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terça-feira, 21 de maio de 2019

Aliados de Bolsonaro recomendam que ele evite posts polêmicos no domingo

A estratégia é compartilhada pelos próprios incentivadores dos protestos, como o senador Major Olímpio (PSL-SP), pois os alvos são o Legislativo

Com o PSL cada vez mais isolado, a equipe próxima do presidente Jair Bolsonaro tenta convencer o chefe a se manter longe das manifestações convocadas pela legenda para o próximo domingo. A estratégia é compartilhada pelos próprios incentivadores dos protestos, como o senador Major Olímpio (PSL-SP), pois os alvos são o Legislativo — leia-se as legendas do Centrão, principalmente e, mesmo que de maneira periférica, o Judiciário.  “Posso garantir que o presidente não está envolvido. Se ele tivesse, já teria me estimulado ou simplesmente dado um esporro”, disse Major Olímpio ao Correio. “Ele não deve participar, pelo menos não tem nada previsto, acho que nem mesmo vai tuitar.” Há uma série de riscos para o caso de a imagem de Bolsonaro grudar na manifestação, a começar pelo próprio aumento da temperatura da crise na base aliada, por causa dos ataques ao Centrão.

Existe também a incerteza sobre a quantidade de participantes. Segundo parlamentares governistas ouvidos pela reportagem, sem o apoio direto de movimentos, como o MBL, a tendência é de que as manifestações ocorram, mas sem grandes números. A terceira questão é o receio de que grupos mais radicais, formados principalmente por amalucados e defensores do fechamento do Congresso e do Supremo, consigam algum protagonismo no domingo.

“A manifestação nasceu de maneira espontânea e foi ganhando apoios de parlamentares”, afirmou a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF). Segundo ela, o protesto é livre, mas não acredita em protagonismo de grupos a favor de militarização. “É um recado do povo aos políticos, e é natural que ocorram protestos contra o Centrão. Major Olímpio é mais direto, criticando nominalmente integrantes do DEM, como ACM Netto, Rodrigo Maia e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. “Estão tentando desmoralizar o governo. O Onyx é incapaz de pedir um voto. Diz que articula, só não pede voto para o partido dele.”

Aproximação
Mesmo que Bolsonaro se mantenha distante das manifestações, as últimas declarações o aproximam do coro dos insatisfeitos com o movimento do PSL. Ontem, no Rio, ele voltou a criticar a classe política ao afirmar que não vai “criar dificuldade para vender facilidade”, o que, segundo ele, é uma prática comum no país. Ele disse que o Brasil, apesar de todos os percalços, tem solução, mas que o grande problema está nos políticos. “É um país maravilhoso, que tem tudo para dar certo, mas o grande problema é a nossa classe política. É nós, Witzel, é nós, Crivella, sou eu, Jair Bolsonaro, é o parlamento, em grande parte, é a Assembleia Legislativa... Nós temos que mudar isso.”


O porta-voz governista, general Otávio Rêgo Barros, declarou que não há certeza sobre a adesão do presidente ao ato, articulado como resposta à suposta conspiração que impede Bolsonaro de governar. “Enquanto se discute a presença do presidente, o que é algo pouco provável, no Palácio o assunto é outro: se (a manifestação) não tiver adesão suficiente e o movimento acabar apequenado, será um novo golpe contra o governo”, frisou um técnico do Planalto. Entre os conselheiros presidenciais, a preocupação é o possível recuo de Bolsonaro em temas como educação e finanças públicas, o que causaria mal-estar na Esplanada e sinalizaria pouca habilidade no enfrentamento de pressões populares.

Para pessoas próximas ao presidente, “não faz o menor sentido ir às ruas em defesa do governo quando não há ameaça alguma de impeachment”. Comenta-se nos corredores que “isso apenas enfraquece o posicionamento do Planalto”. Nos primeiros meses de gestão, a popularidade do governo Bolsonaro, que começou com pouco mais de 50% de aprovação, despencou. Segundo a última pesquisa do Ibope, divulgada no mês passado, 35% dos brasileiros consideram a atuação do presidente boa ou ótima. [popularidade é importante em ano de eleição; agora o que importa é governar, para recuperar eventual popularidade perdida e mesmo aumentar, o que se faz mostrando serviço, progresso, desenvolvimento, redução do desemprego, melhora da educação. (sem deixar que usem dinheiro público para universidade discutir a filosofia do sexo anal.) Agir de forma diferente é favorecer o inimigo, a turma do maldito 'quanto pior, melhor'.]

Resposta
Aos ataques do senador Major Olímpio, o deputado Arthur Maia (DEM-BA) respondeu com críticas: “Na época em que o ex-presidente Michel Temer tentou reformular a Previdência, o parlamentar foi contra o projeto. Depois, voltou atrás. O Olímpio se colocou contra a reforma da maneira mais mal-educada e grosseira possível”, destacou à reportagem. Maia foi relator do projeto enviado ao Congresso ano passado.


O deputado, que não vai participar da mobilização a favor de Bolsonaro, explicou não haver razão para que o partido dele ocupe a Esplanada. “Colocam o DEM como parte do Centrão, o que não é. Também não somos base. Nossa contribuição é a seguinte: o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), estão dando ao país a estabilidade que falta no governo.” 


 Correio Braziliense

[Relembrando um pouco do  curriculum do Maia:

Ele é do partido do Rodrigo Maia. O mesmo que tem os apelidos de Botafogo, Nhonhô, Bolinha. Responde a três inquéritos no STF, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É investigado na Lava Jato por propor emendas e projetos para beneficiar as empresas OAS, Odebrecht, UTC, AmBev, Gol e Praiamar - em troca de propina. Oficialmente, recebeu doações para campanha do Banco Itaú, da Bolsa de Valores (B3) e da Cervejaria Petrópolis (Itaipava). Ah, importante: Rodrigo é presidente da Câmara dos Deputados...

E apesar de não dizer, age, do alto dos seus quase 73.000 votos que obteve nas eleições 2018, para conseguir disputar em 2022 a Presidência da República. 

Óbvio que para ter alguma chance, precisa tirar o presidente Bolsonaro de uma eventual participação na disputa. E o caminho que tem é atrapalhar, enquanto finge que ajuda, o sucesso do governo Bolsonaro.]



segunda-feira, 20 de maio de 2019

“Todos gritam, ninguém tem razão” e outras notas de Carlos Brickmann

O país está em crise, mas o Supremo fecha contrato para banquetes com lagosta e vinhos premiado


A fala do ministro Weintraub sobre menos verbas para universidades federais foi um desastre político (embora pudesse até ser defensável). E a oposição, ainda desnorteada, ganhou fôlego para grandes manifestações. Pela educação? Não: falava-se mais em Lula Livre do que em universidades. E não ficaria bem falar no tema, quando a principal universidade pública do país, a USP, paga a dois mil servidores mais que o teto estadual, R$ 23 mil. Um professor recordista ganha R$ 60 mil mensais. E a Universidade gasta toda a verba disponível, 5% do ICMS do Estado, em pagamento de pessoal.
Idiotas úteis? Bolsonaro poderia, especialmente fora do país, controlar o vocabulário. Falar da má distribuição das verbas públicas, que privilegiam o ensino superior e esquecem o fundamental, do desperdício de promover seminário com dinheiro público sobre filosofia do sexo anal. Preferiu xingar.
O país está em crise, mas o Supremo fecha contrato para banquetes com lagosta e vinhos premiados, o Senado contrata mais assessores, a Câmara diz que tem boa vontade mas a marcha da reforma da Previdência continua lenta. Bolsonaro discute se nazismo é de esquerda, avalia nos EUA a situação da Argentina e da Venezuela, e não mergulha na luta pela reforma. A Câmara, depois de ouvir o ministro Guedes informar que logo enviará um projeto de reforma tributária, vota nesta semana outro projeto – aliás, bem redigido, mas não é o do Governo. E os adeptos do Governo brigam uns com os outros.

Deixa conosco
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que vive entre tapas e beijos com Bolsonaro, disse em Nova York que o Governo atrapalha, mas o Congresso vai fazer a reforma da Previdência. Ironia: Bolsonaro fala contra a “velha política”, mas como não se mexe deixa o Centrão fazer o que acha preciso.

(...)
Cartas na mão
Bolsonaro herdou o país com inflação reduzida, os juros mais baixos que o Banco Central já pagou, encaminhou a reforma da Previdência e a lei de combate ao crime organizado. Graças ao agronegócio tem superávit comercial. Mas, com a barafunda política (e as investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro, o filho 01), a economia está parada: cresceu o número de desempregados (hoje maior que no período Dilma), o crescimento do PIB é reavaliado periodicamente para baixo, o dólar bate recordes de alta. Há uma boa notícia: Olavo de Carvalho disse que não vai mais dar palpites. Com isso, o tiroteio deve ficar menos intenso. Se Bolsonaro puder livrar-se de todos os que tentam tutelá-lo, pode errar, mas serão erros só seus, sem ajuda.

(...)

A aposta
Não houve jeito: condenado a oito anos e dez meses, em segunda instância, José Dirceu recebeu ordem de prisão. Fez uma reunião com pouco mais de 300 militantes, prometeu continuar lutando na Justiça para se livrar da pena, garantiu que, preso, irá ler mais, acelerar o segundo volume de suas memórias, exercitar-se, cuidar da saúde, acompanhar a política. [um adendo: enquanto tinha petista  cancelando o jantar para contribuir com a 'vaquinha' realizada para Dirceu pagar a multa do mensalão - em torno de R$ 900.000,00 - outros estavam até alugando a esposa para arrecadar e contribuir, o ex-guerrilheiro de festim recebia mais de R$ 2.000.000,00, de propina por conta do mensalão.
Muitos já esqueceram. 
Se Dirceu sofrer nova penalidade de multa, muitos voltarão a contribuir. Menos já que petista é uma espécie em extinção.]
E a aposta: em quanto tempo o caro leitor acha que Dirceu será solto?

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann




domingo, 12 de maio de 2019

"A filosofia da fraude (sem cortes)"

"O fascismo contra a educação. Perfeito. Para os heróis da narrativa, esse foi o melhor bordão depois do rosa para meninas e azul para meninos. Não pense que é fácil viver como catador de lixo ideológico. É preciso ser sagaz, esperto como uma águia para ver a oportunidade – aquela xepa de panfleto dando sopa na sua frente. Aí você tem que agarrar a chance como quem agarra um cargo numa universidade pública oferecido por um padrinho do PSOL.

Contingenciamento de verbas públicas para todas as áreas (inclusive educação) cansaram de acontecer em todos os governos – especialmente em inícios de mandato. Mesmo Lula, o ídolo dos acadêmicos, e Dilma, a musa dos intelectuais, congelaram e eventualmente meteram a tesoura em corte raso nas áreas sociais – até porque roubaram tanto que precisavam compensar de alguma forma. E a resistência democrática e cultural sempre achou tudo lindo, para não estragar a narrativa que sustenta suas panelas – sempre cheias e imunes à crise.

Depois do impeachment já houve um primeiro ensaio desse teatro revolucionário. No que os parasitas do PT foram enxotados da máquina pública, começou o esforço para tapar o rombo deixado pela quadrilha do bem – e uma das medidas fiscais mais importantes foi acabar com a contabilidade criativa (que derrubou Dilma) e restabelecer um teto de gastos. A emenda que cessava a orgia foi batizada de PEC do Fim do Mundo por esses progressistas de butique – já ali anunciando um ataque malévolo (e falso) à educação. Até a ONU ajudou a espalhar essa fake news – embora isso não tenha muita importância, porque a ONU tem se prestado a papéis bem piores.

Entre os que integravam aquela claque apocalíptica estavam, curiosamente, personagens importantes para a instituição da responsabilidade fiscal no Brasil, como Fernando Henrique Cardoso. Como se sabe, o mais alto mandamento para certos homens públicos no Brasil é ficar bem na foto – e naquele momento transcorria a famosa conspiração Janoesley (criatura surgida da fusão entre um procurador-geral e um açougueiro biônico). Parte da grande imprensa infelizmente aderiu à armação e levou junto todos esses papagaios de pirata da sagrada luz midiática.

E aí está de novo a mesma claque, incluindo o mesmo FHC
(que pena, presidente), gritando que o obscurantismo chegou para acabar com a filosofia e a sociologia. É o tipo de fake news que os caçadores de fake news mais gostam de perpetrar, porque cola. E como você sabe, hoje em dia boa parte desse jornalismo de campanha que lamentavelmente se espalhou por aí não precisa nem de pretexto para fazer proselitismo.

Nos
Estados Unidos, por exemplo, segundo a cobertura de parte significativa da imprensa, o Obama que travou a economia com sua demagogia tributária e foi pego em grave espionagem política é o bonzinho; e o Trump que ia provocar a Terceira Guerra Mundial e está melhorando todos os indicadores sociais é o nazista. Fim de papo, não adianta discutir. Cartilha é cartilha, dogma é dogma.

A impostura se torna um pouco mais patética quando você lembra que a filosofia e a sociologia no Brasil – que segundo os arautos do apocalipse estão sob ataque letal – hoje abrigam, miseravelmente, uma fraude acadêmica. Parte considerável das verbas públicas destinadas a essas disciplinas viraram subsídio para contrabando político-partidário. A tragédia das ciências humanas no país já se deu com o sequestro do conhecimento pela panfletagem – e a transformação criminosa de salas de aula em assembleia do PSOL e do PT. Obscurantismo é isso – e o longo silêncio de vocês, bravos democratas de festim, diante desse massacre cultural é obsceno.

Assinaram embaixo dessa fraude acadêmica, e não mostraram a valentia de agora nem quando os cafetões partidários da UFRJ carbonizaram o Museu Nacional com sua incúria. Quando querem, vocês são os reis da tolerância. Não deram nem um gemido quando foi revelado que o Colégio Pedro II – que vocês agora fingem defender em nome da educação – tinha virado uma espécie de sucursal do PSOL, com comitê local e tudo. Sob o pretexto da resistência ao obscurantismo, vocês estão escrevendo a mais vergonhosa página de picaretagem intelectual da história."


Guilherme Fiuza - Gazeta do Povo

 

domingo, 24 de fevereiro de 2019

O espectro do populismo

São cada vez mais evidentes os sinais de que Bolsonaro, como governante, toma suas decisões estimulado pela perspectiva do aplauso fácil e imediato 

O “bolsonarismo” é, por enquanto, apenas uma caricatura mal-ajambrada de movimento populista, desses que de tempos em tempos assombram o Brasil, mas isso não significa que o País possa tranquilizar-se. Ao contrário: a esclerose precoce do governo de Jair Bolsonaro parece ter despertado no presidente o demagogo que ele sempre foi e que se encontrava apenas anestesiado em razão de conveniências políticas. Caso isso se confirme, a recuperação do País, repleta de obstáculos, será seriamente prejudicada, com consequências graves para a solvência do Estado e para a retomada do desenvolvimento. Nem é preciso enfatizar o perigo que um cenário desses representa para a estabilidade do País e mesmo para a ordem social. 

São cada vez mais evidentes os sinais de que Bolsonaro, como governante, toma suas decisões não por razões de Estado ou como parte de alguma estratégia política de longo prazo, e sim estimulado pela perspectiva do aplauso fácil e imediato, este que brota de suas fanáticas hostes nas redes sociais – meio de comunicação caótico e irresponsável que Bolsonaro escolheu para se dirigir à sociedade, a título de estabelecer uma “relação direta entre o eleitor e seus representantes”, como disse em seu discurso ao ser diplomado como presidente. Desse modo, Bolsonaro equipara os atos de governo a tuítes tolos e a “memes” engraçadinhos. Nem é preciso mencionar os riscos institucionais que essa prática acarreta – basta lembrar a recente confusão criada pelo presidente e por um de seus filhos no Twitter a respeito de um dos ministros de Bolsonaro, demitido como consequência do imbróglio.

[questão de se acostumar com o poder e usar em beneficio do Brasil e da neutralização dos inimigos da Pátria Amada, Brasil.

Apesar de alguns espasmos, o capitão tem a situação sob controle.

Com o vício de rotular tudo, os que apoiam o Brasil e, por extensão, o nosso presidente Bolsonaro, são chamados de fanáticos, integrantes de hostes fanáticas.

O uso do Twitter não chega a ser condenável - desde que usado com parcimônia, é uma insubstituível forma de comunicação direta entre o presidente do Brasil e seus eleitores (óbvio que o D.O.U não pode ser aposentando);

mais urgente, necessário, é conter seus filhos - e determinar que os filhos - enquanto filhos - procuram o pai em casa,  nas dependências familiares e privativas do Palácio da Alvorada e, na condição de parlamentares seguindo o protocolo utilizado pelos demais deputados e senadores.]


Para os propósitos de Bolsonaro, no entanto, as redes sociais são o meio ideal para confundir a opinião pública, criando uma realidade paralela na qual a gritante falta de traquejo do presidente para o exercício de tão importante cargo seja convertida em qualidade de “homem simples”. Nesse mundo bolsonarista, a falta de um programa claro de governo, em que haja firme compromisso com o progresso consistente e sadio do País, é compensada pela espetacularização das decisões do presidente e de seus ministros. Foi com esse espírito demagógico, por exemplo, que Bolsonaro anunciou recentemente nas redes sociais uma devassa no Ministério da Educação. 

“Daremos início à Lava Jato da Educação!”, exclamou o presidente no Twitter, para compreensível delírio dos bolsonaristas mais animados, que acham que todos os problemas do País se resumem à corrupção. A ninguém, contudo, é dado o direito de surpreender-se. Em 1999, este jornal publicou uma entrevista com Bolsonaro na qual o então deputado federal declarou sua admiração por Hugo Chávez, então recém-eleito presidente da Venezuela, dizendo que “gostaria muito que sua filosofia chegasse ao Brasil”. Chávez conquistara o poder denunciando a hegemonia das oligarquias políticas, a degradação dos partidos, a corrupção desenfreada e a falência das instituições – e sobre essas bases ideológicas construiu uma ditadura populista tão sólida que sobreviveu a ele.

Não se pretende, com esse paralelo, sugerir que Bolsonaro possa reencarnar Chávez, [para começar apontamos um dos pontos de maior importância que separam o nosso presidente do fundador do bolivarianismo deturpado = Bolsonaro jamais compactuará com a maldita esquerda e os 'ismos' mais próximos daquela maldita opção.] mas é importante observar que o presidente brasileiro se elegeu com um discurso semelhante ao do falecido caudilho venezuelano e apresenta a mesma preocupante falta de compromisso com as liberdades democráticas. Seu histórico de defesa da ditadura militar e de supressão de direitos em nome de uma certa “ordem” fala por si, mas é preciso acrescentar ainda o fato de que Bolsonaro pretende resumir seu governo a uma luta do “bem” contra o “mal” – situação que inviabiliza a democracia. Foi assim que, recentemente – pelo Twitter, é claro –, Bolsonaro avisou que haverá “dificuldade” para “tentar consertar tudo isso”, pois “o sistema não desistirá”. Esse “sistema”, presume-se, engloba todos aqueles que discordam de Bolsonaro.

Assim, contando ainda com formidável concentração de poder político, econômico e cultural, resultado de uma vitória eleitoral acachapante e da ausência de uma oposição digna do nome, Bolsonaro e seu entorno parecem ter decidido acelerar sua marcha populista – receita certa para o desastre. [o indicador mais seguro que o governo do presidente Bolsonaro está no rumo certo é a inexistência de oposição (a esquálida que se propõe a ser oposição, tem como principal bandeira libertar um presidiário).

Quando um governo é ruim, está sem rumo, despreparado,  o mais fácil é ser oposição e é na existência de tal tipo de governo que a oposição cresce e, decididamente, este não é o caso do Brasil.

Quando o governo está certo não há oposição = não há ao que se opor.]

Editorial - O Estado de S. Paulo


 

 

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Bolsonaro critica proposta de Marina sobre aborto e maconha

Em entrevista a VEJA, presidenciável da Rede defendeu plebiscito sobre os dois temas; adversário diz que ex-senadora se 'esquiva e lava suas mãos'

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL)-RJ), pré-candidato à Presidência da República na eleição deste ano, criticou neste final de semana a proposta de sua provável adversária na disputa eleitoral, Marina Silva (Rede), que, em entrevista a VEJA, defendeu a realização de plebiscito para discutir as questões do aborto  e da legalização da maconha.
Leia em VEJA desta semana a entrevista na íntegra.

“Marina, ao sugerir plebiscito, sem dizer sua posição para temas tão relevantes, se esquiva e lava suas mãos no politicamente correto”, escreveu Bolsonaro no Twitter no mesmo post, ele lembrou que sempre se posicionou contra a liberação das drogas e do aborto. [MARINA SILVA, A FALSA: a pré candidata da Rede se diz evangélica e até as pedras sabem que os verdadeiros evangélicos (da mesma forma que os verdadeiros católicos) possuem o DEVER de ser contra o aborto e contra as drogas - com mais destaque para a rejeição do aborto - trata-se de preceito bíblico, que obriga todos os verdadeiros cristãos;
fosse Marina uma ateia - filosofia que tem como principio básico a negar a existência de DEUS - seria tolerável, seu criminoso pensamento.
Mas, sendo uma evangélica - ou dizendo ser - ela NÃO PODE NEM DEVE, por DECRETO DIVINO, sequer pensar em que um plebiscito pode decidir sobre o aborto, possa uma consulta popular tornar NÃO PECADO (o uso de termos religiosos se deve a que a transgressora Marina é evangélica, pelo menos diz ser, e para os verdadeiros cristãos os DECRETOS DIVINOS prevalecem sobre todos e tudo, o que, obviamente inclui o maldito politicamente correto.).

Marina também erra feio quando cogita de submter a legalização das drogas a um plebiscito - maconha e outras drogas são ILEGAIS, A SITUAÇÃO DEVE PERMANECER ASSIM E É UM ASSUNTO QUE NÃO MERECE SER OBJETO DE UM PLEBISCITO.
É proibido, deve continuar proibido e a única mudança aceitável é aumentar pena para o usuário.] Em entrevista na seção Amarelas, da edição desta semana de VEJA, Marina Silva defendeu a discussão dos dois temas. Leia a pergunta e a resposta:
Como o fato de ser evangélica influencia sua avaliação sobre a descriminalização do aborto e da maconha? 
O aborto envolve questões de natureza ética, de saúde pública e religiosa. Defendo para esse tema, assim como para a descriminalização da maconha, que se faça um plebiscito. Esse é o caminho de ampliar o debate. Não se resolve o problema das drogas e do aborto rotulando alguém de conservador ou fundamentalista. Nós não queremos que mulher alguma tenha uma gravidez indesejada. Qual é a melhor forma para chegar a isso? Debatendo.


Na entrevista, Marina, que está em segundo lugar nas pesquisas – atrás de Bolsonaro -, também criticou o adversário. Ela disse acreditar que a indignação popular, consequência dos escândalos de corrupção, terá peso fundamental nestas eleições, mas diz desejar que esse sentimento não “ceda ao radicalismo”. Para a ex-senadora, as intenções de voto atribuídas ao rival são expressão de protesto que tende a arrefecer quando as pessoas perceberem que “saídas mágicas para o Brasil não têm base na realidade”. Veja pergunta e resposta sobre isso.

Em que medida a crise política do Brasil tem relação com o apoio de parte do eleitorado a um candidato com o perfil radical de Bolsonaro? 
A sociedade está indignada. Não consegue mais aceitar que o dinheiro que deveria estar indo para uma creche está sendo desviado pela corrupção. Um primeiro momento da indignação sai muitas vezes como um berro de protesto. Mas ninguém fica berrando o tempo todo. Chega uma hora em que a consciência sussurra mais alto, e as pessoas começam a perceber que as saídas mágicas não têm base na realidade.

Assine agora o site para ler na íntegra a entrevista com Marina Silva e tenha acesso a todas as edições de VEJA

 

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

As boas almas e a política

Temer demonstrou capacidade ímpar de resiliência. Alguns vaticinavam a sua queda em meses e semanas

Reconheça-se, preliminarmente, um fato incontornável: todo presidente governa com o Parlamento que tem à mão. Não é de escolha presidencial tal ou qual Câmara de Deputados ou Senado. É o povo que escolhe os seus representantes. O presidente da República, este ou qualquer outro, depara-se com um Poder Legislativo constituído segundo a soberania popular, conforme um ritual constitucional que passa por eleições, debates públicos, organizações partidárias e imprensa e meios de comunicação livres. Se o povo escolhe “bons” ou “maus” deputados, comprometidos ou não com ilícitos, é problema seu essa sua escolha, e não do presidente. 

Quando assumiu a Presidência da República, Michel Temer viu-se obrigado a formar uma base de apoio na Câmara dos Deputados e no Senado, conforme as relações partidárias existentes. Não poderia ter inventado um novo Poder Legislativo, salvo se tivesse enveredado para uma solução autoritária, o que não fazia evidentemente parte de seus propósitos. Tratava-se de estabelecer as condições de governabilidade e, mais do que isto, de levar adiante um ambicioso programa de reformas. E para realizar esse programa, era-lhe necessário compor uma ampla base parlamentar, sem a qual qualquer projeto seria inviável. É bem verdade que deveria ter tido mais cuidado na escolha de seu ministério, uma vez que vários de seus ministros foram obrigados a deixar os cargos por envolvimento em ilícitos. O problema político, porém, tem um outro viés que merece ser destacado. 

O presidente negociou um projeto de reformas, que será, certamente, reconhecido historicamente. Em pouco tempo, muito foi feito, a começar pelo teto dos gastos públicos, a terceirização, a modernização da legislação trabalhista, a reforma do ensino médio, o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), além de continuar avançando na aprovação da reforma da Previdência. A inflação despencou, o PIB voltou a crescer, e o aumento do emprego toma um curso definitivamente ascendente. 

O PMDB, ainda antes da ascensão de Temer, via Fundação Ulysses Guimarães, elaborou um programa, o “Ponte para o futuro”, que estabelecia os fundamentos de uma reforma do Estado e da economia, sem desatentar para os seus fatores sociais. Poucos acreditaram, porém o resultado foi a sua implementação pelo novo governo. Assim fazendo, muitos dos programas de corte liberal foram concretizados, deixando partidos que anteriormente os defendiam sem bandeiras.  Causou surpresa que o presidente Temer tivesse tido a ousadia de realizar tão amplo processo de reformas, sem contar com base popular para isto. Talvez a questão devesse ser colocada de outra maneira. Ele pode realizar esse conjunto de reformas, precisamente por não contar com tal apoio popular e por visar ao futuro do Brasil, e não às próximas eleições. 

Mais concretamente, teria sido muito difícil realizar tal conjunto de reformas contando com a participação popular, visto que essa foi intoxicada pelos 13 anos e meio de lulopetismo. Muito foi prometido e feito, tendo como condição um completo descuido com as finanças públicas. A corrupção tomou conta do aparelho do Estado, e o Brasil foi quase à falência. Eis a herança maldita recebida. E, no entanto, os eleitores acreditaram que fosse possível continuar o distributivismo social, sem criar condições para o aumento da riqueza. O Estado, além de saqueado, foi exaurido.  Restava ao presidente a colaboração do Senado e da Câmara dos Deputados. Estabeleceu uma forma de governar baseada na participação parlamentar e partidária. Nenhum governo, nos últimos tempos, tinha enveredado por esse caminho. Alguns chegaram a dizer que o fez ao preço de liberação de emendas parlamentares, quando essas são, desde o governo Dilma, obrigatórias, não estando ao seu arbítrio impedir a sua liberação. Todos os partidos tiveram e terão emendas liberadas, independentemente de serem ou não situação. 

O que se coloca, portanto, como questão é a articulação do presidente com os parlamentares e os partidos. E neste quesito, Michel Temer é um exímio articulador, tendo surpreendido os que procuraram derrubá-lo, mormente pelo ex-procurador-geral da República. Demonstrou capacidade ímpar de resiliência. Alguns vaticinavam a sua queda iminente durante meses e semanas, sem que nada tenha acontecido. Temos, então, o que pode parecer como um paradoxo. O presidente da República implementou um moderno projeto de reformas, utilizando-se dos velhos instrumentos da política, contando com baixíssima popularidade. O que, para alguns, parecia impossível tornou-se simplesmente real.

E note-se que o governo, em seu ímpeto reformista, não hesitou, mesmo, em minar alguns dos fundamentos dessa mesma política, como quando enveredou por um corajoso processo de reformas mediante concessões e privatizações, como a, agora, da Eletrobras. O PPI, conduzido pelo ministro Moreira Franco, não é somente um projeto de ajuste fiscal, como alguns têm noticiado, mas de reforma do Estado, tirando empresas da barganha política e concedendo-as a parcerias e privatizações. Serão menores no futuro os cargos que serão objeto de negociação partidária. 

A questão, assim colocada, diz respeito não somente ao governo Temer, mas a qualquer governo. O discurso das boas almas defronta-se com o problema concreto de como governar. O próximo governo, qualquer que seja o vencedor, deverá confrontar-se com uma Câmara dos Deputados e um Senado eleitos pelo voto popular. E a nova representação política poderá ser melhor ou pior do que a atual. E o novo presidente deverá igualmente contar com parlamentares não escolhidos por ele. Eis o desafio. Quem erguerá a bandeira de dar prosseguimento ao atual projeto de reformas, não havendo outro que possa assegurar o futuro do país, salvo se o povo optar pelo retrocesso? 

Por: Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

REPUGNANTE, CRIMINOSO, MENTIROSO e COVARDE: Caco Barcellos e o aborto

Ontem, na Rede Globo de Televisão, foi ao ar o programa ‘Profissão Repórter’, sob comando do Caco Barcellos. Se você não conhece o Caco, saiba que, em 1992, ele escreveu o livro “Rota 66”, que criminaliza a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), e que, durante toda sua carreira, Caco desmoraliza a polícia, fazendo uma glamorização das favelas e tratando os “menores infratores” como intocáveis vítimas da sociedade. Caco também ganhou dois prêmios de jornalismo por uma reportagem que foi denunciada pelo professor Olavo de Carvalho como sendo mentirosa e fraudulenta, que contava uma versão totalmente impossível sobre a morte de um casal de terroristas durante o regime militar (vejam o artigo A Vaca Louca da História Nacional, de 2001).



Não é a primeira vez que Caco coloca o tema aborto em seu programa, e o tom é sempre o de que o aborto é um direito inalienável da mulher, que elas precisam de mais hospitais para realizar o procedimento e que o feto é apenas um amontoado de células que pode ser removido como se remove uma pinta ou uma verruga. Ontem o programa fez questão de trazer uma técnica especialista do Ministério da Saúde para dizer que, de acordo com a lei, as mulheres têm direito a realizar o procedimento do aborto de forma gratuita, caso tenham sido estupradas, e os hospitais não podem exigir nenhuma autorização judicial, boletim de ocorrência ou laudo do IML para realizar aborto em caso de estupro. Dessa vez, Caco não mentiu, porque a lei diz isso mesmo. [as aborteiras = mães assassinas = além da punição pela prática do aborto (pena de reclusão de o mínimo dez anos, também aplicável a todos que de alguma forma colaborarem para a prática criminosa) não devem ter direito a assistência médica de nenhuma espécie, após a prática do ato criminoso = aborto = já que morrendo ou ficando inutilizadas não reincidirão em novo assassinato de um ser humano inocente e indefeso.
A lei que autoriza o aborto em caso de estupro deve ser revogada por absurda, tendo em conta que a grávida, suposta vítima do estupro, não precisa provar que foi estuprada.
Qualquer mulher grávida que optar por se tornar uma assassina - via aborto - pela lei absurda basta declarar que foi vítima de estupro, não precisando provar.]

O Decreto Lei nº 2.848, de 07 de Dezembro de 1940, estabelece que não seja punível o aborto praticado por médico, “se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante”. O que significa que basta apenas a palavra da suposta vítima para que o procedimento seja realizado. Vocês acham isso um absurdo? Pois é, eu também. Ou lutamos para que seja mudada a lei ou continuaremos a ver, todos os dias, inocentes serem assassinados nos ventres de suas mães.

Agora vou trazer algumas informações que podem ajudar vocês nesse esclarecimento e no combate à Cultura da Morte.
Vamos começar com a biologia e a ciência:
Espermatozóide (gameta masculino com 23 cromossomos) + óvulo (gameta feminino com 23 cromossomos) = zigoto.
Os cromossomos se unem no zigoto e formam o embrião.
O embrião possui um material genético distinto e exclusivo, fruto da união do DNA do pai com o DNA da mãe, fornecidos pelos gametas. Ou seja, é um novo ser, e não uma simples extensão do corpo da mulher, como uma verruga, uma pinta ou um tumor.

Tanto é que, dependendo do tipo sanguíneo gerado a partir dessa fusão, o sangue da mãe não é compatível com o do filho, o que na medicina se chama eritroblastose.

Interromper uma gravidez é o mesmo que retirar uma sonda de alimento ou remover a máscara de oxigênio de um paciente na UTI; é o mesmo que desligar uma incubadora da tomada, cortando o calor que mantém o bebê aquecido. Ou seja: é assassinato.

Dizer que fetos não sentem dor e que, por isto, podem ser destruídos no útero e retirados em pedaços é o mesmo que dizer que podemos anestesiar alguém e cortar-lhe igualmente.
“A vida do novo ser humano começa com a fusão dos pronúcleos masculino e feminino, isto é, com a fecundação do óvulo. O óvulo fecundado tem já toda a carga genética e cromossômica necessária, isto é, toda a capacidade para alcançar o seu pleno desenvolvimento. Pode dizer-se que, nesse momento, o óvulo fecundado não é uma possibilidade de vida humana, mas uma vida humana cheia de possibilidades. Ele mesmo dirigirá o seu próprio desenvolvimento. É um ser independente e autônomo que necessita unicamente de ser alimentado e de ter um ambiente adequado – ambiente que a mãe lhe fornece.”
(Trecho retirado do livro “La Reprodución Humana y su Regulación”, de Justo Aznar Lucea e Javier Martínez de Marigorta) Justo Aznar Lucea possui Doutorado em Medicina com Prêmio Extraordinário, é chefe do Departamento de Biopatologia Clínica e coordenador da Universidade de Investigação Bioquímica do Hospital La Fé de Valência (Espanha).

Outras citações:
“Zigoto. Esta célula resulta da fertilização de um oócito por um espermatozóide e é o início de um ser humano (…) Cada um de nós iniciou a sua vida como uma célula chamada zigoto.”
(K. L Moore. The Developing Human: Clinically Oriented Embryology, 2nd Ed., 1977, Philadelphia: W. B. Saunders Publishers.)


“Da união de duas dessas células [espermatozóide e oócito] resulta o zigoto e inicia-se a vida de um novo indivíduo. Cada um dos animais superiores começou a sua vida como uma única célula.”
(Bradley M. Palten, M. D., Foundations of Embryology (3rd Edition, 1968), New York City: McGraw-Hill.)


“A formação, maturação e encontro de uma célula sexual feminina com uma masculina, são tudo preliminares da sua união numa única célula chamada zigoto e que definitivamente marca o início de um novo indivíduo”.
(Leslie Arey, Developmental Anatomy (7th Edition, 1974). Philadelphia: W. B. Saunders Publishers)


“O zigoto é a célula inicial de um novo indivíduo.”
(Salvadore E. Luria, M. D., 36 Lectures in Biology. Cambridge: Massachusetts Institute of Technology (MIT) Press)


“Sempre que um espermatozóide e um oócito se unem, cria-se um novo ser que está vivo e assim continuará a menos que alguma condição específica o faça morrer:”
(E. L. Potter, M. D., and J. M. Craig, M. D Pathology of lhe Fetus and lhe Infant, 3rd Edition. Chicago: Year Book MedicaI Publishers, 1975.)


“O zigoto (…) representa o início de uma nova vida.”
(Greenhill and Freidman’s, Biological Principies and Modern Practice of Obstetrics)


Por: Pedro Henrique Medeiros é aluno de Olavo de Carvalho no Seminário de Filosofia. - MSM

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Os esquerdopatas

Terroristas não são ‘lobos solitários’ nem indivíduos que agem de uma forma amadora, levados por uma emoção intensa

O inominável, mais uma vez, mostrou o seu rosto. A frieza dos atos, a meticulosidade em sua preparação e o símbolo a ser atingido estampam a maldade extrema enquanto característica do terror. No caso do assassinato de cartunistas, jornalistas do “Charlie Hebdo" e de policiais, do terror islâmico.

Os terroristas mostraram em sua ação o seu extremo profissionalismo. Não são “lobos solitários" nem indivíduos que agem de uma forma amadora, levados por uma emoção intensa. Foram treinados com tal objetivo e veicularam em seu ato o islamismo radical que os alimenta. Um policial ferido foi friamente assassinado no solo, quando os terroristas já se retiravam. Cartunistas chamados por seus nomes, que eram alvos previamente determinados e que deveriam ser exterminados.

Visaram tudo aquilo que o terror não pode admitir: a liberdade de imprensa, em sua forma particularmente irônica e satírica, a liberdade de expressão e o que caracteriza de modo geral uma sociedade democrática e livre. Ou seja, procuraram atingir tudo o que viemos a considerar como a civilização, a humanidade no que produziu de mais nobre no que diz respeito às suas ideias e princípios. Nada foi deixado ao acaso: jornalistas libertários e, mesmo, dentre eles, o mais renomado, Wolinski, um judeu. Certamente isso não escapou aos terroristas islâmicos. 

Contudo, nada é propriamente novo. Igual comoção não se produziu quando os cristãos foram crucificados no Iraque pelo Estado Islâmico. Houve aqui uma estranha condescendência como se essas imagens fossem, de certa maneira, menos impactantes. É como se estivesse sendo dito que essas comunidades cristãs não devessem estar onde estão, apesar de sua origem remontar a muitos séculos, algumas descendentes dos primeiros cristãos. O cristianismo, para alguns, seria uma forma de cultura ocidental que não deveria fazer parte deste mundo, como se, por definição, ele devesse ser de natureza muçulmana radical.

Nada muito diferente do que ocorre com o Hamas em sua luta pela destruição do Estado de Israel, que terminou contando com a simpatia de boa parte de jornalistas e intelectuais. Alguns mais extremistas chegaram a pregar, em artigos, o seu apagamento do mapa. Augusto Bebel, social-democrata alemão do final do século XIX e início do século XX, dizia que “o antissemitismo era o socialismo dos idiotas". Poderíamos parafraseá-lo e dizer que “o antissionismo é o socialismo dos imbecis".

O Hamas nada mais é do que uma corrente do islamismo radical nascida da Irmandade Muçulmana. São duas faces do mesmo movimento, apregoando os mesmos “valores e princípios", como se valores e princípios fossem tudo o que procura justificar o aniquilamento dos princípios mesmos, universais, da civilização ocidental. Qualquer concessão ao multiculturalismo nada mais é, aqui, do que uma adesão politicamente correta ao terror. 

O caso do Egito é particularmente significativo, mostrando, precisamente, as contradições de uma esquerda que termina optando pela submissão. Os militares egípcios, de confissão sunita, compreenderam muito bem a natureza do islamismo radical e se opuseram resolutamente a ele. Aliás, no contexto atual, a liderança religiosa sunita daquele país condenou em termos veementes o atentado terrorista ao jornal francês.

Ora, esses militares deram um golpe na Irmandade Muçulmana, que tinha conquistado o poder via eleitoral para, ali, se perpetuar. Esse movimento islamista utilizou a tática bolivariana de subverter uma instituição democrática por meios eleitorais. Note-se que, neste período, armaram o Hamas e lhe deram cobertura para atacar Israel com meios militares mais poderosos, via importação de armamentos e fábricas próprias de mísseis e foguetes. 

Os militares egípcios salvaram, na verdade, o país de se tornar um Estado terrorista. O mais surpreendente é que foram condenados pela esquerda por serem não democráticos, embora tivessem se legitimado posteriormente por intermédio de uma nova eleição. Chama atenção o fato de que os que se opõem diretamente ao terror sejam condenados, como se essa forma de islamismo radical tivesse o direito de existir, entendido por eles como o direito de exterminar os diferentes. 

A comunidade yazidi, no Iraque, sofreu um destino semelhante, sendo perseguida e assassinada pelos membros do Estado Islâmico. A violência foi também extrema, não poupando jovens e mulheres, estupradas, escravizadas e prostituídas. Sua condição é igualmente inominável, porém, de certa maneira, parece nos chocar menos por se situar em uma terra longínqua, enquanto a França nos é bem próxima.

Trata-se de uma trajetória da maldade que encontra agora, na figura de jornalistas contestatários, uma espécie de culminação, a do terror que, nesta sua forma, torna-se mais assustador. Ocorre que esse desfecho contou, em seus momentos anteriores, com a simpatia de vários setores à esquerda do jornalismo e da intelectualidade. Muitos dos seus atos, com essas suas outras faces, eram vistos como modos de luta contra os EUA, o “imperialismo”, o capitalismo e outras bobagens do mesmo quilate. Outros ainda afirmavam a necessidade do multiculturalismo, do direito de diferentes culturas (aliás, direito ao terror, propriamente falando!). 

Outros ainda procuram explicar o terror como uma suposta retroalimentação entre ele e a islamofobia ou, ainda, “justificar” tais tipos de ação como “respostas” à profanação da imagem de Maomé, como se os terroristas tivessem o direito de impor as suas crenças aos países ocidentais, eliminando os seus valores. Claro que sempre há uma frase ou pequeno parágrafo final condenando o ato, como se assim o jornalista ou “analista” pudesse ainda salvar a sua face, não se mostrando francamente adepto do terror, o que não cairia bem no contexto atual de condenação mundial a este ato. 

São, na verdade, esquerdopatas, ou seja, dizendo a mesma coisa de outra maneira, pensam com as patas. 

Fonte: Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul