A SAC
recebeu R$ 111 milhões do Ministério da Cultura entre 1995 e 2010. Desse
total, 94% referem-se a um termo de parceria executado na gestão de
Juca. Um dos relatórios da CGU diz que a entidade foi contratada por
escolha do ministério, sem consulta a outros interessados, e que
projetos foram aprovados sem avaliação adequada dos custos.
Os
auditores constataram que a SAC dispensava irregularmente licitações
para compra de materiais e contratação de serviços. Orçamentos para as
compras eram genéricos, diz o relatório, não permitindo comparação com
preços praticados no mercado e, em consequência, a avaliação de eventual
superfaturamento. O relatório diz também que a entidade cobrava uma
taxa para cobrir suas despesas com a administração dos projetos. Para a
CGU, que determinou o ressarcimento, não foi devidamente demonstrada a
composição dessa cobrança, que seria irregular. Para atividades de R$ 49
milhões, a taxa era de R$ 2,6 milhões. Houve favorecimento de
funcionários da Cinemateca na execução dos projetos, segundo o
relatório. A auditoria diz que o dono de uma empresa contratada pela SAC
para coordenar atividades era servidor do órgão vinculado à Cultura.
Segundo a CGU, a SAC não apresentou prestação de contas de despesas e o
ministério não tomou providências. “Não houve apresentação, por parte do
parceiro, de demonstração dos gastos e receitas executados nas ações
pactuadas.”
As
constatações da CGU já haviam sido fonte de crise no ministério. Em
2012, após tomar conhecimento do conteúdo do relatório, Marta demitiu a
então secretária de Audiovisual, Ana Paula Santana, e outros dirigentes
da área sob o argumento de que perdera a confiança na equipe. Ana Paula
foi diretora de Programas e Projetos Audiovisuais na gestão de Juca. Em
fevereiro de 2011, na gestão de Ana de Hollanda, ascendeu ao comando da
secretaria. Também é atribuída aos problemas apontados pela CGU a
exoneração do ex-diretor executivo da Cinemateca, Carlos Magalhães, em
2013.
Defesa
Procurado, Juca Ferreira informou que não
se pronunciaria. O Estado não localizou ontem dirigentes da Cinemateca e
da SAC. Nos relatórios da CGU, o ministério refuta irregularidades. Num
dos trechos, diz que a entidade tem ações de compliance e auditoria interna e que seu balanço contábil e financeiro é apresentado anualmente ao Ministério da Justiça.
Fonte: Fabio Fabrini, Estadão
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