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sexta-feira, 21 de julho de 2023

Banco do Brasil ou do PT? - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

O Banco do Brasil encerrou, "por questão de compliance", uma conta que o ex-presidente Jair Bolsonaro mantinha nos Estados Unidos. Sobre o caso, a empresa informou possuir “protocolos rígidos de acompanhamento das movimentações financeiras de seus clientes”. E disse “respeitar integralmente a legislação e a regulamentação bancária em todos os países em que atua”.

Questionada sobre o que motivou o encerramento da conta no exterior, a empresa não entrou em detalhes: “Em respeito ao sigilo bancário, nem o Banco do Brasil nem o BB Americas comentam movimentações financeiras específicas de seus clientes”.

Em junho, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 447 mil em uma conta de Bolsonaro no Brasil. A medida teve como objetivo garantir o pagamento de sete multas, que somam mais de R$ 1 milhão, aplicadas pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, publicou a notícia e acrescentou: "A minha também! 'Sem aviso', explicações e questionamentos solenemente ignorados! Vai ver é coincidência cotidiana!" Pelo visto, se você carrega o sobrenome Bolsonaro não pode mais ter contas no Banco do Brasil. É isso?!

Falta transparência e claramente soa como perseguição política. 
Mais um motivo para privatizar essas estatais todas!  
Quando a esquerda chega ao poder, trata as empresas públicas como se fossem sua propriedade particular. 
O PT, em especial, sempre confundiu partido, governo e estado, sem qualquer distinção.
 
Não gostam do cara? Querem destrui-lo? Então não pode ter conta no “meu” banco! 
Aconteceu algo análogo com Nigel Farage, político britânico de direita. Sua conta no banco Coutt foi encerrada e Farage alega ter provas de que o motivo foram seus "valores", não qualquer problema financeiro.

Há clara pressão da esquerda totalitária de banir da esfera pública toda a direita, chamada de "extrema direita" por ela. A própria esquerda espalha a falsa premissa de que qualquer conservador é um extremista, um "fascista" que dissemina "discurso de ódio", e que portanto não pode existir, deve ser condenado ao ostracismo, virar um pária social. Censura nas redes sociais, perseguição, cancelamento e até contas bancárias encerradas: eis o objetivo.

Basta ver o que o grupo Sleeping Giants, com postura fascista, vem fazendo com a Jovem Pan, só porque a emissora ousou colocar também alguns conservadores como comentaristas, em meio a vários petistas. 
Não pode! Tem que ser fechada, os anunciantes devem sair, ou sofrerão as consequências! É puro totalitarismo comunista, fascistóide.
 
Fazer isso como campanha de boicote já é um tanto tosco, mas utilizar o aparato estatal é nefasto e temerário. O Banco do Brasil não é do PT. Ou então muda logo de nome!  
A única solução é privatizar essas estatais, para que não sejam utilizadas como instrumentos da esquerda radical quando chega ao poder.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Cidadão é processado por chamar guarda-da-esquina de “você” - Gazeta do Povo

Vozes - Paulo Polzonoff

"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Circulando, circulando 

O excelentíssimo, ilustríssimo senhor guarda-da-esquina Astolfo Bulhões de Carvalho Figueroa. (Imagem meramente ilustrativa).| Foto: Pixabay

"O que me preocupa não são os generais, mas os guardas da esquina". - Pedro Aleixo, ex-vice-presidente, sobre a concentração de poder advinda do AI-5.

O cidadão José da Silva se tornou réu na ação movida pelo guarda-da-esquina, digo, senhor guarda-da-esquina Astolfo Bulhões de Carvalho Figueroa, encarregado de patrulhar a rua onde mora o sujeito. O senhor Bulhões alega que foi chamado de “você”, mesmo depois de insistir para que o cidadão se referisse a ele como “senhor”. O crime é o de injúria hierárquica.

O caso aconteceu na noite do dia 11 de janeiro, coincidentemente o mesmo dia em que, para azar do cidadão, a injúria hierárquica se tornou crime inafiançável e imprescritível. Em depoimento, o ilustríssimo senhor guarda-da-esquina contou que fazia seu costumeiro trabalho de andar para lá e para cá, aqui multando um carro estacionado irregularmente, ali chamando a atenção de um cidadão (outro) que jogou lixo na rua, quando foi interpelado por José, alcunha Zé. “Você tem um isqueiro para me emprestar?”, teria perguntado despudorada e desrespeitosamente o cidadão
O excelentíssimo senhor guarda-da-esquina, que apesar do cabelo azul e dos aparentes 25 anos se identifica como “senhor” (e ninguém tem nada a ver com isso!), ainda tentou corrigir o cidadão ignorante. “Tentei explicar a ele a importância de se usar os pronomes de tratamento corretos a fim de termos bem estabelecida uma hierarquia social capaz de mostrar quem manda e quem obedece. Isso é a democracia!”, explicou o eminentíssimo senhor guarda-da-esquina, parafraseando Mussolini (acho).

Distraído, porém, o cidadão (provavelmente direitista, conservador e, se duvidar, até olavista) insistiu no pronome de tratamento informal, ofendendo o emérito senhor guarda-da-esquina com as palavras que só reproduziremos aqui por dever jornalístico, e pelas quais desde já pedimos desculpas: “Parece que vai chover. Você não acha?”.

Essas palavras duras, combinadas com o pronome de tratamento inaceitável, levaram o venerável senhor guarda-da-esquina às lágrimas. Ou melhor, a apenas uma lágrima, que escorreu furtivamente por seu egrégio rosto. “Além de tudo, depois que reclamei o elemento foi irônico, me perguntando se eu tinha ficado louco e usando novamente o ‘você’ com o qual, já disse, não me identifico”, contou o douto senhor guarda-da-esquina.

Outro lado
O cidadão-que-acha-que-liberdade-é-para-todos, José da Silva, tentou se defender das acusações. “Não tenho culpa. Estava escuro. E, no mais, ele tinha cara de ‘você’, andava como um ‘você’ e falava como um ‘você’. Como eu poderia imaginar que ele era um ‘senhor’?”, se justificou. Vai que cola, né?

Recém-promulgada pelo alto comissariado da nossa pujante ditadura democrática
, a lei da injúria hierárquica prevê, em seu artigo 20-C, prisão (é, cana mesmo!) para qualquer atitude ou tratamento dado às autoridades e que cause constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida. A lágrima que escorreu pelo rosto do distintíssimo senhor guarda-da-esquina foi colhida e servirá como prova.

A conversa ia bem e este repórter quase chegou a sentir pena do cidadão. Afinal, ele parecia sincero ao descrever o grave incidente, o crime bárbaro, como um lapso pronominal.

Perguntado, porém, se pretendia se retratar, pedir desculpas, ajoelhar no milho, qualquer coisa, o cidadão partiu para ignorância, atacando covardemente este repórter que não usa gravata-borboleta à toa. “Por que eu me retrataria? O que fiz de errado? Se eu chamar você de você, você também vai me processar?”, argumentou ele, provocando este repórter que, por acaso, também se identifica como “senhor”. Ops, caiu uma lágrima aqui.

Paulo Polzonoff Jr. é jornalista, tradutor e escritor - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

A CNBB “descobriu” que Lula tem (digamos assim) problemas com a verdade. - Percival Puggina

Lula, durante a campanha eleitoral, se posicionou, em quase tudo, conforme a conveniência do momento.  
No caso do aborto, ora era favor, ora contra o abortamento voluntário.  
Quando lhe convinha, afirmava ser o aborto um problema de saúde, um direito da mulher, algo que elas deveriam poder fazer sem se envergonhar. Quando lhe convinha o oposto, se dizia contrário ao aborto e defensor da vida.

Sua campanha, inclusive, entrou em juízo para obrigar a de Bolsonaro a retirar do ar um vídeo em que era divulgada a posição pró aborto do candidato petista. Por ordem judicial, a matéria não mais foi reproduzida.

Agora a CNBB emite nota em que admite ter acreditado nas palavras do novo presidente da República. Em certo momento, o texto afirma: “Assim, as últimas medidas, a exemplo da desvinculação do Brasil com a Convenção de Genebra e a revogação da portaria que determina a comunicação do aborto por estupro às autoridades policiais, precisam ser esclarecidas pelo Governo Federal considerando que a defesa do nascituro foi compromisso assumido em campanha”. 

Desculpem as autoridades eclesiásticas, mas ninguém mandou acreditar no Lula. Não pode ter passado ao largo de suas observações as declarações explícitas dele sobre o assunto.
O novo governo está em seus primeiros momentos. Apenas 18 dias transcorreram e a questão do aborto já entrou pela terceira vez no noticiário provocado pelo próprio Palácio do Planalto com suas ações, ou com a transcrição de manifestações da ministra da Mulher. 
Num de seus primeiros pronunciamentos, ela especulou sobre o que poderia acontecer com o debate sobre aborto na futura composição do Senado e afirmou, provocando reação de Rodrigo Pacheco, que o próximo Senado, mais “conservador e bolsonarista, significaria mais recuos do que avanços na questão do aborto.

Ao acreditar em Lula, a CNBB ouviu dele apenas a parte que lhe conveio, escolheu o que ouvir. Contudo, não faltavam evidências no sentido oposto! Agora, naquela fase em que todo governo trata de dizer o que pretende, expondo suas prioridades, essa importante questão humana está e vai ficar na mesa por uma razão que só os muito ingênuos desconhecem: o aborto é pauta da esquerda que assumiu o poder no Brasil e essa esquerda não desiste de seus objetivos. Reitero meu velho bordão: os ingênuos estão na cadeia alimentar dos mal-intencionados.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Colorado: “eles” mataram gays - Rodrigo Constantino

VOZES - Gazeta do Povo

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Mais um tiroteio, desta vez em Colorado Springs, numa boate gay. Cinco pessoas morreram e várias ficaram feridas. Imediatamente a mídia mainstream identificou o culpado: todo conservador que é contra ideologia de gênero, uso de drag queens para "educar" crianças etc.

A imprensa nem esperou aparecer informação sobre o suspeito: a culpa só pode ser "deles", da direita "reacionária", de Ben Shapiro, de Tucker Carlson, dos republicanos. Com seu "discurso de ódio", claro que são eles os responsáveis por esse tipo de crime, de "homofobia".

Basicamente todos os comentaristas "progressistas" da imprensa mergulharam nessa narrativa, sem aguardar os fatos. Mas a realidade se impõe, e ocorre que o atirador é alguém que se identifica como "não-binário", não usa os pronomes conhecidos, não respeita a ciência biológica. Deu "bug" na imprensa.

Então quer dizer que foram "eles" que mataram os gays, não os conservadores, mas o doente mental que não se considera homem nem mulher? E agora, José? O que fazer com esse tipo de informação? Como encaixar isso na narrativa padrão que já estava pronta antes mesmo de qualquer coisa sobre o assassino?

O doente mental havia ameaçado a própria mãe meses antes com uma bomba caseira! Talvez aí pudéssemos buscar alguma informação útil. Seu pai era um drogado que foi preso várias vezes, a mãe não era muito diferente. Opa! Total falta de estrutura familiar, problemas psiquiátricos, talvez esse fosse o melhor caminho para puxar o fio e tentar compreender mais um tiroteio em massa?

Mas não! Para a esquerda, a culpa é sempre da direita, das armas ou do bullying. Como o atirador se revelou um "não-binário", ficou complicado associa-lo aos conservadores.  
Então restou agora mudar totalmente a narrativa para apontar o bullying como o responsável. 
De alguma forma é preciso condenar a direita e seu "discurso de ódio". Se você é contra a ideologia de gênero, então claro que só pode ser o culpado por quem atira em homossexuais numa boate!

É tudo muito podre, asqueroso, mas é o que a esquerda vem fazendo com mais e mais frequência, esgarçando o tecido social. No Brasil não é diferente. Após o atentado numa escola em Aracruz, Espírito Santo, imediatamente surgiram narrativas culpando a direita bolsonarista pelo ocorrido. Essa gente não liga para a realidade ou para as vítimas, só para suas ideologias.

O mesmo vale até para as agressões verbais. Se Gilberto Gil é hostilizado, isso é prova do ódio da direita, de como esses seres raivosos ameaçam a paz e a tolerância. 
Mas quando os hostilizados são ligados aos conservadores, aí tudo bem. Ficamos assim: pode hostilizar e xingar Neymar, Cássia Kiss e Regina Duarte, mas se fizer o mesmo com algum petista, cadeia nele!

Tudo passou a ser pretexto para condenar a direita e clamar por controle das redes sociais, censura. É uma desculpa esfarrapada, uma narrativa furada. 

Mas a falta de compromisso com a verdade nunca parou a sede de controle dos esquerdistas. Eles não ligam para nada disso. Só para a sinalização de falsa virtude e o poder.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Quando quase ninguém se importa. - Percival Puggina


“As coisas desmoronam e acontecem por estupidez e descuido.” (John Sanford)

Se você, cidadão consciente, conservador e liberal, patriota, considera parte de seu dever de casa dar uma espiada nas vitrines da concorrência, provavelmente já percebeu que o Congresso Nacional a ser empossado em fevereiro não será notavelmente diferente do atual. O mercado está aberto para as mercadorias da política nacional.

A perspectiva de que Lula – oh céus! – seja empossado na presidência já comanda as decisões das agremiações políticas. Arthur Lira e Rodrigo Pacheco negociam as respectivas reeleições. A “maioria conservadora” perdeu a totalidade do centrão. Há sinais claríssimos de que as melancias ideológicas se vão reacomodando na carroça brasiliense e os cargos, se não existem, vão sendo criados para atender a demanda. Certo como a morte, o prejuízo será nosso.

Independentemente do que venha a acontecer no curto prazo, e o prazo encurta no tic-tac do relógio, considero indispensável que a janela da realidade, ou o palco, ou o picadeiro (como queiramos) sirva para ver toda a malícia de um sistema político que não funciona para a democracia, mas para os agentes políticos, ou atores, ou acróbatas (como queiramos). É graças a esse sistema que os eleitores trocaram uns por outros, mas – surpresa! – não deu muito certo. Mais uma vez, é reduzido o número de parlamentares de quem se pode dizer com admiração – “Esse me representa!”.

O que me dá uma canseira na alma é tão poucos darem importância a um problema desse tamanho! 
A inteira campanha eleitoral transcorreu num verdadeiro caos institucional, mas quase ninguém escolheu seu congressista levando em conta a necessidade de reformar as instituições. 
A imensa maioria dos cidadãos considera tratar-se de “caveira de burro” azarenta, sempre presente
No entanto, é pura e simples subordinação do jogo à regra do jogo. 
E tudo se agrava porque, mais recentemente, o juiz do jogo também gosta de bater sua bolinha, tem time do coração, entra em campo e dá botinada no adversário.
 
Não bastasse isso, sob o ponto de vista do poder político, nossa “democracia” é comandada pelos interesses de uns poucos.  
No Congresso, as decisões são tomadas pelos presidentes do Senado e da Câmara, e por uma dúzia de líderes em cada uma das duas casas. 
São 26 pessoas que regem 596 congressistas. 
Ponha mais sete ministros que formam a maioria politicamente alinhada no STF e o presidente da República e verá que 36 pessoas dirigem o show. Nota: se isso lhe parece desproporcional, não perca de vista o fato de que hoje uma, apenas, dirige tudo e só se aposenta em 2043.

Não tenho espaço neste artigo para discorrer sobre reforma política, tema sobre o qual tanto já escrevi. Apenas aproveito a cena do “acidente” para dizer que ele não é casual. Há motivos institucionais mais do que suficientes para se reproduzir indefinidamente.

É o que acontece quando quase ninguém se importa.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Minas Gerais votou em Lula ... e na direita. Como é possível?

Paulo Polzonoff Jr. 

O Mistério do voto mineiro

Nas eleições deste ano, Minas Gerais elegeu o deputado federal mais votado do país, o jovem conservador Nikolas Ferreira. Não satisfeitos, os mineiros elegeram para o Senado Cleitinho, aliado do presidente Jair Bolsonaro. E, por fim, elegeram no primeiro turno o liberal antipetista Romeu Zema, do NOVO. Ainda assim, no estado do pão-de-queijo Lula venceu Bolsonaro por uma diferença de 600 mil votos. Como é possível?

 

              Minas Gerais votou em Lula ... e na direita. Como é possível?

Paulo Polzonoff Jr., 

 

terça-feira, 4 de outubro de 2022

O recado do STF a Pacheco e o seu futuro em novo governo - O Globo

Magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) relatam não veem um “futuro fácil” para a corte, seja com Lula ou Bolsonaro como presidente. A avaliação feita por um ministro à coluna é que os membros da corte devem se mobilizar para entrar em “maior sintonia” com a sociedade e buscar união interna para fortalecer a instituição. [em nossa opinião, com o petista  o STF vai ter sempre presente que, devido uma suprema decisão, um criminoso preside o Brasil - foi descondenado  por uma decisão da Suprema Corte, que não o inocentou.
Com Bolsonaro entendemos que a situação será bem mais tranquila, sem remorsos,  já que o presidente vai jogar dentro das 'quatro linhas'  da Constituição, condição que permite já em 2023 nomear dois ministros para o STF. 
Para sorte do  Brasil e dos brasileiros, a primeira hipótese não será concretizada =  no próximo dia 30, Bolsonaro será reeleito e, na sequência, diplomado e empossado e, por óbvio, iniciará um governo = governando.] 

Esse sentimento já existia antes da eleição, mas foi reforçado após o primeiro turno, com o crescimento de bancadas conservadoras no Congresso Nacional alinhadas ao bolsonarismo. Outro ministro apontou que, agora, é momento de “reflexão e união” junto aos colegas.

Para os magistrados, a presidência da Rosa Weber colabora para a construção de um ambiente interno mais amistoso e de menos disputas internas. Pesa a favor disso o fato de Rosa Weber ser discreta, ter boa relação com todos os integrantes da corte, não ser afeita a articulações de bastidores e de permanecer só por mais um ano no Supremo, pois se aposenta em 2023.

Existe, no entanto, a avaliação de que, num cenário de reeleição de Bolsonaro, a corte será mais pressionada. Isso porque a permanência do presidente é vista pela maioria dos magistrados como uma espécie de “aval” de parte da população às críticas e ataques direcionados ao tribunal. [parte formada pela maioria, e em uma democracia, sob o 'estado democrático de direito' a vontade da maioria prevalece.]  Em 2023, o próximo presidente escolherá dois novos integrantes para o STF, com as aposentadorias dos ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. 

Bela Megale

O recado do STF a Pacheco após a eleição de maioria bolsonarista para o Senado

O Senado é a Casa que pode conduzir processos de impeachment de ministros do STF

O alerta entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (TSE) acendeu na noite deste domingo, com os nomes eleitos para o Senado. Das 27 vagas na Casa, 14 foram preenchidas por nomes apoiados por Bolsonaro, que tem histórico de ataques à corte. Logo, os magistrados já fizeram chegar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a importância que ele terá à frente no posto. [lembramos o mandato de Pacheco, como presidente do Senado, termina no inicio de 2023 e o esperado e altamente provável é a eleição de outro senador, escolhido pela maioria do Senado.]

Na avaliação desses ministros, a vitória do bolsonarismo nas urnas fará com que Pacheco tenha que reforçar – agora, em um ambiente de maior divisão – sua posição em defesa da democracia e contra retrocessos nas chamadas pautas de costumes. Vale lembrar que o Senado é a Casa que pode conduzir processos de impeachment de integrantes do STF. O presidente Bolsonaro chegou a pedir o impeachment de Alexandre de Moraes, no ano passado, o que foi prontamente rejeitado por Pacheco.

A avaliação entre a maioria dos ministros da corte é que a eleição deste domingo transformou o Congresso em um campo conservador nunca visto no período democrático do país. Magistrados apontam que esse cenário exigirá de Pacheco uma postura firme e contundente à frente da Presidência do Senado. Além disso, o parlamentar conta com mais um desafio: assegurar sua reeleição no ano que vem.

Dos 14 eleitos para o Senado com o apoio de Bolsonaro, quatro são ex-ministros de seu governo: Rogério Marinho (RN), Marcos Pontes (SP), Tereza Cristina (MT) e Damares Alves (DF). Há também o ex-secretário Jorge Seif (PL-SC), o vice-presidente, Hamilton Mourão (RS-Republicanos), e aliados como Cleitinho (PSC-MG), Romário (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Wilder Morais (PL-GO), Wellington Fagundes (PL-MT), Jaime Bagattoli (PL-RO), Dr. Hiran (PP-RR) e Dorinha (UB-TO).

Boa parte do grupo é considerada bolsonarista raiz e identificada com as pautas mais extremas do governo, como negacionismo científico e radicalismo religioso. Isso reforça, entre os ministros do STF, o receio de possíveis retrocessos em áreas como educação, saúde, meio ambiente e segurança.[retrocessos? que tal adequação à vontade da maioria dos brasileiros? não pode ser olvidado que , os deputados e senadores bolsonaristas foram eleitos, em eleições reconhecidas por como livres e democráticas = o empenho do STF e TSE foi para que assim ocorresse.]

Além dos novatos, seguem na bancada bolsonarista nomes como Carlos Portinho (PL-RJ), Carlos Viana (PL-MG), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Jorginho Mello (PL-SC), Marcos Rogério (PL-RO) e Zequinha Marinho (PL-PA). Apesar da ligação com o bolsonarismo, a maior parte votou em Pacheco para a Presidência do Senado. [talvez por não esperarem que Pacheco fosse um omisso.] 

(...)

Bela Megale, colunista -  O Globo


sábado, 13 de agosto de 2022

Decisão que vetou Bolsonaro genocida ‘atropelou’ integrantes do TSE - Malu Gaspar

O Globo

Com a decisão que mandou remover vídeos em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chama Jair Bolsonaro (PL) de “genocida”, o ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se antecipou a colegas que receberam ações semelhantes sobre o mesmo assunto e impôs o seu entendimento sobre um tema em que ministros pensam de forma contrária.

A decisão de Araújo foi duramente criticada por integrantes do TSE e por especialistas ouvidos pela equipe da coluna, que avaliam que ela ameaça a liberdade de expressão. [COMENTÁRIO:curioso que integrantes do TSE considerem ameaça a liberdade de expressão impedir que chamem o presidente da República de 'genocida' - acusação feita sem nenhuma prova - e o mesmo TSE proíbe chamar o 'descondenado' petista de ladrão - crime pelo qual foi condenado em três instâncias e e por nove magistrados. Em manobra jurídica o petista foi descondenado, porém, não foi inocentado. Contra Bolsonaro uma régua, contra  Lula outra.
Justiça exige imparcialidade, isenção. Justiça parcial e sem isenção,  não é Justiça.] 

Para eles, tanto vídeos em que Bolsonaro é atacado como peças em que sejam feitas críticas a Lula, devem ser analisadas com cuidado. A decisão de Araújo, portanto, abre um precedente perigoso, conforme informou O GLOBO.

A equipe da coluna apurou que, nos bastidores, integrantes do TSE estavam costurando um entendimento em sentido radicalmente contrário ao de Araújo na corte ou seja, para manter os vídeos no ar – e acabaram "atropelados" pela decisão. Isso aconteceu porque os pedidos da campanha do PL para que as falas de Lula contra Bolsonaro saíssem do ar não ficaram todos concentrados com Araújo. [Nos perdoem pela ignorância em não entender as razões que motivam que denúncias contra Bolsonaro vão em sua maioria para o ministro Moraes - dispensando o sorteio regimental -  e as contra seus adversários são distribuídas entre os ministros.] Foram distribuídos entre todos os três ministros que cuidam das questões de propaganda. “Nós estamos no período de pré-campanha e essas críticas fazem parte da democracia. Ainda que estivéssemos no período eleitoral, a propaganda negativa, em que são feitas críticas ao adversário, é lícita”, opina o advogado Renato Ribeiro de Almeida, membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).

“Não são apenas propostas que são permitidas, as críticas podem sim ser feitas aos opositores, a quem está exercendo o mandato, por mais ácidas que sejam. Isso não constitui, de forma alguma, qualquer ilícito eleitoral”, acrescenta.

Raul Araújo é ministro substituto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nomeado na cota do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Foi indicado ao STJ em 2010 por Lula, mas é considerado um conservador bolsonarista por três ministros ouvidos pela equipe da coluna. A avaliação de uma ala do TSE é a de que a Corte deve ter uma atuação mais contida na campanha, não cabendo à Justiça Eleitoral funcionar como uma espécie de moderadora onipresente do debate político.

Araújo já havia contrariado os colegas em outra decisão polêmica,[qual seja: favorável ao presidente Bolsonaro.]  em março deste ano – quando proibiu manifestações políticas de artistas durante o festival Lollapalooza, o que funcionou na prática como uma censura aos músicos.

A canetada de Araújo também deixa outras questões em aberto: o que acontece agora com outros vídeos, de qualquer outro brasileiro, em que Bolsonaro é chamado de “genocida”? Também terão de sair do ar? E se opositores do Planalto fizerem, por exemplo, um tuitaço com o adjetivo indigesto, todas as postagens estão ameaçadas de censura?

Dentro da Corte, a decisão levou a uma discussão que tende a resultar no envio do assunto para o plenário, para que seja fixada uma tese consensual que nortearia a atuação de todos os ministros. Na prática, isso evitaria que os magistrados tomem decisões individuais diferentes em relação à mesma controvérsia.É possível detectar aparente ofensa à honra e à imagem de pré-candidato ao cargo de presidente da República, porquanto a conduta de imputar a determinado adversário político o atributo de genocida poderia, em tese, configurar crime de injúria ou difamação”, escreveu Araújo ao justificar a remoção dos vídeos.

Para Araújo, os participantes do processo eleitoral “devem orientar suas condutas de forma a evitar discursos de ódio e discriminatório, bem como a propagação de mensagens falsas ou que possam caracterizar calúnia, injúria ou difamação”.

A decisão sobre “Bolsonaro genocida” também trouxe à tona um controverso e recente julgamento do TSE, em que os limites da liberdade de expressão foram discutidos pelos ministros.

Em maio do ano passado, o TSE condenou um contador do Maranhão por divulgar no Instagram um vídeo repleto de críticas ao ex-governador Flávio Dino (PSB), chamado de ladrão e retratado como nazista. O placar foi apertadíssimo contra o contador 4 a 3 para condená-lo por propaganda eleitoral antecipada, de cunho negativo.

Um dos quatro votos para condenar o contador veio justamente de Alexandre de Moraes. Na época, o ministro alegou que “talvez as redes sociais tenham tornado tão banais essas ofensas e perseguições que há um momento em que há necessidade de se mostrar que as milícias digitais não atuam em terra de ninguém”. “Por mais trabalho que isso possa dar, há necessidade de demonstrar, desde já, que nas eleições do ano que vem (deste ano), a Justiça Eleitoral não vai permitir que haja uma terra de ninguém”, disse Moraes na ocasião.

O então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, considerou o vídeo apenas uma "manifestação de cidadão comum em rede social", se posicionando contra a punição do contador. Na época, o diretório maranhense do PC do B (ex-partido de Dino) acionou a Justiça sob a acusação de que Everildo utilizou o Instagram “com o intuito de denegrir (sic) e rebaixar a imagem política do governador”, argumento semelhante ao usado agora por Bolsonaro contra Lula.Para a campanha de Bolsonaro, a palavra “genocida” "não é um adjetivo qualquer, mas sim palavra de conteúdo pejorativo gravíssimo".

Rafael Moraes Moura - Malu Gaspar, coluna em O Globo

 

sábado, 30 de julho de 2022

O resgate do juiz - Rodrigo Constantino

Revista Oeste 

Antonin Scalia, magistrado da Suprema Corte dos EUA, nunca teve a pretensão de saber mais do que as leis 

Antonin Scalia, ex-juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
Antonin Scalia, ex-juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
 
Antonin Scalia foi juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos de 1986 até a sua morte, em 2016. 
Nomeado pelo presidente Ronald Reagan, Scalia foi descrito como a âncora intelectual do originalismo e do textualismo na interpretação da Constituição dos Estados Unidos. 
Eis aí alguém que os nossos “magistrados” do STF deveriam ler. “Enquanto os juízes mexerem com a Constituição para ‘fazer o que as pessoas querem’, em vez do que o documento realmente comanda, os políticos que escolherem e confirmarem os novos juízes, naturalmente, quererão apenas aqueles que concordam com eles politicamente”, disse Scalia. O juiz constitucionalista, afinal, não está ali para “empurrar a história”, mas, sim, para proteger a Constituição.

Se você for um juiz bom e fiel, você deve se resignar ao fato de que nem sempre vai gostar das conclusões a que você chega. Se você gosta delas o tempo todo, provavelmente está fazendo algo errado”, constatou Scalia. O juiz não está lá para impor a sua visão de mundo, mas, sim, para se ater ao que diz a lei.

Scalia foi o primeiro justice de origem italiana, e era um conservador originalista, ou seja, levava muito a sério a intenção dos “pais fundadores” ao legarem a Constituição como espinha dorsal da lei no país que criaram, em vez de considerar o documento um “organismo vivo” a ser moldado pelo modismo, ou pela “voz das ruas”. “As palavras têm significado. E o seu significado não muda”, dizia.

O juiz não está lá para impor a sua visão de mundo, mas, sim, para se ater ao que diz a lei

Católico, amante de ópera, dono de refinado bom humor e com uma postura de cavalheiro, Scalia foi casado por meio século com Maureen, com quem teve nove filhos. Scalia morreu aos 79 anos de idade, em 2016, num rancho no Texas, onde estava com outros membros de um grupo de caça. Um de seus filhos, Christopher, reuniu inúmeros discursos do pai, com a ajuda de um assessor, no livro Scalia Speaks, que engloba reflexões não só sobre o Direito legal, mas sobre a fé e uma vida bem vivida.

O prefácio foi escrito por Ruth Ginsburg, que também foi juíza da Suprema Corte e de inclinação “progressista”. As divergências ideológicas não impediram a amizade e o respeito mútuo entre ambos, algo que já serve como primeira lição para os tempos atuais, em que qualquer desacordo político já é pretexto para romper relacionamentos. Boas pessoas podem chegar a conclusões diferentes, e as instituições podem se beneficiar de tal pluralidade.

Além disso, o próprio Scalia gostava de desafiar crenças estabelecidas. Não por ser do contra, mas por entender que era fundamental inspirar nos outros a dúvida, o desejo de questionar suas premissas e de buscar a verdade. O processo de procurar a resposta, de pesquisar, é aquele que estimula a mente. Novas analogias ocorrem, novas avenidas se abrem, e os insights surgem por meio desse processo.

De origem italiana, Scalia também foi um grande patriota, e identificava os principais valores que representavam a América. Tinha humildade para reconhecer que os melhores de hoje, os mais bem-sucedidos, subiram em ombros de gigantes do passado. Ele entendia como é difícil criar uma grande sociedade, enquanto é muito fácil, por meio de intrigas bobas internas ou do fracasso de confrontar ameaças externas, perdê-la. A América merece ser preservada.

E quais seriam esses valores que fazem dela uma grande nação, e que os italianos teriam colaborado para alimentar? Em primeiro lugar, a capacidade de trabalhar duro; em segundo lugar, o amor pela família; em terceiro lugar, o amor pela igreja, ou a fé religiosa; e, por fim, como resultado dos demais, um amor pelos prazeres físicos simples da existência humana, como boa comida, música e, claro, vinho.

Scalia gostava de desafiar crenças estabelecidas. Não por ser do contra, mas por entender que era fundamental inspirar nos outros a dúvida

Com isso em mente, Scalia se sentia orgulhoso da herança cultural italiana, e mesmo assim se sentia 100% norte-americano. Imigrantes jamais deveriam ser ingratos com a América. Se trouxeram contribuições, também receberam muita coisa em troca. A começar pela tolerância para com essas diferenças, algo um tanto único nos Estados Unidos, um “caldeirão” cultural. E o que faz alguém norte-americano não é o sangue, o local de nascimento ou o nome, mas, sim, a crença nos princípios da liberdade e da igualdade de todos perante as leis.

Um dos pontos mais fortes da nação, para Scalia, é justamente o fato de pessoas com credos distintos, etnias diferentes, origens diversas, unirem-se em prol de ideais comuns e aprenderem não só a tolerar, mas a respeitar o outro. Mas nada disso pode ser tomado como garantido. Scalia lembrava que o progresso moral não segue o material, e que a Alemanha que produziu o nazismo foi a mesma que se destacava nas ciências, na filosofia, na música ou na educação pública. O fato de que o Holocausto ocorreu nesta nação deve servir sempre como alerta aos que confundem avanço científico ou material com valores morais ou espirituais.

Por mais que a América seja fruto do legado da Europa, Scalia também gostava de destacar as diferenças entre ambos, apontando valores que os norte-americanos tinham e estavam ausentes no continente europeu. A Constituição escrita pelos fundadores tinha como meta justamente impedir muitos dos equívocos que enxergaram no Velho Continente. A começar por um ceticismo bem maior em relação ao governo, buscando criar mecanismos de pesos e contrapesos para mitigar o potencial estrago causado pelo Estado.

Os meios para perseguir os fins é que variam bastante, e o diabo está sempre nos detalhes. Os norte-americanos demonstraram ao longo do tempo um apreço maior pela defesa das liberdades individuais, pela liberdade de expressão e religiosa, garantida na Primeira Emenda, pelo direito de ter armas, garantido na Segunda Emenda e que visava à proteção do povo contra o risco de tirania do governo.

O aspecto religioso também difere; enquanto a Europa se torna cada vez mais secular, os norte-americanos seguem conscientes daquilo que seus “pais fundadores” sabiam: que um povo livre precisa de um arcabouço moral, e que este depende da religião. John Adams, Benjamin Rush e George Washington enfatizaram inúmeras vezes a importância desse pilar para a sobrevivência da República.

Por fim, a importância vital do “rule of law”, um Estado de Direito em que todos devem responder às mesmas regras. Scalia citava em seus discursos um trecho de O Homem que Não Vendeu a Sua Alma, filme de Robert Bolt sobre Thomas More, em que o santo justifica o benefício legal até para o diabo. A passagem é memorável, pois More faz uma defesa incrível do império das leis dos homens, lembrando que não é Deus para julgar acima delas, e que atalhos ilegais para punir quem se sabe ser uma pessoa ruim colocam em risco o próprio arcabouço que protege os inocentes:

“Oh? E quando a última lei caísse, e o Diabo se virasse para você — onde você se esconderia, Roper, as leis estando todas abaixo? Este país está enraizado com leis de costa a costa — as leis do homem, não as de Deus — e, se você as derrubar — e você é o homem certo para isso —, você realmente acha que poderia ficar de pé contra os ventos que soprariam então? Sim, eu daria ao Diabo o benefício da lei, para minha própria segurança”.

Isso sim era um juiz de verdade! Scalia era um pilar do conservadorismo na Suprema Corte dos Estados Unidos. Ele nunca teve a pretensão de saber mais do que as leis, e jamais misturou sua importante função de aplicá-las com aquela dos legisladores, que as criam. Tal humildade demonstrava enorme força, ao contrário da arrogância autoritária de alguns ministros supremos brasileiros, que expõe somente sua fraqueza moral.

Leia também “A seita da urna eletrônica”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 22 de julho de 2022

E se Alexandre de Moraes caísse do cavalo? - Gazeta do Povo - Vozes

Paulo Polzonoff Jr. 

Terça-feira (19). Estou cansado. E, confesso envergonhadamente, estou tomado por um cinismo infeliz acumulado ao longo de décadas. É assim que enfrento o friozinho para entrar num culto evangélico pela primeira vez em trinta anos. A denominação – Igreja Batista da Lagoinha – é totalmente desconhecida para mim. "Vamos ver o que é que acontece", penso, a título de automotivação. Antes, permita-me esclarecer o “cinismo infeliz”.

Depois de 30 anos, fui a uma igreja evangélica. Enfrentei meus próprios preconceitos e saí de lá pensando: e se Alexandre de Moraes tivesse uma revelação? - Foto: Montagem de Eli Vieira

Não apenas acumulado, esse cinismo infeliz foi cultivado ao longo de três décadas.  
A origem, eu a localizo na igreja evangélica que eu era obrigado a frequentar enquanto pré-adolescente. 
Durante um tempo, achava que o problema estava na obrigatoriedade. Depois, entendi que eram outras coisas, sobretudo a música ruim e as pregações que misturavam religião e política, sem falar no moralismo sexual que definitivamente não comovia um menino pubescente.

Depois vieram anos e anos consumindo jornalismo e entretenimento que retratavam o mundo evangélico como um amontoado de gente na melhor das hipóteses ignorante e na pior, mal-intencionada. Por fim, teve aquela tarde de domingo em que, sem nada melhor para fazer e movido por uma curiosidade mórbida, liguei a TV para acompanhar o culto de um desses pastores caricatos – e fiquei assustado com a caricatura que vi.

Me sentei na antepenúltima fila. Cruzei os braços. Não estava mal-humorado nem nada. Era só meu jeito de esperar. A todo instante, porém, era levado a estender a mão e abrir um sorriso para os desconhecidos que vinham me cumprimentar com o “paz, irmão” que não ouvia há 30 anos. Já aí desmoronou o cinismo infeliz. “Como fazem falta gestos assim, de generosidade desinteressada”, pensei.

Começou o culto. Não havia liturgia alguma. Tudo era muito espontâneo – e não sei direito o que pensar a respeito disso. Digo, sou católico e conservador; gosto da Tradição. Mas havia tanta boa intenção nessa espontaneidade que era difícil não admirá-la. A primeira meia hora foi tomada por músicas bem melhores do que as que animavam os cultos da minha época. Destaque para uma moça de dreads coloridos que cantava divinamente bem e com um fervor digno de sinceros aplausos.

Depois das músicas vieram pastores que, alternadamente, oraram cada um por uma causa: família, saúde, trabalho (não dinheiro; trabalho) e Pátria. Ao meu redor, chamou a atenção a sinceridade com que as pessoas pediam e sobretudo agradeciam. Pensei que naquele exato momento alguém mais cínico e infeliz do que eu provavelmente estava entrando nas redes sociais para reclamar, reclamar, reclamar – num rito semelhante ao de uma oração blasfema. E até por isso me senti cercado por pessoas de bem.

Improvável
Por fim, começou a pregação. Não sem antes o pastor pedir que a bandeira do Brasil fosse mantida no telão. Intitulada “Deus Capacita os Improváveis”, a pregação foi feita tendo por base a história de Davi e a conversão do apóstolo Paulo ao Cristianismo. (A coincidência dos nomes não me escapou). E foi ao longo do monólogo que durou uma boa hora que refleti sobre a possibilidade de Alexandre de Moraes cair do cavalo.

Paulo, talvez você se lembre das aulas de catecismo, teve uma epifania e “caiu em terra”. Ou seja, ele pode ter mesmo caído do cavalo, como popularmente se diz, mas pode muito bem ter “caído da própria altura”. Não importa. O que importa é que um homem que antes perseguia os cristãos se tornou um cristão perseguido por pregar os valores que, como bem expõe Tom Holland no obrigatório “Domínio: o cristianismo e a criação da mentalidade ocidental”, moldaram a Civilização que nos rodeia.

O que aconteceria se um ministro do STF passasse pela mesma experiência e mudasse completamente de ideia? 
E aqui acredito que valha um aviso: sou totalmente responsável por essas elucubrações que associam a história bíblica ao Brasil do ano da Graça de 2022. 
O pastor jamais mencionou o nome de qualquer autoridade. Até porque o objetivo dele era alcançar o homem comum, e não tecer considerações jurídico-políticas.
 
Imaginei o pedido de desculpas, os debates sobre a sinceridade ou não de um arrependimento, uma turma se sentindo traída e a outra desejando vingança. Imaginei, porque imaginar é o que faço de melhor, o martírio por que passaria o ministro ao substituir o voluntarismo maquiavélico pelo que é belo & moral. Pelo que é correto e justo. 
 Ou ao menos pelo que é constitucional. 
E, já que estava no embalo, imaginei até um Alexandre de Moraes asceta, a barba comprida adornando a cabeça calva, envolto nos retalhos de sua autoridade togada, imerso numa redenção para nós talvez incompreensível.
 
Alexandre de Moraes é um dos “improváveis” de que falava o pastor. A lógica (cínica, infeliz e elementar) nos leva a crer que ele jamais alcançará qualquer epifania que o desvie do caminho autoritário que vem trilhando
E eu estaria mentindo se dissesse que tenho esperança de que esse milagre venha a se concretizar. 
Assim como aconteceu com o apóstolo Paulo e incontáveis pessoas que não figuram nem na Bíblia nem nas manchetes dos jornais, o poder tende a despertar o que há de pior nas pessoas. Uma tentação que os vaidosos têm ainda mais dificuldade para rejeitar.
 
 Paulo Polzonoff Jr. é jornalista, tradutor e escritor. - Gazeta do Povo - VOZES - MATÉRIA COMPLETA
 

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Agressão à liberdade - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Constrói-se no Poder Judiciário, no MP e no Congresso um sistema de perseguição oficial a adversários

O Brasil vive um tempo escuro para o exercício da liberdade política – um dos piores, possivelmente, que já teve em sua história moderna. Não estão mais em vigor o AI-5 e outras leis de repressão à atividade pública, mas constrói-se com empenho no Poder  Judiciário, no Ministério Público e no Congresso Nacional, dia após dia, um sistema de perseguição oficial aos adversários políticos, às ideias não aprovadas nos consórcios onde se decide hoje o que é o bem e o mal para a sociedade e a tudo aquilo que, de uma forma ou de outra, pode ser considerado como conservador, ou “de direita”.

As garantias constitucionais e os direitos individuais do cidadão são cada vez mais ignorados nessa ofensiva. Ou, mais precisamente, está sendo criado no Brasil um sistema legal com duas faces, em que as regras são aplicadas de acordo com as atitudes políticas de cada um. 
Uma parte dos cidadãos, por este ordenamento, tem direito à proteção da lei; 
outra, aquela que o mecanismo judicial-parlamentar (e seus aliados) considera “nociva à democracia”, não tem. Ou melhor: pode ter ou não ter, conforme o caso, mas isso não dá segurança legal para ninguém – ou a lei vale sempre, e de forma igual para todos, ou não vale.

As agressões à liberdade se repetem com frequência cada vez maior, e pegam cada vez mais gente. No presente momento, seis deputados no pleno exercício de seus mandatos, e legalmente protegidos por imunidades parlamentares, estão indiciados como réus na investigação da “CPI da Covid” – uma violência grosseira do sistema contra representantes eleitos do povo que não cometeram nenhum crime, mas são inimigos políticos. Há um deputado federal e o ex-presidente de um partido na cadeia sem culpa formada, sem data para sair e sem que tenham sido presos em flagrante. Pede-se a extradição de um jornalista, que se refugiou nos Estados Unidos para escapar à uma prisão política imposta pelo STF, como se fosse um criminoso procurado pela Interpol. Prendem um motorista de caminhão como ameaça à democracia.

Foi apresentado à Justiça um pedido realmente extraordinário, exigindo que o presidente da República seja proibido de se manifestar nas redes sociais, agora e sempre.  
Não se está pedindo punição por algo que, objetivamente, ele já tenha dito;  
a exigência é puni-lo por coisas que o homem ainda não disse, uma censura preventiva inédita e, particularmente, estúpida. Como nos outros casos, a ideia é que “gente assim” não pode ter os mesmos direitos – são ruins demais para merecerem a proteção da lei. É um erro.[Opinião UM: a Constituição Federal proíbe no Brasil a existência de penas de caráter perpétuo - criou-se então a prisão perpétua "à brasileira": o cidadão é preso, sem culpa formada, sem condenação e sem data para ser libertado - a única diferença para a prisão perpétua, proibida pela CF, é que na perpétua o cidadão tem culpa formada e é condenado, tudo dentro do devido processo legal.
OPINIÃO DOIS: agora querem criar uma 'conta-corrente' das penas punitivas = o cidadão é punido pela possibilidade de praticar ato  que não é tipificado como crime e fica com um crédito penal; no futuro caso cometa um ato tipificado como crime, da nova condenação é abatido o  disponível no crédito penal.]
 

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


domingo, 4 de outubro de 2020

Esquerda entreguista [e estúpida] aplaude ameaças de Biden. Chego a ter saudades do Brizola

Alexandre Garcia 

Amazônia

Havia tempos em que o presidente dos Estados Unidos julgava que o Brasil era o quintal deles. Pois, o candidato democrata à presidência dos EUA, Joe Biden, expressou isso no debate da última quarta-feira (30) à noite. Biden nos ameaçou com sanções econômicas e falando que vai internacionalizar a Amazônia. Além disso, tentou nos humilhar oferecendo dinheiro para ajudar na preservação da Amazônia. Ele está achando que isso aqui é um quintal. [esse candidato americano, escalado para perder, certamente não foi orientado que para  internacionalizar a Amazônia é necessário primeiro invadi-la - guerra sem quartel, metro a metro (sem poder usar armas atômicas = por muitos e muitos anos a imensa floresta, nossa, dos brasileiros, seria um deserto radioativo.

Bombas convencionais, de grande capacidade explosiva, mataria também os indígenas -  que os ambientalistas de gabinete e as ONGs vendidas, apoiados por presidentes de países colonialistas - dizem que querem manter vivos.
Biden é compatriota de Búfalo Bill, portanto... 

Quanto a sanções econômicas, apliquem a primeira e saberão que o Brasil é a  OPEP de alimentos, o celeiro do mundo, e alimentos são mais necessários que petróleo.

Se o primeiro a aplicar sanções for a Noruega, que não serão lá grande coisa, o Brasil já sairá ganhando - terá um motivo para expulsar empresas norueguesas que poluem rios no Pará.]

Eu lembro que a esquerda brasileira, no tempo em que era liderada por Leonel Brizola, era nacionalista e não entreguista. Hoje, boa parte da esquerda apoia o entreguismo da Amazônia.  Por isso, eu fico com o pé atrás quando vejo “coalizões” com banqueiros e supostos agropecuaristas para salvar a Amazônia. Além de ter brasileiros de esquerda fazendo uma propaganda de boicote a produtos feitos no Brasil. Infelizmente, o nacionalismo da esquerda brasileira acabou.

Kassio Nunes será indicado mesmo
O presidente Jair Bolsonaro confirmou a indicação de Kassio Nunes Marques para a vaga a ser deixada por Celso de Mello no STF. O desembargador foi nomeado ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região por Dilma Rousseff, em 2011 — ele foi o mais votado da lista tríplice apresentada pela OAB.


Nascido no Piauí e advogado por formação, Nunes já trabalhou no Tribunal Regional Eleitoral e atualmente está no TRF-1, que tem sede em Brasília e atende um grande número de estados. Neste tribunal, ele obteve destaque por sua produtividade.

É conhecido por votos curtos, ou seja, estaremos livres de 40 a 50 minutos de leitura de voto em futuros julgamentos no STF. Provavelmente, ele vai demorar uns cinco minutos para dizer qual o voto dele. Além de ser conciso e simples, Kassio Nunes é católico e tido como conservador. Bolsonaro o conhece há mais de ano e gosta dele.

Antes de fazer a indicação, o presidente consultou ministros do Supremo e parlamentares do Senado. Apesar de o ministro Marco Aurélio dizer que há preconceito contra o presidente dentro do STF, Bolsonaro deu aos preconceituosos um exemplo de harmonia e respeito à independência entre os poderes ao consultá-los. Bolsonaro disse que não considera que o STF vá hospedar alguém do círculo dele, que é fechado, de assessores e ministros. [por ser um gesto político a consulta do presidente ao STF, desnecessária, já que o presidente é a autoridade competente para indicar nomes para integrar o STF - pela mesma razão expressamos o nosso entendimento, mas aceitamos a decisão soberana do presidente da República Federativa do Brasil].

[um adendo, de comentário sobre o futuro ministro:

“Hoje próximo à família Bolsonaro, Kassio Marques emergiu na magistratura, em 2011, via Quinto Constitucional, graças a uma articulação feita pelo governador do Piauí, Wellington Dias, do PT, de quem é amigo”; "A relação de Kassio com Wellington Dias transcende o lobby para a vaga de desembargador. Quando esteve no Senado, o petista empregou a mulher de Kassio Marques como assessora de seu gabinete. Maria do Socorro Marques segue na casa, agora lotada no gabinete do também piauiense Elmano Férrer, que acaba de trocar o Podemos pelo Progressistas de Ciro Nogueira.”]

No Senado aconteceu a mesma coisa. Bolsonaro nunca ultrapassou as fronteiras do Legislativo, novamente mostra exemplo de respeito à independência e harmonia entre os poderes. Um exemplo que, infelizmente, Paulo Guedes e Rodrigo Maia não estão seguindo. Os dois não param de trocar farpas. O presidente da Câmara chegou a comparar o ministro com a queda de Hitler. [o problema é que o deputado Maia não perde a mania de se intrometer onde não é chamado].

Enfim, a consequência desse bem-estar entre os poderes já se revelou na quinta-feira (1º). O governo ganhou no STF, por 6 votos a 4, o direito de vender refinarias da Petrobras sem a necessidade de consulta ao Congresso. O governo conseguiu a vitória, apesar do voto do relator do processo, Edson Fachin, votar contra o pedido. Entre as refinarias que serão vendidas está a malfadada Abreu e Lima, de Pernambuco.

Rosa quer explicações do Conama
A ministra Rosa Weber está pedindo explicações sobre o cancelamento de resoluções de normas de proteção ambiental, por decisão do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), já que o órgão é de execução e não legislativo. O pedido foi feito pelo PT. Mas a notícia foi deturpada em alguns portais. Disseram que a ministra deu 48 horas para o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, explicar, mas a ordem foi para o Conama, que tem 23 integrantes e deliberou sobre o assunto. [atualizando: a Segunda Instância da Justiça Federal já determinou o cancelamento da liminar que pretendia impedir o Conama de deliberar sobre o Meio Ambiente.

Uma boa providência seria o Conama, destinatário da ordem da ministra, anexar seu Regimento à resposta].

Alexandre Garcia, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes