Próxima fase da atuação das Forças Armadas terá foco no combate às armas
Arsenais do crime estão na mira dos militares. Segundo ministro da Defesa, presença nas ruas será menos ostensiva
Haverá resposta do crime organizado. Vamos estar diante de uma espécie de guerra.
Raul Jungmann, ministro da Defesa, sobre a ação das Forças Armadas no Rio
A segunda etapa da atuação das Forças Armadas no Rio terá como foco os arsenais de guerra das facções criminosas. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que a primeira fase da operação das tropas federais no Rio será curta. Durante coletiva de imprensa no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), ontem, ele afirmou que a presença ostensiva dos militares nas ruas vai diminuir nos próximos dias para dar lugar a novas ações que ainda estão em fase de planejamento. Não haverá intervalo entre uma fase e outra. Dez mil homens das Forças Armadas chegaram ao Rio na última sexta-feira e ficarão até 2018. — Essa primeira fase é de curta duração. O fundamental são os trabalhos que atualmente estão sendo feitos de reconhecimento — afirmou Jungmann, que descartou ocupações permanentes de comunidades e defendeu não dar prazos para cada etapa: — Nossos objetivos estão sendo alcançados. Estamos fazendo esse reconhecimento das áreas que são fundamentais para a próxima fase. Só a inteligência permite golpear o crime organizado. Nosso objetivo continua sendo chegar ao centro de comando, aos arsenais e aos fluxos de drogas. Isso é o que importa para reduzir a criminalidade e dar uma sensação de segurança que não seja passageira, mas real.
Em maio, uma ação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do 16°BPM (Olaria), além do 22°BPM (Maré) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC) apreendeu 32 fuzis na Cidade Alta, em Cordovil. Todas as armas traziam a inscrição “CX”, que significa “caixa”, de acordo com agentes do Bope. Segundo os policiais, os fuzis com “CX” fazem parte de um estoque dos bandidos usado apenas em invasões a territórios comandados por facções rivais, como aconteceu no local. No mês seguinte, a Polícia Civil interceptou 60 fuzis chegando pelo Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, o Galeão. As armas vieram dos Estados Unidos.
Obtenção de dados
O comandante da operação “Rio quer segurança e paz”, general Mauro Sinott, explicou que o reconhecimento serve para obtenção de dados do território, que servirão de base para o planejamento de operações. — É preciso, por exemplo, saber quais acessos eu tenho para determinados locais. Para operações futuras, é fundamental eu saber como chego naquele local ou como vou bloquear aquele lugar. E o pessoal que vai trabalhar ali já pisou no terreno e já conhece seus acessos, regiões dominadas. Reconhecer é obter dados, principalmente sobre terreno — afirmou o general Sinott.
De acordo com o comandante da operação, esse trabalho está sendo feito junto com a Polícia Militar. — Não existe a ideia de chegarmos em uma área e liberar a polícia para fazer o trabalho em outro local. A polícia continua realizando seu trabalho e nós estamos juntos visando a futuras operações — afirmou.
O secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, não divulgou estatísticas que mostrem redução de crimes desde a chegada dos militares, sexta-feira. Ele afirmou, entretanto, que a presença das Forças Armadas aumentou a sensação de segurança e valorizou a cooperação entre as tropas e a Polícia Militar: — Constatamos que foi extremamente salutar e positiva (a chegada dos militares). O espírito de cooperação é outro destaque, consolidando o que aprendemos desde a Olimpíada. Aproveito para dizer que vamos continuar nessa missão de forma integrada, orientando as atuações das nossas forças e das forças federais.
Sá aproveitou o encontro e afirmou que pediu uma prévia dos números de letalidade violenta do mês de julho deste ano, comparado com o mesmo período de 2016. De acordo com ele, os dados até a última quinta-feira, um dia antes do início da operação, mostram que houve uma redução desse tipo de crime em relação ao mesmo mês do ano passado.
— Embora altos, longe do que a gente almeja, há uma tendência de diminuição em relação ao mês de julho do ano passado. O que não significa que esteja bom. Queremos cada vez mais diminuir a letalidade — afirmou o secretário.
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