."] 
 
O Irã, condenado oficialmente pela ONU por causa do tratamento abominável que dá às mulheres, ganhou um lugar no conselho que defende “a mulher”, nessa mesma ONU. Espera-se, agora, o manifesto de apoio das feministas brasileiras. 
 

J. R.  Guzzo, jornalista - O Estado de S. Paulo


Os fora-fila

[ex-um bocado de coisas, inclusive o primeiro ministro demitido por telefone - (e por Lula, o que torna o 'pé na bunda' mais humilhante). 
O criminoso petista que teve condenações anuladas, já naquela  época, achou que não valia a pena aguardar para na fila dos cumprimentos, dizer "você está demitido". = seu tempo venceu, passou.... acabou.
Esse teu artigo é tão sem pé nem cabeça, que torna bem mais real seguir o conselho do 'aspone' do enganês, o que comanda, ou comandava uma tal de 'secretaria de mobilidade urbana', cuja principal característica é oferecer uma mobilidade que não leva a nenhum lugar.
O 'aspone' que parece ainda estar empregado, quando questionado sobre as aglomeração no transporte público do DF, expeliu: 'o povo deve evitar se aglomerar no transporte público'.
O ex agora resolveu criticar o SUS - um dos raros órgãos da 'saúde pública'  que funciona, recebendo frequentes e merecidos elogios.
O ex, agora tão loquaz, omite que foi ministro da Educação e que algumas medidas que adotou, contribuíram em muito para o crescimento das filas. ]
Todos os dias, milhões de brasileiros perdem horas preciosas em filas de ônibus, e reclamam corretamente dos oportunistas fura-fila. Poucos percebem os fora-fila: os que usam carros privados e os que não têm dinheiro nem vale-transporte. Há séculos, muitos brasileiros fazem fila para obter o que precisam, enquanto outros não têm direito nem mesmo de esperar em fila, por falta absoluta de dinheiro; enquanto outros não precisam se submeter a filas porque têm muito dinheiro.  

Por causa das ineficiências econômicas, a palavra “fila” caracteriza o dia a dia dos brasileiros, mas por causa da injustiça social não se percebe os que estão fora das filas, de um lado e outro da escala de rendas. Alguns porque não precisam se submeter a elas, graças a privilégios e dinheiro, outros porque não têm o direito de entrar nelas. No meio, imprensados, os da fila, ignorando os extremos. Nós nos acostumamos a ver com naturalidade os que não precisam e ainda mais os que não conseguem entrar nas filas, por tratá-los como invisíveis. 

[resolvemos transcrever parte deste post e de outro por haver disponibilidade de 'bytes' - aqueles que costumam sobrar e jogamos no lixo.
Assim perguntamos ao senador do perda total, Humberto Costa:, autor da frase: “O objetivo do governo é fazer com que a CPI não avance, mas os fatos são evidentes, gritantes”, diz o senador Humberto Costa (PT-PE). Cabe perguntar: Tal frase foi expelida antes ou depois de ganhar o codinome 'drácula'?. 
O citado era  ministro da Saúde do Lula e se envolveu no escândalo dos 'sanguessugas' - imagine a preferência do ilustre senador, ministro da Saúde envolvido com os 'sanguessugas'.]
Humberto Costa, do PT pernambucano, virou caso de polícia quando era ministro da Saúde de Lula e se envolveu no escândalo dos Sanguessugas, produzido por gente que desviou com voracidade de vampiro verbas destinadas à área da Saúde. Ganhou da Odebrecht o codinome perfeito: Drácula
O colega do 'drácula', pela falta de ideias e originalidade não propiciou que encontrássemos motivos para gastar bytes com o mesmo:
Seu colega Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que teve a ideia de propor a criação da CPI, observa: “O único confronto que nos preocupa é com a pandemia e o vírus. Se o presidente tem consciência que fez a coisa certa não precisa temer”.]

No setor da saúde, nos indignamos com os que tentam furar a fila para tomar vacina, mas não percebemos a injustiça quando furam a fila ao usar dinheiro para o atendimento médico de um pediatra para o filho, de um dentista e de profissionais de todas as outras especialidades que não estão disponíveis no SUS, com a urgência necessária. Apesar do nome, o sistema nacional de saúde não é único: de um lado, tem o SUS com suas filas; e, do outro, o SEP - Sistema Exclusivo de Saúde - sem fila para os que podem pagar.

 Todos condenamos os fura-fila do SUS para tomar vacina, mas todos aceitamos que se fure a fila nas demais especialidades médicas, inclusive cirurgias, por meio do uso do dinheiro. Em alguns casos, há reclamação quando a fila se organiza por um pequeno papel numerado, mas não se protesta quando, perto dali, o atendimento é imediato, porque no lugar do papel com o número da fila usa-se papel moeda. Aceita-se furar fila graças ao dinheiro. Nem se considera como fura fila. São os fora-fila, aceitos por convenção de que o dinheiro pode comprar saúde. 

Na moradia, alguns entram na fila do programa Minha Casa Minha Vida; outros não precisam, compram diretamente a casa que desejam e podem; outros também não entram na fila, porque não têm as mínimas condições de financiamento. O mesmo vale para a educação. Em função do coronavírus, o Brasil descobriu que algumas boas escolas, em geral pagas e caras, com ensino remoto, computadores e internet em casa, permitem que alguns cheguem ao ENEM com mais possibilidade de aprovação do que outros. Apesar de que a aprovação é conquistada pelo mérito do concorrente, os aprovados se beneficiaram da exclusão de muitos concorrentes ao longo da educação de base.  

A desigualdade na qualidade da escola desiguala o preparo entre os candidatos, como uma forma de empurrar alguns para fora e outros para a frente da fila. De certa forma, alguns furaram a fila para ingresso na universidade, por pagarem uma boa escola ainda na educação de base. E não há reclamação porque os fora da fila são invisíveis, porque não concluíram o ensino médio, ou concluíram um ensino médio sem qualidade que não lhes deu condição sequer de sonhar fazer o ENEM. 

Tanto quanto os que não podem pagar o transporte público não entram na fila do ônibus, os analfabetos (12 milhões de brasileiros) não entram na fila do ENEM para ingresso na universidade.  Foram excluídos da formação, por falta de oportunidade para desenvolver o talento no momento oportuno da educação de base, e, por isso, ficam impedidos de disputar, por mérito, uma vaga na universidade. 

Ninguém fura fila para chegar à seleção brasileira de futebol, porque todos tiveram a mesma chance. A seleção é pelo mérito, graças ao fato de que a bola é redonda para todos, independentemente da renda. Temos a preocupação de assegurar os mesmos direitos para obter vacina, não o mesmo direito para a qualidade e a urgência no atendimento de saúde e de educação, independentemente da renda e do endereço da pessoa. Nem ao menos consideramos que há injustiça em furar fila usando dinheiro para ter acesso à educação e à saúde de qualidade. É como se fosse normal furar fila por se ter muito dinheiro e normal ficar fora da fila por falta total de dinheiro. No meio, ficam os que, por pouco dinheiro, ficam na fila e se indignam com os que tentam desrespeitar a ordem, sem atentar para os fora da fila nos carros, ou os fora da fila caminhando. Os primeiros aceitamos pelas leis do mercado, os outros tornamos invisíveis. 

Cristovam Buarque, [ex, abrange coisas inúteis e também sem utilidade que o ex foi ou tentou ser.] professor Emérito da Universidade de Brasília