Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Kamala Harris. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Kamala Harris. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Biden esquece que cumprimentou político e estende a mão novamente

Edilson Salgueiro

Presidente dos Estados Unidos protagonizou a cena com o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a protagonizar uma gafe nesta terça-feira, 9. Depois de ouvir um discurso do líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, o democrata cumprimentou o orador e, segundos depois, estendeu a mão novamente para saudá-lo.

Não é a primeira vez que Biden é protagonista de uma cena que envolve aperto de mãos. Em abril, depois de discursar na Universidade Estadual Agrícola e Técnica da Carolina do Norte, o democrata desceu do púlpito, virou-se para o lado direito e estendeu a mão, como para cumprimentar uma pessoa. Mas não havia ninguém ali.

No mês passado, depois de um discurso em Tel Aviv, Israel, o presidente norte-americano repetiu a dose.

Alvo de humoristas sauditas
Um clipe do programa humorístico Studio 22, exibido na Arábia Saudita, viralizou nas redes sociais. O vídeo retrata Biden como incapaz. O esquete também brinca com a vice-presidente norte-americana, Kamala Harris.

O ator que interpreta o democrata não está ciente de seu entorno e parece prestes a adormecer. A personagem de Kamala orienta o presidente sobre o que dizer e fazer. No fim do vídeo, Biden finalmente adormece.

“Muito obrigado! Hoje, vamos falar sobre a crise na Espanha”, disse Biden. “Sim, falaremos sobre a crise na África. Sim, Rússia! Quero falar sobre o presidente da Rússia, Putin. Sim, Putin. Ouça-me, tenho uma importante mensagem para você. A mensagem é: … E o presidente da China… O quê? Não terminei de falar sobre a Rússia? Obrigado por me corrigir, primeira-dama. Muito obrigado! Deus os abençoe…”

“Obrigado”, agradeceu Kamala. “Aleluia! Aplausos para o presidente. Agora!”

 Revista Oeste


sexta-feira, 20 de maio de 2022

Ativistas pró-aborto nos EUA pressionam Biden a ajudar a causa

Grupos a favor de interrupção da gravidez esperam influência do presidente na revisão da legislação, diz o Wall Street Journal

Revisão da legislação aquece debate sobre legalidade do aborto nos EUA
Revisão da legislação aquece debate sobre legalidade do aborto nos EUA - Foto: Reprodução/Twitter

Duas semanas depois do vazamento de documentos da Suprema Corte que sugeriam uma provável revisão na legislação do aborto, o debate sobre o tema ferve nos Estados Unidos. Como era de esperar, a discussão já bateu nas portas da Casa Branca. Um artigo do The Wall Street Journal nesta sexta-feira, 20, relata que grupos ativistas que defendem a interrupção da gravidez esperam por um posicionamento claro do presidente Joe Biden.

Apesar do tradicional apoio do Partido Democrata ao direito do aborto, Biden ainda não se posicionou sobre o tema desde que a Suprema Corte indicou que deve rever a questão. [Biden é favorável ao aborto - logo ao tomar posse promulgou 'ordem executiva' facilitando o aborto  e também defendeu Roe x Wade, decisão de 1973 que liberou o aborto.] Ativistas de frente da causa não querem esperar que o presidente fale somente quando uma nova decisão sair do principal tribunal do país. A ideia é pressionar para que o chefe do Executivo dê peso à luta antes disso.

Oficialmente, a Casa Branca manifestou que não vai detalhar seus passos para proteger os direitos ao aborto até uma decisão final e que o presidente Biden orientou o Conselho de Política de Gênero a trabalhar em planos de como responder se a legislação atual for derrubada. O jornal norte-americano ouviu Amy Hagstrom Miller, diretora da Whole Woman’s Health. A ativista pró-aborto participou de um encontro sobre o tema com a vice-presidente Kamala Harris em setembro de 2021. Desde então, cobra um retorno do governo sobre o tema e sugere que o Partido Democrata tem evitado o debate em razão das eleições para o Congresso neste ano.  “Eles dizem ‘Votem em novembro’. Temos maioria em todos os lugares”, disse Miller sobre os democratas. “Eu não sinto que eles estão fazendo o que podem.”

No último sábado, manifestações de rua que defendem a manutenção da atual legislação tomaram algumas ruas de Washington. A ativista Renee Bracey Sherman, fundadora do grupo We Testify, disse ao Wall Street Journal que esperava pelo menos um aceno simpático de Biden às manifestantes.

“Fiquei realmente desapontada ao ver que o presidente não reconheceu a manifestação em massa de apoio ao acesso ao aborto e o povo norte-americano fazendo sua voz ser ouvida no fim de semana”, disse Bracey Sherman.

Apesar da frustração com Biden, a tendência é de que o ativismo pró-aborto esteja na pauta da campanha dos democratas para as eleições deste ano, em diferentes Estados norte-americanos. O partido encara o tema como estratégico para atingir fatias do eleitorado de algumas regiões, mirando em mulheres nos subúrbios e mulheres mais jovens.

Revisão do aborto
A Suprema Corte admitiu que analisa rever a decisão sobre o aborto, em vigor nos Estados Unidos desde 1973. A expectativa é que a legalidade da prática passe a ficar sob responsabilidade dos Estados. Atualmente, a interrupção da gravidez é um direito constitucional.

A possibilidade de revisão da legislação do aborto gerou uma onda de manifestações de rua pelo país, tanto de ativistas contra a prática como aqueles a favor. Em paralelo, centros de apoio à gravidez foram alvos de atentados nas últimas semanas. A Suprema Corte dos Estados Unidos tem desde 2020 maioria conservadora em sua composição, com seis juízes, contra três de viés liberal ou progressista. Hoje, pelo menos oito Estados têm leis proibitivas que podem ser implementadas se a Justiça autorizar.

Leia também: O ativismo judicial e a barbárie, artigo de Ana Paula Henkel na edição 112 da Revista Oeste. 

 

 

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Apertem os cintos, o comandante sumiu - Revista Oeste

Ana Paula Henkel

O partido de Joe Biden procura tentar conter o gigantesco dano causado em tão pouco tempo de mandato. E, para isso, nada melhor do que chamar Barack Obama 

A Casa Branca chama o ex-presidente Barack Obama | Foto: Montagem/ Revista Oeste
A Casa Branca chama o ex-presidente Barack Obama | Foto: Montagem/ Revista Oeste

Em um desses artigos, observo como o antigo Partido Democrata de John Kennedy não existe mais e que o que vemos hoje é um partido com políticas tão democratas quanto as políticas do Psol no Brasil. Muitos leitores entram em contato e me perguntam gentilmente o que, de fato, aquele insight, aquele sinal fez a minha “previsão” ser tão acurada. Vejam, eu adoraria levar o crédito de que algumas “previsões” foram parte de uma análise mirabolante. Mas, como eu disse, não há nada de mirabolante nisso. A única coisa que fiz foi ouvir. Nada de “leitura nas entrelinhas” ou “análises profundas”, não, nada disso. Foi tudo preto no branco. Cada palavra do que está acontecendo foi dita sem rodeios e sem firulas nas primárias democratas, depois nos debates presidenciais com Donald Trump. O problema é que chegou a conta de tanta sinceridade, combinada com uma eleição estranha. E ela chegou como um iceberg gigantesco na frente de um navio sem comandante.

Com Donald Trump, o malvadão do século, fora de cena, Biden agora emplaca um discurso de disco arranhando de que a culpa de todos os problemas na América é de Vladimir Putin
Com o perdão do trocadilho, só faltou combinar com os russos. 
Em janeiro de 2021, Donald Trump entregou um país, ainda dentro de uma pandemia, já com claros e sólidos sinais de recuperação econômica e com a imagem forte que sempre foi a marca registrada dos norte-americanos na política internacional.  
A instabilidade trazida pela administração Biden em poucos meses se solidificou de maneira surpreendente: inflação sem controle, desemprego em alta, crise histórica na fronteira sul com a maior imigração ilegal das últimas décadas,  reversão de políticas de independência enérgica da Era Trump, os maiores índices de criminalidade nas grandes cidades norte-americanas dos últimos 12 anos e, claro, o ápice da ineficácia e despreparo do democrata na Casa Branca: a retirada desastrosa e caótica das tropas norte-americanas do Afeganistão, causando a morte de 13 soldados norte-americanos. Isso, até hoje, está entalado na garganta da nação.

“Joe Biden não está ajudando”
E o que era óbvio para aqueles que votam em políticas e não personagens, para aqueles que assistem a debates e entrevistas com o cérebro e não com o fígado, parece ter chegado aonde menos se esperava: na velha imprensa norte-americana. 
Sim, a velha assessoria de imprensa do Partido Democrata está, dia após dia, dando as costas a Joe Biden. Poderíamos até levantar a teoria de que os militantes das redações querem empurrar Kamala Harris para o Salão Oval, mas Harris é detestada até pelos ativistas do New York Times e Washington Post, motivo pelo qual ela não conseguiu emplacar seu nome como candidata forte nas primárias democratas nem na Califórnia, seu Estado natal, e bateu em retirada sem números expressivos. 
O nome da vice foi escolhido apenas pela agenda identitária: mulher, negraA competência de Kamala como política é tão boa quanto a de Dilma Rousseff. Até as gafes no melhor estilo da “presidenta” do Brasil fazem parte do repertório da vice de Biden.,
 
A revista Rolling Stone, por exemplo, declarou recentemente que “Joe Biden não está ajudando”, como se o objetivo fosse “ajudar” como presidente, e não liderar. É sabido que até a própria família de Biden não queria que ele vencesse em 2020. 
Alguns dos parentes mais próximos do presidente garantiram a amigos que Biden estava concorrendo apenas para aliviar a dor da morte de seu filho dois anos antes, e que sair em campanha pelo país para limpar a cabeça e aliviar o coração era a melhor maneira para fazer isso. 
Verdade seja dita, o próprio Joe Biden sabia que não ia ganhar. 
E, durante meses, parecia quase certo que ele não venceria. A primeira apresentação de Biden no debate das primárias democratas, em junho de 2020, foi considerada um desastre. Parecia bastante óbvio que ele não tinha qualquer chance de ser o nome democrata. 
Logo em seguida, Bernie Sanders começou a ganhar primárias e destaque. O mesmo aconteceu em 2016 e, pelo segundo ciclo presidencial consecutivo, Sanders provou ser o único democrata em campo com apoio de base legítimo. Os doadores viram isso e entraram em pânico. O homem que odeia bilionários! O que ele vai fazer com Wall Street? Alguém pare este senhor!

A cantilena da imprensa
Bernie Sanders era inaceitável para as pessoas que financiam o Partido Democrata, mas havia um problema, as opções eram piores do que tirar Bernie da jogada — como em 2016. Pete Buttigieg, Beto O’Rourke, Elizabeth Warren? Não. Kamala Harris… horrível em todos os níveis. Absolutamente ninguém gostava de Kamala Harris e por boas razões. [fosse no Brasil a Harris seria imposta pelo absurdo sistema de cotas - que esperamos acabe em novembro próximo.]  
Então, acabou sendo Joe Biden por alguma chamada executiva de algum deus democrata: “Tirem as teias de aranha do material de campanha de Joe. Todas as nossas fichas estão com ele”. E, claro, a mídia entendeu a mensagem imediatamente. No momento em que Biden foi coroado como o salvador do mundo contra o malvado laranja fascista, a assessoria dos democratas — pode chamar de imprensa mesmo —, já tinha a cartilha na ponta dos dedos e na ponta da língua. Uma rápida pesquisa mostra o manual, quase infantil:

— Jemele Hill, CBS: “É um alívio ter adultos no comando”.

— John Brennan, ex-diretor da CIA de Barack Obama: “Agora temos adultos na Casa Branca”.

— Dana Bash, CNN: “Qualquer um que tenha alguma conexão com a realidade sobre o que está acontecendo ao seu redor deve dizer: ‘Os adultos estão de volta à sala'”.

— Cornell Belcher, MSNBC: “Parece que temos um adulto profissional mais uma vez na Casa Branca”.

— Fareed Zakaria, CNN: “Realmente, o que eu diria é que os adultos estão de volta”.

— Nicolle Wallace, ex-assessora de George W. Bush, MSNBC: “Há uma sensação, eu acho, em todo o mundo, de que os adultos voltaram”.

— Jonattan Capehart, Washington Post, MSNBC: “Temos um adulto na Casa Branca agora e isso é glorioso”.

— Don Lemon, CNN: “Ok! Os adultos estão de volta na sala!”.

Detalhe: Don Lemon, âncora da CNN de um dos importantes telejornais da emissora, chorou ao vivo quando deu o resultado final da eleição de 2020 e noticiou a vitória de Joe Biden. Onde estão os adultos na imprensa?

Chama o Obama!
Biden certamente é um adulto e completará 80 anos neste ano, mas ninguém em Washington acha que a Presidência de Biden é gloriosa. A verdade é que todos sabem que ele é um desastre. 
As pesquisas mostram que os eleitores concordam com essa afirmação. Os números de sua popularidade só não são mais baixos do que os de Kamala Harris
Joe Biden é a pessoa mais impopular em praticamente qualquer lugar. 
 
(...)

Durante a pomposa recepção àquele que foi um dos piores presidentes dos EUA, chamado às pressas para tentar evitar um banho de sangue nas eleições de novembro, o atual presidente dos Estados Unidos, em sua própria Casa, foi evitado como o diabo evita a cruz. Ninguém falava com ele e, em um momento de visível confusão mental, tudo diante de várias câmeras, ele se afasta olhando para o vazio enquanto uma multidão se formava em torno do ex-presidente Barack Obama, que, obviamente, demonstrava muita satisfação pela atenção. Mas nada que já não esteja ruim não possa piorar. . Algumas das principais manchetes nesta semana em veículos alinhados ao Partido Democrata não deixam dúvidas:

— ABC News: “A apreensão dos eleitores está maior do que apenas o aumento dos preços ou a guerra da Rússia na Ucrânia. A criminalidade violenta nas cidades norte-americanas permanece persistentemente alta e há um problema crescente na fronteira”.

— CNN: “O índice de aprovação do presidente Biden ainda não atingiu o fundo e vem caindo durante todo o ano”.

— NBC News: “A inflação altíssima está acabando com os salários maiores. Embora os ganhos por hora tenham aumentado 5,6% em relação ao ano passado, um em cada cinco trabalhadores diz que fica sem dinheiro antes de receber o próximo pagamento”.

— ABC News: “Temos uma inflação histórica e preços recordes de combustível. Os norte-americanos estão sentindo isso”.

—Revista Politico: “Os números de Biden caíram dois dígitos com os eleitores jovens, que foram uma grande parte de sua coalizão em 2020”.

Culpa de Vladimir Putin
Então parece que a inflação é real e não é transitória como o governo de Biden anunciou inúmeras vezes em 2021? Então parece que cortar verbas para as forças policiais (Defund the police, slogan de dez entre dez democratas desde 2020) na verdade aumenta o caos e que o crime e a desordem nas cidades também são reais? 
E, vejam vocês, parece que uma guerra inútil com a Rússia, empurrada pelos democratas beligerantes até para ser usada como cortina de fumaça diante de tantos problemas domésticos, não é tão popular quanto pensavam. De repente, a imprensa resolveu admitir tudo isso. Durante meses, Biden vem dizendo que tudo de ruim que o norte-americano está percebendo ao seu redor é, claro, culpa de Vladimir Putin. E a mídia o apoiou. Mas, de repente, não está mais comprando a bobagem de que os quatro anos de Trump na Casa Branca sofreram interferência russa, nem de que Putin é o grande vilão do caos no cotidiano norte-americano.

(...)

Questão de sobrevivência
Já está muito claro que o Partido Democrata e sua grande ala na imprensa decidiram descartar Joe Biden. Nunca houve uma ordem oficial para fazer isso, mas o que percebemos é a mente coletiva trabalhando para acabar com a erva daninha do momento. Sem dó. Os democratas têm as mesmas reações porque têm os mesmos instintos: “Biden é fraco, devemos nos livrar dele”. Para a maioria das pessoas, isso soa duro e implacável, ainda mais considerando os anos de janela do democrata no partido. No entanto, no reino animal é uma resposta totalmente natural. É a primeira regra das matilhas. O conhecido fratricídio no reino dos bichos que operam por instinto não é nada pessoal. É apenas uma questão de sobrevivência do grupo, e é exatamente assim que o Partido Democrata opera.
 
O Partido Democrata opera como operam os balaios coletivistas da turma preocupada com o “bem-estar de todos”. Os indivíduos são irrelevantes. O grupo é tudo o que importa. Ninguém no partido realmente se importa com Joe Biden ou jamais se importou, ou se importa, com George Floyd, Greta Thunberg ou qualquer outra pessoa que é explorada como herói insubstituível para alguma pauta política. Todas as pessoas são dispensáveis. O que importa é o partido e o partido importa porque nos números há poder. E os números de Biden são horríveis. Um dos piores de toda a história dos Estados Unidos da América. E, claro, em algum nível, Joe Biden sabe disso. Ele entende como isso termina. Inevitavelmente, depois de 50 anos no partido, é sua vez de ser eliminado. Como ele vai sair de cena, gritando por misericórdia ou aceitando a derrota como um homem, é a única pergunta. 
De qualquer maneira, que saia de cena logo. 
Os Estados Unidos e o Ocidente precisam de uma liderança capaz de reverter os danos de um presidente que, além de inepto, mostra fraqueza. Animais se guiam por instintos, e os tubarões já perceberam que há sangue na água.

Leia também “Uma tragédia anunciada”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA


quarta-feira, 8 de setembro de 2021

As mulheres invisíveis do Afeganistão - Revista Oeste

Ana Paula Henkel

Onde estão as feministas para salvar as afegãs da barbárie? 

Há quase um ano, bem antes da eleição presidencial norte-americana de 2020, muitos caminhos já mostravam que uma possível vitória da chapa Joe Biden e Kamala Harris tinha potencial para ser um desastre em várias áreas da política americana. Mas ninguém esperava que, perto de Joe Biden, Jimmy Carter — um dos piores presidentes da história dos EUA — pareceria moderado.
Mulher afegã em Cabul | Foto: Shutterstock
Mulher afegã em Cabul | Foto: Shutterstock
 

A economia, que, mesmo durante a pandemia, dava fortes sinais de recuperação nos últimos meses da administração Trump, atualmente enfrenta grandes desafios. A impressora de dinheiro (e fábrica de inflação) anda ligada 24 horas por dia em Washington. Há uma crise migratória e humanitária sem precedentes na fronteira sul. Estima-se que 2 milhões de imigrantes ilegais possam entrar no país apenas neste ano. Com sete meses no Salão Oval, a já desastrosa administração Biden ainda nos ofereceu o espetáculo da despreparada retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão. Joe Biden deixou para trás não só mais de US$ 85 bilhões em equipamentos e veículos militares. Ele também desenhou um futuro sombrio para as mulheres afegãs.

Em reação aos atentados de 11 de setembro, os EUA e seus aliados invadiram o Afeganistão em 2001, para combater os terroristas da Al Qaeda. Com isso, criaram um clima de liberdade inédito no país. Desde então, uma geração de meninas cresceu seguindo o modelo das primeiras corajosas afegãs que estudavam, dirigiam, usavam maquiagem, praticavam esporte e eram livres para sonhar e trabalhar. Em 2016, a equipe nacional feminina de ciclismo foi até indicada ao Prêmio Nobel por um grupo de políticos italianos. As atletas afegãs começaram a competir no exterior e tinham esperança de participar da Olimpíada de Tóquio. Até que a terrível situação com a segurança em seu país interrompeu o sonho.

Apedrejadas até a morte
O Talibã vê os esportes femininos como um sacrilégio, e os membros de suas famílias como traidores. O que essas mulheres incríveis fizeram para quebrar inúmeras barreiras também acabou colocando um alvo em suas costas. Com a retirada das tropas americanas do país nessa semana, milhares de profissionais autônomas, professoras e até ex-atletas enfrentarão um futuro sombrio. Quem conseguiu fugir do país reporta que mulheres estão queimando material de trabalho, pesquisas, roupas, diplomas e equipamentos esportivos para esconder o fato de que uma vez sonharam com caminhos melhores.
Quando o Talibã esteve no poder pela última vez, entre 1996 e 2001, as mulheres no Afeganistão não tinham permissão para deixar suas casas, exceto sob condições estritamente definidas. Eram forçadas a se vestir com burcas que cobriam seus corpos da cabeça aos pés. 
Foram proibidas de votar, trabalhar ou receber qualquer educação após os 12 anos de idade. 
Elas não podiam transitar em público sem um tutor do sexo masculino. Não era raro testemunhar chicoteamentos e espancamentos de quem violasse essas leis
Escravidão sexual também fazia parte do regime do Talibã. Mulheres acusadas de adultério eram apedrejadas até a morte.

Depois da invasão dos Estados Unidos em 2001, as restrições ao sexo feminino diminuíram. Um forte movimento foi gerado e apoiado por grupos e doadores internacionais, o que levou à criação de novas proteções legais. Em 2009, a Lei para Eliminação da Violência Contra as Mulheres criminalizou o estupro, a agressão e o casamento forçado, além de tornar ilegal qualquer tentativa de impedir que mulheres ou meninas trabalhassem ou estudassem.

Desde o começo de agosto, à medida que o Talibã retomou o controle sobre seu novo emirado islâmico no Afeganistão, grande parte das mulheres desapareceu das vias públicas. Os extremistas as forçaram a deixar seus empregos e suas casas, encerrando 20 anos de progresso em direção à liberdade e à igualdade. Ativistas de direitos humanos dizem que ainda não têm certeza se o Ministério dos Assuntos da Mulher vai reabrir. Nesse ínterim, o apoio internacional a programas para mulheres foi suspenso. Fontes do setor não podem dizer quando ou se ele será retomado.

Sororidade hipócrita
O que sabemos até agora é que os talibãs não permitiram que as mulheres retornassem a seus empregos normais, nem no governo. Algumas apresentadoras de noticiários de televisão foram forçadas a vestir roupas que cobrem quase todo o corpo e obrigadas a abandonar seus postos. O editor sênior de uma estação de TV privada reportou que o Talibã o pressionou para remover mulheres de seus cargos e tirá-las do olhar do público.

Será que perdi a campanha de Oprah Winfrey para angariar fundos para o resgate dessas mulheres?

Axana Soltan, que dirige uma pequena organização sem fins lucrativos de apoio a mulheres afegãs nos Estados Unidos, disse que alguns de seus parentes passaram a acreditar que a morte é preferível à vida sob o bárbaro regime do Talibã: “As mulheres no Afeganistão se sentem abandonadas, sem esperança, incertas quanto ao futuro e traídas. Falei com várias primas, e elas disseram que não têm esperança quanto ao futuro das mulheres afegãs. Uma delas descreveu sua condição como ‘viver dentro de um buraco negro de desesperança’ “, disse Soltan.

Diante de mulheres e meninas que viverão como se tivessem voltado aos tempos medievais, fica a pergunta: 
- onde estão as feministas para dar voz a essas mulheres e condenar a bestialidade do Talibã? 
Onde estão as mulheres que queimavam sutiãs “contra o patriarcado”? Onde estão as atrizes famosas de Hollywood, que só depois de juntar milhões de dólares em suas contas levantaram a voz contra produtores poderosos e predadores sexuais? 
Onde está Hillary Clinton, a ex-primeira-dama americana que permanece casada com um predador sexual cujos rastros ajudou a esconder? 
Onde estão Madonna, Alexandria Ocasio-Cortez, Meryl Streep, Alyssa Milano? 
Lady Gaga, por onde andas que não apareceu até agora para compor uma canção sobre as mulheres do Afeganistão? 
Será que perdi a campanha de Oprah Winfrey para angariar fundos para o resgate dessas mulheres?

Há uma série na Netflix, uma joia perdida entre muito títulos, chamada She-Wolves: England’s Early Queens (“Lobas: as primeiras rainhas da Inglaterra”, 2012), criada e estrelada pela historiadora ph.D. de Cambridge e escritora Helen Castor. A série é uma viagem fascinante pela trajetória de algumas das mulheres mais extraordinárias da monarquia britânica, daquelas que realmente desafiaram o poder, as injustiças, as convenções e que fizeram história. Feminismo raiz, e não de butique, que prega apenas o ódio contra os homens “opressores” do Ocidente, justamente aqueles que ajudaram a construir os tempos mais livres da história da humanidade.

Logo no primeiro episódio somos apresentados à mais antiga das “lobas”, chamadas assim até por Shakespeare: Matilde de Flandres (1031-1083), primeira mulher a exercer o cargo de rainha britânica com autoridade e não apenas como esposa decorativa do rei. A série ainda relembra Leonor de Aquitânia (1122-1204), Isabel da França (1295-1358), Margarida de Anjou (1430-1482), Joana Grey (1536-1554), Maria I (1516-1558) e Elizabeth I (1533-1603). Cada capítulo nos transporta para uma história de mil anos que mostra mulheres que, para muitos deslumbrados e desavisados de hoje, aparentemente nunca existiram. Porque jamais aceitariam essa sororidade hipócrita de hoje ou qualquer pedágio ideológico para merecer proteção. O tíquete para a relevância nos livros de história não se compra nos guichês de partidos políticos nem nos despachantes engajados de parte da imprensa.

As lobas de Helen Castor e as mulheres que, na quietude de seus anonimatos, inspiram aquelas que lutam contra regimes bárbaros, essas, sim, estão a salvo de modismos passageiros e fúteis e das ideologias revolucionárias de auditório. Seus nomes serão lembrados muito tempo depois que a geração da indignação seletiva tiver desaparecido.

Leia também “O fiasco de Joe Biden”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


sábado, 12 de junho de 2021

Fatos são coisas teimosas - Ana Paula Henkel (@AnaPaulaVolei)

Revista Oeste

Em seu primeiro discurso como vice-presidente, Kamala Harris disse ao povo da Guatemala o que estava inserido nas políticas tão criticadas de Trump: 'Não venham para os EUA'

Em novembro do ano passado, logo após as eleições presidenciais norte-americanas, publiquei um artigo aqui na Oeste mostrando quem era, de fato, a vice de Joe Biden. Kamala Harris, uma velha conhecida dos californianos, foi procuradora-geral da Califórnia e, mais tarde, senadora pelo Estado.

No caminho da histórica eleição de 2020, um pleito confuso e ainda com muitas perguntas sem resposta, ficou nítido que o único objetivo dos democratas era o poder da Casa Branca. Sem políticas nem propostas, o jeito foi esconder o candidato no porão e maquiar, de forma hollywoodiana, a vazia candidata a vice, que pelo menos atendia ao politicamente correto: mulher, negra, asiática, filha de imigrantes…, mas que carregava também um defeito difícil de ser escondido por muito tempo, a incompetência.

Diante de um crescimento significativo de votos de latinos no Partido Republicano desde a eleição de Donald Trump, em 2016, a mensagem da campanha presidencial dos democratas aos imigrantes ilegais, seguida logo após por uma ordem executiva do presidente eleito Joe Biden, sempre foi clara: as políticas de fronteira do ex-presidente Donald Trump seriam suspensas, a construção do muro entre o México e os Estados Unidos interrompida e a concessão de green cards a imigrantes ilegais expandida. Esse movimento gerou uma enxurrada desenfreada de imigrantes ilegais da América Central na fronteira e o país enfrenta hoje uma das maiores crises humanitárias e sanitárias de sua história.

Depois de passar a campanha presidencial escondido e ainda sem dar uma única entrevista coletiva aberta, Joe Biden decidiu colocar sua vice, Kamala Harris, à frente da crise migratória na fronteira sul. E o que era óbvio para milhões de californianos tornou-se evidente até para eleitores democratas. A cor de sua pele, sua etnia ou sua condição como mulher não lhe dão automaticamente a capacidade de liderar ou governar.

Há dois anos, ainda durante as primárias presidenciais democratas, Kamala Harris fez uma aparição no canal CNN para explicar sua posição na disputa. Naquele momento, ela havia acabado de ser humilhada em um debate por Tulsi Gabbard, outra candidata nas primárias, que expôs toda a incompetência da concorrente em sua vida pública na Califórnia. Harris tentava explicar o que havia acontecido, dizendo que era normal o embate porque ela era uma candidata de “primeira linha”.

Para quem acompanhou todo o processo eleitoral desde as primárias democratas, não foi difícil perceber que Kamala Harris nunca foi isso. Nem mesmo no dia em que realmente anunciou sua candidatura. No papel, ela parecia uma concorrente séria, era senadora pelo maior Estado do país, ex-procuradora com apoio quase universal entre os repórteres militantes de uma mídia que se tornou uma espécie de assessoria de imprensa do Partido Democrata. Por algum tempo, a receita enganou muita gente e parecia que o plano daria certo. O problema nunca foi a mídia de pompom, mas os eleitores reais que sempre a consideraram detestável e inepta. Quanto mais Kamala eles viam, mais enojados ficavam.

A incapacidade política e diplomática de Harris gerou críticas até dentro do próprio partido

Para se ter ideia da repulsa que Harris despertava, em dezembro de 2019 ela estava perdendo em seu próprio Estado nas primárias democratas para o quase desconhecido Andrew Yang. Numa pesquisa do partido, a maioria dos democratas da Califórnia disse que queria que ela desistisse da corrida. Harris estava sendo esmagada até mesmo no pequeno Estado de Iowa, onde ela gastou praticamente todo o dinheiro arrecadado para a campanha. É surpreendente que, mesmo para a política, um meio famoso por recompensar a falsidade, Kamala Harris seja falsa demais para vencer.

Sua sorte é que, no atual raso e árido cenário político, pouco se discute sobre propostas, ideias ou soluções. No culto à cor da pele, ao gênero, à etnia, à sexualidade, e a toda a parafernália do politicamente correto, o que menos conta é a capacidade de governar. E Kamala, por preencher o checklist dos sinalizadores de virtude, foi a escolhida para ser o poste do poste da China. Sua primeira tarefa? A histórica crise migratória na fronteira sul. O que poderia dar errado? Tudo.

Harris fez sua primeira visita estrangeira à Guatemala e ao México nesta semana para abordar as “causas profundas” da migração da América Central para os Estados Unidos. Em seu primeiro discurso como vice-presidente, ela disse ao povo da Guatemala, sem rodeios, o que estava inserido nas políticas tão criticadas de Donald Trump: “Não venham para os EUA”, afirmou, antes da reiteração. “Não venham para os Estados Unidos. Os Estados Unidos continuarão a fazer cumprir nossas leis e a proteger nossa fronteira. Se vier para a nossa fronteira, você será mandado de volta.” Harris nazista, fascista, taxista, sambista, eletricista.

Biden, aparentemente, enviou Harris para “liderar esforços com o México e o Triângulo Norte com os países que vão precisar de ajuda para conter o movimento de tantas pessoas, impedindo a migração para nossa fronteira sul”. Ele também disse que ela era “a pessoa mais qualificada para isso”. Porém, depois dessa viagem, o óbvio ficou mais claro que a luz do dia. A incapacidade política e diplomática de Harris gerou críticas até dentro do próprio partido. Harris chamou a linguagem usada em seu discurso de imigração de “nova era” — o que vai contra a lei de asilo defendida pelo presidente Joe Biden em campanha, e a promessa de restaurar o sistema de processamento de asilo na fronteira, trazendo uma reforma de imigração há muito esperada.

Mas o desastre da vice não parou por aí. Em uma entrevista ao NBC Nightly News, Harris exibiu alguns de seus muitos talentos, que incluem uma inacreditável superficialidade e obstinada incapacidade de processar os relatórios que o Departamento de Estado envia a ela. Um dos momentos mais significativos deixaria nossa “presidenta” Dilma orgulhosa. Quando Lester Holt, da NBC, fez a Harris a pergunta mais óbvia que ela receberia sobre a crise da fronteira, a vice-presidente tentou desviar e rir da pergunta“Por que não visitar a fronteira? Por que não ver o que os norte-americanos estão vendo nesta crise?”, Holt perguntou.

Harris, demonstrando absoluto descontrole, responde agitando os braços: “Em algum momento, você sabe, nós vamos para a fronteira. Estivemos na fronteira. Então, toda essa coisa… essa coisa… sobre a fronteira… Estivemos na fronteira. Estivemos na fronteira”.  O repórter é incisivo: “VOCÊ não foi à fronteira”. Harris então responde com uma gargalhada nervosa: “E eu não fui para a Europa! Quer dizer… eu não estou entendendo o seu ponto”.

Kamala Harris está no comando de um dos problemas atuais mais graves nos Estados Unidos. E ri de uma pergunta sobre o motivo pelo qual ela não foi até a fronteira para entender melhor o que está acontecendo. O nervosismo, o aceno da mão, a risada inapropriada, as repetições semelhantes às de um robô danificado são humilhantes. O fato é que Harris não foi à fronteira. Nem Biden.

O ex-presidente Donald Trump e sua administração se opuseram veementemente à imigração ilegal e às caravanas de requerentes de asilo. Trump se concentrou na construção do muro na fronteira e impôs uma política de “Permanecer no México”, que obrigava a maioria dos requerentes de asilo da América Central a esperar no país vizinho enquanto os tribunais dos EUA revisavam suas reivindicações de perseguição. Em contraste, o governo Joe Biden encerrou a construção do muro e desmantelou a política de Trump. Em abril, entretanto, as detenções na fronteira sul atingiram mais de 178.000 migrantes ilegais — o maior número mensal em 21 anos, com milhares de menores desacompanhados.

Tommy Pigott, um dos diretores do Comitê Nacional Republicano, atesta que muitos norte-americanos que vivem em comunidades fronteiriças estão com medo de deixar sua casa e que contrabandistas vêm abandonando crianças de até 5 anos de idade na fronteira. Em comunicado à imprensa, Pigott disse que as apreensões de Fentanyl, um analgésico que se tornou uma das drogas que mais matam por overdose nos EUA, estão aumentando em todo o país. “Mesmo assim, Biden e Harris continuam decepcionando o povo norte-americano”, afirmou.

Há uma razão pela qual Kamala Harris nem mesmo chegou a Iowa no processo das primárias democratas, apesar de um lançamento espalhafatoso e do ímpeto baseado em identidade de gênero, etnia e cor da pele. Ela simplesmente não é boa em política. É inautêntica, tem instintos ruins, falta-lhe seriedade e irrita muita gente.

Mas não é apenas sua incapacidade que chama atenção. Diante da implacável realidade dos fatos, fora das supermaquiagens hollywoodianas para travestir farsantes em políticos, não há outra maneira de finalizar esse artigo a não ser com as palavras de um dos mais importantes personagens da história norte-americana. Em março de 1770, John Adams, um dos Pais Fundadores dos EUA, disse durante o julgamento dos soldados britânicos envolvidos no chamado Massacre de Boston: Fatos são coisas teimosas. E, quaisquer que sejam nossos desejos, nossas inclinações ou os ditames de nossas paixões, eles não podem alterar o estado dos fatos e as evidências”.

Leia também “A fraqueza explícita diante dos adversários”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste