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sábado, 30 de setembro de 2017

A nova carta de Palocci

Trata-se de um dos mais contundentes documentos políticos de nossa história recente

Ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, respectivamente, Antonio Palocci não é um delator qualquer. Muito mais do que um mero observador privilegiado dos 13 anos de lulopetismo, o ex-prefeito de Ribeirão Preto é nada menos do que um de seus mais engenhosos artífices.  Seria um arriscado exercício de imaginação afirmar que sem Antonio Palocci o Partido dos Trabalhadores (PT) não teria chegado ao poder em 2002, quando Lula da Silva assumiu a Presidência da República após três derrotas eleitorais consecutivas. Entretanto, sua liderança na coordenação do programa de governo petista muito contribuiu para dar confiança e previsibilidade a uma candidatura tida como aventureira e inconsequente antes de suas intervenções.

Por meio da famosa Carta ao Povo Brasileiro, concebida por Antonio Palocci, Lula da Silva assumiu o compromisso de, uma vez na Presidência da República, respeitar os pilares macroeconômicos erguidos a duras penas durante os mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula da Silva, enfim, foi eleito e Antonio Palocci assumiu o Ministério da Fazenda, passando a ser a figura central na interlocução entre o governo e o chamado setor produtivo. Sob a gestão de Palocci, a economia do País navegou em mares tranquilos.

Na posição de ministro da Fazenda, Palocci viu aumentar significativamente o seu poder e influência em outras áreas do governo, caminhando naturalmente para ser o candidato à sucessão de Lula da Silva não fosse uma carreira criminosa que logo seria descortinada diante dos olhos da Nação.  Se com a notória Carta ao Povo Brasileiro Palocci ajudou a fundar a era lulopetista, em sua mais recente missiva o ex-ministro afunda de vez a propalada mística política de Lula da Silva, além de expor as vísceras do partido do qual é um dos fundadores e que, agora, se resume a uma mera rede de vassalagem ao suserano de São Bernardo.

No documento de pouco mais de três páginas, escrito na cadeia e dirigido à presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o ex-todo-poderoso petista dá detalhes de sua participação nos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff e expõe, de forma clara e articulada, os subterrâneos das negociatas que deram origem a um verdadeiro plano para tomada do Estado brasileiro para fins pessoais e partidários.  Profundo conhecedor do ethos petista, Palocci, com a autoridade que poucos na legenda têm, questiona se o PT é “um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?”. Bem, a julgar pela reação da destinatária da carta, um partido político o PT não é mais.

Em entrevista publicada no jornal Valor na quinta-feira passada, a presidente do PT deixa claro que o bom destino do País é o que menos importa para seu partido hoje. 
Por meio de uma narrativa que muito se aproxima do fanatismo religioso, Gleisi Hoffmann deixa claro que para o partido que preside nada mais importa do que a defesa inarredável da inocência de Lula da Silva, não obstante a condenação já sofrida pelo ex-presidente na Justiça, a primeira em sete processos a que responde.

Quando não se ocupa de defender a candidatura de Lula na eleição de 2018, Gleisi Hoffmann presta-se a tentar desqualificar, pateticamente, as alegações de Antonio Palocci, como se proviessem de algum estranho, e não de uma figura central do partido, alguém que teria sido ungido por Lula para sua sucessão não fossem os “ilícitos” do ex-ministro, como ele chama seu passeio pelo Código Penal.  Para terem valor jurídico, é evidente que as alegações de Antonio Palocci contidas em sua carta de desfiliação do PT – uma extensão do depoimento espontâneo que o ex-ministro prestou ao juiz Sérgio Moro – deverão vir acompanhadas por provas do que lá vai escrito. Entretanto, trata-se, desde já, de um dos mais contundentes documentos políticos de nossa história recente.

Fonte: Editorial - O Estado de S. Paulo


sábado, 5 de agosto de 2017

Maduro perdeu os limites

O que ocorre na Venezuela nos últimos tempos é de uma aberração sem tamanho. 

Um alerta dramático de como ditadores – de qualquer vertente política – ainda podem impor, na base da força, regimes insanos e sanguinolentos à população. Mais de uma centena de pessoas já morreram covardemente, abatidas a tiros por policiais e tropas de choque, por gritar contra as barbaridades de Nicolás Maduro. Assassinatos autorizados à luz do dia, nas ruas, sem punições, com o endosso do Estado. É a aniquilação completa da democracia naquele país. Os flagrantes chocam. Revoltam. Hordas de habitantes em filas sem fim para comprar remédio, comida, bens essenciais que já nem existem para todo mundo. Empresas batendo em retirada, receosas de terem seus negócios incorporados ao espólio estatal, sem aviso. Se nada for feito, com a intervenção da ONU, do Mercosul e de outros organismos multilaterais, a nação caminha para a inviabilidade. Social, política e econômica. O marco definitivo do autoritarismo perverso de Maduro se deu na semana passada com a imposição de uma constituinte falsa para rasgar direitos gerais. 

Representou, na prática, a destruição das liberdades civis, acompanhada da perseguição à imprensa e da dissolução do Congresso legitimamente escolhido. Uma vergonha que chocou o mundo civilizado e provocou justas retaliações. Criada na base de eleições ilegítimas, inconstitucionais e impopulares – com uma participação ínfima de votos, arrancados na base da chantagem e da ameaça junto a massas de manobra -, a constituinte serviu de pretexto para novos abusos. Com ela Maduro tenta, na verdade, sufocar a resistência a um governo que faliu. Ele extrapolou de vez nesse último movimento. Destituiu as forças opositoras. Prendeu os líderes adversários que condenam seus métodos. Colocou a mulher e o filho para legislar. Fez o diabo. Passa, daqui por diante, a administrar sem qualquer suporte que não o das armas. Passeatas, greves gerais, quebra-quebra nas ruas dão o tom da ebulição vivida ali. Empresários, trabalhadores, financistas e autoridades internacionais se colocaram contra as decisões tomadas. 

Nem um plebiscito simbólico, realizado recentemente, e que levou mais de sete milhões de venezuelanos a dizerem “Não” à constituinte demoveram o mandatário. Nesse contexto o país se aproxima perigosamente de uma guerra civil. Maduro atua como um déspota, um fascista sórdido que só mira o poder, independentemente das consequências caóticas que vem causando à população. A inflação anual, até onde é possível realmente medir, ultrapassou os 700%. Aeroportos não funcionam mais. As companhias aéreas estão suspendendo linhas regulares por temor de incidentes. O desemprego é gigantesco e o ritmo de fechamento de empresas está batendo recorde sobre recorde. A moeda local formalmente não existe mais. E a máquina pública parou por falta de recursos. Só mesmo obtusos governantes e partidários cegos continuam apoiando o sucesso de Chávez. [cabe aqui que os brasileiros - especialmente os milhões que votaram em Lula e Dilma e provaram, mais uma vez,  que Pelé estava certo quando disse que 'o povo brasileiro não sabe votar' -  tenham em mente que quando votam em aberrações da esquerda, coisas lulopetistas, usam o TÍTULO ELEITORAL como uma arma que disparam traiçoeiramente contra o Brasil e com isso quase transformam o Brasil não só em uma nova Cuba mas em uma Venezuela atual.
Felizmente, as FORÇAS DO BEM prevaleceram e escarraram o último desastre lulopetista.]

Na esfera global, apenas Bolívia, Nicarágua e El Salvador concordaram com a medida. No Brasil, a líder petista Gleisi Hoffmann, que dá caudalosas demonstrações de ter perdido o senso sobre o que é democracia, não apenas aplaudiu Maduro como escreveu artigo favorável a suas decisões. Gleisi, para quem comanda uma agremiação chamada de Partido dos Trabalhadores, desconsidera a vontade da maioria. Fecha os olhos aos crimes notórios do venezuelano. Usa de alegação furada e distorcida a ideia de que qualquer votação é válida, mesmo aquelas que não passam de torpe encenação. Há de se perguntar à ilustríssima senadora: era exatamente isso que a senhora e os seus correligionários sonhavam implantar no Brasil? A verdade é que escapamos por pouco. Na toada em que os governos Dilma e Lula saquearam os cofres nacionais e implodiram com a economia, logo, logo chegaríamos lá. O impeachment da petista interrompeu, no último minuto, um destino semelhante e terrível também para os brasileiros.

Fonte: Editorial - Revista Isto É - Carlos José Marques

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Instituições insultadas

Interesse pessoal leva poderosos a tentarem dificultar a atuação do Estado de Direito

Por:  José Nêumanne - Jornalista, poeta e escritor

A série de insultos às instituições republicanas culminou ontem com o sequestro da Mesa do Senado por uma horda de bandalheirasas senadoras Fátima Bezerra (PT-RN) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM,) à frente para impedir a votação da reforma trabalhista. Ao mandar apagar as luzes do plenário, o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), fez a metáfora típica de membro do baixo clero num cargo do qual não está à altura.

Essa submissão da coisa pública às mesquinhas ambições pessoais da baixa política teve início após o impeachment de Dilma Rousseff (PT-RS), quando seus sequazes percorrerem o Brasil e o mundo a denunciar o “gópi” (da lavra da acima citada Fátima Bezerra), garantindo que a democracia havia sido interrompida por uma intervenção ilegítima. Agora que o governo Temer se assemelha cada vez mais a um zumbi assombrando um Brasil espoliado e intranquilo, os mesmos pregoeiros da desgraça garantem que o eventual substituto provisório e, quem sabe, provável sucessor até 2018, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estaria protagonizando o golpe do golpe. Mas as instituições parecem funcionar e Deus queira que as aparências não nos enganem.

O que não falta desde então, entretanto, são tentativas insidiosas de desmoralizá-las em proveito próprio. O Partido dos Trabalhadores (PT) foi o primeiro a entrar nesse cordão dos “arrasa-instituições”. Defenestrada em processo constitucional normalíssimo, a mineira dos Pampas não perde uma oportunidade de maldizer os Poderes Legislativo e Judiciário, que a depuseram para punir crimes de responsabilidade que ela cometeu, como as famigeradas “pedaladas fiscais”. Sua narrativa da deposição ilícita de uma “presidenta” honesta, sem contas no exterior, pelo vingativo e corrupto inimigo, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que presidia a Casa que a destituiu, com o voto de mais de dois terços do total dos seus membros, correu o mundo para macular o seu afastamento definitivo, satanizando o sistema que a deserdou.

Responsável por sua insensata e inesperada ascensão ao posto máximo da República, o antecessor e padrinho dela, Luiz Inácio Lula da Silva, recorreu a idêntico expediente ao tentar transferir para investigadores, acusadores e julgadores de seus crimes as penas que lhe cabem. Após constatar, em telefonema a um comparsa, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, seria “ingrato”, incapaz de ser minimamente leal a benfeitores que o promoveram, abusa de ataques insanos ao Ministério Público (MP), à Polícia Federal (PF) e ao juiz federal Sergio Moro, responsáveis pelos cinco processos a que responde. E, dizendo-se vítima de ditadura inexistente, avisou que, se condenado, apelará a Cortes no exterior.

Na guerra de vaidades e por poder nem todos os chefes dessas instituições têm agido de forma incontestável no uso de suas atribuições. Rodrigo Janot, que se jacta de enfrentar, de forma imparcial e sobranceira, os mais poderosos varões nada impolutos da República, escorregou na baba da própria ambição. Em busca de um lugar no pódio da corrida do combate à corrupção, autorizou uma negociação nefasta para o interesse público com os marchantes da família Batista de Anápolis, propiciando-lhes impunidade absurda por sua participação numa ação programada de que a principal vítima foi o presidente da República. A obra-prima dele, a delação premiada de Joesley Batista, seu irmão e seus empregadinhos, resultou num desastre de relações públicas. A troca de 2 mil anos de pena por uma gravação do chefe do governo em flagrante delito [???] empata em desconfiança e impopularidade com a desastrada atuação no comando do Executivo do mais poderoso de seus acusados. Comparar a troca com a “escolha de Sofia”, referência à opção entre dois filhos, salvando um em troca da morte do outro, da protagonista de William Styron, é a metáfora que sai pior do que a tentativa de correção.

A desastrada estratégia do tudo ou nada de Janot terminou por prejudicar muito mais a ação dos procuradores, incluindo os da força-tarefa da Operação Lava Jato, do que todas as tentativas de barrar suas iniciativas feitas pelos suspeitos de corrupção que ocupam cargos de mando na República. Sua sucessora, Raquel Dodge, terá uma missão árdua para corrigir isso, ao mesmo tempo que terá de esgarçar a teia de cumplicidade em que Temer e aliados pretendem enredá-la.

Impossível ainda será deixar o presidente de fora dessa tentativa malfazeja de desmoralizar as instituições da República para tentar safar-se dos próprios erros. Por mais inepta e frágil que seja a peça da acusação da lavra de Janot, que deu entrada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, ela tem como núcleo um fato incontestável: o encontro injustificável de Temer com Joesley na calada da noite, no porão do Jaburu, para tratar de assuntos pra lá de suspeitos e da forma mais inconveniente.

Desde que a reunião foi divulgada, a expectativa de delação de ex-parceiros, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o contador Lúcio Funaro, desafia a reputação impecável alegada pelo morador do Jaburu. Nada disso, contudo, viria à baila se ele não tivesse permitido a constatação lógica de que pode ter cometido delitos de corrupção passiva, obstrução à investigação e formação de organização criminosa no único prazo em que não poderia tê-lo feito: os dois anos e meio em que completaria o mandato reduzido de Dilma Rousseff.

Sem fatos que possam socorrê-lo, o presidente contratou seu amigo fiel e conviva semanal Antônio Cláudio Mariz de Oliveira para enxovalhar a reputação da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e de um órgão técnico em cuja boa-fé repousam inquéritos criminais da maior relevância, o Instituto Nacional de Criminalística. Mas o Estado de Direito depende do funcionamento de instituições que a defesa de Temer tem enxovalhado para garantir o bom emprego dele.

Fonte: O Estado de S. Paulo


 

sábado, 29 de abril de 2017

Falta do que fazer?

O oportunismo marca de forma evidente a chamada “greve geral” que sindicalistas e entidades ligadas ao Partido dos Trabalhadores organizaram para tentar convencer a todos de que o País vive o caos. Parece falta do que fazer. 

Por trás de bandeiras dispersas, aproveitando-se de um final de semana prolongado para motivar a massa incauta a enforcar um dia a mais, os líderes do movimento tinham intenções bem definidas, embora inconfessáveis: a maior delas, para além do enfraquecimento dos adversários que buscam há muito custo levar adiante medidas estruturais (como as reformas da previdência e trabalhista) que consertem o País, era montar massa crítica com o intuito de impedir no Congresso a votação do fim do imposto sindical. Este sim é um instrumento que pode ferir de morte essa vasta cadeia de siglas de aluguel financiadas à custa do trabalho alheio. Pelegos que não pegam no batente há muito tempo (alguns deles nem sabem o que é isso!) e vivem como parasitas de subvenções ganharam projeção na era dos governos Lula e Dilma e estão a reclamar a continuidade de seu status quo na atual cena econômica brasileira. Nada mais anacrônico. 

Muitos deles descambaram para a anarquia pura e simples. Atuam promovendo depredações, ocupações irregulares de prédios e atos criminosos de toda ordem, até então sem reprimendas. Mesmo em pequenos grupos – muitas vezes se contam aos dedos – são capazes de parar estradas e vias expressas com pneus incendiados e ônibus destruídos para chamarem a atenção, comprometendo a rotina e o direito da maioria. CUT, MST, MTST e quetais estão aí para demonstrar. Juntos com o PT, vendem a ideia de “incendiar o País”, colocando as ruas em constante estado de instabilidade e tensão. Arregimentam seguidores com comida, bancam o transporte e dizem que isso é manifestação espontânea do povo. Longe de ser verdade. Arruaceiros agem assim. Pode, por exemplo, ser considerado natural, com o endosso sem ressalvas de cidadãos que pagam impostos, o ataque de servidores ao Congresso, dias atrás, dilapidando com pedradas, quebra-quebra e invasões na marra às instalações para fazer valer sua vontade numa votação em plenária? 

Não é o desejo hegemônico que vem prevalecendo nesses casos. Ao contrário: uma minoria ruidosa tem conseguido se sobrepor, levando adiante pleitos na base do grito, sem discussões ou negociações. Certamente, boa parte do público visto nas manifestações da última sexta-feira, 28, não era de grevistas e sim de pessoas que sequer conseguiram chegar ao seu local de trabalho por falta de condução, com os transportes públicos paralisados. Uma insensatez, porque marca a adesão à greve menos por posições esclarecidas e mais por imposição. Não se tira, naturalmente, a importância e a necessidade de greves na defesa de interesses de qualquer natureza – sejam eles de categorias ou da maioria do povo. Faz parte da democracia. Mas quando ela vem no bojo de uma pregação partidária e doutrinária, isso é de preocupar. Chama-se aliciamento. 

Mesmo de jovens e das escolas que, paralisando atividades, levaram famílias inteiras a “aderirem” à greve a contragosto, em muitos casos não concordando sequer com as posições tomadas durante o protesto. Ditadura às avessas. O Brasil precisa, mais do que nunca, ter cuidado com aqueles que se arvoram o papel de “salvadores da pátria” e que, mostraram os fatos, arruinaram o patrimônio nacional. O ex-presidente Lula & Cia, que em 13 anos de poder implodiram com a economia e deixaram um mega rombo fruto da corrupção endêmica, estão animados na sabotagem a qualquer saída sensata para a crise, almejando ao fim e ao cabo a retomada do poder. Reitere-se que foram eles os artífices da lambança para a qual a atual gestão busca uma alternativa. 

O tumulto, é líquido e certo, conta a favor da causa petista. Não importa se o Estado vai quebrar ou não, se as reformas são necessárias (e são, basta ver os números) ou se o tal imposto sindical, aquela taxa que cada trabalhador é obrigado a pagar compulsoriamente às organizações classistas, não passa de uma excrescência. A modernização da lei trabalhista ou qualquer alternativa a ela não está em questão pelo olhar desonesto dos partidários dessa corrente de pensamento. Eles foram contra a Constituinte, contra o Plano Real, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra tudo que não saísse de sua lavra de projetos fracassados. São contra, pela simples necessidade de impor a mensagem de que só o PT e suas maquinações fraudulentas salvam. Você ainda acredita?

Fonte: Editorial - IstoÉ - Carlos José Marques

 

domingo, 9 de abril de 2017

O erro monumental do PT


Uma imensa fogueira consumiu razoável parte da imagem do Partido dos Trabalhadores nas últimas duas décadas

Depois de fundado em 10 de fevereiro de 1980, o PT envergou a bandeira de mudanças nos costumes políticos, na administração pública e até nos comportamentos sociais.

Encarnava o ideário da moral e da ética. Simbolizava uma fortaleza contra as injustiças. Tornou-se o protagonista, por excelência, da luta do bem contra o mal.  Lutou destemidamente para chegar ao assento principal no Palácio do Planalto. Depois de algumas derrotas, Luiz Inácio Lula da Silva, o pernambucano que comandou as lutas operárias no ABC paulista, na época da ditadura, chegou, ufa, ao comando da Nação.

Depois da grande vitória de 2002, o PT conseguiu outras em 2006, 2010 e 2014. Até que, sob o governo Lula, o partido começou a naufragar nas águas do mensalão e, mais adiante, afogou-se nos dutos da Petrobras. A Operação Lava Jato atingiu em cheio as principais lideranças do partido, incluindo ele mesmo, Lula, a ex-presidente Dilma, e os ex-poderosos ministros José Dirceu e Antônio Palocci.

Os escândalos em série corroeram a imagem do partido ético. Mas o PT cometeu um monumental erro ao longo de sua história. Não foram apenas os deslizes e desvios que tiraram o partido do caminho das vitórias. Foi também um discurso errático, voltado para dividir a sociedade brasileira: o discurso do “Nós e Eles”, trombeteado por Lula e seu entorno desde a criação do partido no colégio Sion, em Higienópolis, São Paulo.

Os bons e os maus
Só agora os petistas se dão conta da burrada que cometeram ao tentar erigir um muro entre as classes sociais. Uma recente pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, do próprio PT, e conduzida pelo competente professor Marcio Pochmann, exibiu o resultado que deve ter assombrado a cúpula partidária: não há cisão entre a “classe trabalhadora” e a “burguesia”, entre o que Lula e companhia designavam de “Eles”, os impuros e bandidos, e “Nós”, os éticos e mocinhos.

O grande vilão do povo é o Estado, apontou a pesquisa. E a política é um território locupletado de sujeira, de gente sem caráter. E figuras como Lula, João Doria e Silvio Santos são admirados menos pelo que pregam e mais pela condição de pessoas vitoriosas, que escalaram com sucesso os degraus da vida.  Por essa rápida leitura da pesquisa, pode-se aduzir que o PT, ao instigar a luta de classes, derramou tonéis de ódio pelos espaços das classes sociais, plantando no solo sementes de desagregação. Daí a rejeição que o próprio Lula possui, hoje, em torno de 60%.

Se exibe, ainda, o melhor índice de aceitação, leva, em contrapartida, a mais alta rejeição. Essa é a lição sobre a qual o petismo está debruçado no momento em que arruma a casa para tentar resgatar a força estiolada do seu partido.  Na verdade, a fera que ameaça a sociedade, pobres e ricos, feios e bonitos, é o Estado brasileiro, que ainda não se libertou das mazelas que assolam sua estrutura: o patrimonialismo e seus filhotes, o grupismo, o familismo, o caciquismo, o fisiologismo.        

As pessoas se queixam da inexistência de serviços públicos de qualidade, particularmente em áreas prioritárias como saúde, educação, mobilidade urbana, segurança pública. Quando o Estado implanta programas de maior impacto, como Bolsa Família, Prouni, Fies, utilização de recursos em contas inativas do FGTS, é reconhecido e aplaudido.  Ao contrário, quando aumenta a carga tributária, que é uma das mais altas do planeta, passa a ser execrado. Afinal, a elevação de impostos e tributos não resulta em melhores serviços à população. A reivindicação numero 1 das classes sociais é na direção do Estado eficiente, menos lerdo e burocrático, mais afeito às demandas das massas.

Todos são iguais
Já os partidos políticos são considerados todos iguais. O espaço partidário está contaminado pelo vírus da corrupção, razão pela qual os eleitores defendem a ideia de existência de um partido único, capaz de agregar os melhores quadros entre as siglas. Seria uma opção para evitar brigas entre partidos, a par da união de todos em prol das demandas do povo.

Os políticos são, na percepção dos pesquisados, usurpadores, eis que trabalham por seus interesses pessoais. Essa leitura é devastadora para o terreno da representação parlamentar. Sinaliza para a necessidade urgente e premente de uma reforma na política, a partir da reorganização partidária, hoje composta por 35 siglas. O fato é que o nosso sistema político-partidário reflete a instabilidade insti­tucional, com partidos que mais se assemelham a um ônibus em que qualquer pessoa pode entrar e sair, a qualquer hora e em qualquer estação. A criação de partidos é uma tarefa muito facilitada por nossa legislação, a ponto de termos mais de 30 pedidos de formalização, o que poderá duplicar a planilha partidária. Não mais que 5 ou 6 partidos representam as visões da sociedade. 

Nesse desenho, assume força o espaço da fulanização política, que transforma as entidades em blocos repartidos entre perfis pessoais. Essa é uma radiografia 3x4 da nossa política. O que fazer para corrigir tantas distorções? Dará tempo até 2 de outubro próximo de fazer algo para realizar o pleito de 2018 com padrões mais éticos e legitimadores da vontade social? Tempo daria, mas o que falta é vontade política. É possível que a Comissão de Reforma Política, cujo relator é o deputado petista Vicente Cândido, chegue a um consenso em torno de aspectos fundamentais. O fato é que o ciclo da velha política está morto, mas não foi enterrado.


Erro (Foto: Arquivo Google)
Urge que os partidos, a partir do próprio PT, que mastiga os ingredientes pinçados da pesquisa que mandou fazer, decidam realizar um programa mínimo de mudanças. Sem as quais, veremos o pleito de 2018 correr ainda nas águas sujas do ódio, da polarização entre classes, dos discursos bolorentos e do individualismo voltado para os votos em sicranos e beltranos. Ou será que Lula, por exemplo, ainda pensa em se apresentar como o Salvador da Pátria? Se olhar a fundo os anseios da sociedade, não se aventurará a querer ser o líder messiânico pregando a luta de classes.

Fonte:  Gaudêncio Torquato - Blog do Noblat


sábado, 11 de março de 2017

A hora da verdade

Aproxima-se o dia do grande julgamento, o dia do “Juízo Final” para a classe política que soube se lambuzar nos financiamentos ilegais de campanha, que transformou estatais em meras centrais de desvios de recursos para um projeto de poder liderado pelo PT, que estabeleceu uma relação promíscua com empresas privadas, que sistematizou a corrupção como um plano estruturado e diabólico para enriquecer figuras da patota e destruir o País. 

 Aproxima-se o dia do apocalipse condenatório quando muitos, diante do tribunal, terão de expiar seus pecados e serão punidos a arder, por meses e anos, nos porões dos calabouços e unidades prisionais de Norte a Sul do Brasil. A bíblica passagem dos profetas se encaixa como uma luva para uma laia de políticos – a grande maioria – que povoa Brasília, estados, capitais e arredores e que, de uns tempos para cá, não pensa em outra coisa que não o flagrante de seus delitos. Contam-se às centenas. Muitos não dormem mais, à espera da convocação. Chega a hora do veredicto. Da conclusão de inúmeras investigações, provas, delações e evidências. Chega a hora do confronto dos personagens, corrompidos e corruptores, vendilhões do templo que afrontaram crenças e economias do povo. Devido a práticas escabrosas e interesses inconfessáveis os artífices dessa máfia organizada estão a um passo do cadafalso. E sabem disso. Vivem momentos de tormento. Suas agendas, declarações e conversas estão voltadas para a defesa prévia. 

Chega a hora dos diáconos e consagradores das propinas, das negociatas imorais e do deplorável esquema de “ganha-ganha” prestarem contas por ludibriarem eleitores com promessas populistas enquanto aparelhavam o Estado com saqueadores do Tesouro arrivistas e aventureiros que, quase, destruíram a Petrobras, o Banco do Brasil, o BNDES, a Caixa Econômica e os Correios, patrimônios nacionais. O ex-presidente Lula encara as barras da Justiça já nesta semana, na condição de réu, por tentar comprar o silêncio do ladrão confesso, Nestor Cerveró. Volta a ficar frente a frente com um juiz algumas semanas depois, em Curitiba. Dessa vez o próprio Sergio Moro, paladino da Lava-Jato, vai sabatinar Lula. É o início do seu calvário que ainda se arrasta em inúmeras frentes e deve torná-lo inelegível por enquadramento na Lei da Ficha Limpa. Seu ex-ministro, José Dirceu, recebeu dias atrás mais 11 anos de cadeia (somados a outros 21 anos) e não deve acabar por aí. As penas em cascata podem levá-lo a passar o resto dos dias na cadeia. O ex-governador Sergio Cabral virou réu pela sexta vez na inacreditável condição de negociar diretamente suborno para si próprio, da ordem de US$ 3 milhões, em pleno Palácio Guanabara. É o fim do mundo! Estão abrindo a caixa de Pandora. 

Das 77 delações da Odebrecht, as primeiras começaram a vir a público e são de estarrecer. Uma bolada de mais de R$ 10 bilhões foi distribuída de forma ilícita para agentes do governo, senadores, deputados, governadores e agregados que atendessem às demandas da companhia. Quase 14 anos de dilapidação das finanças públicas remontam a herança deixada pelo Partido dos Trabalhadores enquanto esteve no poder. E ali está demonstrado. O ex-ministro Palocci, que se projetou como braço-direito da economia de Lula e, a seguir, realizou préstimos a Dilma, surge identificado como o “italiano” que barganhava o esquema para a esquadra petista. O tesoureiro de campanha, João Santana, que levou em caixa dois, ilegalmente, outros milhões de dólares para vender falsas promessas de Dilma, teve confirmado seu codinome de “feira”. E Lula, pela proximidade com os gestores da propina, aparece classificado como “o amigo”. 

O departamento operacional da grana que bancou essa “suruba” – para tomar por empréstimo uma expressão que assumiu novos traços na visão do senador Romero Jucá – vem tratado pejorativamente como “setor trepa moleque”. Parece brincadeira! Mas configura a real dimensão dessa epopeia de falcatruas. A engenharia completa de seu funcionamento deverá ser delineada em detalhes após a abertura dos inquéritos que o ministro Janot vem solicitando ao Supremo. Espanta, agride o senso comum e coloca por terra qualquer critério de escrúpulos o que foi feito por essa turma. Não houve o monopólio da corrupção por parte do PT. Mas foi ele quem profissionalizou e incorporou a prática como método de governo. Nunca se viu nada igual – e os brasileiros esperam nunca mais voltar a ver novamente.

Fonte: Editorial -  Carlos José Marques,  diretor editorial da Editora Três

sábado, 14 de janeiro de 2017

Triste final feliz

A economia americana engasgou com as prendas estatais do presidente bonzinho, e as urnas mandaram a conta

Donald Trump ainda não estreou, mas o pranto desesperado de Hollywood em memória de Barack Obama já é o Oscar de melhor comédia.  Não se sabe ao certo o que o agente laranja vai aprontar no poder. O que se sabe e se viu foram os lábios trêmulos e a voz embargada de Meryl Streep defendendo um governo marqueteiro, populista e medíocre. Cada um com a sua comoção.  Hollywood acredita em Robin Hood. Ou, mais precisamente: metade quer acreditar, e metade finge que acredita.

A Meca do cinema conhece o poder de uma lenda — tudo está bem se acaba bem (com bons personagens e muita emoção). Foi assim que alguns astros hollywoodianos ungiram Hugo Chávez e Nicolás Maduro como heróis dos pobres sul-americanos. O sangue derramado, a liberdade ceifada e a devastação econômica não entraram no filme. Não devem ter cabido no roteiro.  A lenda de Obama começa com um final feliz. Coisa de gênio, sem precedentes. No que pôs os pés na Casa Branca, o presidente foi agraciado com o Nobel da Paz — o primeiro Nobel pré-datado da história.

Quem haveria de contestar a escolha, diante do sorriso largo, da elegância e do alto astral do primeiro presidente negro dos EUA, exorcizando a carranca do Bush?  O problema de uma história que começa com final feliz é você ter que assistir ao resto de olhos fechados, para não estragar. Foi o que fez a claque mundial de Barack Obama nos oito anos que faltavam.
Os críticos dizem que foi um governo desastroso. Inocentes — não sabem o que é uma temporada com o Partido dos Trabalhadores.

O Partido Democrata fez um governo medíocre, recostado à sombra do mito. E para corresponder à mitologia, aumentou alegremente as taxações e a dívida pública (100%), porque é assim que faz um Robin Hood.  A diferença é que na vida real há uma floresta de burocratas no caminho, engordando com o dinheiro dos pobres. Uma Sherwood estatal.

Esse populismo perdulário, de verniz progressista, ancorado num líder identificado com os menos favorecidos receita conhecida dos brasileiros — costuma ser muito saudável para quem está no poder. O problema é o bolso do eleitor, que não se comove com presidente fanfarrão, canastrão ou chorão. As caras e bocas de Obama devem ter enchido os olhos de Meryl Streep — mas, quando esvaziam o bolso do contribuinte, não tem jeito. A economia americana engasgou com as prendas estatais do presidente bonzinho, e as urnas mandaram a conta.  Só que a lenda está a salvo disso tudo, e a claque não se entrega — como foi visto na histórica cerimônia do Globo de Ouro.

O transtorno da elite cultural americana é tal, que os bombardeios de Obama ficam parecendo chuva de pétalas — mesmo quando destroem um hospital. Um cara tão gente boa não pode ser um dos presidentes que mais agiram contra as investigações da imprensa no país — e claro que o megaesquema de espionagem do caso NSA foi sem querer. Barack é do bem.  Dizem que Donald Trump vai provocar uma guerra mundial. É o chilique com efeitos especiais. Mas se isso acontecer, se o planeta virar mesmo um cogumelo, a claque do Obama estará de parabéns. Graças a ela, aos patrulheiros das boas maneiras ideológicas, aos gigolôs da virtude, enfim, a toda essa gente legal que vive de industrializar a piedade, o bufão alaranjado emergiu. Ele é a resposta dos mortais à ditadura dos coitados.

Só um caminhão de demagogia sobre imigrantes, impondo o falso dilema da xenofobia, poderia transformar um muro em protagonista eleitoral na maior democracia do mundo.
Xenófobos são sempre retrógrados — a civilização foi feita de migrações. Mas imigrantes e refugiados ganharam passaporte diplomático no mundo da lua dos demagogos, onde sempre cabe mais um.  Demagogia atrai demagogia — em igual intensidade e sentido contrário. Aí veio o troco do agente laranja, e agora Meryl Streep está fingindo que a escolha dos americanos discrimina Hollywood. É de morrer de pena.

É duro ver artistas esplendorosos fazendo papel de tolos com cara de revolucionários. Resta aos fãs fazer como eles: fechar os olhos para não estragar a história. E resta ao mundo parar de mimar os coitados profissionais. Eles custam caro. Obama se despediu repetindo o “Yes, we can”. Não, companheiro. Não podemos mais viver de slogans espertos e governantes débeis.  A paz mundial não avançou um milímetro enquanto o Nobel pré-datado engatinhava em seu gabinete, entre outras gracinhas ensaiadas. A Faixa de Gaza e o Estado Islâmico não têm a menor sensibilidade para as atrações da Disney.  Obama disse que Lula era o cara. A Lava-Jato provou que era mesmo. Cada um com sua lenda. E você com a conta. Mas não fique aí parado. Faça como a Meryl: chore.

Fonte: Guilherme Fiuza, O Globo

 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Os crimes da era Lula

O Brasil ainda pode conviver com corrupção endêmica, mas não mais com ditadura. E Lula sempre soube disso. Mas ele julgava que o Poder pode tudo

Existem dias na vida das pessoas em que a História se realiza ante nossos olhos na forma de desconstrução irrevogável das percepções do senso comum. São dias que marcam e demarcam. Dias nos quais vivemos momentos em que temos a certeza de que uma era chega ao fim e outra se inicia. Isso pode acontecer com a violência de um terremoto, de um ato de guerra, um desastre, ou simplesmente pelas palavras ditas por um ser humano.

No dia 25 de fevereiro de 1956, Nikita Khruschev ainda nas indefinições que se seguiram à morte de Stalin, realizou uma apresentação para uma sessão fechada do Congresso da URSS, na qual Khruschev demoliu para sempre a reputação de Stalin enterrando definitiva e irrevogavelmente qualquer ilusão e complacência com a realidade criminosa acerca de como o “paizinho” exerceu o poder.

Falou durante quatro horas de silencio, em uma sessão onde as testemunhas posteriormente afirmaram que era possível escutar um alfinete cair ao chão. Khruschev disse aos delegados perplexos: “ Stalin mostrou em uma série de casos sua intolerância, sua brutalidade, abusos de poder—ele geralmente escolheu o caminho da repressão e aniquilação física não somente contra seus verdadeiros inimigos, mas também contra aqueles que não cometeram nenhum crime contra o partido ou contra o governo soviético. ”
Dali em diante a era Stalin começava a ser historicamente descontruída e, mais do que tudo, devidamente fixada na História a verdadeira face criminosa de Stalin.

O Brasil viveu um dia assim quando tomamos conhecimento que o ex-presidente Lula é agora acusado formalmente de diversos crimes. O mais impressionante momento pode ser resumido na fala de um jovem procurador do Ministério Público Federal (MPF) que afirmou que “hoje o MPF acusa o sr. Luiz Inácio Lula da Silva como o comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Lava-Jato” e ajuntou referindo-se ao ex-presidente como “maestro da orquestra concatenada para saquear os cofres da Petrobras e outros órgãos públicos” e “grande general do esquema de corrupção” que a operação Lava Jato desvelou em suas investigações remontando ao longo de mais uma década atrás de evidências, provas e fatos.

A fixação na História da desconstrução de Lula ocorreu no dia 14 de Setembro aos olhos de todos os brasileiros via webcast, em uma transmissão na qual fomos contemplados não apenas com a fala dos procuradores e investigadores, mas com a exibição de farta documentação de suporte, sintetizada em conjunto de slides exibidos em grande tela. Aliás é só clicar aqui para conhecer a íntegra da acusação contra Lula, sua esposa e seus amigos.

Nas últimas duas semanas os brasileiros viveram outros dias inegavelmente históricos, começando pela conclusão pelo Senado do processo constitucional do impeachment devido a crimes de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff, que se arrastou durante nove meses e foi concluído no dia 31 de agosto. Mas nada é mais simbólico do que o dia em que Lula passou a ser formalmente acusado na Justiça como “o comandante máximo” do maior esquema de corrupção de que se tem notícia em nossa jovem nação.

O que vem por aí ninguém sabe nem pode prever. Mas o mais provável é que os dominós continuem caindo um a um. Lula pode ser preso a qualquer momento, mas dificilmente escapará das barras da lei. Dilma seguramente será enquadrada nas investigações, no mínimo por tentativa de obstrução de justiça. O Partido dos Trabalhadores poderá virtualmente desaparecer por meio da implosão eleitoral ou formalmente extinto pelo Tribunal Superior Eleitoral.

De qualquer forma Lula prepara-se para passar à História de forma contrária às suas próprias expectativas. Lula no Brasil foi o líder político mais popular dos últimos cinquenta anos, talvez só ultrapassado como mito popular por Getúlio Vargas, com quem Lula sempre apreciou ser cotejado. Vargas viveu igualmente um longo período de protagonismo, mas sempre foi visto inegavelmente como um virtual ditador entre 1930 e 1945. Teve seu momento de maior glória ao voltar ao poder pela via eleitoral em 1950 até 1954, ano de seu suicídio. Mas Vargas passou ser reconhecido popularmente em termos históricos como “pai dos pobres e mãe dos ricos”.  [é uma ofensa a ´memória de Vargas ser comparado a uma coisa como Lula - os familiares de Vargas deveriam buscar reparação judicial a tamanha ofensa.
Em qualquer sentido que se observe Lula se percebe que ele é nojento, vil, covarde, arrogante e burro.]
 
Fonte:  Ricardo Neves - Blog do Noblat
 


 


terça-feira, 9 de agosto de 2016

Amizade, impunidade, desigualdade

A adoção definitiva da igualdade dos cidadãos perante a lei ainda é uma utopia no Brasil

Publicado no Blog do Nêumanne

Três decisões relevantes poderiam adequar o Estado Democrático de Direito “à brasileira”, como diria o presidente do Comitê Olímpico Internacional COI), Thomas Bach, a valores fundamentais da democracia burguesa, sem necessidade de ajustes, plebiscito ou reforma constitucional.

A primeira delas depende de convocação do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) para tornar súmula vinculante providência, adotada em fevereiro por maioria de sete a quatro, de jogar no lixo da História uma jabuticaba azeda e venenosa, o chamado “trânsito em julgado”. A jabuticaba (fruta que só dá em território nacional) permite a quaisquer condenados recorrerem dessas condenações até sentença final, que pode ser tomada em última instância, ou seja, muitos anos depois da condenação. Os sete vencedores Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki e Luiz Edson Fachin decidiram limitar esse prazo de recorrer em liberdade à segunda instância. 

Ou seja, eventual falha de sentença por um juiz de primeiro grau já poderia ser corrigida no primeiro recurso (em segunda instância) por decisão colegiada (de mais de um juiz). Magistrados, advogados e promotores cobram do STF uma posição definitiva sobre o assunto com expectativa oposta à dos defensores de milionários suspeitos de corrupção, que contam com uma inversão da posição adotada pelo STF em fevereiro, sendo, para tanto, necessária a mudança de pelo menos dois ministros, o que inverteria o placar para seis a cinco.

Essa votação seria fundamental para determinar o destino de alguns dos mais abonados infratores do Código Penal em nossos dias: os condenados em primeira instância pelos juízes Sergio Moro, Paulo Bueno de Azevedo e Ricardo Leite, titulares de varas federais criminais em Curitiba, São Paulo e Brasília, respectivamente. Se confirmada a medida adotada há meio ano, os 75 condenados pelo paranaense (enquanto nenhum com foro privilegiado foi apenado pelo Supremo), entre eles o dono da maior empreiteira do País, Marcelo Odebrecht, o ex-ministro petista Paulo Bernardo e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teriam reduzida a perspectiva de responder em liberdade a julgamentos de turmas ou plenários dos Tribunais de Justiça dos Estados ou dos Tribunais Regionais Federais da 5ª (Porto Alegre), da 2ª (São Paulo) ou da 1ª (Brasília) Regiões.

As bancas advocatícias que representam esses denunciados, acusados e condenados, ao contrário da Justiça, do Ministério Público e da população, que enxerga no caso uma grande oportunidade de diminuir a impunidade em nossa sociedade, contam com uma virada no placar ou com a insistência com que os votantes vencidos tentam desautorizar votos vencedores. Normalmente o fazem alegando que a sessão de fevereiro não proclamou uma súmula vinculante, o que é verdade. Ou, então, que determinado réu, condenado em algum TJ ou TRF, teria sofrido “constrangimento ilegal”.

Dos quatro vencidos – Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Marco Aurélio Mello –, só a primeira não tomou, pelo menos até agora, nenhuma atitude para contrariar frontalmente alguma confirmação de prisão de condenado em segunda instância. Marco Aurélio Mello chegou a agendar um processo de que é relator, mas, advertido pela possibilidade de ser derrotado pelo mesmo placar de sete a quatro na ocasião, alegou doença e suspendeu a sessão plenária prevista.

Os outros dois agiram autocraticamente. Lewandowski mandou soltar o prefeito de Marizópolis (PB), José Vieira da Silva, acusado de ter desviado verbas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e condenado em 2014 pelo TRF5, do Recife. Com a suspensão da liberdade garantida pelo trânsito em julgado ficou solto até este ano, quando teve a prisão aprovada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) após o julgamento exemplar de fevereiro. Sua defesa recorreu ao STF e o processo foi sorteado para Fachin. Com o relator em recesso e o presidente de plantão, este mandou soltá-lo alegando que o réu não tinha sido julgado duas vezes, mas apenas uma. Claro: gozava de foro privilegiado e não passou pelo primeiro grau, mas seguiu direto para o segundo. Ao voltar de férias, contudo, Fachin contrariou Lewandowski e mandou prendê-lo novamente.

Caso similar ocorreu com o decano dos ministros do Supremo, Celso de Mello, que tirou da cadeia o empresário mineiro Leonardo Coutinho Rodrigues Cipriano, que matou o sócio numa boate, fez uma festa na casa noturna, onde havia escondido o cadáver, com familiares do morto entre os convidados, mas terminou descoberto, preso e condenado pelo Tribunal de Júri a 16 anos de prisão. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) reduziu a punição a 14 anos e após a decisão do STF em fevereiro mandou prendê-lo. A defesa perdeu ao recorrer ao STJ, mas Celso de Mello mandou soltá-lo. Neste caso não houve prisão posterior.

A anulação da permissão de um condenado poder recorrer em liberdade até percorrer todo o trânsito em julgado está à espera de se tornar súmula vinculante para se tornar histórica, mesmo com a transformação por uma eventual maioria de sete a quatro do plenário do Supremo não é a única polêmica ali travada. Assim como as decisões de Lewandowski e Celso de Mello, a ordem de soltar o ex-ministro Paulo Bernardo pelo antigo auxiliar no Partido dos Trabalhadores (PT), o ministro Dias Toffoli, também nomeado por Lula, causou espécie entre profissionais do Direito preocupados com sentenças polêmicas, que revelam desarmonia no STF.

Dias Toffoli mandou soltar o marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) alegando o mesmo “constrangimento ilegal” pretextado por Celso de Mello e Lewandowski. Para fazê-lo, contudo, não pediu a opinião do Ministério Público Federal nem esperou que a defesa requeresse habeas corpus ao TRF1. Na prática, Sua Excelência transformou o STF de última em única instância e, com isso, provocou uma reação dura do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Este recomendou ao STF que devolvesse o ex-ministro do Planejamento de Lula e de Comunicações de Dilma a uma cela da Polícia Federal (PF), em São Paulo. 

Antes de o Supremo aceitar, ou não, o despacho de Janot, o juiz Paulo Bueno de Azevedo tornou o beneficiado por Toffoli réu pelo crime de se haver beneficiado de propina paga à força e sem autorização em forma de descontos mensais nos vencimentos dos funcionários a ele subordinados no Ministério do Planejamento e que reivindicassem um empréstimo consignado. A prática teria resultado em R$ 100 milhões ao Partido dos Trabalhadores (PT) e R$ 7 milhões a Bernardo.

Crimes hediondos como esse estão à espera de providências como a anulação do foro privilegiado, pedido por Bernardo por causa do privilégio seletivo a que a mulher do réu tem direito. O juiz Sergio Moro foi à Câmara dos Deputados pregar sua extinção, afirmando que abria mão do próprio foro. Nenhum deputado presente à sessão da comissão especial que debate as dez medidas anticorrupção na Câmara discordou dele. Mas também ninguém concordou.

O silêncio generalizado não deixa dúvida de que, apesar da popularidade do magistrado, a igualdade de todos os cidadãos perante a lei no Brasil continuará sendo uma utopia por muitos e muitos anos. Para resumir essa maldição a que parecemos eternamente condenados é possível adotar o lema “amizade, impunidade, desigualdade”, contrário ao “liberdade, igualdade, fraternidade” da Revolução Francesa. O lema seria o de George Orwell em A Revolução dos Bichos: “Todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros”.

 

segunda-feira, 18 de abril de 2016

A última trincheira chavista



Para manter o sequestro, vale atirar no vice. É a bala de prata. Por que Temer é melhor que Dilma?
O Supremo Tribunal Federal partiu para o vale-tudo. A partir de agora, se o Brasil ficar em casa, vai ter golpe.

A democracia brasileira foi sequestrada há 13 anos e ficou refém de uma chantagem emocional. Qualquer abuso de poder, qualquer transgressão, qualquer crime passaram a ser indultados em tempo real por uma crença miserável: a de que o país havia chegado ao paraíso da justiça social após cinco séculos de opressão, e que não se podia tocar em Lula e no PT – sob o risco de o encanto se quebrar. Foi assim que floresceram o mensalão e o petrolão, numa boa.

Já no terceiro ano do sequestro, o homem-bomba Roberto Jefferson mostrou ao país o que os iluminados da justiça social estavam fazendo no escurinho. Aí o Brasil tomou uma providência drástica: mandou continuar o roubo. O próprio Lula ficou surpreso ao constatar que, apesar da revelação obscena do valerioduto, seus súditos caminharam alegremente para as urnas e sancionaram o esquema, dando-lhe a reeleição. Lula é inteligente, e entendeu o recado: agora eu posso tudo.

E fez de tudo. A Lava Jato veio mostrar o que parecia impensável: naquele momento em que Lula aparecia, contrito e cabisbaixo, pedindo desculpas à nação pelo mensalão, a turma do petrolão levava ao gabinete dele a negociata de Pasadena. Em plena chaga aberta do esquema de Marcos Valério, Dirceu, Delúbio e companhia, o governo do PT montava tranquilamente a compra de uma refinaria enferrujada que irrigaria de propinas a eleição de 2006. Definitivamente, inibição não é o problema desse pessoal.

Seguiu-se uma década de trampolinagens, que arrebentaram a maior empresa nacional e levaram o país à recessão profunda, mas o sequestro da democracia perdurou – o suficiente para garantir o quarto mandato consecutivo dos sequestradores. Quando Dilma foi reeleita no meio da orgia, toda lambuzada de petrolão, os meteorologistas da política decretaram: acabou a Lava Jato. As urnas calaram Sergio Moro.

Só que não. Como tem sido repetido neste espaço: Sergio Moro só é parável à bala. E foi assim que o país chegou à beira do impeachment, apesar de sua opinião pública frouxa, de sua oposição débil e da chantagem emocional do filho do Brasil – que não sabia de nada e não tinha nada, só um par de pedalinhos personalizados. Até no Congresso Nacional, que também esteve sequestrado todo esse tempo pelo exuberante caixa do Partido dos Trabalhadores, o vento virou. E onde foi que o vento não virou?

No Supremo Tribunal Federal.
A Corte máxima do país é a última cidadela dos malandros, o bastião final do parasitismo erudito, a derradeira trincheira do chavismo companheiro. Foi esse poder aparelhado que impediu até agora a abertura de investigação contra a arquissuspeita Dilma Rousseff, madrinha de Erenice, de Pasadena, de Mercadante, de Delcídio, das pedaladas, de Cerveró, de Edinho, das manobras obstrutivas à Lava Jato. A presidente que mandou o Bessias com um termo de posse ministerial para esconder o ex-presidente da polícia.

Em triangulações mágicas entre o procurador-geral, o ministro da Justiça e o ministro relator do petrolão no STF, essa presidente atolada num pântano de indícios e evidências se manteve olímpica: “Não há elementos para se investigar Dilma”.

No momento em que, apesar de todo esse eficiente circo mambembe, o impeachment amadurece, surge a bala de prata do supremo golpismo: pedir o impeachment de Michel Temer. Do mesmo jeitinho com que o STF blindou a companheira presidenta e alterou o rito do impeachment dela: metendo o pé na porta do Congresso Nacional. Se não é Teori, é Barroso, se não é Barroso, é Lewandowski o presidente certo na hora certa –, se Toffoli recua, surge Marco Aurélio (elemento surpresa). Dois anos de literatura da Lava Jato estampam, de forma cristalina, que o esquema é Lula, a preposta é Dilma e o arcabouço é o PT. Mas, para manter o sequestro, vale atirar no vice-presidente. É a bala de prata.

Aí o país abobado se pergunta por que Temer é melhor que Dilma. Deve ser por isso que Lula, na porta da cadeia, continua acreditando que repetirá o milagre do mensalão e sairá de novo nos braços do povo. Se o povo não falar grosso agora com os embusteiros do STF, demonstrará que merece Lula. Para sempre.

Fonte: Guilherme Fiuza