Nunca dá para afirmar que o Rentismo esteja
condenado ao fim em Bruzundanga. O vício de ganhar dinheiro com um mínimo ou
nenhum trabalho, via “aplicação” ou especulação financeira, está arraigado no Brasil
que teve juros altíssimos por décadas. Agora, com tendência de juro baixo (com
remuneração praticamente zero diante da taxa de inflação) parece que a grana
terá de ser direcionada para investimentos realmente produtivos. Tomara...
Enquanto tal esperança (ou milagre) não se
consolida, fica uma pergunta no ar: como fica a situação da Caderneta de
Poupança – considerada uma das aplicações mais populares? Se a principal taxa de
juros (a Selic) ficar igual ou abaixo da inflação (em torno de 4%), a poupança
se transforma em “prejuízo”. Os brasileiros têm, atualmente, R$ 825 bilhões
aplicados na poupança. A modalidade é usada por 66% das pessoas que “guardam
dinheiro” – segundo pesquisas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Fabrizio Gueratto, Financista do Canal 1 Bilhão
Educação Financeira, chama atenção para o problema: “Quando a Selic está abaixo
de 8,5% a poupança sempre vai render 70% desse valor + a Taxa Referencial, que
hoje é zero. Dessa forma, agora o seu rendimento anual é de 3,15%. Se você for
comparar com a inflação acumulada dos últimos doze meses, que é de 3,27%, o seu
dinheiro vai render menos do que os preços aumentam. É o fim da poupança. O
brasileiro precisa se mexer para buscar novos investimentos e em breve irá
impactar também os CDBs com liquidez diária”.Gueratto dá um exemplo didático de como a
inflação pode corroer os ganhos. “Vamos supor que você tenha R$ 2 mil guardados
na poupança por um ano e agora quer comprar um celular de mesmo valor. No
cenário atual da poupança, você não conseguiria comprar esse celular, pois os
seus R$ 2 mil, valeriam R$ 2.057,83 em um ano, mas o preço do celular passaria
para R$ 2.072,00, se levarmos em consideração a inflação atual”
O financista também adverte que o Certificado
de Depósito Interbancário (CDI), que remunera 100% da taxa Selic, sofrerá o
mesmo efeito da poupança: “Considerando essa mesma inflação, em breve, se a
taxa Selic continuar caindo, alguns investimentos que rendem 100% do CDI também
perderão para a inflação. Hoje CDBs que rendem 90% da taxa DI, fáceis de
encontrar nos grandes bancos, já empatam com a inflação, quer dizer, têm
‘ganho real’ igual a zero”.
O mercado desenha cenário de inflação contida
com tendência de baixa de juro no Brasil. Grandes bancos avaliam que o Comitê
de Política Monetária do Banco Central do Brasil (o famoso COPOM do BC do B) pode
baixar ainda mais a taxa Selic. A previsão é de 4% em 2020. A queda compromete
a remuneração dos investimentos de renda fixa. A perspectiva apavora rentistas
sem criatividade e sem hábito de investimento produtivo. Como a recuperação
econômica ganha tração, é hora de encontrar uma maneira produtiva de ganhar
dinheiro, com menor risco possível. Os viciados no jogo do rentismo piram...
Terça feira (17) o BC do B divulga a ata do
Copom. Quinta-feira (19), sai o Relatório Trimestral da Inflação (RTI). Os dois
documentos vão indicar os rumos econômicos para o ano que vem. Diante de um
risco concreto de fuga de dinheiro da poupança, ninguém se surpreenda se o
governo Bolsonaro tomar alguma medida para melhorar o rendimento do mais
popular dos “investimentos” financeiros. A bola está com o time de Paulo
Guedes... Os tempos de juro baixo são um novo desafio
para a economia brasileira que terá de se reinventar produtivamente. Isto é
tudo de bom... Ainda mais se a corrupção for barrada...
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