Em sua primeira entrevista exclusiva após ser denunciado por corrupção e
obstrução da Justiça com base na delação do Grupo J&F, o senador
Aécio Neves (PSDB-MG) negou que tenha cometido crime e disse que foi
gravado por Joesley Batista em “uma ação planejada com a participação de
membros da Procuradoria-Geral da República”. Após a Operação Patmos,
Aécio chegou a ser afastado do mandato, teve prisão preventiva
solicitada e ficou em recolhimento domiciliar noturno. Ele admite apenas
que cometeu “um erro” ao pedir R$ 2 milhões para o empresário. Leia os
principais trechos da entrevista concedida ao Estado.
Após um 2017 turbulento, qual é o seu projeto eleitoral para 2018? Está no seu radar voltar à Câmara?
Essa possibilidade não existe. Minha prioridade é responder
de forma serena, mas muito firme, a todas essas denúncias que envolveram
meu nome. Sou o primeiro a reconhecer que cometi um erro ao aceitar, de
alguém que se dizia amigo, uma ajuda para pagar meus advogados. Mas não
cometi crime. Quem foi lesado? O Estado foi lesado nisso? Houve alguma
contrapartida? Não houve. Eu sei que a forma como isso é divulgado gera
na opinião pública um sentimento muito negativo. Tenho 32 anos de
mandatos honrados, dignos. Fiz um governo em Minas Gerais que virou
referência para o Brasil. Fui candidato à Presidência da República
defendendo aquilo que eu acreditava. Sem dúvida, parte dos ataques que
eu recebo vem da forma como enfrentei o PT em uma disputa extremamente
dura. No processo que culminou com o afastamento da presidente da
República tivemos um papel que buscou tirar o Brasil da paralisia. Não
tenho do que me arrepender da minha trajetória pessoal.
Mas e o episódio da delação do Grupo J&F…?
Reconheço que errei nesse episódio (sobre a conversa gravada
por Joesley Batista), principalmente na forma de me comunicar. Ainda
que, em uma conversa privada, com um linguajar pelo qual me penitencio
pessoalmente. Mas os fatos vão demonstrando de forma clara que eu fui
vítima de uma grande armadilha. Seja nas novas gravações – em especial
uma, que parece ter sido omitida inicialmente – na qual minha irmã
(Andrea Neves) oferece um apartamento de família e convida ele a
visitar. Novos depoimentos mostram de forma clara que houve uma ação
planejada com a participação de membros da Procuradoria-Geral da
República. Vou dar aqui um dado que ainda não é de conhecimento público.
No dia 24 de março, depois de uma reunião de várias horas na
Procuradoria-Geral, aqui em Brasília, com a presença do senhor Joesley
Batista, dos seus advogados, do (diretor jurídico da J&F) Francisco
de Assis, ele (Joesley) pega um avião e vai a São Paulo para me gravar.
Essa gravação foi feita após uma reunião em que o senhor Francisco de
Assis afirma em seu depoimento que a gravação foi objeto de conversa
dessa reunião na sede da PGR. Há um depoimento do advogado da JBS
confirmando essa reunião. É óbvio que se deduz que ele saiu da conversa
com procuradores com uma pauta.
Quais membros da PGR? Rodrigo Janot estava presente?
Não tenho informação de que ele estivesse, mas é muito
difícil que isso não fosse de conhecimento interno na Procuradoria. Para
obter benefícios da delação, ele (Joesley) transformou a oferta da
venda de um apartamento em uma grande armadilha. Mas tenho absoluta
confiança na Justiça.
A Polícia Federal filmou, com autorização do
Supremo, a entrega de uma mala com R$ 500 mil em espécie para seu
primo, Frederico Pacheco, que depois repassou esse dinheiro para um
ex-assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG). Isso depois do diálogo
no qual o senhor pediu R$ 2 milhões ao Joesley.
Como explicar uma mala de dinheiro?
Ele ofereceu um empréstimo para eu pagar os advogados dessa
forma. Isso obviamente negociado no objetivo da sua delação. Ele disse
que ia me emprestar esses recursos das “suas lojinhas”. Recurso privado
em dinheiro. Eu aceitei. Foi um erro. Pagaria com a venda de um
apartamento. Esse recurso depois foi integralmente devolvido. O Estado
não foi lesado. Não há contrapartida. Concordo que as imagens dão a
impressão disso, no contexto negativo. Pago um preço altíssimo.
Como paga hoje sua defesa?
Estou pagando com toda a dificuldade do mundo, vendendo
parte do meu patrimônio com ajuda da minha família. Todos esses
pagamentos são registrados com origem específica. E muito aquém das
expectativas iniciais dos advogados.Após o 2º turno de 2014, o sr. disse que
perdeu não para um partido político, mas para uma “organização
criminosa”. O argumento do combate aos desvios éticos na política
permeou sua defesa do impeachment e a ação para cassar a chapa
Dilma-Temer. Depois o sr. foi denunciado por corrupção, citado por
delatores e passou a ser alvo de inquéritos no STF.
Como explicar isso
aos eleitores que lhe deram quase 50 milhões de votos naquela eleição?
Dizendo sempre a verdade. Quais são as acusações pelas quais
eu respondo hoje? Apoio para campanhas eleitorais, feitos como a lei
determinava.
Mas com caixa 2?
Não é caixa 2, mas apoio às campanhas eleitorais feita por
empresas. O que houve é que, a partir de um determinado momento, os
delatores foram levados a dizer que todos os apoios às campanhas eram
tratados como propina. Umas das denúncias do (ex-)procurador-geral
(Rodrigo Janot) diz respeito aos recursos doados à campanha do PSDB
registrados na Justiça Eleitoral.
O sr. teve medo de ser preso? Como se sentiu ao ser afastado do mandato e depois ficar em recolhimento domiciliar noturno?
Foi uma injustiça (o pedido de prisão da PGR), mas recebo
com serenidade. Eu sei quem eu sou. Não houve crime algum. Fui vítima de
ação controlada sem autorização do STF. Uma armação de alguém que
estava vendendo a sua alma para ter benefício da delação. Acharam que eu
poderia ser uma cereja desse bolo.
E sobre a prisão preventiva da sua irmã, Andrea Neves?
Foi uma coisa extremamente traumática pelo absurdo e pela
enorme injustiça. Ela teve 10 minutos com ele (Joesley) na vida.
Ofereceu um apartamento da nossa família (para venda), que havia sido
oferecido a outras pessoas das nossas relações e isso tudo já está
documentado no processo. O outro contato foi telefônico, ela o
convidando para conhecer o apartamento. Ponto. Essa foi a participação
dela. Mas ela tem astral grande e energia elevada. Está muito bem. Vamos
em frente.
O sr. vê abusos da Lava Jato?
Não sou a pessoa mais adequada para fazer esse julgamento.
Vai parecer que é minha defesa. ............
MATÉRIA COMPLETA continue lendo em O Estado de S. Paulo.
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
domingo, 17 de dezembro de 2017
‘Houve ação planejada com participação da PGR’
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