Bruno Boghossian
Sigla em criação pelo presidente tende a se tornar veículo para posições radicais
Com Jair Bolsonaro, o país pode ganhar um partido de ultradireita. A
legenda que o presidente quer criar surge ancorada em valores
reacionários, no populismo e no personalismo puro. A aparente espinha dorsal da Aliança pelo Brasil coube numa sequência de
publicações de Eduardo Bolsonaro. Na primeira frase, o deputado anuncia
a criação da sigla com o objetivo de libertar a população "da
destruição de valores cristãos e morais". Em poucas linhas, ele repete
essa fórmula e encerra com um resumo dos princípios do novo partido:
"fé, honestidade e família".
[presidente Bolsonaro! - óbvio que sendo um partido idealizado pelo senhor e por grande parte dos seus eleitores - vamos esquecer seus filhos no tocante ao partido, lá estarão na condição de cidadãos e não de filhos - já nasce sendo espancado.
Mas, ser espancado é um bom fermento para um crescimento sadio e exitoso.
E, já passa da hora das ideias que o senhor e seus milhões de eleitores, apoiam e defendem, serem representadas de forma autêntica e clara por um Partido que por elas pugne.
Apresentamos uma sugestão de nome para o novo partido: Ação Integralista Brasileira - AIB ou Aliança Integralista Brasileira - AIB, a primeira-denominação proposta repete ipsis litteris, denominação de organização anterior extinta no governo Vargas e a segunda praticamente nada altera.
Por estarmos no Brasil, onde se proíbe o que é correto e se libera - até mesmo se impõe a aceitação do que é errado, imoral - talvez seja proibido usar o nome proposto.
Por estarmos no Brasil, onde se proíbe o que é correto e se libera - até mesmo se impõe a aceitação do que é errado, imoral - talvez seja proibido usar o nome proposto.
De qualquer forma, o ideal é que o novo partido tenha como fundamento o defendido pelo partido extinto por Vargas, sendo = ultranacionalista, corporativista, conservador e tradicionalista católico de extrema-direita = havendo espaço para adaptações aos novos valores, sem preteri-los, dos tempos atuais - afinal mais de 80 anos transcorreram desde sua extinção. Valendo lembrar que, os fundamentos acima citados são, por natureza, basicamente imutáveis.]
O ensaio de manifesto é carregado de tons messiânicos. Fala no "novo
rumo brasileiro" e no que chama de "a verdadeira união com o povo", como
se Jair fosse o único capaz de representá-lo. Sem modéstia, cita ainda
um "momento histórico" e o "grito solitário" do pai, que passaria a
ecoar com a criação da legenda. Isso, é claro, sem falar na defesa aberta de ditaduras e de
torturadores, que os grandes próceres da sigla fazem questão de defender
publicamente e a todo momento.
O partido parece se inspirar na Arena (Aliança Renovadora Nacional), que
serviu de sustentação para o regime militar. Seu manifesto de 1975
mencionava a união dos brasileiros e uma aliança com o povo, mas não
apelava tanto aos valores cristãos quanto Eduardo Bolsonaro. O partido pode se tornar veículo para a difusão de ideias radicais, a
exemplo do espanhol Vox e do alemão AfD. Essas duas legendas ainda
brigam pelo poder em seus países, enquanto a Aliança já nasce no topo. [uma vantagem a favor do Brasil e que não pode ser deixada de lado.]
A migração de integrantes do PSL para a nova legenda deve acelerar uma
depuração do bolsonarismo e definir em que ponto do espectro político o
grupo mais afinado com o presidente passará a operar. Se apenas os mais fiéis seguirem Bolsonaro, como parece claro até aqui,
haverá espaço para posições mais extremadas. Elas tendem a sobressair em
ambientes de forte apelo religioso e de fidelidade a um líder que
sustenta posições desse tipo.
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