A avaliação do governo Temer é ruim até para o que é
bom, é o que nos mostra a mais recente pesquisa do IBOPE. A má vontade
da população é tamanha que ele é mal visto mesmo pelas coisas que estão
dando certo, como a redução da inflação e da taxa de juros. Mas o que
conta, na verdade, é a percepção, e não a realidade. Temer pode até
usar esses dados para dizer que a pesquisa não reflete a realidade, mas
politicamente o que importa é que seu governo está mal visto por tudo.
A pesquisa indica que os que estão na sua companhia não serão bem
avaliados, e a contaminação vai acabar atingindo seus aliados. O
governo caminha para obter uma vitória na eventual votação da denúncia
da Procuradoria-Geral da República, com uma base estimada em torno de
250 deputados. Mas não se sabe se daqui a meses Temer terá o mesmo
número de apoiadores que ainda parece ter hoje. A pesquisa do Ibope, encomendada pela CNI, mostra que 87% dos
eleitores não confiam em Michel Temer. Com a pior taxa de aprovação
desde o fim da ditadura, o governo do presidente Michel Temer é avaliado
como ótimo ou bom por apenas 5% dos brasileiros — queda de cinco pontos
percentuais em relação à última pesquisa. O índice de rejeição a Temer -
os que consideram o governo ruim ou péssimo - foi de 70%. Para 21%, o
governo é regular.
É o pior resultado da série histórica, iniciada com a
redemocratização, em março de 1986 com o ex-presidente José Sarney, cujo
governo chegou a ser considerado ótimo e bom por apenas 7% três anos
depois. Não é à toa que consideram uma possibilidade cada vez mais real
que Temer se mantenha no governo como Sarney nos últimos meses de
mandato, sem conseguir viajar e aparecer em público. O segundo lugar estava com a ex-presidente Dilma Rousseff, que
atingiu 9% em 2015. De acordo com a pesquisa, 83% dos entrevistados
desaprovam a maneira como o peemedebista governa, enquanto 11% aprovam.
Já a confiança no presidente da República é de 10%, contra 87% de
desconfiança. A questão é que a primeira avaliação, a da Câmara, tem o
aspecto eminentemente político. [necessário destacar que Sarney e Dilma não foram vítimas de denúncias sem provas, situação que só tem ocorrido com Temer;
sabotagem ao Brasil tão descabida que a sustentação da primeira denúncia é formada por declarações de um bandido, réu confesso de mais de 200 crimes.
Temos que ter em conta que mesmo se Temer for ladrão, sempre poderá ser punido após deixar a presidência da República. Acusá-lo agora só atrapalha a recuperação da economia, sob o governo Temer meio milhão de desempregados já voltaram ao mercado de trabalho.
Deixem Temer concluir sua missão de recuperar, ainda que parcialmente, a economia do Brasil e após sua saída da presidência - em 1º janeiro 2019 - se houver provas, o prendam.]
Mesmo que seu advogado, Antonio Claudio Mariz, tenha dito na Comissão
de Constituição e Justiça da Câmara, que as bases da denúncia de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro são frágeis, existem inegáveis
laços entre a conversa gravada com o empresário Joesley Batista e os
fatos subsequentes, culminando com aquela imagem tragicômica de seu
assessor Rodrigo Rocha Loures dando uma corridinha com uma mala cheia de
dinheiro. [dinheiro que não foi entregue a Temer e nem existe a mínima prova de que era a ele destinado.]
Por isso, a base da defesa é a ilegalidade da gravação, que será
discutida no plenário do Supremo caso a Câmara aprove a investigação, o
que é pouco provável hoje. Os especialistas dizem que a segunda
denúncia, se acontecer, é mais frágil em termos de provas do que a
primeira. Mas envolve a cúpula do PMDB como membros de uma quadrilha em
atuação, comandada pelo presidente Temer e composta por alguns de seus
principais ministros e o ex-presidente da Câmara preso, Eduardo Cunha. [óbvio que todas as denúncias que seguirem a primeira serão mais frágeis que aquela;
São denúncias ineptas, sem provas, com meras ilações e cujo único resultado para o Brasil é atrasar ainda mais a já lenta recuperação econômica.]
A aposta é que a segunda denúncia só terá êxito na Câmara se as
condições políticas do governo se deteriorarem dramaticamente até sua
chegada, o que a pesquisa do Ibope antevê. Tudo dependerá do número que o
governo conseguirá atingir na votação do dia 2 de agosto. Se a base
estiver fragilizada, com número menor do que a previsão atual de cerca
de 250 votos, talvez nem haja votação. Se o processo for derrubado com uma votação que revele a fraqueza
atual do apoio, é possível que numa segunda tentativa o governo perca as
condições políticas de permanecer operante. A questão é cada vez mais
política, mesmo que existam bases técnicas para a abertura de uma
investigação. [percebam que o procurador-geral da República tem declarado que existe material para mais denúncias mas ao mesmo tempo protela sua apresentação - adiando algo que é seu 'dever de ofício'.
Se existe elementos para mais denúncias que as apresente - não é bom para o Brasil, nem para as instituições, que use a suposta existência de material para novas denúncias, como instrumento de terror psicológico.]
Fonte: Merval Pereira - O Globo
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