Romário tem casa na Barra
penhorada para pagar dívida
Candidato não declarou ser dono de imóvel; R$ 6,4
milhões da compra saíram de conta que ele movimenta para a irmã
A Justiça
determinou a penhora de uma casa do candidato do Podemos ao governo do Rio, Romário,
como garantia do pagamento do montante devido a um credor. O imóvel, comprado
por R$ 6,4 milhões, fica em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona
Oeste do Rio. Também foram penhorados R$ 4,8 milhões que Zoraidi de Souza
Faria, irmã do senador e também ré no processo, mantém em um plano de
previdência privada no Banco do Brasil.
Procurado
na segunda-feira, via assessoria, Romário não respondeu. Ele tem negado
irregularidades. No início do mês, ao se lançar candidato ao governo, ele citou
as suspeitas de ocultar patrimônio: — O
dinheiro é meu, consegui com meu suor. O meu dinheiro dou para quem quiser. Dou
para minha irmã, para minha mãe, para o meu irmão. Não tem R$ 1 de dinheiro
público aí. Está tudo declarado no Imposto de Renda da minha mãe e da minha
irmã — afirmou.
A casa
não aparece na lista de bens entregue pelo senador ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e foi declarada por Zoraidi à Receita Federal. Quando a
existência do imóvel foi divulgada pelo GLOBO, em fevereiro, a antiga
proprietária, a advogada Adriana Sorrentino, contou que tinha feito a venda
para Romário. Um vizinho também relatou que o imóvel, que foi reformado,
pertence ao candidato.
O
dinheiro foi transferido a Adriana por meio de uma conta de Zoraidi em uma
agência do Banco do Brasil em Brasília — Romário tem uma procuração para
movimentar a conta. As cotas do IPTU também vêm sendo pagas da mesma maneira.
Um relatório de maio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf),
órgão do Ministério da Fazenda, identificou indícios de lavagem de dinheiro em
operações financeiras do senador. O documento aponta a suspeita de que ele
administra a conta em nome da irmã com o “intuito de ocultar” a própria
movimentação de recursos. Sobre o
plano de previdência de Zoraidi, a Justiça entendeu que os recursos são do
próprio Romário, como parte da estratégia de ocultação do patrimônio para
evitar o pagamento de dívidas. Em 2015 e 2016, Zoraidi recebeu R$ 10 milhões em
empréstimos: R$ 4 milhões do senador e R$ 6 milhões da RSF, empresa cujos donos
no papel são a mãe e o pai de Romário.
O
candidato declarou à Justiça eleitoral um patrimônio de R$ 5,5 milhões — com a
casa, os bens cresceriam em 116%. O senador também tem participações
societárias, um apartamento e créditos de empréstimos —não está especificado
quem são os devedores dos recursos.
APARTAMENTOS
LEILOADOS
Em um dos
processos a que Romário responde, a dívida com o credor está em cerca de R$ 20
milhões. O mérito da questão já foi decidido, e a ação está na fase da execução
do pagamento. Com a dificuldade para encontrar bens em nome do senador e
recursos em contas bancárias dele, o cerco judicial se ampliou. Dois
apartamentos na orla da Barra da Tijuca, no mesmo condomínio onde Romário mora,
já foram leiloados, arrecadando R$ 2,8 milhões. Os imóveis ainda estavam em
nome da construtora que os vendeu ao candidato.
Cinco
carros de luxo, em nome da mãe e da irmã do senador, também já foram
penhorados, em um total de R$ 1,4 milhão — dois destes veículos foram
apreendidos no mês passado. A Justiça ainda penhorou uma lancha, registrada por
Zoraidi, que fica na Marina da Glória.
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