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domingo, 5 de abril de 2020

Jair Bolsonaro é um ponto fora da curva - Elio Gaspari


Folha de S. Paulo - O Globo

O astucioso e explícito ataque público do presidente contra seu ministro da Saúde revelou a extensão dos tormentos de sua alma

Bolsonaro cria entrevista-auditório, modelo inédito de encontros com a imprensa

Presidente mandou que os jornalistas ficassem calados para ouvir o que dizia um dos integrantes de sua claque

O astucioso e explícito ataque público de Jair Bolsonaro contra seu ministro da Saúde revelou a extensão dos tormentos de sua alma. Luiz Henrique Mandetta é uma solução, mas seu chefe vê nele um problema. Mesmo que ele tivesse dito que a Covid-19 seria uma “gripezinha”, o presidente deveria poupá-lo de ostensivas frituras.  Há pouco mais de um mês morreu o ex-ministro Gustavo Bebianno. Tinha 56 anos e foi levado pela tristeza, menos de um ano depois de ter sido demitido da Secretaria-Geral da Presidência em circunstâncias humilhantes pelo presidente por quem trabalhou quando os bolsonaristas  cabiam numa Kombi. Na carta que Bebianno lhe escreveu, disse: “O senhor cultiva e alimenta teorias de conspiração, intrigas e ódio”.




Pouco depois, Bolsonaro demitiu o general da reserva Carlos Alberto dos  Santos Cruz da Secretaria de Governo. Ele pouco falou, mas deixou uma  frase críptica: “Tem que ter noção de consequência.”  Como disse o sábio Marco Maciel, “as consequências geralmente vêm depois”. Quando Bolsonaro diz que “o Mandetta quer fazer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo. Pode ser. Mas está faltando um pouco mais de humildade para ele” e que “a gente tá se bicando há um tempo”, o que ele faz é fritá-lo.

A fritura de Mandetta serve ao coronavírus e a ninguém mais. Bolsonaro sabe desidratar colaboradores e secou o ex-juiz Sergio Moro, mas a importância do Ministério da Justiça não pode ser comparada à da Saúde durante uma epidemia. Desde o inicio da crise, Bolsonaro oscilou do negacionismo ao Apocalipse. O que pode parecer um comportamento errático, foi uma constante e equivocada defesa de seus interesses: “Se acabar a economia, acaba qualquer governo, acaba o meu governo”.

(.....)
Bolsonaro acertou
Contrariando vários ministros, o presidente Jair Bolsonaro suspendeu por 60 dias um aumento de até 5% no preço dos remédios. Na sua incorrigível opção pela realidade paralela, informou que a medida  foi tomada “em comum acordo com a indústria farmacêutica”. Falso, a decisão foi tomada em desacordo com a guilda do setor. O Sindusfarma fez questão de registrar que não foi consultado.

[Se Bolsonaro não adiantasse ter sido tudo decidido em comum acordo - não deixou de ser um comum, tão não comum - logo um desses partidecos contra o Brasil e o presidente Bolsonaro - , ingressaria com uma ação em "brejo do fim do mundo" contra o presidente alegando interferência indevida no direito das indústrias impor seus preços, ainda que morressem pessoas por conta disso.
E uma liminar seria concedida. Quando fosse caçada, certamente seria, muitos inocentes teriam morrido.
Por isso o presidente do Brasil adaptou a versão.]

Na patética videoconferência de empresários amigos da Federação das Indústrias de São Paulo com Bolsonaro, esse congelamento provisório havia sido uma das poucas propostas capazes de refrescar o andar de baixo. Ela partiu de Eugênio de Zagotti, representante das farmácias. Ele disse o óbvio: “O Brasil não precisa dessa manchete”. Foi contraditado por Carlos Sanchez, em nome da indústria, que ofereceu dois caminhos para que a providência fosse adotada:
O governo poderia criar uma dólar especial para o seu setor, a R$ 4, ou as farmácias deveriam abrir mão de uma parte de sua margem de lucro, repassando-o à indústria.

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Sem palhaçada
As entrevistas de Jair Bolsonaro no cercadinho do Alvorada serviram para teatralidades, até o dia em que o presidente mandou que os jornalistas ficassem calados para ouvir o que dizia um dos integrantes de sua claque:
É ele quem vai falar, não é vocês, não.
Bolsonaro criou um modelo inédito de encontros com a imprensa, a entrevista-auditório. De um lado ficam os profissionais e de outro os denominados “apoiadores”. O episódio passou da conta e jornalistas abandonaram o local.

No dia seguinte, um funcionário do Planalto pediu à claque que deixasse os jornalistas em paz. Tentou-se chegar a bom termo, mas no dia seguinte, a claque voltou a se manifestar. Os jornalistas devem trabalhar em condições adversas e eventualmente ouvem desaforos, inclusive aqueles que partem de Bolsonaro. É o jogo jogado. Eles não devem ser obrigados a enfeitar palhaçadas.

Folha de S. Paulo - O Globo - Elio Gaspari, jornalista







sexta-feira, 3 de abril de 2020

Villas Bôas: ‘Ninguém tutela o Bolsonaro’ - O Estado de S. Paulo



Ex-comandante do Exército diz se preocupar com panelaços, mas acredita que presidente vai sair da crise ‘por cima’

Na manhã da última segunda-feira, um comboio de carros blindados estacionava em frente a uma casa no Setor Militar Urbano, em Brasília. O presidente Jair Bolsonaro chegava para uma visita inesperada ao general da reserva Eduardo Villas Bôas. O encontro durou poucos minutos, mas foi o suficiente para Bolsonaro receber o apoio público de uma figura que tem forte influência nas Forças Armadas.

Em entrevista nesta quinta-feira, 2, ao Estado, Villas Bôas avaliou que Bolsonaro acha que “todo mundo” está contra ele. O ex-comandante do Exército afirmou que o panelaço e a economia preocupam, mas disse acreditar que, ao final, o presidente sairá por cima, e o Brasil vai se recuperar.

O presidente agiu errado em falar que o coronavírus é uma gripezinha?
Ele disse isso, naquele momento, para tentar tranquilizar o País. Mas não é uma gripezinha.
Na manhã de segunda-feira, o presidente esteve na casa do senhor. À tarde, o senhor publicou no Twitter um post de apoio a ele. Ele pediu seu apoio?
Eu já estava pensando em me manifestar. Ele pediu o meu apoio e eu achei oportuno me posicionar e dizer às pessoas qual é a lógica da sua atuação. Pode-se discordar do presidente, mas sua postura revela coragem e perseverança nas suas próprias convicções. Mas ele não pediu isso explicitamente.
O presidente está precisando de apoio neste momento? Ele perdeu apoio da área militar?
Não.
Mas o presidente mudou o discurso na última terça-feira?
Não foi por minha causa. Mudou por ele. Por ele, eu acho.
Mudar o tom do discurso e falar de forma mais conciliatória foi positivo?
Esta é a linha ideal.

(.....)
A atuação dele na pandemia compromete uma reeleição?

Está muito cedo para falar de reeleição. Mas panelaços podem demonstrar uma perda de apoio, embora estejam concentrados nos grandes centros.
O presidente está isolado politicamente? Ele se sente isolado?
Não sei. Isso muda muito conforme as circunstâncias.
Acho que essa percepção é temporária. Eu acho que ao final, ele vai sair por cima
A decisão do presidente de não endossar o discurso do Ministério da Saúde pró quarentena vai custar caro a ele?
Não comento.

(....)

Os filhos do presidente têm uma desconfiança muito grande em relação aos militares, particularmente em relação ao vice Hamilton Mourão. Isso mudou?
Não tem motivo para ter qualquer desconfiança do Mourão. Mourão tem sido um ponto de equilíbrio. Ele é leal ao presidente.
(.....)

Há uma tutela branca no presidente Bolsonaro pelos ministros mais próximos agora, como Braga Netto, da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo?

Ninguém tutela o presidente.
Como avalia a guerra entre governadores e o presidente?
Cada um tem de fazer a sua parte e não tem de ficar polemizando. A virtude sempre está no meio. Mas tem havido muito oportunismo político. Não quero nominar. Estou falando em geral.
Conciliação. Precisamos buscar harmonia.
Como o País vai sair dessa crise? Como se reconstrói um país depois de uma pandemia, com tanta morte e tanto problema econômico?
Eu creio que, talvez não em aspectos concretos como a economia em geral, mas psicologicamente, vamos sair fortalecidos. Certamente teremos problemas na economia, mas sairemos fortalecidos psicologicamente. Assim como nas guerras, vamos sair com disciplina social, espírito de solidariedade, sentimento pelo País e respeito às instituições.

O Estado de S. Paulo - MATÉRIA COMPLETA


domingo, 29 de março de 2020

Isolamento sim! - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo


Governo emite sinais trocados e Brasil começa a se dividir. Coronavírus agradece
Eta gripezinha que está custando caro! O presidente da República fala para um lado e os ministérios agem para o outro, anunciando montanhas de dinheiro para enfrentar o abandono dos miseráveis que precisam do Bolsa Família, a insegurança dos informais e a dramática ameaça aos empregos. Isolamento, sim, para salvar vidas. E medidas emergenciais para reduzir os danos na economia.

É a realidade se impondo, com as lições vindo assustadoramente de fora. Se não quer ouvir a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde, a ciência e as estatísticas, o presidente deve ao menos se informar sobre o que aconteceu nos dois países mais afetados pelo Covid-19 no mundo. Nos Estados Unidos, seu tão amado Trump foi obrigado a recuar e agora clama para os americanos ficarem em casa. Na Itália, o mea culpa do prefeito de Milão é um grito de alerta. [Em Brasília/DF, a capital do 'isolamento', a primeira morte por Covid-19, acontece dentro de um hospital público - HRAN, referência para tratamento da Covid-19 - paciente não estava sob isolamento, tendo a morte ocorrido em um andar do hospital - área não destinada ao isolamento.
Saiba mais, clicando aqui.]

Trump, como o “amigo” brasileiro, minimizou o coronavírus até que os EUA passaram a ser o epicentro da doença, ultrapassando os cem mil infectados e beirando 1.500 mortos. Só aí ele se rendeu à única “vacina” contra a pandemia: o isolamento social. Na Itália, o prefeito de Milão desdenhou do tsunami, animando as pessoas a saírem. Agora admite: “Errei”. Tarde demais. Os italianos já contabilizam mais de 9 mil mortes, 919 só na sexta-feira.  “Infelizmente, algumas mortes terão. Paciência, acontece, e vamos tocar o barco”, conformava-se o presidente brasileiro no mesmo dia, ignorando alertas e estatísticas, a lógica, o bom senso, a humanidade. Pior: a responsabilidade. Tudo em nome do seu novo slogan político: “O Brasil não pode parar”. O problema é que, se milhões são contaminados e milhares morrem, aí é que o Brasil vai parar. Só não vê quem põe sua visão pessoal acima das evidências.
[Não isolamento = atividades econômica = letalidade = igual a da Covid-19 = estimada em um máximo de 3%.
Isolamento = economia parada = inanição = letalidade = 100%.

Num país dividido, com um governo que emite sinais trocados, governadores e prefeitos, em maioria, decidem deixar o capitão falando sozinho e se articulam para enfrentar a pandemia, acolher os infectados e evitar mortes, enquanto os do Nordeste lançam manifesto “pela vida”. Mas o efeito do comando do presidente contra o isolamento já se faz sentir, com governadores aliados de Mato Grosso, Santa Catarina, Rondônia e Roraima se assanhando para flexibilizar o isolamento. [articulação de governadores para derrubar o presidente? = impedir que o Presidente da República governe? 
A Constituição Federal,em vigor, tem a solução para essa  agressão a um dos Poderes da República = Poder Executivo federal.
A solução é: o presidente da República acionar o artigo 142, da CF.]

Na sociedade, o mesmo. CNBB (bispos), OAB (advogados), ABI (imprensa), SBPC (ciência), ABC (ciência) e Comissão de Direitos Humanos de São Paulo fazem alerta “em defesa da vida” e conclamam a população a “ficar em casa”, em respeito à ciência, aos profissionais de saúde e à experiência internacional.  Do outro lado, as falas e a campanha do presidente produzem aumento de pessoas nas ruas, shoppings de Minas reabrindo, a ofertazinha bacana da CNI em tempos de gripezinha: testes rápidos de coronavírus, de 15 em 15 dias, para 9,4 milhões de trabalhadores industriais. Isolamento social? “Só para pessoas com exame positivo.”

Bolsonaristas vão alegremente às ruas contra o isolamento. Mas de carro, que ninguém é besta, enquanto defendem que seus empregados se exponham ao vírus em ônibus e metrôs e garantam seu lucro. Só não entenderam ainda, e vão entender na marra, que, se os trabalhadores se contaminarem, eles também vão se contaminar, depois contaminar seus amores, famílias, amigos. E, “infelizmente, algumas mortes virão...”, lembram?

É profundamente importante, sim, reduzir os danos na economia, nos empregos, na pobreza. E é por isso que o Estado está devidamente flexibilizando a prioridade fiscal para tomar as medidas necessárias. O que não pode é desdenhar da morte em nome da economia. Até porque nada comprova a eficácia desse método ignorante e desumano (para não buscar adjetivos e referências pavorosas na história).

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo



Coronavírus: aliados de Bolsonaro defendem diálogo para conter crise - O Globo

Gustavo Schmitt e Guilherme Caetano

Declaração do presidente sobre fim da quarentena foi reprovado por parte da bancada da bala, ruralistas, empresários, evangélicos e caminhoneiros

O tom das declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia do coronavírus em pronunciamento na última terça-feira foi reprovado por aliados de segmentos importantes como a bancada da bala, ruralistas, empresários, evangélicos e caminhoneiros.

Saiba que remédios você pode ou não tomar se tiver a Covid-19 Estudos sugerem relação de medicamentos com o agravamento da doença: o que fazer nestes casos?


 Bolsonaro visita comércio e cumprimenta populares em Brasília: 'Defendo que todo mundo trabalhe'

Atitude do presidente ocorre menos de 24 horas após ministro defender o distanciamento social para evitar um colapso do sistema de saúde por causa do coronavírus 

Contrariando as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), Bolsonaro defendeu o fim da quarentena sob o argumento de que a crise na economia do país poderia ter consequências piores do que a Covid-19. Entre aqueles que elegeram o presidente, ninguém gostou de ouvir a comparação da pandemia, que já matou 114, com uma “gripezinha” ou “resfriado”. Mesmo diante de uma forte reação, Bolsonaro dobrou a aposta numa apresentação ao vivo numa rede social na quinta-feira e voltou a usar as mesmas expressões ao minimizar as consequências da doença e ainda acrescentou que o brasileiro tem a imunidade tão alta que “pula no esgoto e não pega nada”.

[COVID-19 não é assunto para ideologia. É sério, alta capacidade de contágio e letalidade não desprezível.
Assim, sugerimos que leiam " O dilema é real - Tentar preservar a atividade econômica não é preocupação sem sentido". A matéria é da Folha de S. Paulo

Se após ler, você tiver elementos para contestar os argumentos  apresentados pelo jornalista - que não está entre os apoiadores do presidente Bolsonaro -, continue isolacionista.
Caso contrário, pense melhor.

Na última segunda-feira, uma pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal “Folha de S.Paulo” mostrou que 35% dos entrevistados consideram o desempenho de Bolsonaro ótimo ou bom; 26% acham regular; e outros 33% avaliam como ruim ou péssimo. Cinco por cento não souberam responder. [a pesquisa citada, foi realizada por telefone, e ouviu menos de 2.000 pessoas.
A pesquisa por telefone é mais restritiva quanto ao alcance do que a presencial.] Os governadores, a quem o presidente culpa por prejuízos econômicos provocados pelo isolamento social, tiveram aprovação de 54% dos entrevistados.

Leia mais:Proposta do Ministério da Saúde prevê isolamento de três meses para idosos e abertura de bares com metade da lotação

Embora avaliem que haja equívocos na comunicação, apoiadores de Bolsonaro nesses setores continuam com ele e evitam críticas para “não jogarem mais lenha na fogueira”. Preocupados com o comportamento intempestivo do presidente, dizem que o país precisa de união e diálogo com os demais Poderes e os estados para enfrentar a doença e a crise econômica.

Ainda assim, no conflito com os governadores, aliados estão mais sintonizados com o presidente. Defendem a tese de um isolamento social mais brando, de 15 dias, que seriam suficientes para alcançar o que pesquisadores chamam de “achatamento da curva” — redução nas taxas de transmissão e mortalidade pelo menor número de pessoas circulando. Em seguida, haveria uma reabertura lenta e gradual com o cuidado de manter o isolamento de grupos de risco.

Empresários da indústria e do varejo defendem a necessidade de discutir e definir, agora, a hora certa para reativar os negócios. O prazo de duração da quarentena é questão-chave para avaliar os impactos sobre a economia e as medidas a serem tomadas.
O presidente da Fundação Abrinq, Synesio Batista da Costa, é favorável à retomada gradual dos trabalhos da indústria brasileira: Gripezinha foi desnecessário. Mas é o jeito dele (Bolsonaro), que está  eleito e precisamos respeitar. A gente se aborrece com o jeito de falar, mas é muito bom ter um presidente que entregue a economia para quem  sabe.
E o Paulo Guedes sabe exatamente o que fazer. A indústria não parou. Estamos a 20 por hora. Mas queremos voltar a trabalhar de maneira gradual. Não podemos entrar numa histeria.
[nunca é demais lembrar:
O Presidente Bolsonaro foi claro, claríssimo, quando disse 'QUE PARA ELE, COM UM PASSADO DE ATLETA, O CORONAVÍRUS É UMA GRIPEZINHA.]

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Decreto contorna insatisfação de evangélicos
O ato veio um dia depois de uma decisão judicial mandar fechar os templos em São Paulo. Os evangélicos recorreram e a decisão acabou derrubada.No pedido, alegaram que a própria OMS considera que as igrejas são importantes para “o bem estar físico, mental, espiritual e social”. Apreensivos com o risco de que uma guerra judicial em vários estados pudesse fechar os templos, eles articularam para que Bolsonaro fizesse o decreto.
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A medida foi fundamental para que os templos fossem mantidos de portas abertas durante a pandemia, desde que atendam as recomendações do Ministério da Saúde. Líderes das principais denominações dizem que vão fazer cultos online para evitar aglomerações. Sustentam ainda que as igrejas não podem deixar de atender os necessitados e que servem como ponto de assistência em locais pobres e favelas, onde o próprio estado não está presente.

Ruralistas sugerem união
Embora discordem da forma como o presidente Jair Bolsonaro se expressou ao tratar do novo coronavírus, os ruralistas adotam posição pragmática e concordam com os riscos que a quarentena representa para a economia.
Diferentemente de Bolsonaro, avaliam, no entanto, que é preciso união e diálogo para construir um caminho de retomada da economia, sem desacreditar a ciência.

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Ao tratar da postura de Bolsonaro, ele disse haver “mais erros de comunicação do que de atitudes”.
— Todo mundo conhece o perfil do presidente Bolsonaro. Ele é uma pessoa que não trabalha a comunicação no traquejo normal. Ele diz o que nem sempre as pessoas querem ouvir. Não quero criticar. No fundo, os dois lados (governadores e presidente) têm razão. Pode ser que (a economia) tenha que voltar a funcionar agora. Até então, era importante manter o isolamento.
Dependente das exportações, o agronegócio já vem de um desgaste com o Planalto em razão de uma crise diplomática criada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) com a China, principal parceiro comercial do Brasil. O filho 03 do presidente culpou o país pelo vírus.

O deputado estadual Frederico D’Avila (PSL-SP), representante do setor, disse que foi cobrado a repreender Eduardo. — Falei que, não por ele ser um parlamentar, mas o filho do presidente, não poderia ter tuitado aquilo. Os agricultores ficaram preocupados de estragar relações comerciais. Ninguém quer isso — afirmou.

Em O Globo - MATÉRIA COMPLETA

domingo, 22 de março de 2020

Colapso - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Mortes, contaminação, calamidade, colapso, recessão. Não é ‘gripezinha’

Os mortos pelo novo coronavírus já passam de 11.500 no mundo. Chegaram até ontem a 18 no Brasil, 220 nos Estados Unidos, em torno de 500 na França, 1000 na Espanha, 1.400 no Irã e 4000 mil na Itália, além de mais de 3100 na China. O número de contaminados nem dá mais para contar. E muitos deles vão morrer.

Em sã consciência, é impossível chamar tudo isso de “gripezinha” e defender realização de cultos religiosos, como fez o presidente da República Federativa do Brasil, depois de ter reduzido tudo a uma “fantasia”, criticar a “histeria”, estimular manifestações (aliás, contra o Congresso e o Supremo [sic] ) e tocar mãos e celulares de centenas de pessoas mesmo ainda sujeito a novos testes para o vírus. Como não criticar esses absurdos?

Quanto mais a doença se abate sobre a humanidade, mais os cidadãos buscam o melhor de si para reforçar a empatia, a solidariedade, o patriotismo, a resistência. Arrasada, a Itália nos brinda com exemplos comoventes de artistas cantando óperas e distribuindo gentileza e esperança pelas janelas e varandas. O Brasil segue o exemplo e faz panelaços em agradecimento ao bravo pessoal da saúde.

[Constatação irrefutável: 
não importa a classificação que Trump, Boris Johnson, Viktor Orban  e outros líderes mundiais apliquem ao novo coronavírus e a doença que causa, Covid-19.
O que importa é o que fazem no combate a mesma.

Bolsonaro, ao estilo de político - o estilo comício, palanque  comportamento que,  se pronunciasse o presidente via porta-voz, seria deixado de lado, alterna os mais diversos estilos nas menções  à praga.
Ora chama de 'gripezinha', o que não importa. Casa classificasse de pneumonia dupla, peste, seja qual for o termo que use, NÃO IMPORTA.
O QUE IMPORTA é que ele adote todas as medidas necessárias para combater a peste que surgiu na China - não estamos dizendo criada pelo País asiático. E isto ele tem feito.

Vamos deixar a ideologia de lado e considerar que ainda no Brasil, alguém que seja capaz de relaxar nos cuidados de prevenção, alegando que o presidente disse ser uma 'gripezinha', tal pessoa tem que ser não colocada sob isolamento e sim confinada por problemas mentais.

A democrática Itália demorou na adoção de medidas enérgicas e está tendo dificuldades de conter a pandemia em seu território, a autoritária China foi lenta no principio - lentidão talvez consequência do desconhecimento de como combater a nova peste - mas, conseguiu recuperar o tempo perdido, estando há 3 dias seguidos sem novos casos, descontando os importados.

Todas as medidas possíveis estão sendo adotadas pelo Brasil no combate a peste maligna, (felizmente o presidente Bolsonaro soube conter os arroubos separatistas, e inconstitucionais, do Witzel) vamos esquecer as denominações da peste,  confiar em DEUS e venceremos.]
Não vamos estragar isso, presidente. Só o uso de máscaras inúteis não resolve nada nem do ponto de vista simbólico nem do epidemiológico. O ministro Henrique Mandetta prevê “colapso na Saúde” logo ali, em abril, enquanto o governo anuncia transmissão comunitária em todo o País e Câmara e Senado providenciam às pressas votações remotas e aprovam o estado de calamidade pública. O teto de gastos e a tão suada e fundamental Lei de Responsabilidade Fiscal foram devidamente jogados pela janela para abrir espaço ao principal: o combate ao coronavírus.

Nesse quadro de guerra, de responsabilidade, é preciso pensar antes de falar, ter cuidado com o outro, respeitar a dor das famílias dos mortos de hoje e de amanhã. E não custa lembrar que, neste momento, o presidente é uma ilha cercada de contaminados: os chefes do GSI, da Secom, da Segurança, da Ajudância de Ordens e do Cerimonial, que integram a incrível lista de 22 pessoas da comitiva presidencial que trouxeram o coronavírus dos Estados Unidos (e não da China...). Entre as vítimas mais sensíveis, está a economia. A previsão do governo para o crescimento de 2020 era de 2,4, caiu para 2,1% e já está em 0,02% que, tira daqui, põe dali, significa zero, nada, estagnação. E é considerada otimista. A FGV já trabalha com um tombaço de 4,4%. Recessão das brabas. [a previsão do custo global devido o coronavírus é superior aos US$ 3.000.000.000,00, de dólares, o que justifica, praticamente impõe, que o Brasil tenha crescimento zero ou próximo disso.
Felizmente, o Brasil não tem tecnologia para tanto, só isso impede que acusem o Brasil de ter criado o coronavírus - claro, criação ordenada por Bolsonaro.]

Levantamento feito pela Cielo, maior credenciadora de cartões do País, mostra que as vendas do varejo caíram 5,4% nos primeiros 19 dias de março em relação a fevereiro e essa queda vem piorando de semana a semana. O setor mais afetado é exatamente o de serviços, onde se encaixa o turismo: queda de nada mais nada menos que 25,5%. As pessoas, trancadas em casa, não viajam, não consomem. Lojas estão fechadas, não lucram. Empresas param, não produzem. Um ciclo maldito, cujo resultado final, em tese, é quebradeira, queda de empregos e renda. Dor.

Em meio a tudo isso, o Brasil segue os EUA e a Europa e começa a testar cloroquina em pacientes de Covid-19 em situação gravíssima, mas o presidente da Anvisa, médico e contra-almirante Antonio Barra Torres, faz um apelo dramático: “Não comprem cloroquina!”
Segundo ele, 1) os testes para o coronavírus ainda são muito preliminares; 
2) há risco sério de efeitos colaterais; 
3) o medicamento pode faltar (aliás, já está faltando) para os que realmente precisam: os que têm Lupus, malária, artrite e outras doenças reumáticas. É preciso ouvi-lo. Automedicação é uma praga. Numa pandemia, uma praga ainda mais perigosa. Como a irresponsabilidade e a displicência nos momentos graves.

[situação complicada a do capitão:
se segue ou deixa seguir a Europa e EUA, se deixa fazer pesquisas, vai pra o tronco;
se não segue ou não deixa seguir aquele Continente e os EUA, se impede pesquisas, tronco com ele.]

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo





sábado, 21 de março de 2020

Bolsonaro confronta ação de Estados, que reagem - O Estado de S. Paulo

Emilly Behnke,  Marlla Sabino 

Presidente diz que medidas tomadas pelos Estados para enfrentar a Covid-19 vão prejudicar a economia e enfraquecê-lo politicamente. - Doria e Witzel.

[o presidente esqueceu de apontar que Witzel iniciou o processo de desrespeito a Constituição ao assumir uma postura separatista e tomar medidas que implicaria em proclamar a independência do Estado que governa.
Só parou, provavelmente, devido ter sido alertado  por assessores que estava cometendo um crime contra a Federação, já que a Constituição vigente, proíbe ações separatistas, contra a unidade do Brasil.]

O presidente Jair Bolsonaro criticou ontem medidas adotadas por governadores para evitar a disseminação do coronavírus. Na visão dele, ações como o fechamento do comércio, adotado nas maiores cidades do País e defendido por especialistas, podem prejudicar a economia e serem usadas para enfraquecê-lo politicamente. O paulista João Doria (SP) afirmou que os chefes do Executivo estão tomando atitudes porque o presidente se omite. Wilson Witzel (PSC), do Rio, classificou como “passo de tartaruga” a velocidade do Planalto em dar respostas à crise.

As críticas aos governadores foram feitas nas duas vezes em que Bolsonaro apareceu publicamente ontem. “Tem certos governadores que estão tomando medidas extremas, que não competem a eles, como fechar aeroportos, rodovias, shoppings e feiras”, disse o presidente, pela manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada. Mais tarde, numa entrevista coletiva, ele voltou ao assunto. “Tem um governo de Estado que só faltou declarar independência do mesmo”, afirmou, sem detalhar sobre a que se referia. [Witzel pegou o seu diploma de Harvard e pouco faltou para declarar o Rio estado independente da República Federativa do Brasil]

“Tem uns falando em liberar pedágio, energia. Aí cria expectativa. O governo federal e estadual não têm condições de bancar isso. Essas falsas expectativas não podem vir no bojo de uma campanha política”, declarou o presidente. Dois dos chefes de Executivo estadual que reagiram às falas de Bolsonaro já demonstraram pretensão de concorrer às eleições em 2022.

“Estamos fazendo o que deveria ser feito pelo líder do País, o que o presidente Jair Bolsonaro, lamentavelmente, não faz. E, quando faz, faz errado”, criticou Doria, que virou adversário do presidente ainda no ano passado, embora tenha vencido a eleição de 2018 amparado no “BolsoDoria”.

Bolsonaro disse ter ficado “preocupado” ao saber que Witzel decidira fechar as divisas do Estado e suspender o transporte de passageiros por terra e ar. A medida afeta voos nacionais e internacionais. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) chegou a divulgar nota dizendo que caberia à União determinar o fechamento. Também adversário político do presidente, Witzel criticou o uso político da crise. “O governo federal precisa entender que não é hora de fazer política”, escreveu o governador fluminense no Twitter. “É hora de trabalhar e ajudar os empresários que vão quebrar, as pessoas que vão perder o emprego e os que vão morrer de fome”.

Apesar dos ataques feitos ontem, o presidente afirmou que está a disposição dos Estados. “Nossos ministros estão todos solícitos, ninguém está orientado a fugir de ninguém. Não terá qualquer discriminação para qualquer governador.”  A crítica aos governadores é só mais um episódio da relação conflituosa entre o presidente da República e a Federação. Bolsonaro entrou em conflito com governadores ao culpá-los por não baixar o preço da gasolina e ao comparar a morte do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, baleado pela polícia da Bahia, à “queima de arquivo do caso Celso Daniel”.

“É a visão dele (Bolsonaro). Ele, como nós, tem o direito de pensar diferente. Eu pessoalmente estou tratando do assunto (coronavírus) sem politizar, até porque política não deve se misturar com problemas de saúde graves como esse”, disse o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Assim como aconteceu em São Paulo e no Rio, o governo do Distrito Federal determinou o fechamento do comércio por causa do novo coronavírus. Nos últimos dias, o presidente divergiu até mesmo de aliados, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Médico, Caiado foi vaiado no domingo, quando dispersou manifestantes que defendiam o governo federal e protestavam contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). [Tem governador feliz da vida com o coronavírus, já que será uma forma de mascarar a causa do péssimo atendimento de saúde oferecido pelos seus estados.
Antes do vírus ficava dificil arranjar explicação para o CAOS na Saúde Pública de muitos estados. Praticamente todos os estados estão péssimos na qualidade da Saúde Pública, citamos Rio e DF, dois, mas são muitos.]

Conselhos
Até agora, Bolsonaro não tem ouvido auxiliares do Planalto que o aconselham a chamar pelo menos uma videoconferência com governadores, como fez ontem com empresários, para alinhar medidas de combate ao coronavírus. Ele não admite ter demorado a tomar atitudes para combater a doença nem ignorado a pandemia. Ainda ontem, porém, Bolsonaro voltou a minimizar a pandemia. “Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar”, afirmou.

No mesmo dia que o País confirmou a 11.ª morte pelo novo coronavírus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que até o fim de abril haverá um “colapso” no sistema de saúde por causa da velocidade com que a doença avança. O presidente Jair Bolsonaro, por outro lado, voltou a minimizar a pandemia, tratando o vírus que já matou mais de 10 mil pessoas no mundo como uma “gripezinha” em entrevista concedida após a declaração do auxiliar.

O presidente e o ministro têm demonstrado um descompasso nas declarações sobre a crise. O alerta de Mandetta foi dado durante videoconferência com Bolsonaro e 22 empresários de vários setores. Segundo o ministro, o “colapso” significa você ter recursos, mas não ter capacidade para atendimento dos doentes. “Você pode ter o dinheiro, o plano de saúde, mas simplesmente não há sistema (de saúde) para você entrar.”

“A Itália que tem sistema de primeiro mundo, mas pela característica de ter população extremamente idosa, o tempo que ela suportou foi muito baixo. Temos alguns Estados que nos preocupam mais: o Rio Grande do Sul tem a maior faixa etária. Temos a Região Amazônica, que praticamente não tem caso. Nós somos um continente”, observou o ministro.  A projeção de Mandetta é de que a velocidade de propagação da doença deve aumentar nas próximas semanas e o número de casos só começará a cair em setembro. “A gente deve entrar em abril e iniciar a subida rápida. Isso vai durar os meses de abril, maio, junho, quando ela vai começar a ter uma tendência de desaceleração. O mês de julho deve começar o platô. Em agosto, o platô vai começar a mostrar tendência de queda e aí a queda em setembro é profunda, tal qual a de março na China.”

O Ministério da Saúde declarou ontem estado de transmissão comunitária em todo o Brasil, o que significa admitir não ser mais possível rastrear qual a origem da infecção, indicando que o vírus circula entre pessoas que não viajaram ou tiveram contato com quem esteve no exterior – só dois Estados ainda não relataram casos.

Portaria, publicada em edição extra do Diário Oficial da União, também oficializa recomendações para restringir a circulação de pessoas acima de 60 anos, além de orientar o “isolamento domiciliar” de quem tiver “sintomas respiratórios” e daqueles que moram com elas. O prazo estabelecido é de, no máximo, 14 dias. A pasta também estendeu a pessoas que residam no mesmo endereço de alguém com sintomas de gripe a possibilidade de solicitar um atestado médico para justificar a ausência no trabalho.

Diante do agravamento do cenário, Bolsonaro fez um apelo ontem por uma maior “conscientização” da população em relação ao enfrentamento do vírus. No entanto, ao ser questionado pelo Estado se divulgaria o resultado dos dois exames que realizou para saber se havia contraído a covid-19, voltou a se referir à doença como algo menor. “Depois da facada, não vai ser uma ‘gripezinha’ que vai me derrubar”, disse o presidente, repetindo o gesto de usar máscara cirúrgica nas suas declarações à imprensa. Na semana passada, Bolsonaro se referiu à crise da pandemia como uma “fantasia”.


Vítimas
A sexta-feira foi marcada pelo maior número de mortes registradas em um mesmo dia. Foram quatro, todas em São Paulo, onde os óbitos já chegaram a nove. As vítimas são idoso que já tinham outras doenças quando contraíram o coronavírus. Três são homens (de 70, 80 e 93 anos) e a outra é uma mulher de 83 anos. O número de casos confirmados também saltou de 621 casos para 904. O índice de letalidade está em 1,2%.

O Estado de S. Paulo Emilly Behnke,  Marlla Sabino