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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Justiça penhora casa de R$ 6,4 milhões de Romário para dívidas

 Romário tem casa na Barra penhorada para pagar dívida

Candidato não declarou ser dono de imóvel; R$ 6,4 milhões da compra saíram de conta que ele movimenta para a irmã



A Justiça determinou a penhora de uma casa do candidato do Podemos ao governo do Rio, Romário, como garantia do pagamento do montante devido a um credor. O imóvel, comprado por R$ 6,4 milhões, fica em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Também foram penhorados R$ 4,8 milhões que Zoraidi de Souza Faria, irmã do senador e também ré no processo, mantém em um plano de previdência privada no Banco do Brasil.

Procurado na segunda-feira, via assessoria, Romário não respondeu. Ele tem negado irregularidades. No início do mês, ao se lançar candidato ao governo, ele citou as suspeitas de ocultar patrimônio:  — O dinheiro é meu, consegui com meu suor. O meu dinheiro dou para quem quiser. Dou para minha irmã, para minha mãe, para o meu irmão. Não tem R$ 1 de dinheiro público aí. Está tudo declarado no Imposto de Renda da minha mãe e da minha irmã — afirmou.

A casa não aparece na lista de bens entregue pelo senador ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foi declarada por Zoraidi à Receita Federal. Quando a existência do imóvel foi divulgada pelo GLOBO, em fevereiro, a antiga proprietária, a advogada Adriana Sorrentino, contou que tinha feito a venda para Romário. Um vizinho também relatou que o imóvel, que foi reformado, pertence ao candidato. 

O dinheiro foi transferido a Adriana por meio de uma conta de Zoraidi em uma agência do Banco do Brasil em Brasília Romário tem uma procuração para movimentar a conta. As cotas do IPTU também vêm sendo pagas da mesma maneira. Um relatório de maio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda, identificou indícios de lavagem de dinheiro em operações financeiras do senador. O documento aponta a suspeita de que ele administra a conta em nome da irmã com o “intuito de ocultar” a própria movimentação de recursos.  Sobre o plano de previdência de Zoraidi, a Justiça entendeu que os recursos são do próprio Romário, como parte da estratégia de ocultação do patrimônio para evitar o pagamento de dívidas. Em 2015 e 2016, Zoraidi recebeu R$ 10 milhões em empréstimos: R$ 4 milhões do senador e R$ 6 milhões da RSF, empresa cujos donos no papel são a mãe e o pai de Romário.

O candidato declarou à Justiça eleitoral um patrimônio de R$ 5,5 milhões — com a casa, os bens cresceriam em 116%. O senador também tem participações societárias, um apartamento e créditos de empréstimos —não está especificado quem são os devedores dos recursos.


APARTAMENTOS LEILOADOS
Em um dos processos a que Romário responde, a dívida com o credor está em cerca de R$ 20 milhões. O mérito da questão já foi decidido, e a ação está na fase da execução do pagamento. Com a dificuldade para encontrar bens em nome do senador e recursos em contas bancárias dele, o cerco judicial se ampliou. Dois apartamentos na orla da Barra da Tijuca, no mesmo condomínio onde Romário mora, já foram leiloados, arrecadando R$ 2,8 milhões. Os imóveis ainda estavam em nome da construtora que os vendeu ao candidato.
Cinco carros de luxo, em nome da mãe e da irmã do senador, também já foram penhorados, em um total de R$ 1,4 milhão — dois destes veículos foram apreendidos no mês passado. A Justiça ainda penhorou uma lancha, registrada por Zoraidi, que fica na Marina da Glória.

 

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