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sábado, 2 de junho de 2018

Sob o signo do caos - Mobilização descamba para a baderna com infiltração de oportunistas

Virou baderna

Sindicalistas oportunistas, defensores da volta do regime militar e líderes trabalhistas que pedem a libertação do ex-presidente Lula se apropriaram da greve dos caminhoneiros e afundaram o País no caos. Os prejuízos econômicos ultrapassam os R$ 75 bilhões e atrasam o crescimento

 FORÇA A polícia e o exército tiveram que agir para garantir o direito de ir e vir e de abastecimento dos postos / OPORTUNISMO Defensores do regime militar e motoboys pegaram carona na paralisação /CAOS O uso político e a violência marcaram o movimento (Crédito: Divulgação

Foram dias em que o País viveu sob o signo do caos, com cenas assustadoras como só se vê no cinema-catástrofe: pessoas brigando por comida nos mercados, ladrões roubando gasolina até de ambulâncias e muita gente preferindo ficar em casa a enfrentar o clima de salve-se quem puder que tomou conta das cidades. Ao menos quatro pessoas morreram em decorrência da baderna. A primeira vítima foi um homem que faleceu depois de ser atropelado durante um protesto na rodovia MG-010, em Minas Gerais, na quinta-feira 24. 

Na quarta-feira 30, o caminhoneiro José Batistella foi morto em Vilhena, Rondônia, após ser atingido por uma pedra quando tentou furar um bloqueio. O suspeito pelo ataque foi preso. Outros dois motoristas morreram ao longo da paralisação, vítimas de infarto. A greve dos caminhoneiros, que teve início na segunda-feira 21, deixou o Brasil sem combustível, sem alimentos, sem transporte público, sem insumos hospitalares, sem aulas. Portos não funcionaram, inclusive o de Santos, maior da América Latina , vários aeroportos cancelaram voos e terminais rodoviários refizeram as escalas de viagens porque não havia como tirar os ônibus do lugar. O que a paralisação provocou, porém, não foi apenas o desabastecimento e a insegurança. Ela ensejou o oportunismo de setores radicais que se infiltraram no movimento para espalhar o terror.

Quando finalmente os combustíveis começaram a chegar aos postos, a partir da quarta-feira e ainda de maneira muito lenta, filas imensas se formaram com motoristas angustiados e ansiosos para retomar a vida. O alívio de poder encher o tanque parecia trazer a normalidade de volta. No entanto, sobraram várias perguntas. A qual vida e a qual País retornaremos? Os impactos nas esferas social, política e econômica foram imensos, a maioria ainda impossível de ser estimada e que só chegará à luz de forma precisa depois de passar pela análise da história. Mas o que já é possível ser mensurado perturba. Do ponto de vista econômico, o País todo perdeu. Uma estimativa da soma dos prejuízos aponta para a cifra astronômica de R$ 75 bilhões. A principal reivindicação dos caminhoneiros que iniciaram a paralisação era a baixa no preço do diesel. 

Ainda na primeira semana de greve, lideranças dos caminhoneiros conseguiram arrancar do governo federal não só o compromisso de que o preço do diesel seria reduzido como o de que a Petrobrás só reajustaria os preços mensalmente. Estabeleceu-se uma trégua de quinze dias. Ela não durou sequer um. Nenhum caminhão deixou os bloqueios e o desabastecimento se agravou. Três dias depois, uma nova reunião de emergência realizada em Brasília selou um acordo que parecia ter encerrado de vez a paralisação. O preço do diesel foi reduzido em 0,46 centavos, os motoristas ficaram isentos do pagamento de pedágio dos eixos suspensos quando trafegam vazios e todas as outras reivindicações foram aceitas por um governo acuado. Também não bastou. Os bloqueios persistiram por mais quatro dias, perdendo adesão lentamente, até praticamente se esgotarem na quinta-feira 31. 

(...)

Infiltrados
Tão assustador quanto ver sumir itens essenciais à sobrevivência foi a percepção de que o governo havia perdido qualquer possibilidade de controle de um movimento que fugia ao comando inclusive daqueles que se intitulavam seus comandantes. O alerta soou depois que nada mudou após a primeira reunião entre representantes de algumas das entidades associadas aos caminhoneiros e os ministros Eduardo Guardia, Carlos Marun, Valter Casemiro e Eliseu Padilha. Depois do segundo encontro, no domingo, a celebração de um acordo divulgado em rede nacional pelo presidente Michel Temer e, mesmo assim, a permanência da paralisação por dias a fio, ficou evidente que o monstro andava sozinho.  A estruturação da greve fugiu aos padrões que normalmente norteiam movimentos do tipo. Primeiro porque houve também participação das empresas transportadoras, o que configura locaute. A Polícia Federal abriu 54 inquéritos para apurar a questão. Depois, porque ela ganhou força graças à comunicação por redes sociais nas quais nem sempre o criador do grupo estava de fato ligado às entidades que se apresentaram como representantes dos grevistas. Isso fez com que a grande maioria dos caminhoneiros parados nas estradas obedecesse a lideranças de origens obscuras, que agiam por meio de uma rede de comunicação própria e afastada de qualquer comando central. Até a quarta-feira 30, a polícia havia prendido sete infiltrados — nenhum era caminhoneiro.


ANSEIO Houve contínuas manifestações pedindo a entrada dos militares (Crédito:Fábio Motta)

Ao longo dos três primeiros dias da semana passada, chegou-se a um ponto grotesco. José da Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros e um dos interlocutores que visitaram o Palácio do Planalto, admitiu que havia gente infiltrada no movimento. Não se tratava mais da greve de uma categoria. Passou a se tratar de um movimento político insuflado por indivíduos que nada tinham a ver com os motoristas. Eles se apropriaram da mobilização e fizeram dela moeda de troca por bandeiras contrárias às regras da democracia. Um dos pleitos passou a ser a saída do presidente Michel Temer. Um dos expoentes do movimento foi André Janones, ex-candidato a prefeito de Ituiutaba, em Minas Gerais, pelo PSC, e filiado ao PT entre 2003 e 2012. Assim que pegou carona na mobilização dos caminhoneiros, Janones ganhou milhares de seguidores no Facebook e seus vídeos pedindo a continuidade da greve enquanto o presidente Michel Temer não saísse do cargo se espalharam. Nas redes, Janones se define como “mineiro, cristão, advogado e jornalista.” Incita seus 700 mil seguidores a “quebrar o sistema.”
Houve mais dois grupos atuantes, usando de força para impedir que a maioria dos motoristas retomasse o trabalho: os que pediam intervenção militar e os que defendiam a libertação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Segundo líderes das entidades tradicionalmente representantes dos caminhoneiros, os três movimentos alheios à categoria representavam de 10% a 15% do comando da paralisação. Fora os que haviam se infiltrado, virando líderes do dia para a noite, houve apoio em manifestações públicas realizadas em pontos das estradas que estavam obstruídos e em outros locais das cidades. 

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, viu-se com frequência grupos segurando cartazes pedindo a volta dos militares ao poder. Ao primeiro olhar, é difícil entender como três grupos com aspirações tão distintas podem ter se vinculado a um mesmo movimento. Cada um a seu modo, eles tentaram se apropriar de uma mobilização que, no princípio, contou com o apoio da população. Segundo pesquisa do DataFolha, 87% da população defendeu a paralisação. De alguma maneira, ela catalisou a insatisfação popular e o cansaço diante de uma recuperação econômica lenta depois de uma recessão que produziu os 13,4 milhões de desempregados existentes hoje no Brasil. Foi somente depois do agravamento do desabastecimento, da dificuldade para conseguir um ônibus ou atendimento médico, por exemplo, que manifestações mais críticas foram ouvidas.

(..)

Oportunismo político
Na terça-feira 29, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, telefonou para o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS). Pediu que, em nome do País, o PT intercedesse para que os caminhoneiros retornassem e se evitasse a paralisação dos petroleiros. A resposta foi não. “Ligou para a pessoa errada”, disse, depois, o líder do PT. Explicitava-se ali uma inusitada e irresponsável aliança entre a esquerda que grita “Fora Temer” e “Lula livre” e a direita que pede “intervenção militar”. O conservador militar Jair Bolsonaro (PSL), em uma de suas postagens no twitter, escreveu: “O governo, de forma covarde, trabalha para colocar na conta dos caminhoneiros a responsabilidade pelos futuros prejuízos causados pela paralisação”.

Bolsonaro assina o projeto de lei que prevê punição de até quatro anos de cadeia para quem obstruir vias públicas, como fizeram os caminhoneiros para dificultar a passagem dos colegas que não queriam aderir. Como se vende como o candidato da “ordem”, nada melhor do que incitar a desordem para que, em outubro, ele surja na figura de salvador, um messias que colocará tudo no lugar, em meio ao caos.Os petistas, assim como Bolsonaro, apostam no “quanto pior, melhor” por duas razões: consolidar a narrativa de que Lula e Dilma foram vítimas de um golpe político-jurídico e alimentar a tese de que Lula seria o único capaz de reunificar o País. Para quem hoje não tem nada em que se agarrar, qualquer coisa é lucro.

Na mesma esteira de oportunismo político, não poderiam faltar declarações da presidente nacional do PT, senadora [e ré em ação penal]  Gleisi Hoffmann (PR). Ela conseguiu a proeza de dizer que, nos governos petistas, não houve prejuízos à Petrobras, mesmo com a política de intervenção na formação dos preços dos combustíveis, feita “a bem do cidadão”, segundo reforçou. Em 13 anos do PT no poder, foram 16 reajustes, lembrou ela. Enquanto isso, desde 2016, no início da gestão Michel Temer, houve 229 correções. O que Gleisi não contou é que o saqueamento dos cofres da Petrobras [majoritariamente realizado  pelo PT, sendo ela uma das beneficiárias] quase quebrou a empresa.

Ary Filgueira - IstoÉ


Arruaceiros no ataque

Dominou o Brasil por esses dias a turma do “quanto pior, melhor”. 


Não eram mais, apenas, caminhoneiros ou donos de empresas distribuidoras os envolvidos nos protestos. Não se tratava mais de uma mera greve setorial a reclamar um escopo de medidas – muitas delas legítimas, diga-se de passagem. Até porque, na integralidade, as reivindicações foram atendidas de pronto, mesmo a um custo penoso e arriscado para os cofres públicos. Infiltrados, no avanço do movimento que de fato paralisou o País, viram a oportunidade de instalar o caos, em proveito próprio. Baderneiros tomaram conta, assumiram os bloqueios, coagindo, ameaçando e atacando motoristas que inicialmente engajaram-se na causa dos transportes para depois virarem reféns, também eles, de uma pauta difusa de exigências, que chegava ao despautério de pregar a intervenção militar. De partidos políticos a agentes de algumas organizações sociais, muitas delas atuando na marginalidade, surfaram na onda. Bandidos sem a menor responsabilidade ou senso de dever para com o País e o próximo. Havia de tudo um pouco. Oportunistas a granel. Petroleiros que já contam com um acordo salarial em vigor até o ano que vem acharam por bem, da noite para o dia, cruzar os braços a despeito do veto estabelecido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que considerou ilegal a mobilização por carregar claros sinais de motivação político-ideológica. [atualizando: petroleiros suspenderam a greve no inicio da quinta-feira;

a enérgica ação do TST, aplicando multa de R$2.000.000,00, por dia parado fez a FUP - filiada à CUT, braço sindical da organização criminosa = PT = perda total, ainda chamada de 'partido dos trabalhadores'´ - amarelar e desistir da inoportuna e política greve;

cabe agora à Justiça do Trabalho cobrar a multa por um dia parado (dia 30 maio 2018)- se o TST anistiar a multa (R$2.000.000,00) estará desmoralizando toda a Justiça do Trabalho e por extensão o Poder Judiciário - a multa precisa ser cobrada e paga em prazo razoável sob pena de penhora dos bens da entidade inadimplente.]

Nem a multa diária de R$ 500 mil no caso de descumprimento da liminar inibiu os articuladores. No limite do devaneio eles pediam a queda do presidente da estatal Petrobras, Pedro Parente, e pregavam a cantilena de “Lula livre” como saída para solucionar os dissabores. Eis o tamanho da inconsequência dessa turma, que age com um grau de chantagem sem precedentes. [Pedro Parente pediu demissão do cargo de presidente da Petrobras, tendo o bem senso de só renunciar ao cargo após os petroleiros terem desistido da greve.
E o movimento 'lula livre' honrando os imbecis que inventaram tal palhaçada, está sendo multado em R$ 500.000,00,  por dia,  até desocupar a 'moita'  e conta no momento com menos de 50 militontos.]   Imaginá-la no poder, de novo, aparelhando o Estado para práticas criminosas a torto e a direito seria um pesadelo. No festival de provocações, como numa espécie de terra de ninguém, cada um tirava sua casquinha. Motoristas de vans e motoboys entraram no embalo da baderna. No pano de fundo do cenário de caos, que atingiu um nível inaceitável e generalizado, despontava a fragilidade do governo. Ele demorou a negociar e quando sentou à mesa já era tarde. Não contava com margem de manobra. Com as estradas bloqueadas não havia muito o que fazer. 

Concedeu e atendeu sem ressalvas às demandas. A crise de representatividade se instalou. Não apenas por parte das autoridades. Mesmo os sindicatos de classe demonstravam não comandar seus filiados e os desdobramentos da mobilização. A interlocução ficou quase nula. O Congresso batia cabeça. A Justiça não se mexia. A ausência de líderes lúcidos piorava o quadro. Com o exército e a polícia nas ruas, os brasileiros assistiram atônitos aos impactos insuportáveis da anarquia, clamando por salvadores da pátria. Mais de 70 milhões de aves morreram por falta de ração. Nada menos que um milhão de toneladas de comida foram jogadas na lata do lixo. Apodreceram nos caminhões ou nos galpões das empresas por falta de escoamento. Dá para se aceitar tamanho desperdício diante da fome que se espalha como praga mundial? Produtores, chorando, surgiram na TV contabilizando as perdas. 

No Porto de Santos, o maior do País, cerca de 18 mil containers de carga restaram parados com prejuízos estimados em R$ 600 milhões. Remédios tiveram de ser transportados por homens da Força Aérea e do Exército. Quase 300 militares assumiram a direção de caminhões pelas estradas. Nos hospitais em São Paulo, cirurgias de emergência como transplantes de fígado, retirada de miomas e colocação de stents foram suspensas por absoluta falta de produtos. A esculhambação geral tinha rostos distintos. Agromilicianos entraram em campo nas fazendas produtoras para barrar as colheitas. Em vias como a Régis Bittencourt, que liga o sul ao sudeste, manifestantes esvaziavam os pneus dos caminhões e faziam barricadas de fogo para evitar a circulação. Um flagrante deplorável de servidores públicos usando ambulâncias para abastecer carros privados dava o tom da barbárie. Nessa lei da selva, alguns brincaram de golpe. Bombardearam a democracia pedindo a volta do regime dos tanques e botinas. [convenhamos que se a situação se prolongasse por mais alguns dias, os tanques e botinas teriam que  socorrer o Brasil e tal socorro não poderia jamais poderia ser no estilo Temer = muita conversa e nenhuma ação.] Cair na tentação autoritária é típico de insurgentes que não toleram a força das urnas. Repetir como em um videotape os anos de chumbo da ditadura, que já deitou raízes por essas bandas por mais de duas décadas, é de um descalabro absoluto. Com tamanha estupidez seus mentores agridem a sociedade por tentar tirar dela o direito fundamental de escolha dos governantes. 

Qualquer democracia, mesmo imperfeita, se conserta com doses cavalares de mais democracia, com maior participação de todos os cidadãos. Quem vivenciou o drama dos porões da repressão sabe que a arma para os problemas de uma nação livre e em sintonia com o mundo é o voto. É muito fácil se pedir a ditadura quando existe democracia, mas a equação contrária não funciona. Há um estado latente de indignação permanente por aqui e é natural, até esperado, que seja assim diante do desarranjo político, econômico e social que vivemos. Mas nada há de substituir o bom-senso e o equilíbrio das ações contra a arruaça praticada por uma minoria que veio ao ataque. [vale lembrar que dois dias após o fim da greve a cidade de São Paulo suspendeu o estado de emergência - devido o progresso do processo de normalização;
já o Distrito Federal, sede da Capital da República e de dois gabinetes 'gerador' de crise, até o presente momento continua com o abastecimento de combustíveis em total precariedade (filas imensas de veículos em postos de combustível,  fechados por falta de gasolina e/ou álcool e sem previsão de chegada) e faltando em todo o DF gás de cozinha - os poucos botijões 13kg que aparecem são vendidos a preços em torno de R$ 150,00.] 

Carlos José Marques,  diretor editorial da Editora Três

 

A ameaça da volta do imposto sindical [ministro Fachin não é justo que os trabalhadores voltem a patrocinar, compulsoriamente, sindicatos pelegos, descompromissados os que dizem representar.]



Devido ao grande volume de recursos que a contribuição movimentava, ações chegaram ao Supremo e precisam ser rejeitadas, em defesa do trabalhador

O governo Temer é fraco, mas não se pode desconhecer seu êxito em enfrentar a pesada herança maldita de Dilma e do lulopetismo. Constituir competente equipe econômica e conseguir aprovar no Congresso projetos essenciais são fatos meritórios.  Entre os avanços, está a reforma trabalhista, que já reduz o número de processos na Justiça. Mas é claro que a desmontagem de uma estrutura arcaica, montada a partir do Estado Novo de Getúlio, ditadura instituída em 1937, não ocorreria sem resistências, em vários planos. Um deles, o Judiciário. O que é natural em qualquer democracia.

Em 28 de junho, deverá ser levado ao plenário do Supremo, pelo ministro Edson Fachin, relator do processo, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) impetrada por entidades sindicais pela volta do imposto. Fachin, segundo “O Estado de S.Paulo”, é simpático ao pedido. [Fachin não é somente simpático, é SIMPATICISSIMO; 
já declarou em despacho que se o Supremo no próximo dia 28 não julgar a matéria ele concederá uma medida cautelar atendendo ao pleito das federações e  sindicatos; 
Fachin com o grande poder que dispõe em vários processos dos quais é relator começa se sentir - e pior,  a agir - como o  SUPREMO entre os SUPREMOS, 'primus inter pares' já não satisfaz sua vaidade, sua sensação de onipotência - e no caso presente além de antecipar posição sobre matéria que vai julgar, adota um aposição pró sindicatos pelegos e federações e confederações inúteis - fornecendo a tais instituições condições para se manterem e as suas diretorias de forma nababesca e, mais absurdo, sem o menor compromisso de defender os direitos dos trabalhadores que contribuem conpulsoriamente para manter privilégios de tais entidades, que por dispor de fonte garantida e abundante de renda, não necessitam mostrar serviço, ter interesse em defender os que são obrigados a manter tais feudos.]

A justificativa do fim do imposto é sólida: a contribuição livre obriga o sindicato a prestar bons serviços às categorias, garantindo, assim, a sua legitimidade. Fachin se baseia em dispositivo constitucional que autoriza a União a criar contribuições para sustentar entidades de representação. Sucede, como argumentam juristas, que não é compulsória a instituição de impostos com este fim. Logo, podem ser revogados, como aconteceu na reforma trabalhista.  

O imposto para sindicatos é, na verdade, uma violência contra o trabalhador, coisa de república sindicalista.

O imposto estimulou a criação de sindicatos de papel, para desviar parte do dinheiro arrecadado, algo, ao todo, como R$ 3,5 bilhões por ano. Recursos cujo destino não precisava ser comprovado. Um convite à roubalheira.  No momento, investiga-se novo escândalo no Ministério do Trabalho, agora com o PTB, envolto em falcatruas

Por feliz coincidência, pode ajudar no esclarecimento aos ministros do STF, porque o caso se refere à concessão de alvarás de sindicatos em troca de propinas, um grande negócio enquanto a contribuição sindical foi compulsória.

O Ministério é antiga moeda de troca no fisiologismo. Com a saída do PT do Planalto, no impeachment de Dilma, e sua substituição pelo MDB do vice Michel Temer, nada mudou. Quando o lulopetismo doou a pasta para o PDT de Carlos Lupi, ocorreu o mesmo. Tanto que o ministro Lupi pediu demissão a Dilma, no final de 2011, enquanto reverberava o escândalo de desvio de dinheiro do Ministério por meio de ONGs.  Operação deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira cumpriu 23 mandados de prisão e 64 de busca e apreensão, com diligências tendo como alvos o presidente do partido e ex-deputado Roberto Jefferson, ex-presidiário do mensalão; Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara; Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e Wilson Filho (PTB-PB).

Onde há muito dinheiro existem tentativas de montagem de esquemas de corrupção. Bem-sucedidas, no caso do Ministério do Trabalho, com PDT e PTB. Explorar as possibilidades de enriquecimento nos canais nada transparentes do imposto sindical atrai muitos interessados. Este é um aspecto do julgamento no Supremo [ministro Fachin Vossa Excelência não pode olvidar que se 'sindicalistas de araque' compram ALVARÁS para se tornarem 'donos' de sindicatos, pretendem roubar e as vítimas mais uma vez serão os trabalhadores, que tinham a obrigação legal de manter os ladrões, via contribuição sindical.
Espero que o verbo ter citado continue no passado.]  

Editorial - O Globo








sexta-feira, 1 de junho de 2018

O verdadeiro rosto do MTST

Para atingir seus objetivos, o MTST não hesita em prejudicar trabalhadores, com absoluta insensibilidade

A invasão de um terreno de 1 milhão de metros quadrados, em Sumaré, no interior do Estado, além de impressionar pelo tamanho da área ocupada, resume bem o modo de agir e pensar do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST): total e arrogante desprezo pela lei; indiferença pelos direitos de trabalhadores que têm indenizações a receber e dependem para isso da regularização da situação legal do terreno; manipulação sem escrúpulo dos milhares de invasores iludidos por promessas, vivendo em condições precárias e usados como massa de manobra para atingir fins políticos. A “Vila Soma”, resultante da invasão, é a verdadeira cara do MTST.

Os agitadores profissionais comandados por Guilherme Boulos cujo comportamento fora da lei não o constrange nem um pouco de ser candidato a presidente da República “burguesa criaram naquela vasta área em Sumaré uma gigantesca favela com 2,5 mil famílias, cerca de 10 mil pessoas, como mostra reportagem do Estado. Organização é o que não falta na área invadida em junho de 2012 a maior “ocupação” urbana de São Paulo, como convém aos militantes bem treinados classificar a invasão. São 32 ruas nas quais se misturam barracos e casas de alvenaria , com cerca de 70 pontos de comércio e serviço de vans escolares. Cada rua tem um “coordenador”, que tudo fiscaliza com a ajuda de uma rede de informantes que controlam a entrada e saída de pessoas catalogadas como elementos estranhos à comunidade. A presença dos considerados indesejáveis é imediatamente comunicada por celular aos líderes da invasão.

O que sobra nessa organização marcada por repressão e vigilância falta em condições mínimas de higiene e saúde pública, como fatalmente acontece nas invasões. Não só porque é muito difícil oferecer tais serviços nesses acampamentos precários o que os invasores sabem muito bem quando promovem suas ações ilegais , como porque essa não é prioridade do MTST. Os 10 mil habitantes da Vila Soma não dispõem de rede de água e esgoto nem de coleta de lixo. E a rede precária de luz, com riscos enormes, é feita só de “gatos”, como afirmam os moradores.  Água é fornecida por caminhões-pipa e custa caro para a população de baixa renda iludida pelo MTST com a promessa de ganhar um lote: R$ 60,00 por mês. Sem falar nas denúncias de aluguel e venda de lotes e casas, construídas ao longo dos mais de cinco anos que já dura a invasão. Segundo relatos colhidos pelo Ministério Público, os preços das casas variam de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Há denúncias também de que moradores são coagidos a se filiar ao MTST.

O juiz André Gonçalves Fernandes, da 2.ª Vara de Sumaré, responsável pelo processo da massa falida das empresas Melhoramentos Agrícolas Vifer e Soma Equipamentos Industriais, as proprietárias do terreno que quebraram em 1990, afirma que os invasores estão atropelando o direito dos empregados dessas empresas de receberem suas indenizações trabalhistas. Ou seja, para atingir seus objetivos, o MTST não hesita em prejudicar trabalhadores, com absoluta insensibilidade. Se usa descaradamente os ditos sem-teto como massa de manobra, não há surpresa em tratar trabalhadores com o mesmo desdém.

Em dezembro passado, o juiz Fernandes promoveu acordo com empresa que arrematou o terreno e assumiu o compromisso de depositar R$ 6 milhões para saldar as dívidas trabalhistas. Mas para que isso se torne realidade é preciso, evidentemente, que os invasores desocupem a área. Nela, a empresa tem projeto para a construção de 2.484 moradias sociais, o que deveria interessar ao MTST, se o seu objetivo fosse servir aos sem-teto. Nada disso, é claro, foi capaz de fazer a organização clandestina recuar um milímetro sequer.  O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), onde está à espera de uma solução há dois anos.

Editorial - O Estado de S. Paulo
 

Parente perigoso - Sai o de reputação ilibada, fica o que tem ordem de prisão

Está na cara que temos de estatizar tudo o que passar pela frente, do trióxido de molibdênio à cachaça 51, pregam os arquiduques do “Brasil forte”


Todas as vezes que ouvir falar em “recurso estratégico”, ponha a mão no bolso e segure a carteira: alguém, com certeza, está querendo roubar você. Pode ser gente do governo — tanto faz que seja da situação ou da oposição. Podem ser sindicatos e CUTs. Podem ser, certamente, empreiteiros de obras públicas loucos para construir refinarias, “complexos industriais” e “plantas” disto ou daquilo. Podem ser todos os economistas do “campo progressista”, sem exceção. Podem ser intelectuais, professores de universidade, artistas de novela. Existe à vista alguma coisa que possa ter um valor qualquer? Então, dizem todos os nomeados acima, é “estratégico”. Se é estratégico ninguém pode mexer: a coisa tem de ser “do Estado”, ou do governo. Como tanto o “Estado” quanto o “governo” são uma ideia e não um ser humano, a exemplo do ex-presidente Lula, isso quer dizer, obrigatoriamente, que gente de muita carne e muito osso vai mandar nela. Também obrigatoriamente, essa gente vai criar empresas imensas para cuidar da riqueza da “população”, lotar cada uma delas com funcionários amigos e roubar o pobre do “recurso estratégico” até não sobrar um único osso.

A esquerda nacional, historicamente, é a mãe desnaturada dos gêmeos “bem estratégico” e “empresa estatal”, mas os beneficiários materiais de sua doutrina não são apenas os esquerdistas. Como acontece com tanta frequência na aplicação das ideias “progressistas”, entra na festa todo o tipo de safado que a elite brasileira tem a oferecer — com o tempo, na verdade, vai se descobrindo que é justamente esse bonde do capitalismo terceiro-mundista, tão selvagem quanto a selva no inferno de Dante, quem mais ganha dinheiro com a história de que “o Brasil tem de defender as suas riquezas da cobiça internacional” etc, etc,. Vale qualquer coisa, aí. Está na cara que temos de estatizar tudo o que passar pela frente, do trióxido de molibdênio à cachaça 51, pregam os arquiduques do “Brasil forte” — assim fica tudo só para nós. Simples demais? Pode ser simples, mas não é demais: é apenas a verdade estabelecida pela observação dos fatos, diante da roubalheira que chegou ao ponto de fissão nuclear a partir dos governos Lula-Dilma e que tanta gente está hoje desesperada para colocar de novo em operação.

Em nenhum espaço da vida brasileira a ação dos saqueadores se mostra tão desesperada quanto no petróleo e na Petrobras. Trata-se, possivelmente, da área em que o brasileiro é roubado há mais tempo — espantosamente, desde 1953. Depois da implosão do PT, a Petrobras tem passado com excelentes resultados por um processo de reconstrução. O governo Michel Temer desistiu de encher a empresa de políticos-bandidos, o que deixa absolutamente transtornados os presidentes do Senado, da Câmara e as gangues do Congresso, e permitiu que um executivo de talento, Pedro Parente, tocasse a máquina como ela deve ser tocada. Deu certo. Parente salvou a estatal da falência e criou ali uma cultura de competência, responsabilidade e resultados. É claro que os políticos, de Lula ao extremo anti-Lula, querem matar esse Parente.

O pano de fundo da greve dos caminhoneiros, que tanto barulho levantou, é a guerra entre a liberdade econômica e as forças que querem continuar controlando o petróleo e os combustíveis no Brasil. Na superfície é uma disputa por preços, eliminação de impostos dementes e questões financeiras imediatas — por sinal esses caminhoneiros, onde Lula e a esquerda são detestados, mostraram uma capacidade de juntar gente e mostrar força infinitamente maiores que a “mobilização social” em favor do “Lula Livre”. (A multidão que iria cercar a prisão “até Lula ser solto” nunca passou de 500 pessoas, e hoje está reduzida a nada. Virou uma palhaçada de artistas que agora usam Lula para promover seus shows.) Para além da greve, porém, está a discussão verdadeira: o fim da Petrobras e similares, o estabelecimento da livre concorrência e a construção de um Brasil com chances de progredir.

Publicado na edição impressa da EXAME - J R Guzzo - Veja

Sai o de reputação ilibada, fica o que tem ordem de prisão

Chamado por Deus, Temer troca presidente da Petrobras mas mantém ministérios na mão de ex e futuros presidiários 

BRF, frigorífico problemático, agradece ajoelhado: Pedro Parente se livra da Petrobras. Assim funciona o desgoverno Temer: troca o sujeito de reputação ilibada mas mantém no Trabalho o que vai a Londres e tem ordem de prisão. E nas rodovias o ex-presidiário que manda lá há + de década

Lillian Witte Fibe - Veja
 

Ilusão verde-oliva

A força das Forças Armadas é menor do que supõem alguns civis

Constatação provada e comprovada: gente fraca (governante ou governada) vivencia a própria fraqueza na ilusão de que possa importar fortaleza da gente autorizada e legalmente armada na sociedade, seja tal força oriunda da polícia, do Exército, da Marinha e/ou da Aeronáutica.  Daí termos hoje não só um governo fraco, mas também uma boa parcela da sociedade frágil, aquela que acredita no chamado “ao general” para resolver as coisas. No que tange ao Planalto, ele não resolveu a situação do Rio de Janeiro nem deu o jeito esperado na esquisitíssima greve dos transportadores de insumos essenciais ao funcionamento das cidades.

No tocante a boa parte do eleitorado que aparece nas pesquisas justificando a intenção de voto em Jair Bolsonaro [Bolsonaro com certeza não é um Temer.]  pelo desejo de “volta dos militares” ao comando do país, a História conta a história de um equívoco, como a recente divulgação dos documentos da CIA que revelam o envolvimento direto do presidente-ditador Ernesto Geisel no assassinato de dezenas de brasileiros combatentes do regime militar. Garotos e garotas precisam ser muito bem ensinados a respeito disso. [até  o presente momento a existência do tal memorando da CIA sequer foi provada e mesmo que exista, pela natureza da CIA nada garante a autenticidade do seu conteúdo - haja vista que a natureza das atribuições daquela Agência inclui desinformação = mentiras ou mesmo versões diferentes dos fatos.] Esse pessoal não viveu nem sofreu os horrores dos medonhos anos da ditadura. Algo diferente ocorre com os integrantes do atual governo, todos contemporâneos dos anos duros; embora nem todos tenham sofrido torturas, todos sabiam o que acontecia. Entusiastas do regime, colaboradores voluntários ou involuntários, quando não entusiastas do regime fechado.

É o caso dos integrantes da cúpula do atual governo. Quase todos filiados ao MDB, mas não praticantes do MDB de Ulysses Guimarães e companhia. Alguns são oriundos da Arena, outros emedebistas de ocasião, nenhum deles herdeiro da luta contra a ditadura. De onde se relacionam sem medo nem limites com os militares, dando a eles mais poderes do que seria aconselhável. Por anos o Brasil precisou se igualar a nações civilizadas em que não havia Ministério do Exército, mas Ministério da Defesa sob o comando civil. Mediante intensas negociações, no final dos anos 90 o então presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu criar o Ministério da Defesa, a fim de que ficasse patente o poder civil sobre a circunstância de atos e fatos atinentes ao mundo dos militares. Houve resistência, mas prevaleceu a persistência.

De modo muito rápido, o presidente Michel Temer deu fim a esse conceito ao nomear como interino e depois manter um militar no comando da pasta da Defesa, na condição de titular. [Temer tem errado demais; mas, a nomeação do atual ministro da Defesa foi um dos poucos acertos, que se espera se repita no futuro.] Era o que os militares queriam, não era o que o agora deslocado para o Ministério da Segurança, Raul Jungmann, achava o mais adequado, não é o melhor para a democracia de supremacia civil.  Deu-se, portanto, um retrocesso. Mas sempre podemos transformar o reverso em progresso, desde que a opção seja pôr para andar a carruagem da vida, avançando na direção do viver melhor, até que a sociedade como um todo se convença das vantagens da liberdade, ativo imprescindível das boas democracias, e das desvantagens da maneira autoritária dos regimes de força militar.

Dora Kramer - Veja
 

Nem ordem de prisão motiva demissão sob Temer

A corrupção tornou-se tão corriqueira em Brasília que já sumiram da cidade a umidade relativa do ar e o bom senso. Leonardo Arantes (no centro da foto), secretário-executivo do Ministério do Trabalho, número 2 na hierarquia da pasta, está com a prisão preventiva decretada desde quarta-feira. Só não se encontra atrás das grades porque cumpria ''missão oficial'' em Londres quando a Polícia Federal foi capturá-lo, por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo. Michel Temer teve um, dois, três dias para tomar alguma providência. E nada.

Temer arrisca-se a empurrar para dentro de sua biografia mais uma excentricidade. Primeiro presidente da história a colecionar duas denúncias e dois inquéritos por corrupção, Temer está prestes a adicionar ao seu rol de ineditismos um subordinado preso. A Polícia Federal decidiu incluir o nome de Leonardo Arantes na lista de procurados da Interpol.  Leonardo Arantes é sobrinho do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes. Por isso ganhou um cargo na Esplanada. É acusado de integrar um esquema de venda de registros de sindicatos no Ministério do Trabalho. Seu tio-deputado também é investigado no mesmo inquérito.

A PF foi informada de que Leonardo retornará ao Brasil nesta sexta ou no sábado. Se não for preso no estrangeiro, será detido ao pisar nesta terra de sabiás. Ou seja, Temer tem mais 24 horas, no máximo 48 horas para esboçar alguma reação, nem que seja uma cara de nojo. Do contrário, estimulará a suspeita de que mantém investigados, delatados e suspeitos à sua volta para garantir, por contraste, a falsa imagem de pureza.


Sob Temer, até a sensibilidade humana vira pó
O governo incluiu projetos sociais nos cortes de despesas que teve de fazer para garantir o diesel mais barato a caminhoneiros e a empresas transportadoras. Pense só nisso por um instante. Esqueça todo o resto. Programas sociais com orçamentos ridículos vão virando um escárnio. Foram passados na lâmina, por exemplo: R$ 4,1 milhões de prevenção contra drogas, R$ 55,1 milhões de universidades, R$ 135 milhões do SUS. Até o saneamento básico e a moradia popular perderam verba.

Experimente colocar os cortes sociais nas suas circunstâncias. Pense na reunião em que os técnicos discutiram as formas de garantir o desconto no diesel. Não ocorreu a ninguém dizer ‘quem sabe na educação e na saúde a gente não mexe!’. Nenhuma voz se levantou para ponderar: ‘gente, cortar no saneamento pode pegar mal.” Alga-se que os cortes foram pequenos. Mas o pouco de quase nada é sempre muito.

O mais trágico não é nem a crueldade. A tragédia está na percepção de que, sob Temer, até a sensibilidade humana vira poeira. Deus, como se sabe, está em toda parte, mas não dá expediente em tempo integral.


Blog do Josias de Souza 


Veja como você, que apoiou a greve dos ricos, vai pagar a conta da mamata; o chato é que as pessoas com miolos também serão prejudicadas

Pois é…
Como diria aquele Conselheiro, “as consequências vêm depois”. Há o risco de você que me lê estar entre aqueles 81% que, segundo o Datafolha, aplaudiram a greve dos caminhoneiros — levou lanchinho pra eles também? —, mas se nega a pagar a conta da mamata de R$ 13,5 bilhões, que até pode beneficiar alguns profissionais autônomos, mas vai mesmo é fazer a alegria de algumas gigantes do setor de transportes. Deve ter sido o evento mais bem-sucedido da história dos locautes mundo afora. Convenham: 87% formam o que a gente chama “maioria esmagadora”…  Como já lembrei aqui — e a questão foi reiterada por um auxiliar do presidente Temer —, governo não produz dinheiro; ele apenas o arrecada. Pode até gastar mal, mas esses são outros quinhentos. Se a turma da mamata do diesel vai “privatizarR$ 13,5 bilhões, de algum lugar o dinheiro há de sair.
Se for preciso, de novo, caracterizar o explorador com cartola, barriga e coxa de frango na mão, a gente caracteriza, ué… É um clichê? É. Mas ainda é um clichê menor do que aqueles que nos é oferecido pela  própria realidade.

O país tem uma folga orçamentária de R$ 6,1 bilhões. Só pra lembrar: a folga não e uma sobra depois de retiradas as despesas da receita; a folga NÃO é um dinheiro que está no azul. Ele continua no vermelho. Quer dizer apenas que o déficit seria menor. A dita-cuja foi engolida pela conta do diesel.   A segunda maior massa de recursos vem do “Reintegra”: R$ 2,27 bilhões. O programa devolvia 2% ao setor do que se arrecadava com PIS-Cofins. Passará a devolver 0,1%. Representantes do setor dizem que haverá perda de competitividade.

Havia uma reserva de R$ 2,1 bilhões para capitalização das estatais. Também vai virar fumaça. É a terceira maior rubrica a tapar o rombo orçamentário do diesel.  Na sequência, vem a grana do corte de despesas: R$ 1,2 bilhão. Cortar de onde? Ministérios dos Transportes (R$ 368,9 milhões); fortalecimento do SUS (R$ 135 milhões); concessão de bolsas de estudo (R$ 55,1 milhões); programa de prevenção e repressão ao tráfico de drogas (R$ 4,1 milhões) e até algumas migalhas (R$ 1,5 milhão) do policiamento ostensivo de rodovias e estradas federais. Dado o conjunto dos números, a área social padeceu pouco. Mas não ficou livre da garfada.  A reoneração da folha de pagamentos, de 17 setores inicialmente, renderá até o fim do ano outros R$ 830 milhões. Vêm de uma mudança tributária na área de concentrados de refrigerante outros R$ 740 milhões. No fim da fila, R$ 170 milhões sairão de mudanças no regime tributário da indústria química.

Então ficamos assim: computadas as perdas de todos os setores com a greve, chega-se fácil perto de R$ 100 bilhões. O PIB, em razão dos desastres em série e suas consequências, pode sofrer um impacto da ordem um ponto percentual (R$ 66 bilhões em valores de 2017). E, por ora ao menos, não se têm calculados os efeitos do fim de benefícios para a indústria. O ministro da Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, lembrou que a paralisação “teve o apoio de 90%” da população' — 87%, segundo o Datafolha. E emendou o que já lembrei aqui: “O governo não produz dinheiro; ele arrecada dinheiro”.
Na mosca! Os brasileiros escolheram um caminho quando aplaudiram a patuscada, certo?
Que aprendam ao menos a lição básica: as consequências vêm depois.

Blog do Reinaldo Azevedo