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domingo, 5 de novembro de 2023

Por que Lula sabota a economia brasileira - Leandro Ruschel

         A Folha afirma em editorial que Lula sabota o país, ao anunciar que o governo deixará de cumprir a meta fiscal, uma postura "incompreensível", segundo o jornal.

Em primeiro lugar, é preciso lembrar do papel da Folha, e de praticamente toda a "imprensa", que se transformou em mero aparelho de esquerda, cujo único propósito é militar pela agenda socialista, ao mesmo tempo que promove a censura e a perseguição aos não alinhados.

Fazem isso por ideologia, já que os jornalistas são formados em universidades dominadas pela esquerda há décadas, e por incentivos econômicos, pois recebem gordas verbas publicitárias dos governos esquerdistas, enquanto passaram fome durante o governo Bolsonaro.

Por conta disso, a militância de redação de Globo, Folha, Estadão e afins atacaram sistematicamente o governo anterior, e chancelaram a operação de retirada de Lula da cadeia, alçando o descondenado pelo maior escândalo de corrupção da história à presidência, sob o absurdo argumento de "defesa da democracia".

Ora, o grande promotor de ditaduras pela América Latina é o próprio Lula. Em parceria com o carniceiro Fidel Castro, ele fundou o Foro de São Paulo, cujo objetivo manifesto é recriar no continente "o que foi perdido no Leste Europeu", ou seja, ditaduras socialistas.

Cuba é o modelo, exportado com sucesso para países como Venezuela e Nicarágua, e parcialmente implementado em outros países, como Bolívia e Argentina.

Não fosse o suporte diplomático, político e econômico do Brasil, durante os governos petistas, não haveria o desastre venezuelano, que produziu a maior crise imigratória da história da América Latina, com 7 milhões de pessoas deixando o país (de uma população total de 30 milhões). Já os que ficaram, enfrentam o inferno, menos os integrantes do partido e seus parceiros, enriquecidos além da imaginação.

Essa é a deixa para ajudar a Folha a entender a postura do descondenado Lula. 
O objetivo de qualquer socialista não é promover o bem do povo, ou mesmo de redistribuir a riqueza entre os pobres. 
Infelizmente, muitos militantes de redação acreditam nessa falácia, além de outros idiotas úteis na esquerda.
 
O objetivo do movimento socialista é EMPOBRECER a população, para facilitar o controle político absoluto. 
É muito mais fácil se eternizar no poder quando a população é dependente do estado. 
É exatamente por isso que a esquerda domina o Nordeste, por exemplo.
Só que esse movimento de empobrecer completamente a população não é fácil de ser promovido, especialmente num país de dimensões continentais, como o Brasil. 
Na Argentina, em que o processo está bem avançado, surgiu Javier Milei como resposta, arriscando colocar água no chopp peronista.
 
A última tentativa do PT nesse sentido foi rechaçada pelo povo, resultando na queda da Dilma, e na prisão "do chefe do esquema", segundo o Ministério Público.  
Com ajuda determinante da militância de redação, a operação Lava-Jato foi desfeita, e o descondenado está "de volta à cena do crime", junto com Alckmin, que cunhou a frase durante a campanha em que fazia de conta que era oposição, no famigerado Teatro das Tesouras que envolveu a cena política brasileira desde a redemocratização.
 
Seguro de que NUNCA mais acontecerá nada parecido com a Lava-Jato, Lula acredita que o país está pronto para que o projeto socialista avance. Logo, ele acha que conseguirá destruir parcialmente a economia brasileira para eternizar seu grupo no poder. 
Esse sempre foi o projeto de longo prazo, apesar de eventual aceitação estratégica das regras de mercado, pelas circunstâncias favoráveis.

Para fazer avançar o processo, o PT apresenta o jogo dialético, a especialidade da esquerda. Enquanto o companheiro Haddad faz o jogo de "amigo do mercado", fazendo de conta que busca a responsabilidade fiscal, Lula joga para a galera, dinamitando as contas do governo, sob a desculpa de "ajudar os pobres", contra "a ganância do mercado".

Assim, vai se criando uma dinâmica em que Lula empurra o país para o desastre planejado, enquanto o companheiro Haddad promove os dois passos para trás, quando há exageros, evitando que a corda arrebente e seja produzido um novo desfecho Dilma.

A coisa só não avança tão rápido porque o Centrão, que faz o contra-peso à busca da hegemonia política petista, não embarcou no projeto.  
Não por falta de interesse numa ditadura chavista à la brasileira, mas porque não confia que o PT iria de fato dividir o poder num arranjo desses.

O Centrão, diferentemente do PT, enxerga um certo nível de liberdade econômica como a galinha dos ovos de ouro para alimentar os cofres públicos, mantendo de pé os milhares esquemas de corrupção que opera, evitando assim uma revolta das massas, como ocorreu durante o desastre econômico de Dilma, que colocou todo o sistema corrompido sob risco de morte.

Por sua vez, o grande empresariado faz um jogo duplo, em que mantém certo apoio ao governo petista, enquanto pressiona pela manutenção dos pilares da economia, entre eles, a responsabilidade fiscal. Esse grande empresariado depende, direta ou indiretamente, do governo, seja por receita direta, seja por regulações que podem fazer seus negócios prosperarem, ou serem destruídos.

Todos os agentes citados concordam em apenas um aspecto da agenda totalitária em curso no Brasil: a necessidade de criminalizar a direita, cuja agenda moralizante, e de diminuição do estado obeso, representa a grande ameaça ao establishment corrupto.  
Já em relação à economia, há profunda discordância e oposição à agenda petista de destruir para conquistar.

Logo, o cenário mais provável é a manutenção de um processo de diminuição das liberdades políticas, e de perseguição aos não alinhados, enquanto a economia ficará em banho-maria, pois, ao mesmo tempo que os petistas não tem força para promover a terra arrasada, proponentes do liberalismo econômico (meia bomba) tampouco tem meios de impor essa agenda.

Resumindo, o Brasil está entre o chavismo sonhado pelos petistas, e o capitalismo de estado chinês, em que o traço em comum é o fim das liberdades individuais, com o segundo oferecendo algum nível de prosperidade financeira. A esperança é que os agentes de poder sigam discordando.

Não é nada animador, mas é o que temos para o momento.

*         Enviado pelo autor. Original em https://leandroruschel.substack.com/p/por-que-lula-sabota-a-economia-brasileira

Transcrito do site Percival Puggina


sábado, 24 de junho de 2023

Pé no freio - Gilberto Simões Pires

MODO PÉ-NO-FREIO

No editorial de ontem, 22, - O QUE APONTA O MONITOR DA FGV SOBRE O PIB BRASIL-, traduzi para os leitores o cenário econômico apontado pelo - MONITOR DO PIB-, elaborado e divulgado pelo IBRE/ FGV, dando conta que a economia brasileira, assim como também acontece na maioria dos países industrializados, está em - MODO - PÉ NO FREIO-.  

FLUXO DE CAPITAL ESTRANGEIRO: QUEDA DE 28% EM QUATRO MESES

Pois, para confirmar o cenário de DESACELERAÇÃO ECONÔMICA, o editor de economia da Gazeta do Povo publicou hoje um artigo dando conta de que após recorde em 2022, o FLUXO DE CAPITAL ESTRANGEIRO APORTADO NO SETOR PRODUTIVO DO BRASIL CAIU 28,3% nos quatro primeiros meses de 2023 na comparação com o mesmo período do ano passado.

ABRIL: QUEDA DE 70,3%

O saldo do chamado INVESTIMENTO DIRETO NO PAÍS (IDP) entre janeiro e abril deste ano, o primeiro da atual gestão (?) de Lula, foi de US$ 24,3 bilhões, contra US$ 33,9 bilhões em intervalo equivalente de 2022, quando o Brasil era governado por Jair Bolsonaro e o Ministério da Economia era tocado pelo competente Paulo Guedes. 

Mais: considerando apenas o mês de abril, dado mais recente consolidado pelo BC, o APORTE LÍQUIDO DE INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS FOI DE US$ 3,3 bilhões, ante US$ 11,1 bilhões no mesmo mês do ano passado – uma queda de 70,3%. Que tal? 

PORTO SEGURO

Aqui entre nós: não é difícil entender que a -vitória- de Lula na eleição presidencial foi o fator determinante para o PÉ NO FREIO. Mesmo levando em conta que os investidores de modo geral já se mostravam receosos, o fato é que o Brasil, com Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, era um PORTO SEGURO INTERESSANTE E RENTÁVEL, notadamente para INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA, que, diga-se de passagem, boa parte já estava CONTRATADO.

 Ponto Crítico -  Gilberto Simões Pires

 


terça-feira, 13 de julho de 2021

Recuperação do PIB - Economia brasileira melhora, apesar dos pessimistas de plantão

J. R. Guzzo

Economia cresceu 5% no primeiro trimestre de 2021, o que recupera todo o desastre do ano passado e vai ainda adiante.

Eis aí: a economia brasileira vai crescer com força este ano, pela primeira vez desde o começo do governo do presidente Jair Bolsonaro. Após os horrendos resultados de 2020, quando o país recuou 4% por causa da paralisação radical da atividade econômica trazida pela Covid, aqui e no resto do mundo, esperava-se por um desastre semelhante em 2021; afinal, o ano começou com o “lockdown” à toda, para a alegria das “autoridades locais” e para todos os que querem que Bolsonaro vá embora do governo o mais cedo possível. Muita gente, na verdade, rezava pela continuação da desgraça em 2021 e, se possível, para 2022, quando a eleição presidencial seria feita com a economia em ruínas.

Não é isso que está acontecendo. Ao encerrar-se o primeiro trimestre do ano ficou claro que a recuperação não apenas tinha começado, mas vinha forte — 5% de crescimento em 2021, o que recupera todo o desastre do ano passado e vai ainda adiante. Seria um número “bolha”, destinado a desfazer-se nas previsões seguintes? Pelo jeito não. Segundo o último cálculo do Banco Central, os dados são bons para todo o semestre; o crescimento deste ano, com base no que aconteceu até agora, deve ser de 5,2%, o maior dos últimos onze anos.

LEIA TAMBÉM:  CPI da Covid é candidata ao título de pior investigação feita pelo Senado

É natural, com a progressiva retomada da produção, que os números sejam altos — afinal, o percentual de aumento está sendo feito sobre uma base muito baixa. Mas é indiscutível que o Brasil voltou a funcionar, e que está melhor do que estava. O desastre provocado pela pandemia da Covid foi para ninguém botar defeito, sobretudo no mercado de trabalho; o fechamento geral do “fique em casa”, para ficar num exemplo só, levou o desemprego para as vizinhanças dos 15%, piorando ainda mais os 14% atingidos no auge da recessão de Dilma Rousseff. Mas já neste primeiro semestre de 2021 foram criados 1,2 milhão de empregos com carteira assinada; são postos de trabalho recuperados, e se a retomada continuar nesse ritmo, não há como não haver consequência na economia.

O ano não acabou, é claro, e o ano-chave de 2022 ainda nem começou. Para 2021 ter 5,2% de crescimento, o segundo semestre terá derepetir o primeiro;
para o ano da eleição ser forte,
será preciso repetir 2021. Cada vez mais, daqui para a frente, a política terá de prestar atenção ao que está acontecendo não apenas no seu mundinho, mas também no front da economia.
 
J. R.Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 

sábado, 30 de maio de 2020

A grande queda e o que vem depois - Míriam Leitão

Uma queda do PIB trimestral de 1,5% é forte, mas foi só um tropeço perto do que vem por aí. No segundo trimestre, neste que estamos vivendo, de abril a junho, o país está em queda livre que pode superar 10%. A recessão de 2020 será a maior da nossa história. Em agosto, o país pode ter 20 milhões de desempregados, me diz uma fonte do próprio governo. O que parou a economia foi o coronavírus, mas o presidente Jair Bolsonaro piorou tudo ao não exercer o papel de liderar a resposta e ainda criar uma crise por dia. Suas atitudes afetam a economia. Que investidor virá para um país em que o presidente ameaça a suprema corte e seu filho diz que uma “ruptura” é questão de tempo? Bolsonaro é também um problema econômico porque investidor detesta crise institucional. Eles querem segurança jurídica. [não pode ser esquecido que o desastre econômico passou da esquerda para o governo de Michel Temer - que iniciou uma recuperação da economia,  mas foi impedido por denúncias vazias, efetuadas do STF, pelo chefe da PGR na época;
Bolsonaro herdou de Temer, com uma pequena melhoria em relação ao recebido,  só que o 'capitão' passou a ser vítima de um boicote sistemático, sabotagem mesmo, promovido pelo Legislativo, avalizado, quase sempre, pelo Supremo.
Para complicar mais ainda a vida dos brasileiros, veio o coronavírus e por várias medidas dos Poderes Judiciário e Legislativo, o Poder Executivo foi alijado do controle sobre as medidas contra pandemia, lhe cabendo apenas o ônus de abrir os cofres públicos e  administrar o rombo nas finanças públicas, seguindo regras editadas pelo Legislativo federal e validadas pelo STF.] 

A nota técnica do Ministério da Economia diz que os sinais são de que a crise pode causar perdas permanentes, ou seja, a devastação que está havendo em empresas, principalmente nas micro e pequenas, pode não ser reversível. O auxílio emergencial evitou queda maior da renda, as medidas para o emprego atingiram 8,2 milhões de trabalhadores. Mais da metade teve a suspensão do contrato de trabalho, que é a hipótese mais dura de todas as reduções de salário do programa. Esses 8,2 milhões estão hoje em situação mais precária, apesar de permanecerem empregados, mas a população ocupada caiu em quase cinco milhões de pessoas. No Brasil, é caro demitir, ao contrário dos Estados Unidos. Se as empresas não se recuperarem, esses trabalhadores vão perder o emprego. Se as linhas de crédito formuladas para as micro e pequenas empresas continuarem não funcionando, elas não retornarão dessa queda. O cálculo de um integrante da equipe econômica é que em agosto pode haver 20 milhões de desempregados no país, um número jamais visto.

Nunca é demais repetir, não é o isolamento que cria a crise econômica. É o vírus. Em Brasília, o comércio abriu e os shoppings estão vazios. [essencial lembrar que hoje 30 de maio completa 3 dias da abertura dos shopping em Brasilia e com horário reduzido em 30% e uma série de limitações que torna não prazeroso ir a um shopping.]  Como os bons economistas já mostraram, um isolamento mais radical permitiria a volta mais segura e mais cedo. O Brasil está vivendo seu pior trimestre — o segundo do ano — em termos econômicos e seu pior momento da pandemia. A falsa solução, pela qual o presidente pressiona com todas as armas que tem, é de abertura imediata. Isso é pular no abismo, seja na saúde, seja na economia. Alguns governadores estão começando a ceder. A volta sem segurança produzirá uma segunda onda.

Alguns economistas acham que o terceiro trimestre pode ter uma recuperação que não anula a queda. Seria, como explicou Armando Castelar num seminário virtual esta semana, o atendimento da demanda reprimida principalmente na área de serviços. O Bradesco soltou ontem seu cenário econômico. Disse que a queda do segundo trimestre pode ser perto de 10%, mas há pouca certeza sobre o que acontecerá no segundo semestre. O banco reviu a projeção da recessão para 5,9% este ano.

A economia brasileira já estava fraca quando o vírus nos atingiu. Depois da recessão de 2015-2016, a atividade voltou ao terreno positivo mas numa recuperação excessivamente lenta. Ontem, até o ministro Paulo Guedes que vendia a ilusão de que o país estava decolando no primeiro bimestre do ano admitiu que pode não ter sido assim. A verdade é que o país estava frágil quando esta grande crise começou. Há um trabalho longo a fazer para recuperar em várias frentes.

Uma política de estímulo ao emprego, e de ampliação de combate à pobreza, porque haverá mais pobres ao fim desta pandemia. Uma proposta que está sendo estudada é a de eliminar o abono salarial, seguro defeso e farmácia popular, que os técnicos do Ministério da Economia definem como programas mal focalizados. E reduzir subsídios concedidos aos setores industriais para financiar os programas sociais necessários no pós-pandemia. Será preciso ter propostas eficientes para a recuperação e muita habilidade para negociá-las no Congresso. Isso é difícil num quadro de crise política alimentada diariamente pelo presidente da República. O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez ontem mais uma de suas falas surreais: “É cretino atacar o governo do próprio país, em vez de ajudar. Você, no meio de uma luta para salvar vidas, ficar sendo apedrejado, enquanto ajuda? É um crime contra a população brasileira.” O ministro ajudaria bastante se parasse de bater na tecla de que o inferno são os outros.


Míriam Leitão, colunista - Com Alvaro Gribel, São Paulo - O Globo


domingo, 2 de julho de 2017

Economia livre

Esta é uma excelente oportunidade para a economia brasileira. Talvez a melhor. Em decorrência do combate à corrupção, o capitalismo brasileiro pode deixar de ser tutelado pelo Estado. As empresas têm a possibilidade de encontrar, na eficiência e na competição, quem são os reais vencedores. Velhos vícios públicos e privados poderão ser eliminados. A avenida que se abre para a economia é promissora.

A mais óbvia vantagem é a de não ter que entrar na corrida sobre quem paga mais propina pelo contrato, ou quem faz mais contribuição pelo caixa 2 com o objetivo de conseguir no futuro algum benefício dos cofres públicos. É redução de custo Brasil. 

Pensem só no volume espantoso de dinheiro que saiu do caixa da Odebrecht e da JBS para o pagamento sistemático de propina nos últimos anos. Esses valores que espantam o Brasil distorceram a economia. Os cartéis impediram a competição, as vantagens prejudicaram concorrentes e a corrupção criou também barreira à entrada de novas empresas.

Não há dúvida de que a corrupção aumentou muito nos anos recentes, mas a relação de dependência das empresas em relação ao Estado é uma longa tradição no Brasil. Hoje, ficou claro para o país a que ponto pode chegar esse compadrio. A JBS teve que virar dona de um pedaço do Mineirão, sem que isso fizesse qualquer sentido em seu negócio. Foi apenas a forma de camuflar a entrega de R$ 30 milhões feita para o candidato a governador Fernando Pimentel a pedido da então presidente Dilma, como contou na sua delação o empresário Joesley Batista. A Odebrecht entrou na Sete Brasil mesmo achando que não daria certo, segundo afirmou Marcelo Odebrecht. Esses são só dois dos absurdos contados pelos delatores.

A corrupção produziu uma enorme destruição de riqueza. As empresas estatais perderam valor de mercado e fizeram investimentos sem qualquer possibilidade de retorno. As empresas privadas deixaram de focar em seus negócios, porque no curto prazo a propina era muito mais rentável. A sucessão de eventos e decisões sem qualquer lógica corporativa é enorme e o cálculo do custo do sinistro ainda não está completo.

Os problemas brasileiros se misturaram. Um agravou o outro. A síndrome da dependência crônica que as empresas têm em relação ao Estado é antiga. Gasta-se um enorme tempo nas idas a Brasília para pedir por medidas que favoreçam o setor ou a empresa. Quantas vezes líderes empresariais levaram chá de cadeira nas antessalas dos gabinetes econômicos, apenas para falar com uma autoridade que exercia um poder temporário mas que poderia assinar aquela portaria com redução de tributo, ou com elevação da barreira ao produto importado. Mesmo se não houvesse o pagamento de suborno para obter essa vantagem, já seria um fator deletério.

A delação de Joesley é ilustrativa do avanço da doença que acomete a economia brasileira. Ele pediu ao presidente Temer naquela reunião soturna que o Cade o favorecesse numa decisão. Além de ter vantagens diretas, com os empréstimos subsidiados, e as operações de debêntures, ele queria benefícios de órgãos reguladores. Se houvesse defesa da concorrência no país, ele teria sido impedido de comprar frigoríficos apenas para fechar, como fez nos últimos anos.

O Brasil tem empresas que tocam seus negócios sem pedir benefícios governamentais. São as melhores. Mas as maiores são aquelas que construíram uma rede de interesses espúrios com políticos e governantes. Cresceram, mas ficaram dependentes e, hoje se sabe, expostas a riscos que podem nem conseguir superar.  O excesso de Estado produz confusões. O BNDES é o maior credor da Eldorado e sócio do JBS. Em crise, o grupo J&F precisa vender a empresa de celulose. O banco é também um dos donos e está no comando da Fibria, que quer comprar a Eldorado. Há um outro comprador chileno e o banco público vive um conflito de interesses. Se aceitar a venda para um concorrente da Fíbria, a empresa no qual é sócio será prejudicada. Se vetar, estará prejudicando o JBS, do qual é sócio e credor.

Há um emaranhado de erros, ineficiências, conflitos de interesse criados pela relação promíscua entre Estado e capital no Brasil. O combate à corrupção pode abrir uma larga avenida para superar os atrasos da economia brasileira.

Fonte: Coluna da Miriam Leitão - Com Alvaro Gribel, de São Paulo

sexta-feira, 31 de março de 2017

Taxa de desemprego fica em 13,2% em fevereiro e país tem 13,5 milhões sem emprego

Economia brasileira abre o ano em retração, com queda de 0,26%, segundo Banco Central

A taxa de desemprego ficou em 13,2% no trimestre encerrado em fevereiro, renovando o recorde da série histórica. O resultado representa uma alta de 1,3 ponto percentual sobre os três meses imediatamente anteriores, encerrados em janeiro, quando foi de 12,6%. Há um ano, o resultado era de 10,2%. Pela primeira vez o número de pessoas sem emprego passou da marca de 13 milhões. Em todo o país, havia 13,5 milhões de trabalhadores desempregadas no trimestre encerrado em fevereiro.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) Mensal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais cedo, o Banco Central divulgou que a economia brasileira começou 2017 em retração e encolheu 0,26% em janeiro. Esta é a sétima queda mensal seguida do Índice de Atividade Econômica da autoridade monetária (IBC-Br), que é considerada a prévia do Produto Interno Bruto (PIB). Em janeiro de 2016, a perda foi de 0,68%. Em dezembro, a queda tinha sido de 0,32%.

O resultado da taxa de desemprego ficou acima da estimativa média de analistas consultados pela Bloomberg. Os especialistas projetavam uma taxa de desemprego de 13,1%. — Com o trimestre encerrado em fevereiro, já temos dois terços do primeiro trimestre deste ano. Vemos um avanço expressivo da desocupação, atingimos o nível mais alto, chegando a 13,5 milhões de desempregados — afirma Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e Rendimento do IBGE.

Cimar destacou a influência do crescimento da desocupação nesta época do ano para a piora da taxa de desemprego. Isso porque o início do ano costuma registrar aumento dos desempregados, já que há dispensa de trabalhadores temporários:  — Essa característica de a taxa subir nesse período do ano é comum acontecer. É esperado que haja uma alta na passagem do quarto para o primeiro trimestre.

13,5 MILHÕES SEM EMPREGO
O número de pessoas sem emprego ficou em 13,5 milhões em dezembro, janeiro e fevereiro, também recorde desde o início da série histórica iniciada em 2012. Foi um crescimento de 3,2 milhões (30,6%) de desempregados frente ao mesmo trimestre de 2016 e de 1,4 milhão (11,7%) de desempregados frente ao trimestre encerrado em novembro de 2016.

Apesar dos números elevados, Azeredo afirma que há uma desaceleração do aumento do número de desempregados na passagem de um trimestre para outro: O trimestre encerrado em fevereiro cresceu 11,7% frente ao trimestre anterior. No mesmo trimestre do ano passado, cresceu 13,8% nessa comparação. Embora o cenário esteja desfavorável, com ocupação baixa e desocupação alta, no ano passado houve um avanço maior do que vimos entre um trimestre e outro. O cenário continua desfavorável, mas está crescendo menos do que no ano anterior — explica o coordenador do IBGE, destacando que o mesmo ocorre na comparação anual: o trimestre encerrado em fevereiro cresceu 30,6% e, no ano passado, 40%.

A população ocupada ficou em 89,3 milhões, atingindo o menor menor nível desde o trimestre março/abril/maio de 2012. Foi uma uma redução de 1% (menos 864 mil trabalhadores) frente aos três meses imediatamente anteriores e de 2% (menos 1,78 milhão de trabalhadores) comparado ao mesmo trimestre do ano passado. O nível de ocupação atingiu o menor nível da série, a 53,4%.  — Em seis anos, atingimos o menor nível de ocupação. Isso não é positivo. Temos uma fila de desocupação de 13,5 milhões adultos perdendo emprego, então esse nível é uma configuração extremamente desfavorável para o mercado brasileiro — aponta o coordenador do IBGE.

Devido ao aumento da população desocupada, a força de trabalho no país atingiu 102,9 milhões no período, representando um aumento de 0,5% frente ao trimestre encerrado em novembro. Já frente ao mesmo trimestre de 2016, foi um acréscimo de 1,4 milhão de pessoas nesse volume, uma alta de 1,4%.

MENOS EMPREGO COM CARTEIRA
O número de trabalhadores com carteira assinada recuou, chegando a 33,7 milhões de pessoas. São 337 mil pessoas a menos (-1%) frente ao trimestre imediatamente anterior. Já em um ano, foi uma queda de 3,3% no número, o que representa 1,1 milhão de trabalhadores celetistas a menos.

Em 2016, a taxa média anual de desemprego voltou a bater recorde histórico, desde o início da pesquisa, em 2012, atingindo 11,5% da força de trabalho em todo o Brasil. Cresceu 3 pontos percentuais em relação a 2015, quando ficou em 8,5%. Na média, 11,8 milhões de pessoas ficaram desempregadas ano passado.  — A carteira de trabalho continua em queda expressiva. A queda na carteira não se deu só na comparação anual como vemos observando, mas também na trimestral. Nessa passagem de ano, a gente teve uma perda de 337 mil postos de trabalhos com carteira assinada — diz Cimar Azeredo.

O número de trabalhadores por conta própria no trimestre encerrado em fevereiro ficou estável frente aos três meses anteriores. Esse contingente permaneceu em 22,2 milhões de pessoas. Quando comparado ao mesmo trimestre de 2016, houve queda de 4,8%, o que equivale a 1,1 milhão trabalhadores por conta própria a menos.

RENDIMENTO
O rendimento médio no trimestre encerrado em fevereiro ficou em R$ 2.068, o que segundo o IBGE indica estabilidade nas duas comparações, frente ao trimestre anterior (R$ 2.049) e ao mesmo trimestre de 2016 (R$ 2.037). A massa de rendimento real dos trabalhadores no período ficou em R$ 180,2 bilhões, também estável.

EMPREGO POR SETORES
O volume de empregados no setores da construção (6,9 milhões) e agricultura (8,8 milhões) atingiram os menores níveis desde o início da série histórica. Na construção, foi uma redução de 1,7% frente ao trimestre anterior (menos 118 mil empregados) e uma forte queda de 9,7% em comparação há um ano (menos 749 mil trabalhadores). Por outro lado, o setor de alojamento e alimentação registrou o maior número de trabalhadores desde 2012, chegando a 5 milhões.

O setor da indústria em geral registrou queda nas duas comparações: de 2% (menos 225 mil pessoas) frente aos três meses encerrados em novembro e 4,3% na relação anual (511 mil trabalhadores a menos).

Azeredo destaca a piora do cenário do mercado de trabalho na indústria. Segundo ele, antes da crise, em 2014, havia 13 milhões de pessoas ocupadas no setor. O número chegou a 11, 8 milhões no ano passado, e hoje, há 11,3 milhões. Foram praticamente 1,7 milhão de pessoas em dois anos, de acordo com o coordenador do IBGE. -  Tem a ver com a crise. A indústria foi sem dúvida o grupamento que mais sentiu a crise por ser o grupamento mais formalizado, ter uma participação em estados como São Paulo, do Sul, Minas Gerais, que são pontos importantes com peso na economia brasileira — afirma Azeredo, que ressalta o impacto que o setor tem na demissão indireta, de setores periféricos à indústria: — Quando se fecha um canteiro de obra, você põe para fora segurança, faxina; mexe com bastante coisa. São grupamentos muito populosos, que causam impacto quando afetados.

O setor do comércio se manteve estatisticamente estável, segundo o IBGE. Apesar disso, em comparação ao mesmo trimestre do ano passado, o recuo foi de 193 mil vagas, ou 1,1%. Frente ao trimestre encerrado em novembro, a queda foi de 0,1%, menos 25 mil vagas. Transportes, armazenagem e correio também registrou estabilidade nas duas comparações: alta de 1,3% (mais 58 mil vagas) e 1,6% (mais 72 mil postos de trabalho).
O setor de alojamento e alimentação registrou altas: 409 mil pessoas a mais, crescimento de 9%, frente ao mesmo trimestre de 2016, e alta de 3,5%, ou 169 mil trabalhadores na comparação com os três meses imediatamente anteriores.


Fonte: O Globo

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Tanto pró e tanto contra

Quando o PIB parar de cair, teremos deixado a recessão para trás e iniciado o processo de recuperação

Há um intenso debate sobre se a economia brasileira já saiu da recessão ou, se não, quando isso pode acontecer. Recessão quer dizer queda do Produto Interno Bruto (PIB), quando um país produz em um determinado período menos do que em momentos anteriores. Isso aconteceu em 2015, quando o PIB caiu espantosos 3,8%, e em 2016, provável redução do mesmo tamanho. Portanto, quase 9% de perda de produto em dois anos.

O desastre estará superado apenas quando a economia recuperar essa perda. Quando, por exemplo, a taxa de desemprego voltar para a casa dos 6%. Vai levar tempo longo. Mas o caminho começa com uma zeragem: quando o PIB parar de cair, teremos deixado a recessão para trás e iniciado o processo de recuperação.  Isso já estaria acontecendo neste ano de 2017?

Listo aqui primeiro os fatores que puxam o Brasil para baixo e os que empurram para cima. Em seguida, abordo fatores já em andamento. E depois as perspectivas positivas e negativas.
O que puxa para baixo:
Desemprego — 12,5 milhões de pessoas sem trabalho é um enorme drama familiar e um efeito econômico grave: reduz o consumo das famílias, poderoso motor do PIB;
Endividamento das famílias e das empresas há um excesso de dívidas formadas no período do crédito fácil, frequentemente subsidiado e sem critério e, no caso das empresas, apoiando os empresários amigos do governo petista. O momento é de reduzir dívidas, o que, de novo, reduz consumo e investimentos;
Crise fiscal dos estados Rio, Minas e Rio Grande do Sul têm PIBs regionais fortes. A falta de dinheiro afeta todos os setores da economia local.

O que puxa o Brasil para cima:
Safra agrícola 2016/17 — excelente, acima dos padrões, deve ter um valor bruto de R$ 545 bilhões, renda espalhada por todo o interior brasileiro. Vai gerar preços de alimentos comportados e mais excedentes de exportação. Aliás, as exportações de carne já iniciaram janeiro detonando;
Liberação das contas inativas do FGTS — nada menos que R$ 43 bilhões, estimativa da Caixa, que chegarão aos bolsos de 30 milhões de trabalhadores. É dinheiro, algo em torno de 0,7% do PIB, que poderá ser usado para abatimento de dívidas e consumo novo;
Queda forte da inflação IPCA de janeiro, divulgado ontem, foi recorde de baixa. Isso preserva a renda das famílias e dá ganho para quem obteve reajustes salariais acima de 5% no ano passado;
Queda acentuada dos juros — poderoso estímulo ao investimento.

Daqui para a frente, o que pode atrapalhar:
Crise política em Brasília, que bloqueie a atividade do governo e do Congresso, impedindo a votação das reformas.
E aqui cabe uma observação: essa crise pode surgir com as delações da Odebrecht e as investigações decorrentes dela. Vai daí, simplificando, se diz que a Lava-Jato pode atrapalhar — escorregada que nós mesmos demos em comentário no “Jornal da Globo”, na última terça. Mas logo corrigida com o seguinte ponto: a Lava-Jato é favorável ao Brasil, muda para melhor a política, o comportamento ético e a economia, neste caso, ao tornar evidente os malefícios do capitalismo dos amigos do governo. E abre espaço para uma política correta e um capitalismo de verdade, em que a eficiência e a competição valem mais que a propina paga ao governante de plantão.

Dito isto, é preciso notar que a Lava-Jato vai atingir autoridades que estão no comando do governo e do Congresso. Esses políticos apanhados podem simplesmente cair fora, por vontade ou forçados. Nesse caso, sem problemas. São substituídos, e segue a recuperação.  Provavelmente, porém, vão espernear, se agarrar ao cargo e tentar sabotar a Lava-Jato com a ajuda de amigos no Judiciário e no governo. Isso levará a atrasos na política econômica. Paciência: a responsabilidade será dos políticos corruptos e coniventes. O país não sai da crise se eles forem perdoados. Portanto, o caminho a seguir é apoiar a Lava-Jato na busca da punição nos tribunais e esperar que o povo mude nas eleições  [deixando de votar em coisas tipo Lula, Dilma, Marina, Renan e muitos outros. Regra: NÃO VOTAR EM LADRÃO, NÃO VOTAR EM INCOMPETENTE - outras categorias existe, apesar de menos cotadas. Eliminando o máximo dos que integram uma das destacadas, já estaremos bem; lembrando que tem o ladrão competente e o ladrão incompetente e ambos devem ser expelidos.] — o que, aliás, já fez em boa parte nas eleições municipais.

E o que pode empurrar para cima?
Reformas previdenciária, trabalhista e algo de tributária sendo votadas no Congresso neste ano. É boa a chance, dada a maioria de Temer.
Concessões de obras de infraestrutura, coisa que depende da agilidade do governo federal. [agilidade do governo Temer é algo praticamente impossível de existir - o que é um complicador;
sem esquecer que quando decide costuma errar e tem que refazer.]
E novos investimentos em petróleo, o que também dá agilidade ao governo em montar os leilões. Isso depende de uma mudança importante na lei de conteúdo nacional, uma herança petista, que atrasa e encarece os investimentos.
Uma pela outra, o pessoal, na média, acha que o Brasil cresce um pouquinho neste ano (0,5%), saindo do zero neste primeiro trimestre e chegando ao final do ano com um ritmo de expansão mais forte. Isso preparando um PIB superior a 2% em 2018.
A ver.

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - O Globo