Além dos jogos de futebol e do
Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, o domingão é dia de mais uma onda
interminável de protestos contra alguns ministros do Supremo Tribunal Federal.
O alvo preferencial é Gilmar Mendes. A galera vai para a rua cobrar o impeachment
do “Dart Vader” (como é chamado nos
bastidores do próprio STF e do Conselho Nacional de Justiça).
Dose para mamute é ouvir Gilmar
botar a culpa nos “robôs do Twitter”, segundo ele “fabricantes de fake news”, e
ainda afirmar: “Eu estou de bem com a vida, sou reconhecido na academia, seja aqui,
onde for, na Alemanha, Portugal, Espanha, Estados Unidos, e seu do meu papel no
Supremo Tribunal Federal”. Definitivamente, o ministro Gilmar parece que atua
em outra dimensão. A robozada vai
pra rua contra quem liberta quem roubou...
Quem também entra na mira dos
críticos, principalmente depois da libertação do companheiro $talinácio, é José
Dias Toffoli. O presidente da Corte Suprema ficou ainda mais na berlinda,
sobretudo a midiática, depois que pediu ao Banco Central a cópia de todos os
relatórios de inteligência financeira nos últimos três anos. No fundo, Toffoli queria informações
sobre quem foram os servidores que promoveram as investigações da Receita
Federal e do antigo COAF, na prática quebrando o sigilo bancário e fiscal de
600 mil pessoas. Nem um contra-pedido do Procurador-Geral Augusto Aras
convenceu Toffoli do contrário. Só que isso não é o fato mais relevante do
momento...
O advogado Raphael Panichi fez
uma interpretação interessante dos ataques mais violentos contra Toffoli: “Acredito
que a mídia e as forças não tão ocultas estão tentando nos pautar com as
notícias e irregularidades do Toffoli; estão requentando matérias para
enfraquecer o Fora Gilmar. Os isentões estão engasgados com a narrativa conspiratória
– Toffoli, Acórdão, Flávio”. O sábio cidadão e ativista digital Panichi
recomenda: “Foco”...
Em meio a uma guerra de todos
contra todos os poderes que tende a se aprofundar, é recomendável entender o
que está por trás do objetivo estratégico de cada envolvido. Desgastadíssimo
perante a opinião pública, o Supremo Tribunal Federal parte para a ofensiva
contra um inimigo nem tão explícito dentro da mafiosa máquina estatal
brasileira: os responsáveis diretos pela pratica hedionda do “rigor seletivo”.
Eles obedecem ao “Mecanismo” do Crime Institucionalizado.
Tocados por alguns ministros e
pela “inteligência” interna da Corte Suprema, devidamente protegidos por
segredos judiciais, os polêmicos inquéritos do STF têm como alvo o que se chama
de “gestapo tupiniquim”. Tratam-se dos operadores do Mecanismo que colhem
dados, investigam sem autorização judicial, processam e perseguem alvos
específicos. Tais personagens agem à sombra da lei. Atendem a interesses
pessoais ou servem a esquemas organizados para ferrar alguém ou um grupo
definido. Eles são a face sombria das fiscalizações e processos administrativos,
policiais ou judiciais.
As “gestapos tupiniquins” estão
aí, aparelhando diversos órgãos estatais, para quem quiser enxergar. Seus alvos
podem ser o cidadão comum, empreendedores e empresários, mas também membros do
Executivo, Legislativo, Judiciário e Militar. Agindo fora de controle da
sociedade, as “gestapos” promovem horrores contra seus inimigos de ocasião. As
“gestapos” usam o regramento excessivo para ferrar qualquer um. Basta que haja “interesse”
(político) para a onda (visível ou quase sempre invisível) de perseguição.
Por isso, o Estado brasileiro
precisa ser reinventado em bases democráticas e absolutamente transparentes,
submetidas a um controle e fiscalização direta por cidadãos eleitos para tal
finalidade e com mandato definido. O jurista Antônio José Ribas Paiva sugere a
criação de corregedorias compostas por eleitores, sorteados, para um trabalho
de três anos. Afinal, a contrapartida da outorga do poder é a fiscalização de
seu exercício. Precisamos, urgentemente, de pesos e contrapesos democráticos.
Resumindo: As “gestapos” estão
aí... Combatê-las não é fácil. Aliás, o Estado-Ladrão não quer acabar com
elas... Muito pelo contrário, deseja mantê-las operando, porque elas servem aos
esquemas de rigor seletivo... As “gestapos” operam em ritmo de pragmatismo
cínico... Quando detonam seu inimigo, elas servem como instrumento “justiceiro”...
Mas e quando ela arrasa com você ou seus amigos, aliados ou parceiros? Aí o
bicho pega...
O Brasil precisa de Justiça e Punição
democrática aos infratores e criminosos. O sistema Judiciário e os órgãos de
fiscalização e controle precisam funcionar democraticamente, e não na base do
rigor ou da impunidade seletiva. A guerra de todos contra todos tende a expor e
criar as pré-condições para o desmonte das “gestapos”. Até lá, continuamos
alvos (quase sempre secretos) de escutas ilegais, invasões de computadores e
outras perseguições promovidas pela maquina estatal e seus comparsas
privados... O jogo é jogado...
Transcrito do Alerta Total - Jorge Serrão, jornalista
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