Obama fez muito mal em não estar junto a importantes governantes do mundo no repúdio ao terror.
E perguntar não ofende: custava Dilma ter ido a Paris se solidarizar com a França?
Quem quer ser líder na luta contra o terrorismo tem que estar ao lado dos amigos e aliados quando eles passam por um péssimo momento.Foi mais ou menos isso que disse, com absoluta razão, sobre a ausência do presidente Barack Obama na grande manifestação de hoje em Paris que contou com dezenas de governantes de diferentes países o analista político David Gergen, a um certo ponto da longa e esplêndida cobertura que a rede de TV norte-americana CNN tem dedicado aos atos terroristas praticados na França ao longo da semana e às manifestações de solidariedade à liberdade e à França, e de repúdio ao terrorismo.
Gergen, diretor do Centro para Liderança Pública da John F. Kennedy School of Government da Universidade Harvard, fala com a autoridade de seus títulos acadêmicos mas, sobretudo, a de quem serviu em diferentes posições a quatro presidente norte-americanos, o último deles o democrata Bill Clinton. Aparentemente, num erro de julgamento, Obama deixou-se levar por considerações de segurança sopradas por seus assessores na área de segurança nacional, que agiram sem a visão de estadista necessária em tais momentos, e que se esperava que Obama tivesse.
Mas, feito o registro, vem meu perguntar não ofende: por que raios a presidente Dilma Rousseff não deu um pulo a Paris, onde bastaria permanecer poucas horas e participar do ato que encabeçou a gigantesca manifestação de 1,5 milhão de pessoas para o Brasil marcar pontos com as grandes nações do Ocidente? Para o Brasil mostrar claramente ao mundo sua postura a favor da imprensa livre e das liberdades públicas, e de repúdio ao terrorismo?
Sim, a presidente fez até mais do que os partidos de oposição, ao divulgar nota de repúdio a respeito dos atos de barbárie praticados por radicais jihadistas. Mas é pouco! Fico me perguntando se a presidente faltaria a uma marcha em solidariedade a algum dano que sofressem governos bolivarianos como o de Cuba ou da Venezuela.
Não desejo mal a ninguém, mas suponhamos que um atentado terrorista, digamos na Venezuela, provocado por ferozes adversários do caudilho Nicolás Maduro, tivesse matado vários jornalistas de um dos muitos jornais mantidos pelo governo bolivariano. Alguém duvida de que Dilma estaria lá, firme, solidária, ao lado de Lula, de Cristina Kirchner, de Evo Morales? O Brasil esteve representado em Paris pelo embaixador junto à França, José Maurício Bustani.
Fonte: Ricardo Setti - Coluna na Veja OnLine
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