Natália Portinari
Em primeiro ano de governo, Executivo e Congresso deixam pauta conservadora de lado
Reforma da Previdência se tornou prioridade e fez até o governo deixar de lado agenda de costumes que se anunciava como marca de Bolsonaro
Deputados defensores da pauta conservadora buscam minimizar a derrota, capitalizando avanços fora do Congresso. A bancada evangélica, composta por deputados ligados a igrejas, concentrou esforços em outras áreas, como o Judiciário. Silas Câmara (Republicanos-AM) deu o tom ao dizer em março, quando foi eleito presidente da frente evangélica, que não era o momento para a pauta de costumes no Congresso. Nove meses depois, ele acredita que, ao contrário do que se diz, essa agenda avançou, mesmo que isso não se traduza na elaboração de leis:
— Só funciona para as pessoas (a pauta de costumes) se for lei? Estão fazendo uma avaliação errada sobre a pauta de costumes.
Segundo ele, o diálogo do Supremo Tribunal Federal (STF) com a frente evangélica evitou com que fosse pautado o julgamento para debater a descriminalização das drogas em 2019. No julgamento em que a prática de homofobia foi considerada equivalente ao crime de racismo, Câmara enxerga outra vitória: “um acórdão que garante liberdade de culto e de expressão".
— A Bíblia diz que você paga pelo que faz e o que deixa de fazer. Foi nosso diálogo com o STF que fez com que não fosse pautada a questão das drogas — afirma o deputado.
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Temas polêmicos na gaveta:
Estatuto do Nascituro
A
ministra Damares Alves chegou a dizer antes da posse que seria enviado
um projeto desincentivando mulheres estupradas a abortar. Ela chegou a
citar a medida como “a mais importante” de sua pasta. O governo, porém,
não encaminhou a medida e os projetos que tratam do tema no Congresso
não saíram do lugar ao longo do ano de 2019. Outras propostas que
visavam restringir as hipóteses de aborto legal também não tiveram
andamento no Legislativo.
Escola Sem Partido
A
proposta ficou parada durante todo o ano e somente às vésperas do
recesso o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recriou uma
comissão especial para discutir o projeto, que tem como finalidade
proibir “propaganda político-partidária” em sala de aula. O fundador do
movimento, Miguel Nagib, disse no meio do ano que o grupo ia parar suas
atividades, por falta de andamento da proposta no Congresso.
Ensino domiciliar
O governo desistiu na última
hora de mandar por Medida Provisória alteração legislativa para
regulamentar a prática que permite aos pais promover em casa a educação
de seus filhos, sem necessidade de matriculá-los em escolas. O tema foi
enviado por projeto de lei e ficou parado nos escaninhos da Câmara.Em O Globo, Brasil - MATÉRIA COMPLETA
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