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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Blogueiro chapa branca condenado por injúria



Blogueiro condenado por injúria
Recebi do advogado Paulo Freitas o acórdão da Turma Recursal Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo com a confirmação da condenação do blogueiro Paulo Henrique Amorim num processo que movo contra ele por injúria. Ele havia sido condenado em primeira instância a uma pena de 40 dias de prisão, convertida em pena pecuniária, mas a Turma Recursal aumentou o valor da pena, de cinco para trinta salários mínimos.

Num post de seu blog Conversa Afiada sobre uma reportagem a respeito do relacionamento de jornalistas e fontes, na qual meu nome não era citado, o blogueiro publicou uma foto minha com a legenda “jornalista bandido”. Quando foi condenado na primeira instância, Paulo Henrique Amorim escreveu em seu blog que era cedo para minha comemoração, pois ainda havia um longo percurso pela frente. Seu caminho agora está mais curto, resta apenas a ele um recurso extraordinário ao STF, ou torcer pela prescrição da pena devido à sua idade.

Ler a íntegra,  clique:  


Reabertura dos trabalhos do Poder Judiciário mostra o desprestigio daquele Poder junto aos demais; Hino Nacional não é cantado, Dilma e Renan se ausentaram



Na abertura dos trabalhos do STF, Janot afirma que combate à corrupção é prioridade do MP
Sessão foi uma das mais esvaziadas dos últimos anos; Dilma e Renan se ausentaram, mas o recém-eleito presidente da Câmara, Eduardo Cunha, compareceu 
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou durante a abertura do Ano Judiciário, no Supremo Tribunal Federal (STF), que uma das prioridades do Ministério Público é o combate à corrupção. Numa referência à Operação Lava-Jato, que investiga irregularidades na Petrobras, ele afirmou que a estratégia de seguir o dinheiro da corrupção tem dado certo. — Nesse reinício de jornada, destaco alguns temas que merecem real atenção dos poderes constituídos na visão do Ministério Público brasileiro: a solidificação do combate à corrupção com o fortalecimento das instituições e do regime democrático. Quanto ao ponto, ressalto a estratégia até aqui adotada de seguir o caminho do dinheiro parece ter sido correta. A reafirmação do indispensável poder acusatório do Ministério Público - afirmou o procurador-geral da República.
Durante seu discurso Janot listou ainda outras prioridades do Ministério Público, entre elas o ‘balizamento legal em relação ao financiamento público e privado das campanhas eleitorais’, a melhoria das condições do sistema carcerário, e a revisão da Lei da Anistia, uma vez que a Corte Interamericana de Direitos Humanas determinou em 2010 a investigação de crimes cometidos por agentes públicos durante a ditadura. A lei, que é de1979, perdoou os crimes do período e já foi alvo de questionamentos, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em 2010 que a lei é válida

No tribunal existem recursos contra a decisão, mas ainda não há data para serem julgados. Mais recentemente, em dezembro do ano passado, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) recomendou a responsabilização dos agentes públicos perdoados pela Lei da Anistia. - Revisitar o tema da Lei da Anistia, em razão do julgamento do Estado brasileiro pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. O uso planejado do instituto da repercussão geral como instrumento de celeridade e eficiência do sistema de justiça. E a necessária valorização das carreiras dos servidores do Poder Judiciário e do Ministério Público — afirmou Janot. [o Brasil ainda é, apesar dos esforços dos que são contra, uma NAÇÃO SOBERANA e não deve obediência a decisões da tal Corte Interamericana;
outro aspecto que os revanchistas fazem questão de omitir quando pretendem obrigar o Brasil a se curvar às decisões daquela corte é que eventual aplicação das decisões de qualquer organismo internacional só se aplicam a uma Nação Soberana quando as mesmas cuidam de fatos ocorridos em DATA POSTERIOR a da ADESÃO da nação interpelada e o Brasil só ratificou sua adesão àquela corte bem após a promulgação da  Lei da Anistia.
Outro fato que o ilustre procurador-geral ‘esqueceu’ é que o Supremo já bateu o martelo em 2010 quando decidiu que a Lei da Anistia é válida. É absurdo que uma decisão do STF fique sujeita a pedidos de revisão infundados, já que são apresentados sem que surja qualquer fato novo a justificar qualquer pleito de revisão.]
A cerimônia de reabertura do ano judiciário aconteceu na manhã desta segunda-feira, numa das sessões de abertura dos trabalhos do STF mais esvaziadas dos últimos anos. Até mesmo alguns ministros do tribunal se ausentaram. Os ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Fux não estavam presentes, porque, segundo explicação de Lewandowski, seus voos foram cancelados. O hino nacional também não foi executado, obrigando a ser cantado à capela, num coro puxado pelo presidente da corte, Ricardo Lewandowski. Ao fundo, era possível ouvir o barulho feito por manifestantes que estavam na Praça dos Três Poderes reivindicando reajustes salariais.
ESTATUTO DA MAGISTRATURA
Em seu discurso, Lewandowski informou que mandará para o Congresso Nacional ainda este ano o novo Estatuto da Magistratura. Ele lembrou que a lei atual é do tempo da ditadura. Aproveitou para defender o trabalho dos juízes brasileiros, mas não mencionou reajustes salariais. — Pensamos que é chegada a hora de rediscutirmos as bases da Magistratura Nacional, de maneira a colocarmos os nossos juízes em um patamar profissional e institucional compatível com os inestimáveis serviços que prestam ao País. Acreditamos que a ocasião é propícia para tanto, pois vivemos um momento histórico ímpar em que desfrutamos de uma democracia amadurecida e de um ambiente apto ao debate franco e aberto com todos os interessados nessa relevante questão — afirmou o presidente do STF.
Lewandowski voltou a se mostrar preocupado com o crescente número do processos nos tribunais brasileiros. O ministro lembrou que, segundo o relatório Justiça em Números, divulgado no ano passado, havia 95 milhões de processos em tramitação em 2013, um aumento de 3,3% em relação ao ano anterior. Isso ocorreu mesmo com um crescimento de 1,7% na produtividade dos juízes. — Os litígios judiciais têm aumentado de forma exponencial, sem que os distintos Judiciários tenham logrado dar efetiva vazão a essa crescente demanda, cujo atendimento célere e eficaz é hoje legitimamente considerado um valor indispensável à vida em comunidade — afirmou Lewandowski.
LAVA JATO
Sobre a Operação Lava-Jato, o ministro Marco Aurélio se disse curioso com o desdobramento dos fatos. A expectativa é que neste mês seja conhecida oficialmente a lista de políticos envolvidos no esquema.  — Todos nós estamos curiosos para saber o que há dentro desse embrulho — disse Marco Aurélio.
Questionado sobre o possível envolvimento do presidente reeleito do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na Operação Lava-Jato, Marco Aurélio disse:  - Vamos aguardar. Não devemos presumir o excepcional. Se é que é excepcional considerar o envolvimento de uma autoridade num processo-crime.
DOAÇÕES DE CAMPANHA
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Marcus Vinicius Furtado Coêlho defendeu o fim das doações de empresas para campanhas eleitorais. No primeiro semestre do ano passado, a maioria dos ministros se posicionou contra o financiamento de empresas, mas um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes suspendeu o julgamento. O presidente da OAB também defendeu que ninguém pode ser julgado sem o trânsito em julgado, ou seja, quando a decisão for definitiva, sem possibilidade de recurso. — Ninguém pode sofrer condenação antes do trânsito em julgado — disse Marcus Vinicius.
Compareceram o recém-eleito presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ministro Justiça, José Eduardo Cardozo, o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A presidente da República Dilma Rousseff e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foram convidados, mas não apareceram.
Fonte: O Globo

Dilma perde mais uma e vai continuar perdendo e piorando

Frase do dia

Eu não sou oposição, mas também não serei submisso ao governo. Eu não vou cometer estelionato eleitoral. O que se pode esperar de mim é muita serenidade e contundência para defender a Presidência da Câmara.

Eduardo Cunha, PMDB-RJ, candidato a presidente da Câmara dos Deputados 

Dilma prova o gosto amargo da derrota 

O governo da presidente Dilma Rousseff amanheceu ontem sem dispor de uma resposta satisfatória para a indagação que corria de boca em boca entre ministros de Estado e líderes do PT desde o início da semana passada. A saber: O que seria pior? Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se eleger presidente da Câmara dos Deputados para um mandato de dois anos? Ou ser derrotado e permanecer como líder do seu partido na Câmara?
Vai piorar,  Dilma
 Dilma Rousseff (Imagem: Divulgação)
O presidente da Câmara é o segundo na linha de sucessão do presidente da República. Em caso de ausência simultânea do presidente e do vice, é ele quem assume.
No comando de 513 deputados e de um orçamento de R$ 5,1 bilhão, cabe a ele definir que projetos serão votados, e quando serão votados. Instalação de CPIs depende dele, que pode arquivar ou dar seguimento a pedidos de cassação de mandatos por quebra de decoro.

Agora, o que mais apavorava o governo: é atribuição do presidente da Câmara receber ou ignorar pedidos de impeachment do presidente da República. Dilma detesta Eduardo. Sempre o tratou mal. Considera Eduardo um dos deputados mais fisiológicos da Câmara.

Não o perdoa por ter contribuído para derrotas do governo em votações importantes. E não quis pagar preço algum para tentar convertê-lo em aliado.

Se tivesse ouvido Lula, ela teria procedido de outra forma. Ou teria feito um acordo com Eduardo ou se mantido distante da eleição na Câmara. Mas, não. Dilma mobilizou a máquina do governo para derrotar Eduardo. E acabou conferindo-lhe o rótulo de candidato da oposição – embora a oposição propriamente dita apoiasse a candidatura a presidente do deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

Dilma imaginou eleger um candidato do PT – e perdeu. Ao cair da noite do domingo, só havia uma duvida: contra Arlindo Chinaglia (SP), candidato do PT a presidente, o PSDB de Aécio Neves ajudaria a eleger Eduardo logo no primeiro ou no segundo turno?  A oposição dava como certa a derrota de Júlio. E estava disposta em votar em Eduardo para vencer o PT e o governo. Foi o que fez.

No Senado, tentara impedir a reeleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) para presidente. Em vão.  Dilma não precisava ter colhido na Câmara uma derrota tão amarga no início do seu segundo governo, enquanto só faz esquentar o escândalo da Petrobras. Donos e executivos de empreiteiras presos em Curitiba cansaram de esperar um sinal dela ou de Lula de que há vontade de socorrê-los.

Não querem mofar na cadeia, destino reservado ao ex-publicitário mineiro Marcos Valério, um dos cérebros do mensalão. De fato, eles só têm uma saída: em troca de penas menores, contar tud0 o que sabem sobre o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras para financiar a base de sustentação do governo no Congresso e abastecer o Caixa 2 dos partidos.

O caso deverá chegar em Lula. E em Dilma. Foi Lula que nomeou o delator Paulo Roberto Costa para diretor da Petrobras. Ali, ele pintou o diabo. Dilma conviveu amistosamente com Paulo Roberto durante anos a fio. Por ora, não convidem Lula e Dilma para a mesma mesa. Lula está certo que Dilma nada faz para salvá-lo, além de não levar em conta seus conselhos.

De sua parte, Dilma não se conforma em ter herdado dele a brutal enrascada da da Petrobras. Mantém Graça Foster na presidência da empresa para que ela siga limpando a cena do crime e apanhando no seu lugar. Para aflição de Dilma e Lula, é no meio desse imbróglio que se encaixará o novo e poderoso presidente da Câmara dos Deputados. Bom dia, Eduardo!

Fonte: Blog do Noblat - Ricardo Noblat

 

 

No Comando - Câmara e Senado elegem presidentes

Eduardo Cunha (PMDB) é eleito presidente da Câmara dos Deputados e Renan Calheiros reeleito presidente do Senado Federal

Peemedebista derrotou, entre outros, o candidato do governo, Arlindo Chinaglia (PT)

Desafeto do governo do PT, Eduardo Cunha (PMDB) foi eleito neste domingo (1º) presidente da Câmara dos Deputados. Cunha é apoiado por PMDB, PTB, DEM, Solidariedade, PP e PSC, entre outros. O peemedebista recebeu 267 votos. O candidato Arlindo Chinaglia (PT-SP ) teve 136 votos, Júlio Delgado (PSB-MG) obteve100 votos e Chico Alencar (PSOL-RJ) conquistou 8 votos. Dois deputados votaram em branco. Eduardo Cunha exercerá o comando da Câmara nos dois próximos anos. 

A eleição foi definida em primeiro turno porque Cunha obteve mais que a metade mais um dos votantes. Todos os 513 deputados votaram no pleito. O deputado foi o primeiro a lançar sua candidatura e, por algum tempo, foi o favorito para a presidência da Câmara. Apesar de o PMDB fazer parte da base de apoio de Dilma, o petista é o favorito do Planalto.
 
O peemedebista disse que buscará uma Câmara mais independente “nem contra nem submissa ao governo. Uma Câmara mais altiva. Não viemos fazer qualquer tipo de bravata. Só vamos cumprir o regimento interno e a Constituição e tratar todos com igualdade, seja do governo ou da oposição”.  O deputado foi um dos articuladores do chamado blocão, grupo de parlamentares insatisfeitos com o governo e que causou algumas derrotas à presidenta no Congresso.

Cunha atribuiu a "alopragens" e viu objetivos políticos quando teve seu nome envolvido como suposto receptor de propina do doleiro Alberto Youssef, no âmbito da operação Lava Jato. Depois de notícias serem divulgadas, o advogado de Youssef negou envolvimento de seu cliente com o peemedebista. Durante a campanha, o parlamentar também divulgou um áudio que, segundo ele, teria sido forjado para prejudicá-lo. "Foi uma campanha muito dura, na qual fui muito atacado e agredido", afirmou.

"Independência"
Cunha destacou por diversas vezes que a Câmara precisa ser "independente" - seu principal mote de campanha - e não "submissa" aos interesses do Palácio do Planalto. "Ninguém vai ver eu me curvar a algo que não seja a maioria desta Casa", frisou. No seu entender, um petista na presidência da Câmara criaria essa submissão, uma vez que o partido comanda o governo.
"As eleições (para presidente da República), muito diferente das três anteriores, não teve uma hegemonia eleitoral, mas uma vitória eleitoral. Isso não dá condições para uma hegemonia política", disse Cunha.
  Cunha aproveitou os 10 minutos aos quais teve direito na tribuna para fustigar seu principal adversário, o petista Arlindo Chinaglia (SP). Ele citou a eleição para a presidência da Câmara que opôs o hoje ministro Aldo Rebelo (PCdoB), então candidato com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o próprio Chinaglia. "O Aldo Rebelo disse que não podemos concentrar num único partido o poder do Legislativo e do Executivo. Infelizmente não ouvimos (a ele) e vimos a diferença de ter o mesmo partido nos dois poderes", afirmou.

Avanços
Na esteira do discurso anti-hegemonia que sedimentou sua campanha, Cunha alegou que os principais avanços institucionais da Câmara dos últimos anos ocorreram quando peemedebistas estiveram na presidência. Ele citou a interpretação constitucional do hoje vice-presidente Michel Temer que "destrancou" votações antes bloqueadas por medidas provisórias. Também disse que o outro grande avanço veio com o Orçamento Impositivo, mecanismo pelo qual o Executivo é obrigado a pagar emendas parlamentares individuais.
"Se for possível, na próxima semana vamos votar o segundo turno dessa PEC (do Orçamento Impositivo)", prometeu Cunha. "Paramos de ir de pires na mão mendigar verbas nos ministérios", emendou o peemedebista, que também disse que estenderá o Orçamento Impositivo para as emendas coletivas de bancada.

Para Cunha, é preciso devolver à Câmara a dimensão que ela deve ter e recuperar a "altivez" e o "orgulho" da Casa . "O povo precisa de leis e de deputados fortes que o representem e ajudem o nosso País", defendeu.
Renan é reeleito no Senado
Renan Calheiros (PMDB-AL) foi reeleito presidente do Senado neste domingo (1º), com 49 votos. Seu companheiro de partido Luiz Henrique da Silveira, de Santa Catarina, recebeu 31 votos. Calheiros assume mais uma vez a presidência sob o discurso da austeridade e do resgate da imagem da casa legislativa diante do povo, apesar de ser, ele mesmo, alvo de ação de improbidade na Justiça Federal em Brasília.

A vitória apertada foi conseguida por uma diferença de apenas 18 votos. "A disputa agora já é passado e todos os senadores e senadoras ansiamos pelo futuro. Serei o presidente de todos os senadores. Como já demonstrado (na gestão passada), desejo demonstrar meu compromisso com a autonomia do Senado Federal", disse.

Em seu discurso de candidatura, Silveira havia criticado Renan por de se "vergado" ao Palácio do Planalto para obter vantagens políticas, como a indicação de ministros e executivos de estatais. Por isso, afirmou, colocou o tema na sua fala de agradecimento.
Renan também foi criticado pela forma como conduz o Senado, apontada por Silveira como pouco democrática. "Aqui buscamos o consenso até o limite, sem que ele implique na negação de liderança", rebateu Renan, após reeleito. "O entendimento nunca será a supressão da vontade de quem pode menos pela força de quem pode mais. Aqui todos podem mais por sermos todos iguais", disse.

Apesar do tom áspero das respostas, Renan elogiou Silveira "pela correção e espírito publico verificado ao longo da sua trajetória".

Fonte: Agência Brasil - Agência Estado

 

O fim do bolivarianismo ... já vai tarde, não deveria nem ter existido

O ocaso da revolução bolivariana

Analistas preveem vários cenários como resultado do colapso econômico da Venezuela. Em todos, projetam o fim do regime 

O projeto de levar a Venezuela a navegar no mesmo mar de felicidade no qual navega Cuba está naufragando. Depois de cinco décadas, Fidel Castro reconheceu que o modelo econômico adotado não serve a Cuba. Na Venezuela, 15 anos foram suficientes para comprovar o fracasso do denominado Socialismo do Século XXI.

O regime venezuelano conduziu o país ao caos inflacionário e à beira da insolvência. Uma política governamental inepta destruiu a capacidade produtiva nacional e desorganizou os canais de comercialização. O nível de desabastecimento adquiriu características dramáticas. Os venezuelanos estão tendo que dedicar muitas horas à tarefa de buscar alimentos, medicamentos e produtos básicos para o lar. 

A queda dos preços do petróleo contribuiu a agudizar a fragilidade de uma economia que já estava bastante deteriorada. O tratamento que as autoridades deram à crise traz à mente uma expressão austríaca: “A situação é desesperadora, mas não é séria.” Nicolás Maduro fez uma peregrinação de 13 dias pela Ásia, Europa e o Oriente Médio. O propósito era pedir à China um empréstimo de US$ 20 bilhões e propor aos países da Opep um corte da produção de petróleo.

Além de ter sido infrutífera, a viagem permitiu a Maduro exibir seu desconhecimento do que ocorreu no setor petrolífero mundial, do funcionamento dos mercados financeiros e da realidade de seu próprio país. Afirmou que a Venezuela estaria em condições de prover alimentos aos países árabes. Regressou a Caracas com as mãos abanando. Pronunciou um discurso na Assembleia Nacional e se dirigiu à Bolívia para cumprir uma função protocolar. Depois, viajou à Arábia Saudita para expressar condolências pelo falecimento do rei Abdullah.
 
As medidas econômicas anunciadas foram decepcionantes: o governo culpa os empresários pela escassez; o sistema de taxas múltiplas de câmbio será mantido; e, quanto à obtenção de novos recursos, “Deus proverá”. As receitas esperadas por via de exportações de petróleo este ano são estimadas em US$ 28 bilhões. Para os juros da dívida externa são exigidos US$ 10 bilhões. A impossibilidade de recorrer aos mercados de capital internacionais significa que haverá uma drástica restrição de importações e da atividade econômica. O Fundo Monetário Internacional prevê uma queda de 7% do PIB da Venezuela em 2015. [aliás, o Brasil, que sob o estúpido governo lulopetista adotou o bolivarianismo, caminha a passos largos para ultrapassar à Venezuela em queda do PIB; este ano o próprio desgoverno já reconhece que será negativou ou zero e a tendencia é piorar.
Enquanto a petralhada, o lulopetismo, estiver no governo o Brasil estará afundando.
A Venezuela vai a bancarrota, mas, a morte do Chavez e a neutralização inevitável do Maduro recolocará aquele país no rumo certo.
Aliás, quase todos temem a morte, mas ela apresenta uma grande vantagem: é a solução para uma porção de coisas ruins, já que quando ocorre elimina muita coisa que não presta.]

Os analistas preveem distintas implicações do colapso econômico, que dão por descontado uma mudança do regime. O cenário preferido seria o da revogação do mandato de Maduro, após o triunfo da oposição nas eleições legislativas. Um segundo cenário seria o de um regime de transição à democracia integrado por civis e militares constitucionais. Um terceiro cenário seria o de uma desintegração violenta do regime com enfrentamentos armados entre facções distintas. Seja como for, o experimento político que agoniza na Venezuela sugere um final melancólico. 

Por: Rodrigo Botero Montoya é economista e foi ministro da Fazenda da Colômbia



domingo, 1 de fevereiro de 2015

Infiéis na balança

O governo mobiliza ministros, segura nomeações de cargos de segundo escalão, ameaça os infiéis de retaliação, faz um esforço danado para eleger o presidente da Câmara e chega às vésperas do dia D com seu candidato em situação de desvantagem. 

Em dúvida se perde de muito ou de pouco, dependendo dos votos da oposição para vislumbrar possibilidade de vitória. Um quadro de deterioração do poder político se comparado à primeira eleição para a presidência da Câmara depois da eleição de Luiz Inácio da Silva. Em fevereiro de 2003, o então deputado João Paulo Cunha foi eleito por 434 votos sem contestações. 

Na época eram 508 deputados; houve 50 votos em branco, nove nulos, 13 ausências e uma abstenção. Não passava pela cabeça de parlamentar algum que o PT não tivesse "direito" ao posto. Hoje João Paulo cumpre pena de seis anos e quatro meses por crimes de peculato e corrupção passiva, o PMDB é adversário e o governo sua a camisa em praça pública, se expõe correndo atrás de votos que, em tese, seriam de sua área de influência, suplicando pela boa vontade de meia dúzia de partidos nanicos.

Pela contabilidade dos governistas, o candidato preferido do Palácio do Planalto, o petista Arlindo Chinaglia, ainda não teria conseguido reunir 200 votos, enquanto Eduardo Cunha, do PMDB, contra quem o governo se embate, teria entre 270 e 280. Os demais (são 513 no total, sendo necessários 257 para ganhar) seriam distribuídos entre os candidatos do PSB, Júlio Delgado, e do PSOL, Chico Alencar.

Os eleitores de Delgado - apoiado pelos maiores partidos de oposição - são considerados decisivos tanto para levar a eleição ao segundo turno ou para dar a vitória a Eduardo Cunha já no primeiro. Tudo depende do grau de fidelidade ou infidelidade do voto secreto. Apesar do favoritismo, Cunha não pode ser visto como eleito. Daqui até domingo muitas águas vão rolar. O governo entrou pesado nos últimos dias a fim de mudar o cenário. A missão não é impossível embora esteja longe de ser fácil.

Enquanto o candidato do PMDB prepara o terreno dessa candidatura há muito tempo, desde que foi conduzido e reconduzido à liderança do partido na Câmara (lá se vão dois anos), PT e governo preferiram "confiar" que o adversário em algum momento seria envolvido em escândalos de corrupção, especificamente nas investigações da Operação Lava Jato.

Por essa ótica cairia por gravidade. A expectativa não se realizou. Ao contrário, enrolado com a Petrobrás é o governo que está. Eduardo Cunha construiu o discurso de independência e uma base própria de apoio para além das fronteiras do PMDB.  O Planalto, ao se confrontar com ele, acabou ajudando a atrair simpatias na oposição e mesmo entre aliados insatisfeitos com o governo e com os petistas.

Há quem acredite no poder da caneta presidencial, na influência dos governadores e dos ministros para levar Chinaglia à vitória no domingo. São fatores de peso, é verdade. Ocorre que o governo está fazendo promessas e como não tem sido bom cumpridor - uma das razões das insatisfações aliadas - não dispõe de crédito nesse quesito. Outro instrumento de pressão pelo que dizem os representantes de partidos que têm sido procurados por ministros para levar as bancadas a mudar seus votos, seria a ameaça de retaliação contra os infiéis, no caso de Eduardo Cunha ganhar.

Imaginemos a cena: o desafeto eleito com um discurso de independência da Câmara, o governo promove uma caça aos traidores e sobre eles derrama sua ira.

Vinga-se, sabe-se lá de que forma. Seja que de maneira for, o resultado será um só: a contratação de um exército de inimigos prontos a dificultar qualquer disposição do novo presidente à composição com o Palácio do Planalto.

Fonte: O Estado de São Paulo - Dora Kramer 


Maior rombo de Dilma: recuperar a credibilidade

Dilma se trumbica

Tantas foram as mentiras de Dilma sobre a Petrobras que o maior rombo a cobrir agora é o da credibilidade

Quem não conheceu Chacrinha, o Velho Guerreiro, talvez nunca tenha ouvido seu mote mais popular: “Quem não se comunica se trumbica”. Era um visionário. Ele só não previa que pessoas como a nossa presidente, Dilma Rousseff, usassem a comunicação contra si mesmas. Quanto mais a “guerreira” Dilma se comunica, mais se trumbica. Porque a mentira, repetida ad eternum, é uma péssima arma de comunicação, um suicídio político. Não compensa a longo prazo.

“Você pode enganar todo mundo por algum tempo; pode enganar alguns por todo o tempo; mas não pode enganar todo mundo o tempo todo.”
A citação é atribuída a Abraham Lincoln, ex-presidente dos EUA. Dilma descobriu isso a duras penas. Na Base do Planalto, a guerreira foi treinada por Lula a enganar, a gritar bravatas, a prometer fantasias. Mas a longa permanência do PT no Poder, aliada à determinação de alguns juízes, no Supremo Tribunal Federal e no Ministério Público, fez ruir o castelo de cartas marcadas. “Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação”, disse Dilma a seus 39 ministros. “Não permitam que a falsa versão se crie e se alastre”, exigiu Dilma. “Sejam claros. Sejam precisos e se façam entender” – tudo o que Dilma nunca faz. A presidente se enfureceu com a comunicação dos R$ 88,6 bilhões em “ativos inflados” da Petrobras. Uma expressão em economês que nada significa para a maioria da população. Os discursos do governo têm estado coalhados de “tolicês compliquês”, dialeto criado para despistar a verdade.

Pesquisa rápida revela tantas mentiras de Dilma sobre a Petrobras e sobre as contas públicas que lhe falta credibilidade até junto a seus aliados. Eles vivem levando bronca. Não sei quanto tempo Graça Foster suportará servir de para-­raios para Dilma.  Eis algumas falas da presidente “estarrecida” com a “difamação” contra a Petrobras.

“Estão querendo entregar aos estrangeiros e privatizar o filé-mignon do país, o que havia antes era carne de pescoço”, sobre a história da Petrobras, em debate eleitoral em 2010.

“Está errado quando alguns dizem que a Petrobras está perdendo valor e importância no Brasil. Manipulam os dados, distorcem análises”, em abril de 2014, em Pernambuco.

“A refinaria Abreu e Lima é um investimento extraordinário”, em abril de 2014. (A construção da Abreu e Lima acaba de ser suspensa, assim como as obras das duas refinarias Premium idealizadas por Lula no Ceará e no Maranhão.)

“Mais que uma empresa, a Petrobras é um símbolo da afirmação do nosso país, e um dos maiores patrimônios de cada um dos 200 milhões de brasileiros. Por isso, a Petrobras jamais se confundirá com qualquer malfeito, corrupção ou qualquer ação indevida de quaisquer pessoas, das mais às menos graduadas. Acreditamos na Petrobras, acreditamos na Petrobras mil vezes”, em abril de 2014.

“A Petrobras é a pátria com as mãos sujas de óleo. (...) As vozes dos que querem diminuir a importância da Petrobras se perderão mais uma vez no deserto. Serão enterradas na imensidão dos mares”,
em julho de 2014.

“Utilizar qualquer factoide político para comprometer uma grande empresa e sua direção é muito perigoso”, em agosto de 2014.

“Eu farei todo o meu possível para ressarcir o país. Se houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve, não: houve, viu?”, em outubro de 2014.

“Não dá para demonizar todas as empreiteiras deste país. São grandes empresas e se a, b, c ou d praticaram malfeitos, atos de corrupção, ou de corromper, eles pagarão por isso”,
em Brisbane, Austrália, novembro de 2014.

“A Petrobras já vinha passando por um vigoroso processo de aprimoramento de gestão. A realidade atual só faz reforçar nossa determinação de implantar, na Petrobras, a mais eficiente e rigorosa estrutura de governança e controle que uma empresa já teve no Brasil”,
na posse em janeiro de 2015.

“Temos muitos motivos para preservar e defender a Petrobras de predadores internos e de seus inimigos externos”,
na posse.

“Temos de reconhecer que a Petrobras é a empresa mais estratégica para o Brasil e a que mais contrata e investe no país”
, na semana passada, em reunião com o megaministério.

Dilma acreditava que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”, frase atribuída a Joseph Goebbels, o ministro de Propaganda de Adolf Hitler.

Hoje, o desmoronamento da economia, os bilhões desviados da Petrobras, as mãos sujas de corrupção de gente de seu partido, servidores, executivos e empreiteiros, tudo isso sugere que a Propaganda de Dilma foi para o brejo, junto com o lento operador do teleprompter e com a vaca que se engasgou de tanto tossir.  Quem viu a vaca engasgada foi a ex-companheira Marta Suplicy. Ela e Dilma só compartilham hoje dermatologista e cabeleireiro.

Fonte: Ruth de Aquino - Revista Época

 

Em vídeo, Estado Islâmico diz ter decapitado refém japonês Kenji Goto

Em Tóquio, o governo japonês condenou o anúncio

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) anunciou ter decapitado o refém japonês Kenji Goto, segundo vídeo difundido este sábado no Twitter pelo veículo midiático dos jihadistas Al Furqan, ao qual o Japão reagiu com indignação. O vídeo mostra Goto de joelhos, vestindo um traje laranja, tendo à sua frente um homem encapuzado e todo de preto que, com uma faca na mão, responsabiliza o governo japonês por seu "martírio".

O vídeo termina com uma foto do corpo, com a cabeça nas costas.

 
O carrasco, que parece ser o homem que ficou conhecido como 'Jihadi John', devido ao sotaque do sul da Inglaterra, dirigiu-se ao governo japonês e à coalizão ocidental que realiza ataques contra o grupo radical. "Vocês, assim como seus tolos aliados na coalizão satânica, ainda precisam entender que nós, pela graça de Alá, somos um califado islâmico com autoridade e poder, um exército inteiro sedento de seu sangue", acrescentou.

Então, ele se dirigiu diretamente ao premiê japonês, Shinzo Abe. "Por causa de sua decisão precipitada em participar desta guerra invencível, esta faca não irá apenas sacrificar Kenji, mas também vai continuar a causar carnificina onde quer que seu povo esteja. Então, que comece o pesadelo para o Japão”, afirmou.

Em Tóquio, o governo japonês condenou o anúncio "com a maior dureza".  "Um vídeo no qual se diz que Goto foi executado foi difundido na internet. Estamos indignados e condenamos (este ato) com a maior dureza", declarou o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, em breve coletiva realizada às 06H00 de domingo, hora do Japão (19H00 de sábado, hora de Brasília).

No vídeo não se fez qualquer menção ao piloto jordaniano,
também feito refém e ameaçado de morte pelos jihadistas.
 
 Fonte: Correio Braziliense




O paraíso da energia, segundo a doutora

Todo governante acredita demais no que diz, mas a água ferve quando diz algo em que não pode acreditar

Há dois anos, a doutora Dilma apareceu em rede nacional de televisão, anunciando que o Brasil entrara no paraíso da energia elétrica. Ela disse coisas assim:
“A partir de agora a conta de luz das famílias vai ficar mais barata. É a primeira vez que isso ocorre no Brasil”. “Isso significa que o Brasil tem e terá energia mais que suficiente para o presente e para o futuro, sem nenhum risco de racionamento, de qualquer tipo de estrangulamento, no curto, no médio ou no longo prazo”. “Estamos vendo como erraram os que diziam meses atrás que não iríamos conseguir baixar os juros e nem o custo da energia. Tentavam amedrontar nosso povo”. [os juros logo voltaram a subir, e continuam em elevação, e a energia vamos pagar aumentos superiores a 40% nas contas já a partir deste mês.]
 
Passados dois anos, os juros estão onde estão, as tarifas de energia vão subir, e o “risco do racionamento” está aí. Com má vontade, pode-se ver no pronunciamento da doutora uma sucessão de lorotas.  Com um pouco de boa vontade, vê-se outra coisa, diferente e, sob certos aspectos, até pior: a fé numa realidade virtual. Ela queria baixar as tarifas e acreditava no que dizia, mas acreditava demais.

Bastava que tivesse evitado os superlativos, tais como “tem e terá energia mais que suficiente”, “sem nenhum risco (...) no médio ou no longo prazo”. A doutora governa com três realidades. Na da racionalidade, sabe perfeitamente que não se deve dizer o que disse. Na da autoglorificação, cria um mundo virtual. No campo da militância política, constrói a fantasia e compõe um conflito no qual se apresenta como uma princesa combatendo as forças das trevas que querem “amedrontar nosso povo”.

Isso não é debate político, mas videogame. É do embaixador Marcos Azambuja a explicação de que os diplomatas produzem blá-blá-blás, mas não os consomem. Até que ponto a doutora acredita nos seus blá-blá-blás não se pode saber, mas sua fé na fantasia é mais complexa que a pura enganação. É também um estado da mente. Todo governante acredita demais no que diz, mas a água ferve quando diz algo em que não pode acreditar. Por exemplo: não haverá problemas com a energia “no curto, no médio ou no longo prazo”. O marqueteiro João Santana, cujas impressões digitais estão na fala do paraíso energético, pode acreditar que Elvis Presley está vivo, mas a doutora não podia acreditar no que disse.

No seu depoimento ao livro do repórter Luiz Maklouf Carvalho (“João Santana: um marqueteiro no poder”), ele diz que tem “uma relação misteriosa e cotidiana” com o físico italiano Ettore Majorana. O baiano Santana tem um pé na ciência política, outro no mundo mágico, e vive bem nos dois. Sua fascinação pelo caso de Majorana mostra como se pode ser feliz acompanhando ora a razão, ora a fantasia. 

Por: Elio Gaspari - O Globo


É preciso evitar a intolerância religiosa no Brasil

País da convivência íntima entre casa-grande e senzala tem registrado episódios de perseguições que não condizem com tradição 

O radicalismo religioso está na raiz de boa parte das más notícias que, infelizmente, abriram 2015. O mundo se chocou no primeiro mês do ano com o atentado ao “Charlie Hebdo”, em Paris; a execução de reféns do Estado Islâmico; e a destruição da cidade de Baga, na Nigéria — mais uma ação do Boko Haram, na qual teriam morrido duas mil pessoas. São casos de extrema violência que brasileiros repudiam da mesma forma que americanos e europeus. [apesar do nosso repúdio ao terrorismo - inclusive nos orgulhamos de ter combatido tal praga no Brasil, na década de 70 - não entendemos justo comparar os mortos pelo Estado Islâmico e Boko Haram aos do Charlie Hebdo. Mesmo não considerando correto o assassinato de jornalistas do semanário francês, ressaltamos que estes fizeram a escolha ao exercitar humor desrespeitoso a uma religião que tem entre seus seguidores fanáticos.
Já as vítimas do Boko Haram e Estado Islâmico são inocentes  que não escolheram praticar atos que poderiam causar reações violentas. Optaram por desrespeitar a fé dos outros, mesmo sabedores que tal comportamento poderia despertar reações violentas.]

No caso brasileiro, no entanto, a reação vem junto com a percepção de que é pequena a possibilidade de que conflitos de fundo religioso venham a causar estragos da mesma dimensão. E, de fato, no Brasil, as inaceitáveis manifestações de intolerância não resultaram em tragédias comparáveis ao que acontece pelo mundo. Mas convém não confiar no histórico nacional de acomodação de diferenças, do qual o sincretismo religioso é exemplo. O país da convivência íntima entre casa-grande e senzala tem registrado episódios de perseguições a segmentos religiosos que não condizem com a tradição de manter os conflitos dentro do limite administrável. 

A intolerância já tentou censurar até manifestações culturais que são forte elemento da identidade nacional. Recentemente, um grupo de músicos da Estação Primeira de Mangueira, em atitude aplaudida nas redes sociais, recusou-se a atender ao pedido de uma emissora de TV para omitir a palavra orixás ao cantar o samba-enredo. [não podemos confundir religião com manifestação cultural, especialmente para divulgar seitas como se fossem cultura.] Ora, como dissociar as religiões afro-brasileiras do ritmo que é marca da brasilidade? Era uma mãe de santo, a lendária Tia Ciata, que abrigava as reuniões de sambistas em sua casa na Praça Onze no início do século passado, quando eles eram perseguidos pela polícia. Na origem, componentes de bateria tocavam atabaques em terreiros de candomblé. Não há como, de uma hora para outra, simplesmente ignorar herança tão forte.

A sociedade se mobiliza para evitar o pior. Representantes de diversas crenças organizam juntos passeatas na orla exigindo respeito a todas as religiões e dando o exemplo de que, diferenças à parte, é possível agir em conjunto. Reunidos na ABI para tratar do assunto, na semana passada, líderes espirituais cobraram do governo a criação de um Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Representantes da comunidade muçulmana participam do movimento com especial interesse. Depois do atentado ao “Charlie Hebdo”, eles estão preocupados com a associação de sua crença à violência e a possibilidade de as fiéis sofrerem hostilidades nas ruas por serem facilmente identificadas por causa do véu.

Estão certos em cobrar providências enquanto a intolerância não alimenta tragédias. Se na questão da água tivesse havido ação preventiva do governo e da sociedade, o drama da seca não teria chegado a tal ponto. Vale a lição.

Fonte: Editorial - O Globo