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domingo, 3 de fevereiro de 2019

Após crise, Itamaraty está sob tutela de militares do governo

Ação ocorreu após Ernesto Araújo assinar documento sobre a Venezuela sem consultar generais

[Araújo tem o perfil ideal para o acvargo, afinidade de ideias com o presidente = excelente ministro. 
Mas, precisa ter em conta que ele é apenas ministro e certos assuntos precisam ser conversados antes  dele assiná-los;
as vezes, certos documentos após assinados,  só perdem o valor se quem os assinou se tornar um EX.
Desautorizar um ex é bem mais fácil do que desautorizar alguém que ainda continua no posto.
Manter um desautorizado no posto suscita muitas perguntas, leva a muitas conjecturas. ]
A ala militar do governo promoveu uma espécie de intervenção branca no Itamaraty, tutelando os movimentos do chanceler Ernesto Araújo sobre temas considerados sensíveis —crise na Venezuela à frente.  O chanceler, que nunca comandou um posto no exterior, se indispôs com os militares logo na largada do governo, numa crise até aqui inaudita.  No dia 4 de janeiro, ele participou de reunião no Peru do Grupo de Lima, que reúne 14 países para discutir a situação política venezuelana.

MATÉRIA COMPLETA, clique aqui 

Slogan de Bolsonaro foi inspirado em brado de paraquedistas militares


Grito 'Brasil acima de tudo' surgiu no final da década de 1960 e espalhou-se pelos quartéis 
O bordão "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos" que marca a campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e dá nome à sua coligação é uma apropriação de brado da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército. O candidato foi paraquedista em sua trajetória militar, assim como o seu vice, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB).

Em artigo, o coronel Cláudio Tavares Casali explica que o brado, atualmente difundido pelos quartéis, surgiu no final da década de 1960, durante a ditadura militar, pouco depois do decreto do Ato Institucional nº 5 (AI -5). Um grupo de paraquedistas nacionalistas formado pelos capitães paraquedistas Francimá de Luna Máximo, José Aurélio Valporto de Sá e Kurt Pessek teria criado, nesse contexto, o lema "Brasil acima de tudo". 

Chamado Centelha Nativista, o grupo tinha como objetivo ressuscitar os valores "de nacionalismo não xenófobo, de amor ao Brasil e de criar meios que reforçassem a identidade nacional e evitasse a fragmentação do povo pela ideologia e exploração de dissensos da sociedade dividindo o povo nos termos da velha luta de classes do marxismo".
Segundo Casali, o lema foi muito questionado devido à semelhança com o brado nazista de "Alemanha acima de tudo" (no alemão, "Deutschland über alles"). A Centelha Nativista tinha um plano para impedir que os sequestradores do embaixador norte-americano Charles Elbrick embarcassem em um avião e deixassem o país em 4 de setembro de 1969. No entanto, dois dias depois eles foram libertados pelo governo militar e deixaram o Brasil.

Revoltados, os membros da Centelha invadiram a estação da Rádio Nacional para ler um manifesto de repúdio à "decisão da junta governamental de fazer a entrega de presos condenados pela Justiça, numa demonstração de fraqueza e à revelia das Forças".  "Conclamamos à união e tomada de consciência de que existe em nosso país declarada guerra interna revolucionária de comunistas, contra a qual iniciamos neste momento ações militares de repressão", continua o manifesto, concluindo com "em nome de Deus, Brasil acima de tudo".
Em dezembro de 1969, quando morre o marechal Costa e Silva, os paraquedistas nativistas tentam colocar na Presidência um nome próximo a eles, o general Afonso Augusto de Albuquerque Lima. Eles chegam a sugerir um levante em Salvador, mas são desencorajados pelo próprio general, que se coloca contrariamente a "quarteladas". A atuação da Centelha, então, se dispersa. Em 1974, o general Hugo de Andrade Abreu, aliado do grupo, faz o primeiro uso do brado "Brasil acima de tudo" de que se tem registros oficiais ao transferir-se da brigada paraquedista para a Casa Militar da Presidência. 

De acordo com Casali, "Brasil acima de tudo" é adotado pelos paraquedistas em definitivo a partir de janeiro de 1985, quando o general Acrísio Figueira assume o comando da brigada e, inspirado nos americanos que se saudavam com "Air Born" e "All the way", adota o bordão criado pela Centelha para "aumentar os laços de camaradagem e espírito de corpo".

Na segunda-feira (22), em homenagem ao dia do paraquedista militar, o Exército postou o slogan "Brasil acima de tudo" em suas redes sociais.


domingo, 13 de janeiro de 2019

A colaboração está virando jabuticaba



O instituto que começou como uma arma contra malfeitores aos poucos tornou-se uma barafunda que os favorece 

Condenado a 12 anos de prisão, Palocci cumpriu menos de dois e está em casa, de tornozeleira

 Antonio Palocci, ex-ministro de Lula e Dilma, quindim da banca enquanto mandou, fechou seu terceiro acordo de colaboração, desta vez com o Ministério Público Federal em Brasília. Condenado a 12 anos de prisão, cumpriu menos de dois e está em casa, de tornozeleira. Como de hábito, o que vazou de suas confissões é uma mistura de notícias velhas com aulas de ciência política.
Quando juiz, no calor da campanha eleitoral, Sergio Moro divulgou um dos anexos da colaboração de Palocci à Polícia Federal. Espremendo-a, dela resultou que Lula chamou-o para uma reunião no Palácio da Alvorada e mandou que organizasse uma caixinha com os fornecedores  de sondas para a Petrobras.  Grande revelação, desde que em outros anexos, ainda desconhecidos, ele tenha contado a quem mordeu, quanto arrecadou e como passou o dinheiro adiante. Sem isso, o anexo é o que foi: um instrumento de campanha política.

O instituto da colaboração de malfeitores está contaminado desde 2015, quando um procurador de Curitiba formulou a doutrina da “bosta seca”, segundo a qual, havendo colaborações conflitantes, não se aprofunda a investigação.  Aceita-se a palavra do delator e, mais tarde, sentenças baseadas nelas caem nas instâncias superiores. Essa jabuticaba faz a fortuna de uma nova geração de criminalistas.
Ainda neste ano o Supremo Tribunal Federal decidirá se mantém ou revoga o acordo feito por Rodrigo Janot com os donos da JBS. Os irmãos Batista estão na frigideira, mas Janot, a outra ponta de um acordo tão astucioso quanto escalafobético, vai bem, obrigado.

Com a ida do astro-rei Sergio Moro para o Ministério da Justiça, talvez se possa começar a duvidar da eficácia da doutrina da “bosta seca”. Estima-se que, de cada dez anexos de colaboração, só a metade resulte em investigações ou sindicâncias.
Para ficar num exemplo que entrará nos anais da diplomacia, o Itamaraty de Lula deu agrément ao doutor Choo Chiau Beng, para a posição de embaixador de Cingapura no Brasil. Ele não pertencia ao serviço público, nunca chefiou a embaixada em Brasília e não deixou de ser o CEO do estaleiro Keppel, que  fornecia sondas à Petrobras.

(...)

Parente do general
Refrescando a memória para a “nova era” do governo Bolsonaro:
Em 1964, o general Ernesto Geisel, chefe do Gabinete Militar de Castello Branco, encontrou-se com um sobrinho. Economista e funcionário do Banco do Brasil, pretendia trabalhar no gabinete do  ministro do Planejamento,  Roberto Campos. O general abateu-o em voo: “Não vá, porque eu vou dizer ao Roberto  que mande você embora”.
Já o marechal Castello Branco demitiu o irmão Lauro da Diretoria de Arrecadação do Ministério da Fazenda porque ele aceitou um automóvel de presente.
(...)

Otimismo
Coisas boas também acontecem.
No dia 4 de março a Mangueira entrará na avenida cantando “Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês”.

Elio Gaspari, jornalista - Folha de S. Paulo

 

 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Itamaraty em estado de choque

O ministro maluquinho

Nem entre bolsonaristas de raiz pegou bem o discurso feito pelo embaixador Ernesto Araújo ao assumir, ontem, o cargo de ministro das Relações Exteriores. Foi um desempenho, o dele, capaz de deixar chocados diplomatas tupiniquins e estrangeiros.

Consolida-se a imagem de um homem que leu muito, misturou tudo que conseguiu reter, bateu num liquidificador e oferece agora aos obrigados a ouvi-lo da maneira a mais confusa possível, quase incompreensível. Arrota conhecimentos e colhe perplexidade.

É uma enciclopédia viva com tudo fora do lugar.
[enquanto isso, Magno Malta,  se considera feliz por 'arrependimento não matar'.]
Chare do Amarildo
 
 Blog do Noblat - Revista Veja

terça-feira, 19 de maio de 2015

Talvez não tenham conseguido apequenar a indicação de Fachin - mas, certamente, o Senado e o STF foram apequenados

Dilma diz que Fachin honra o judiciário brasileiro

Para Cardozo, parte da oposição tentou apequenar indicação de Fachin; ministros do STF parabenizaram novo colega 

A presidente Dilma Rousseff recebeu com satisfação a aprovação pelo Senado, nesta terça-feira, do nome de Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a Secretaria de Comunicação Social (Secom). Em nota, Dilma diz que Fachin "é um homem de competência e conhecimento jurídico reconhecidos pelos seus pares no Brasil e no exterior"

Para a presidente, o novo ministro "honra o Judiciário brasileiro e o Supremo Tribunal Federal e só engrandece as instituições democráticas de nosso país".

Já o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a aprovação do jurista foi uma vitória da sociedade brasileira e não do governo Dilma Rousseff. Para Cardozo, Fachin é um jurista de capacidade inquestionável e de saber jurídico inegável.  — Foi um resultado excelente, é um nome digno para ocupar o cargo — afirmou.

Cardozo disse que o governo esperava um resultado entre 50 e 60 votos favoráveis e que passou a ter essa estimativa após a sabatina de Fachin na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, na semana passada. — Tínhamos uma avaliação de que o resultado seria mais ou menos este, principalmente depois do que vimos na sabatina, que foi detalhista, o que é um processo absolutamente saudável. Muitos senadores estavam em dúvida, mas decidiram seu voto ali — avaliou.

O ministro elogiou a conduta de parte da oposição, citando o senador tucano Alvaro Dias (PR), que não fez da escolha do ministro uma disputa política com o governo. — Algumas pessoas da oposição tentaram apequenar a discussão, transformando a indicação de Fachin numa disputa política entre governo e oposição. Mas este era um caso de Estado e não de governo. Senadores como Alvaro Dias tiveram postura sóbria neste processo. O importante é que a maioria dos senadores percebeu que se tratava de uma questão de Estado — afirmou Cardozo.

MINISTROS DO STF ELOGIAM JURISTA
Os ministros do Supremo parabenizaram Fachin e ressaltaram as qualidades do novo membro da Corte. Luís Roberto Barroso lembrou das críticas que o advogado enfrentou entre a indicação e a aprovação do seu nome pelo Senado: “Está em Camões: ‘As coisas árduas e lustrosas se alcançam com trabalho e com fadiga’. A digna altivez com que o professor Fachin enfrentou as críticas mais ferozes valorizam-no como ser humano. E certamente reforçaram o seu espírito para ser um juiz sereno e independente.”

O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, afirmou que a nomeação de Fachin representa a força das instituições brasileiras:  "O Supremo Tribunal Federal se sente prestigiado pela escolha do professor Luiz Edson Fachin para ocupar uma das cadeiras da mais alta Corte do país, jurista que reúne plenamente os requisitos constitucionais de notável saber jurídico e reputação ilibada. A criteriosa indicação do jurista pela Presidência da República, seguida de cuidadoso processo de aprovação pelo Senado Federal, revelaram a força de nossas instituições republicanas."

Além de ressaltar as qualidades do novo colega, Marco Aurélio Mello falou sobre as dificuldades do processo no Senado: "Faz parte do processo de escolha, e será mais uma força. E Supremo é somatório de forças distintas. Jamais eu vi uma quase que orquestração, visando minar a caminhada dele, mas ele se saiu muito bem e agora foi aprovado por maioria absoluta dos senadores.”

Teori Zavascki disse que Fachin irá qualificar ainda mais o STF: "Foi uma aprovação merecida. Luiz Edson Fachin é um jurista à altura do Tribunal e vai qualificar ainda mais a Suprema Corte de nosso país."

APOSTAS
Pelas contas da equipe do jurista Luiz Edson Fachin, ele teria 50 votos favoráveis. Acabou recebendo 52 apoios dos senadores. A avaliação foi a de que os dois votos a mais do que o previsto foram dados pelos tucanos. No Palácio do Planalto, alívio com a ampla margem de votos. Um auxiliar presidencial disse que o governo contava com a aprovação e com um resultado acima dos 50 votos, mas disse que poderia prevalecer o "imponderável", com negociações de bastidores e traições, já que Renan Calheiros sinalizou contrariedade com a indicação feita pela presidente Dilma Rousseff.

Antes da aprovação de Fachin, a rejeição do embaixador Guilherme Patriota para um posto na OEA causou apreensão de integrantes do governo que acompanhavam de dentro do plenário a sessão, que imediatamente telefonaram ao ministro da Justiça.  — Foi desesperador — disse um integrante do governo.

Entre os senadores, aposta no placar. O ex-líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR) apostou em 45 votos favoráveis. O peemedebista Ricardo Ferraço (ES) foi mais pessimista. Torceu pela derrota de Fachin, com 39 votos, não alcançando os 41 necessários para se tornar ministro do STF.


quinta-feira, 16 de abril de 2015

O Vaticano tem o DEVER de salvaguardar os princípios católicos; assim, deve ignorar a provocação e não credenciar o embaixador gay



Nomeação de embaixador gay gera atrito entre França e Vaticano

Indicação foi feita em janeiro, mas a Santa Sé ainda não aprovou o nome de Laurent Stefanini para o cargo

O Estado do Vaticano é soberano e conduz sua política externa da forma que entender conveniente e respeitando os princípios cristãos. Se o governo francês pretendia e provocar a Santa Sé, escolheu o alvo errado, o que nos leva a sugerir que envie o diplomata Laurent Stefanini para algum país do Oriente Médio, que saberá tratar da provocação.

A nomeação de um embaixador abertamente gay para o Vaticano tem gerado atrito entre a França e a Santa Sé desde janeiro. Normalmente, o Vaticano leva seis semanas para aprovar uma indicação, mas, até agora, o governo francês não teve resposta da cidade-estado que é a sede da Igreja Católica. Nesta quarta-feira, a França anunciou que irá manter a nomeação de Laurent Stefanini.  — A França escolheu seu embaixador para o Vaticano. Esta escolha foi Stefanini e continua sendo a proposta da França. Há negociações. Cada embaixador deve receber a credencial em todos os lugares que nomeamos. Esperamos a resposta do Vaticano, mas a posição da França não muda— afirmou o porta-voz do governo francês, Stephane Le Foll. [a França age de forma soberana ao indicar um diplomata, o que não impede que o Estado que vai credenciar o indicado exerça o seu direito soberano de não conceder ‘aceitação’ .] 

A aprovação de Stefanini tem sido vista com um teste ao Papa Francisco, que já demonstrou ter posições mais progressistas sobre a homossexualidade do que seus antecessores. No entanto, analistas acreditam que o pedido pode ser negado. Eles dizem que esse longo silêncio pode ser visto como uma recusa, já que o Vaticano não costuma emitir um comunicado quando decide negar o embaixador escolhido.
Na semana passada, questionado pela imprensa, a Santa Sé emitiu uma nota afirmando que “quando o embaixador é indicado, o nome é publicado no boletim oficial da Santa Sé. Até lá, não há nada a ser dito" 

A França, que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2013, tem negociado com o Vaticano sobre a nomeação. Laurent Stefanini, 55 anos, ocupou o posto de vice-embaixador entre 2001 e 2005. Diplomata com ampla experiência, Stefanini já foi descrito pelo Ministério de Relações Exteriores da França como “um de nossos melhores diplomatas”.

Fonte: O Globo

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dilma é contra à execução de um traficante de drogas mas nomeia uma aborteira convicta - Eleonona ´Menicucci, 'vó do aborto" - ministra de Políticas para as Mulheres

Dilma recusa credencial de embaixador da Indonésia para atuar no Brasil

 O governo brasileiro adiou, na última hora, o recebimento das credenciais do embaixador da Indonésia, Toto Riyanto, à espera de um solução para o caso de Rodrigo Gularte, condenado à morte no país. O embaixador seria o primeiro a entregar suas credenciais nesta sexta-feira, 20, no Palácio do Planalto e chegou a comparecer à cerimônia, quando foi avisado de que não seria recebido pela presidente. Pouco antes dos demais embaixadores descerem pela rampa do Planalto, Riyanto foi retirado pela entrada lateral.

Dilma havia planejado, inicialmente, falar sobre o caso do brasileiro, que espera uma transferência para um hospital psiquiátrico por ter sido diagnosticado com esquizofrenia. No entanto, tomou-se a decisão de dar um sinal mais forte.  "Nós achamos importante que haja uma evolução na situação para que a gente tenha clareza em que condições estão as relações da Indonésia com o Brasil. O que nós fizemos foi atrasar um pouco o recebimento das credenciais. Nada mais do que isso", afirmou a presidente ao final da cerimônia em que recebeu outros cinco embaixadores.

Esse é o segundo gesto diplomático duro que o Brasil faz com a Indonésia. Há um mês, quando outro brasileiro preso no país, Marcos Archer, foi fuzilado, o País retirou seu embaixador em Jacarta por cerca de 10 dias. Não receber as credenciais, no entanto, não é algo comum e não há precedentes recentes no Itamaraty.  O não recebimento das credenciais não altera o trabalho do embaixador, que pode representar seu país em plena capacidade, desde o aceite de sua nomeação pelo país anfitrião. No entanto, o simples atraso da cerimônia - como ocorreu com o Brasil no ano passado, em que a presidente ficou um ano e meio sem receber os embaixadores - já é suficiente para gerar desconfortos diplomáticos.
[se percebe que Dilma não está protestando contra a Indonésia, o caso é que a 'cérebro baldio' não tem mesmo é educação.
Esperamos que a Indonésia simplesmente ignore os 'chiliques' da Dilma e cumpra suas leis e execute o traficante brasileiro ainda este mês.]

O Brasil tenta negociar a transferência de Gularte para um hospital psiquiátrico. [Gularte quando cometeu os crimes de tráfico de drogas não era doente e certamente sua execução vai curá-lo definitivamente da esquizofrenia.] A lei da Indonésia exige que os condenados tenham plena consciência do seu crime e da sua punição para serem executados.

Com o diagnóstico de esquizofrenia, o brasileiro poderia ter a pena suspensa ou pelo menos adiada. Mas, apesar do laudo de um médico do serviço público de saúde, a promotoria da Indonésia ainda exige uma outra análise, de uma junta médica, antes de suspender a sentença. Hoje, um diplomata brasileiro irá entregar ao diretor do presídio um pedido para transferência de Gularte.

O governo brasileiro tem pressa porque os dois processos, de fuzilamento e de transferência, seguem paralelos. A execução do brasileiro e de outros estrangeiros condenados à morte ocorreria este mês, mas foi suspensa e ainda não tem nova data, o que deu mais tempo ao governo brasileiro. Se Gularte não conseguir a transferência, pode ser executado mesmo que o diagnóstico de doença mental esteja sendo ainda analisado.


Fonte: Estadão
 



sábado, 10 de outubro de 2009

O sequestro de um embaixador - Franklin Martins, ministro do Lula, foi um dos bandidos participantes

O SEQÜESTRO DO EMBAIXADOR DOS EUA

Assaltos a bancos e estabelecimentos comerciais, ataques a sentinelas, roubos de armas e explosivos, assassinatos encobertos sob o eufemismo de "justiçamentos", a violência estarrecia porém perdera o ineditismo. A repetição sistemática das ações tirava-lhes o impacto do fato novo gerador de curiosidade. Era necessário imaginar algo que mexesse com a opinião pública.

Com esse pensamento, a direção da Dissidência do PCB na Guanabara (DI/GB) imaginou, em meados de 1969, o seqüestro de um representante diplomático. A ação teria a finalidade de liberar companheiros presos e de chamar a atenção da opinião pública nacional e internacional para a audácia e a determinação do movimento revolucionário comunista no Brasil.

O alvo mais significativo seria o embaixador dos Estados Unidos da América, tachado como representante e defensor dos "interesses imperialistas norte-americanos em nosso País".

O pensamento inicial da DI/GB, em consonância com sua origem universitária, era libertar o seu militante e líder secundarista, Vladimir Gracindo Soares Palmeira ("Marcos"), além dos também dirigentes do movimento estudantil, José Dirceu de Oliveira e Silva ("Daniel") - militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), e Luiz Gonzaga Travassos da Rosa, militante da Ação Popular (AP)

A idéia do seqüestro partiu de Franklin de Souza Martins ("Waldir", "Francisco", "Miguel", "Rogério", "Comprido", "Grande", "Nilson", "Lula") - que havia estado preso junto com os demais líderes até o final de 1968, e foi logo apoiada por Cid de Queiroz Benjamin ("Billy", "Vitor", "Willy", "Miro", "Levi"), integrante da Frente de Trabalho Armado (FTA) da DI/GB.

A direção da DI/GB, liderada por Franklin, concluiu, após os levantamentos preliminares, que a falta de experiência de seus quadros poderia dificultar o sucesso da ação. Seria necessário o apoio de uma equipe mais experiente. A ALN já havia conseguido notoriedade através da intensificação de suas ações armadas, principalmente em São Paulo, e pela constante divulgação de textos de Carlos Marighella, incentivando todo e qualquer tipo de "violência revolucionária". A ALN afigurava-se como o apoio mais confiável e competente.

Em julho de 1969, Claudio Torres da Silva ("Pedro", "Geraldo"), membro da FTA, devidamente autorizado pela direção da DI/GB, foi fazer contato com Joaquim Câmara Ferreira ("Toledo", "Velho", "Valter", "Azevedo"), dirigente nº 2 da ALN. "Toledo", aplicando a autonomia revolucionária permitida pelos princípios da organização, aprovou a ação e, sem o conhecimento de Marighella, prometeu o apoio da ALN à empreitada da DI/GB.

Durante os preparativos, foi alvo de especial atenção a escolha da data da ação. Havia duas opções: a semana de 7 de setembro ou o 8 de outubro. Oito de outubro, significativo pela lembrança da "queda" de Che Guevara na Bolívia, foi preterido pela semana de 7 de setembro em função da urgência em libertar os presos políticos e da intenção de desmoralizar as autoridades e esvaziar as comemorações da Semana da Pátria.

No final de agosto, Cid de Queiroz Benjamin tornou a fazer contato com "Toledo", em São Paulo, pormenorizando detalhes da ação de seqüestro. Da reunião, participou Virgílio Gomes da Silva ("Breno", "Jonas", "Borges"), coordenador do Grupo Tático Armado (GTA) da ALN, que seria o comandante da ação. "Breno", codinome utilizado por Virgílio só para o seqüestro, selecionou os também militantes da ALN, Manoel Cyrillo de Oliveira Netto ("Francisco", "Sergio", "Benê", "Mauro") e Paulo de Tarso Venceslau ("Rodrigo", "Geraldo", "Machado", "Beto"), para participarem diretamente da ação. "Toledo", pela direção da ALN, deslocar-se-ia para o Rio de Janeiro a fim de coordenar as ações e orientar os contatos com as autoridades.

Os levantamentos, reconhecimentos e providências logísticas da ação, todas sob a responsabilidade da DI/GB, já haviam sido tomadas.

Fernando Paulo Nagle Gabeira ("Mateus", "Honório", "Bento", "João", "Ignácio"), jornalista do "Jornal do Brasil" e responsável pelo setor de imprensa da DI/GB, havia alugado em 5 de agosto, por meio de sua amante Helena Bocayuva Khair (nome de solteira Helena Simões Bocayuva Cunha), a casa nº 1026 da Rua Barão de Petrópolis, no Rio Comprido, perto de Santa Teresa. O casarão, além de servir ao setor de imprensa, imprimindo o jornaleco "Resistência", seria utilizado como local de cativeiro do embaixador.

Franklin, Cláudio Torres e Cid levantaram o itinerário do carro do embaixador que, invariavelmente e sem qualquer segurança, transitava de sua residência oficial - um palacete da Rua São Clemente, em Botafogo - para a embaixada, localizada na Avenida Presidente Wilson, no Centro da então Guanabara. O itinerário, sempre o mesmo, iniciava-se na Rua São Clemente, passava pela tranqüila e descongestionada Rua Marques e atingia a Rua Voluntários da Pátria. A Rua Marques, pelas suas características, foi a escolhida para ser o local da abordagem do carro do embaixador.

Vera Sílvia Araújo de Magalhães ("Marta", "Andréia", "Carmen", "Ângela", "Dadá"), militante da FTA da DI/GB, foi a encarregada de levantar a personalidade e os horários de saída do embaixador. Aproveitando-se de sua aparência física atraente e à semelhança de ações anteriores, apresentou-se na casa do embaixador à procura de emprego como doméstica. Atendida pelo encarregado da segurança, Antonio Jamir, "Marta" envolveu-o emocionalmente, conseguindo os dados necessários à complementação do planejamento. "Marta" não se constrangia em utilizar o sexo como "instrumento de ação revolucionária".

Acertados os detalhes, foi marcada a data de 4 de setembro de 1969 para a ação de seqüestro. Mesmo o derrame cerebral sofrido pelo presidente Costa e Silva e a conseqüente assunção, em 31 de agosto, de uma junta governamental integrada pelos três ministros militares não foram um fato político suficiente para alterar a data prevista.

Em 2 de setembro, Paulo de Tarso Venceslau conduziu para a Guanabara, em seu carro particular, os terroristas Virgílio Gomes da Silva e Manoel Cyrillo de Oliveira Netto. Ao chegarem, foram recebidos por Cid e Cláudio que os conduziram "fechados" para um "aparelho" no bairro do Flamengo, perto do Hotel dos Ingleses. Virgílio, cioso de suas prerrogativas de comandante, iniciou, junto com os outros dois militantes da ALN, os reconhecimentos dos locais e itinerários ainda nesse dia, complementando-os no dia seguinte.

Em 3 de setembro, completado o planejamento, Paulo de Tarso comunicou-se com "Toledo", em São Paulo, por telefone, informando: "Negócio fechado, mande a mercadoria". A senha, enviada para a residência do industrial Jacques Emile Frederic Breyton - integrante da rede de apoio da ALN -, significava que a ação estava preparada, seria desencadeada e que "Toledo" poderia deslocar-se para a Guanabara. Nesse mesmo dia, de avião, "Toledo" chegou no Rio de Janeiro, indo alojar-se no "aparelho" da Rua Petrópolis, onde passou a relacionar os nomes dos comunistas presos que deveriam ser trocados pelo embaixador.

Redigido por Franklin e Gabeira e aprovado por "Toledo", ficou pronto o panfleto que seria deixado no carro do embaixador após a ação. Esse manifesto inseria o seqüestro dentro do contexto das demais ações terroristas, classificando-o como um "ato revolucionário". Fazia propaganda "antiimperialista", acusando o embaixador de representante dos "interesses espoliativos norte-americanos no Brasil". Exigia a libertação de quinze presos políticos - a serem anunciados oportunamente - que deveriam ser conduzidos para a Argélia, Chile ou México, onde lhes deveria ser concedido asilo político. A outra exigência era "a publicação e leitura desta mensagem completa nos principais jornais e estações de rádio e televisão de todo o país". Finalizando o manifesto, um ultimato concedia 48 horas para o governo aceitar as condições impostas e mais 24 horas para que os presos fossem transportados para o exterior em segurança; o não atendimento das condições acarretaria o assassinato - segundo eles, o "justiçamento" - do embaixador. O manifesto era assinado pela ALN e pelo Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), nome adotado pela DI/GB a partir de então.

A manhã do dia 4 de setembro de 1969, uma quinta-feira de sol, foi tensa para os executantes diretos do seqüestro. Com a antecedência necessária foi tomado o dispositivo para a ação.

Na esquina das ruas São Clemente e Marques ficou estacionado um Volks bege com João Lopes Salgado ("Dino", "Murilo", "Xisto", "Ribeiro", "Pagé", "Fio", "Colombo", "Tomé", "Gabriel", "Rivo", "Caramujo", "Zé Mineiro") e Vera Silvia. O motorista era José Sebastião Rios de Moura ("Anibal", "Baixinho"), que se postou em pé na esquina, para anunciar a aproximação do carro do embaixador.

Num Volks azul, com chapa de São Paulo, foram transportados Franklin, Cid e Virgílio, o qual saltou na Rua Marques pois, de acordo com o planejamento, seria um dos que entrariam no carro do embaixador durante a abordagem. Esse Volks azul, estacionado na Rua Marques, deveria realizar uma manobra - aparentando movimento normal de trânsito - que obrigasse o carro do diplomata a parar.

Cláudio Torres, Paulo de Tarso e Manoel Cyrillo chegaram num Volks vermelho, com chapa do Espírito Santo. Os três abordariam a pé, junto com Virgílio, o carro do embaixador. Esse Volks estacionou na Rua Marques, no lado oposto ao Volks azul, a fim de estreitar a rua e de impedir a manobra da viatura diplomática.

Na Rua Caio de Melo Franco, no Jardim Botânico, já havia sido estacionada por Sergio Rubens de Araújo Torres ("Rui", "Gusmão", "Júlio", "Vicente", "Jorge", "Ferreira", "Alfredo", "Pepe"), membro da FTA da DI/GB, a Kombi verde que serviria para o transporte do embaixador.

Tudo pronto. O tempo passava, a tensão aumentava mas o Cadillac do embaixador não aparecia.

Por volta das 1100h, o esquema foi desfeito. Apurara-se que o embaixador, contrariando a rotina, havia saído de casa bem mais cedo. Restava a alternativa do retorno do diplomata para a embaixada, após o almoço em sua residência.

Às 1300h, Virgílio determinou que o dispositivo fosse retomado. Apenas o Volks vermelho não precisou ser utilizado, pois havia vários outros carros estacionados, estreitando naturalmente a rua. O Volks foi abandonado na Rua Capistrano de Abreu.

Pronto o dispositivo, surgiu na Rua Marques um carro semelhante ao do embaixador norte-americano. Os olhares ansiosos convergiram para o José Sebastião que, na esquina, não deu nenhum sinal. Era o carro do embaixador português.

Finalmente, às 1400h, José Sebastião fez o sinal convencionado. Surgiu na esquina da Rua Marques o imponente Cadillac negro chapa CD-3, dirigido por Custódio Abel da Silva. Em marcha moderada, vinha aproximando-se do local da armadilha. No banco traseiro, Charles Burke Elbrick, 61 anos, absorto, refletia sobre os problemas rotineiros que o aguardavam na embaixada. A cerca de 20 metros, um Volks azul deixava lentamente o acostamento e fazia uma manobra em "U". O motorista Custódio freou para aguardar que a rua ficasse desimpedida.

Repentinamente, a calma da tarde foi interrompida. Quase que simultaneamente, as quatro portas do Cadillac foram abertas (surpreendentemente não estavam trancadas) e quatro terroristas armados adentraram no carro. Virgílio entrou pela porta traseira direita, enquanto que Manoel Cyrillo entrava pela traseira esquerda, ladeando o surpreso embaixador. Elbrick, aturdido e sem entender o que estava ocorrendo, foi forçado a colocar-se no assoalho do carro com as mãos na nuca, enquanto que Virgílio anunciava: "Somos revolucionários brasileiros". Pela porta do motorista, entrou Cláudio Torres que, empurrando Custódio e tomando-lhe o boné, colocou-se ao volante. Pela porta dianteira direita entrou Paulo de Tarso, ameaçando Custódio com sua arma.

Claudio Torres arrancou rapidamente com o carro, após Franklin manobrar o Volks, desimpedindo a rua.

O Cadillac, ao arrancar, foi seguido pelo Volks azul que fazia a cobertura na retaguarda. Ao retornar à Rua São Clemente, seguindo para a região de transbordo, o carro diplomático passou a contar com uma cobertura à frente, proporcionada pelo Volks bege, dirigido pelo José Sebastião.

Após rodar por alguns minutos, o Cadillac atingiu a região de transbordo, uma pequena rua sem saída, no Humaitá. Elbrick recebeu a ordem para fechar os olhos e sair do carro. Imaginando que seria morto, tentou segurar a mão de Virgílio que empunhava o revólver. Recebeu violenta coronhada na cabeça desferida por Manoel Cyrillo. Sangrando abundantemente e atordoado pela pancada, foi colocado no chão da Kombi e coberto com uma manta.

Os terroristas haviam, entretanto, cometido um erro grosseiro. O motorista Custódio, previsto para dar o alarme à polícia e divulgar o ocorrido, fora levado ao local do transbordo e viu a Kombi verde que levaria o embaixador. Esta foi uma das valiosas pistas que levaram os órgãos de segurança a descobrir, já no dia seguinte, 5 de setembro, o "aparelho" da Rua Barão de Petrópolis.

Conduzido ao "aparelho", Elbrick, ferido e ensangüentado, ainda permaneceu cerca de quatro horas no interior da Kombi, estacionado dentro da garagem do "aparelho", aguardando o escurecer para ser levado para o interior da casa.

Nesse cativeiro, já lá estavam "Toledo", Gabeira e Antonio de Freitas Silva ("Baiano", "Pedro"), este contratado como serviçal e para, futuramente, prestar serviços como mimeografista na preparação da documentação subversiva.

Imediatamente após o seqüestro, o efetivo do aparelho foi engrossado com as presenças de Virgílio, Manoel, Franklin e João Lopes Salgado. No interior da casa, foi montado um esquema de segurança prevendo-se uma guarda que permaneceria no quarto do embaixador e, do lado de fora, uma vigilância permanente da rua e dos arredores, realizada a partir da varanda. Nos contatos pessoais com o embaixador, os terroristas usavam capuzes, para não serem futuramente reconhecidos.

A equipe de sete terroristas mantinha-se tensa, aguardando o desdobramento da ação. O manifesto, deixado no interior do carro diplomático, exigia a sua divulgação através dos meios de comunicação, como uma das condições para a salvaguarda de Elbrick. Apesar do trunfo representado pelo embaixador, estavam encurralados no "aparelho" os mais importantes quadros da ALN e do novo MR-8.

Nessa primeira noite, os terroristas ouviram, pelas emissoras de rádio, a divulgação do manifesto. Era sinal de que o governo brasileiro resolvera negociar, preservando a vida do diplomata americano.

Nessa mesma noite, elaboraram a seleção dos quinze comunistas a serem libertados. A idéia inicial do MR-8 de libertar três líderes estudantis fora posteriormente ampliada por "Toledo" para quinze, o que exigia uma pesquisa para a qual o bando seqüestrador não estava preparado. Tiveram dificuldades em selecionar nomes de outras organizações, pois desconheciam a importância dos diversos presos no contexto da subversão. Ignoravam, inclusive, o verdadeiro nome de Mario Roberto Galhardo Zanconato, militante da Corrente/MG, colocado na relação com o apelido de "Xuxu".

Paulo de Tarso Venceslau, após o seqüestro, permaneceu ainda mais um dia no Rio de Janeiro, em contato com Claudio Torres. Em seguida, deixou seu carro no Rio e, obedecendo ordens de "Toledo", deslocou-se de avião para São Paulo, a fim de apurar algumas "quedas" da ALN e de levantar dados sobre a explosão de um Volkswagen na Avenida da Consolação, na madrugada de 4 de setembro. Retornou no sábado, dia 6, e, após anunciar a morte de José Wilson Lessa Sabbag ("Nestor") - chefe do Grupo de Ação do GTA/ALN/SP - e a identificação do japonês morto na explosão como sendo Ishiro Nagami, o "Charles" ("Toledo" pensava que pudesse ser Takao Amano, o "Jorge"), voltou a São Paulo em seu próprio carro, que havia ficado com Claudio Torres.

Na manhã de 5 de setembro, Gabeira e Cláudio Torres colocaram na urna de donativos da Igreja do Largo do Machado uma mensagem, informando que divulgariam a lista de quinze nomes e um bilhete manuscrito de Elbrick para a esposa, Eunice. Uma cópia da mensagem foi deixada, como alternativa, na urna de donativos da Igreja Nossa Senhora de Copacabana, na Praça Serzedelo Correia.

Elbrick, intimidado por seus algozes, suplicava, em seu bilhete, que as autoridades não tentassem localizá-lo, informando que "a gente que me prendeu está determinada".

Cláudio Torres, orientado por Gabeira, ligou para o "Jornal do Brasil" e para a "Última Hora" comunicando onde estavam as duas cópias da mensagem e solicitou a sua publicação.

No início da tarde de 5 de setembro, sexta-feira, a relação com os quinze nomes foi colocada pela dupla Gabeira/Cláudio Torres na caixa de seleções do Mercado Disco do Leblon. Foi utilizado o expediente de ligar para a "Rádio Jornal do Brasil", informando o local onde estava a mensagem e pedindo a sua divulgação.

Naquela altura, os órgãos de segurança, graças ao amadorismo dos terroristas, já haviam localizado o "aparelho" da Barão de Petrópolis e o mantinham sob vigilância. Após seguirem Gabeira e Cláudio Torres nas andanças para a colocação das mensagens, resolveram demonstrar aos seqüestradores que já os tinham sob vigilância e que qualquer dano causado ao embaixador seria imediatamente reprimido. Dois agentes bateram à porta do "aparelho" e, sem se preocuparem em disfarçar suas intenções, fizeram perguntas sobre os moradores da casa e outros detalhes típicos de uma investigação. Gabeira, esforçando-se em aparentar naturalidade, respondeu, de forma pouco convincente, as perguntas dos policiais. Enquanto isso, dentro do "aparelho", os terroristas, assustados, preparavam-se para fazer frente a uma ação que não haviam previsto. Virgílio correu para o quarto de Elbrick e, colocando-o sentado no chão, permaneceu com o revólver apontado para a cabeça do apavorado embaixador. O comandante "Breno", justificando o conceito de "desassombrado revolucionário", tomara a iniciativa e queria ter o privilégio de eliminar o "representante do imperialismo".

Para alívio dos terroristas, os policiais retiraram-se. A vigilância foi intensificada e, a partir daquele momento até altas horas da madrugada, o tempo foi consumido em discussões para decidir qual a atitude a tomar. Chegaram à conclusão de que deveriam permanecer no "aparelho" e prosseguir com o planejamento inicial. Enquanto mantivessem Elbrick vivo teriam chances de escapar.

O dia de sábado foi de expectativa. O governo brasileiro, em respeito à vida de um representante diplomático estrangeiro, já havia aceitado as condições dos terroristas. O México, um dos países propostos, havia concordado em receber os presos políticos.

Às 1730h de 6 de setembro, um avião Hércules C-130 da FAB, comandado pelo major Egon Reinisch, decolou da Base Aérea do Galeão para levar os primeiros quinze terroristas banidos do território nacional: treze embarcaram no Rio (Agonalto Pacheco da Silva, Flávio Aristides de Freitas Tavares, Ivens Marchetti de Monte Lima, João Leonardo da Silva Rocha, José Dirceu de Oliveira e Silva, José Ibraim, Luiz Gonzaga Travassos da Rosa, Maria Augusta Carneiro Ribeiro, Onofre Pinto, Ricardo Vilas Boas Sá Rego, Ricardo Zaratini Filho, Rolando Fratti e Vladimir Gracindo Soares Palmeira)

e dois (Gregório Bezerra e Mario Roberto Galhardo Zanconato), em escala no Recife.

Por pouco, o plano do governo, de preservar a vida do embaixador, ia por água abaixo. Tropas da Brigada Pára-quedista, comandadas pelo coronel Dickson Grael, tomaram a Base Aérea para impedir a saída do avião. Ao verificarem que ele já havia decolado, ocuparam, às 2230h, a Rádio Nacional, e lançaram ao ar a seguinte mensagem:

"Atenção para um comunicado à nação brasileira:
A tropa de pára-quedistas e outras tropas, insurgidas contra a decisão da Junta Governamental, de fazer a entrega de presos condenados pela Justiça, numa demonstração de fraqueza e à revelia das Forças Armadas - lança - nesse momento, uma proclamação ao povo brasileiro de repúdio a tal medida impatriótica.
Conclamamos à união e tomada de consciência de que existe, em nosso país, declarada guerra interna revolucionária de comunistas, contra a qual iniciamos, neste momento, ações militares de repressão.
Para o cumprimento desta determinação patriótica, estamos dispostos ao mais alto sacrifício.
Em nome de Deus.
Brasil acima de tudo."

Na manhã de 7 de setembro, domingo, foi colocada por Cláudio Torres no monumento em frente à empresa Manchete, na Praia do Russel, a terceira e última mensagem. Os seqüestradores anunciavam o conhecimento da chegada dos quinze subversivos no México e aguardavam apenas uma autenticação, previamente combinada, para libertar o embaixador.

O "aparelho" estava cercado. A vida do seqüestrado valia, então, a vida dos seqüestradores. Os terroristas resolveram contrabalançar o vazio das ruas de um domingo e feriado com a confusão da saída do jogo Fluminense x Cruzeiro, no Maracanã, para libertar o embaixador.

Elbrick foi colocado vendado num Volks dirigido por Cláudio Torres, tendo Virgílio a guardá-lo. Em outro Volks, fazendo a cobertura, deslocaram-se Cid e Manoel.

Helena Bocayuva Khair já havia auxiliado Gabeira a retirar do "aparelho" os dirigentes "Toledo", Franklin e João Lopes Salgado. O "Baiano" também já tinha abandonado o aparelho auxiliado por Helena, tendo sido guardado num outro "aparelho", em São Cristóvão.

Por volta das 1830h, os terroristas trancaram o "aparelho" e iniciaram o deslocamento acompanhados por uma viatura dos órgãos de segurança, cujos integrantes tinham ordens de não intervir. No congestionado trânsito do término do jogo do Maracanã, os terroristas conseguiram distanciar-se e foram perdidos pela viatura.

Elbrick foi abandonado na Rua Eduardo Ramos, próxima do Largo da Segunda Feira, na Tijuca, com ordem de permanecer 15 minutos no local, antes de procurar auxílio. O amedrontado embaixador cumpriu à risca as ordens dos terroristas. Após transcorrido o prazo, tomou um táxi e retornou à sua residência.

Terminava, assim, resguardada a integridade do embaixador, o episódio que serviria de modelo para o seqüestro de mais 3 diplomatas. A exaltada ação subversiva, considerada uma vitória pelas esquerdas, proporcionou, em razão dos erros primários no planejamento e na execução, condições para que fossem desferidos duros golpes na ALN e no MR-8, que culminariam com a "queda" de Marighella em novembro de 1969, em São Paulo.

F. DUMONT