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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O lance é comer barro - Gazeta do Povo

Guilherme Fiuza - VOZES


É hora de fazer uma escolha importante. Você é livre para escolher, mas naturalmente vai procurar referências à sua volta para decidir qual é a melhor escolha.

Pessoas em quem você confia, ou que você admira, ou pelo menos com as quais você simpatiza certamente estão por aí expressando suas preferências. Muitas delas são pessoas públicas, então você nem tem o trabalho de procurá-las. Elas vêm até você espontaneamente – é só dar uma olhada para a tela do seu telefone que elas estarão lá. E se são famosas, mais um motivo para você prestar atenção nelas. A fama não vem por acaso.

Se você é o tipo de pessoa teimosa, com dificuldade para ouvir os outros e mais ainda para seguir a opinião alheia, não tem problema. Vamos fazer aqui um exercício teórico para te ajudar a baixar essa guarda e aprender a se abrir ao que o outro tem para te oferecer – sem preconceitos.

Por exemplo: vamos imaginar um cenário em que pessoas influentes começassem a dizer que a melhor escolha é comer barro. Comer barro?! Você logo diria “estou fora dessa”. Mas isso poderia ser puro preconceito e teimosia da sua parte. E a decisão de observar com calma as referências à sua volta poderia te despertar para escolhas que você nunca tinha imaginado que seriam boas.

Seguindo então com o nosso exercício hipotético:
você deixaria de ser teimoso e passaria a ouvir o que pessoas conceituadas teriam a dizer sobre aquela escolha. As pessoas conceituadas sempre têm algo a dizer sobre tudo. Aí você pegaria o seu telefone e lá estaria o Caetano dizendo: decidi, vou comer barro. Tudo bem que você não quisesse fazer a sua escolha só com base no exemplo do Caetano, mas logo a seguir você encontraria o Armínio recomendando: o melhor é comer barro.

Bom, se é o Armínio que está dizendo, com aquela simpatia e aquela conta bancária, você começaria a considerar mais seriamente essa escolha. E no frame seguinte viria a Paolla Oliveira dizendo que quem não comer barro está por fora. Com uma pele daquelas, a Paolla deveria saber do que estava falando.

Prosseguindo na sua busca por uma abertura espiritual para as boas influências, você toparia com o Fernando Henrique declarando: barro! Mas ele não tinha dito que barro é ruim e faz mal? – ponderaria você. Tinha, mas agora ele é barro e não abre.

Surgiria então um clipe da Companhia das Letras, altíssimo astral, onde livros apareceriam servindo de bandeja para se comer barro. Nessa altura o seu coração já estaria amolecendo: legal, comer barro deve ser coisa de gente culta.

Você não estaria ainda totalmente convencido, até dar de cara com o William Bonner enchendo a boca na telinha para dizer que comer barro não tem nenhuma contraindicação. “O barro não deve nada ao chocolate”, decretaria o âncora. Você a princípio hesitaria, achando que já tinha visto o Bonner noticiando problemas sérios com a ingestão de barro num passado recente. Mas só podia ser uma traição da sua memória, porque estava todo mundo dizendo, com ênfase e alegria, que a melhor escolha a fazer é comer barro.

Superando finalmente a sua teimosia e o seu preconceito, você sacramentaria a sua escolha. Empolgado, tentaria até se aproximar de uma dessas estrelas que te levaram para o bom caminho, para tirar uma foto comendo barro com elas. Mas infelizmente isso não seria possível. Elas estariam ocupadas comendo caviar.

Guilherme Fiuza, colunista - VOZES - Gazeta do Povo 

 

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

William Bonner 'perde a paciência' ao vivo em debate da Globo e web repercute: "O homem já perdeu a vontade de viver"

O apresentador não escondeu a 'frustração' em alguns momentos do debate da Globo; internautas reagiram

Na noite da última quinta-feira (29), William Bonner conduziu o debate da Globo entre os candidatos à presidência nas eleições 2022. As reações do apresentador, no entanto, roubaram a cena. Em algumas ocasiões, o jornalista se irritou ao vivo e não escondeu a 'frustração'.

Em determinado momento, o âncora do Jornal Nacional 'perdeu a paciência' com uma quebra de regra. "O senhor realmente decidiu instituir uma nova regra neste debate. O senhor poderia olhar para mim, respeitosamente (...) Eu pedi para o senhor diversas vezes, pedi apenas para que o senhor aguarde a fala do seu oponente e retorne ao seu assento, como fizeram todos os demais", declarou ele. 

Em meio à tensão entre os concorrentes, as expressões de Bonner viraram assunto na web. "Tenho pena da psicóloga do Bonner na próxima terapia. O homem já perdeu a vontade de viver", escreveu uma usuária do Twitter. "Bonner vai sair desse debate com burnout", avaliou outro. 

 Foto: Reprodução/TV Globo

Foto: Reprodução/TV Globo © Fornecido por Bolavip Brasil

 

"O Bonner está frustrado com o debate! Também, pudera… acima de qualquer coisa, falta EDUCAÇÃO", acrescentou um terceiro. "Quem ganhou [o debate] eu não sei, mas quem mais perdeu em saúde foi o coitado do Bonner", comentou mais uma tuiteira. 

Bola Vip

 

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Renata Vasconcellos - âncora do JN - comete gafe e chama Bolsonaro de ‘ex-presidente’ no ‘Jornal Nacional’ - IstoÉ

Renata Vasconcellos cometeu uma gafe durante a apresentação do ‘Jornal Nacional’ na última quarta-feira (19). A jornalista se referiu ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), como “ex-presidente”. A jornalista rapidamente se corrigiu, mas o erro não foi ignorado pelos espectadores mais atentos.

[Não foi gafe e sim obsessão:  a repórter citada, o jornalista que com ela divide a bancada do JN  e outros jornalistas da TV Globo, de menor quilate, são obcecados por três desejos:
- tirar Bolsonaro da presidência - sendo esse desejo dificil, impossível de se realizar, aceitam como prêmio de consolação que ele não seja reeleito em 2022;
- se livrar do coronavírus e não contrair a covid-19 = esse desejo pode ser catalogado como normal a todos os seres humanos e,muito em breve, será alcançado;
- e a natural insegurança sobre a permanência no  emprego, que aflige os que ganham milhões  e tem dúvidas se sua competência profissional,  justifica   o que recebem, sabem que o público acha que não merecem e  os patrões começam a ter o mesmo entendimento
Sabem como é: trabalhar preocupado e fiscalizado por milhões de pessoas atentas... ]

Ela dizia: “A CPI da covid ouviu hoje o depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. A sessão foi tensa, teve discussões. Pazuello irritou os senadores ao tentar blindar o ex-presid… O presidente Bolsonaro e foi chamado de mentiroso”.

Não é a primeira vez que um âncora do “Jornal Nacional” faz uma confusão do tipo: em 2019, William Bonner chamou o então ministro da Justiça, Sergio Moro, de “ex-ministro”. Em 2017, tanto Bonner quanto o repórter Júlio Mosquéra chamaram o então presidente Michel Temer (MDB) de “ex-presidente”.

 

Transcrito MSN, da IstoÉ  

 

sábado, 6 de junho de 2020

Chamada de TV Funerária, Globo engrossa tom contra Bolsonaro - Terra

Emissora usa o 'Jornal Nacional' e o icônico plantão para rebater provocações do presidente

Em tom crítico e com característico olhar de desaprovação, William Bonner ressaltou logo no início da edição de sexta-feira (5) do 'Jornal Nacional' o atraso na divulgação pelo Ministério da Saúde das informações sobre o número de brasileiros contaminados e mortos pela pandemia de covid-19. 

Na primeira matéria da noite, o repórter Vladimir Netto ouviu especialistas em saúde pública, entidades de imprensa e autoridades políticas que reprovaram a demora supostamente intencional na apresentação dos dados oficiais.

Ficou subentendido que a ordem do Palácio do Planalto foi atrasar o boletim diário - das 17h na gestão de Luiz Henrique Mandetta para as 22h na gerência de Eduardo Pazuello - a fim de evitar destaque negativo à imagem do governo no 'JN', telejornal que registra médias acima de 30 pontos desde o início da cobertura a respeito do novo coronavírus.

A âncora Renata Vasconcellos destacou duas declarações de Bolsonaro sobre a questão. "Acabou matéria do Jornal Nacional", disse ele na portaria do Palácio do Alvorada, ao comentar a razão da mudança de horário do comunicado. Em outro momento, voltou a citar a principal emissora do clã Marinho. "Ninguém tem que correr para atender à Globo." Bolsonaro chamou o canal de "TV Funerária". 

Bonner leu nota oficial emitida pela Globo. "O público saberá julgar se o governo agia certo antes ou se age certo agora. Saberá se age por motivação técnica, como alega, ou se age movido por propósitos que não pode confessar mais claramente. Os espectadores da Globo podem ter certeza de uma coisa: serão informados sobre os números tão logo sejam anunciados. Porque o jornalismo da TV Globo corre sempre para atender o seu público." O verbo "correr" foi propositadamente usado em ironia à fala do presidente. Na prática, o retardamento na liberação das planilhas do Ministério da Saúde não afeta o 'JN'. O telejornal passou a usar informações apuradas pelo portal G1 diretamente com as secretarias de Saúde dos estados. Esse levantamento, aliás, costuma ser mais atualizado (e com totalização maior de vítimas fatais) do que o apresentado pelo governo federal.

Além do 'Jornal Nacional', outros telejornais da noite, como o 'SBT Brasil', o 'Jornal da Band', o 'Jornal da Record', o 'RedeTV News' e o 'Jornal da Cultura' também precisarão buscar fontes alternativas sobre os índices da covid-19 no País. Atrações exibidas mais tarde, a exemplo do 'Jornal da Globo' e o 'Band Notícias', terão tempo para exibir o boletim diário do Ministério da Saúde. Em outra matéria do 'JN' de ontem, o repórter Vinícius Leal destacou críticas a decisões do ministro Pazuello, como a extinção de um serviço de saúde mental a prisioneiros e a demissão de dois servidores que divulgaram nota técnica com orientações sobre saúde sexual da população no período da pandemia, citando circunstâncias em que o aborto é autorizado por lei. [os funcionários demitidos, exonerados já que infelizmente por ser concursados não podem ser expulsos - perdem gratificação mas continuam com os cargos, defendiam o aborto.]


Por volta das 22h, a novela 'Fina Estampa' foi interrompida pela temida vinheta do 'Plantão da Globo'. Bonner surgiu para noticiar os dados divulgados pelo governo um minuto antes. A edição extraordinária gerou manchetes na internet e repercutiu nas redes sociais. O tiro dado pelo governo saiu pela culatra: nunca se falou tanto dos números de mortos e novos infectados. 

Essa guerra por informações da covid-19 no Brasil acirra a animosidade entre Bolsonaro e a Globo. O presidente classifica a emissora como seu principal "inimigo" na mídia. Desde que ele assumiu a Presidência, o canal perdeu boa parte das verbas publicitárias do governo e das estatais, e não tem mais o tratamento especial antes recebido de chefes do Executivo anteriores. Aparentemente irredutível, a Globo engrossa cada vez mais o tom crítico ao presidente. 

Saiba mais, clicando aqui

Portal Terra - Blog Sala de TV - Jeff Benício


quarta-feira, 18 de março de 2020

Governo pedirá ao Congresso para reconhecer estado de calamidade pública - VEJA

Tempos de coronavírus: Homem deixa manifestação em apoio ao presidente Jair Bolsonaro usando máscara de proteção (15/03/2020) Alexandre Schneider/Getty Images

Em meio à pandemia de coronavírus, a o Governo Federal solicitará ao Congresso o reconhecimento do estado de calamidade pública, anunciou nesta terça, 17. A ideia é que a medida vigore até 31 de dezembro deste ano.
“O reconhecimento do estado de calamidade pública tem suporte no disposto no art. 65 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) o qual dispensa a União do atingimento da meta de resultado fiscal prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e, em consequência, da limitação de empenho prevista na LRF”, diz nota da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República. A meta fiscal do governo federal para esse ano é de um rombo de 124,1 bilhões de reais. A iniciativa dá mais liberdade para a área econômica administrar os recursos. De acordo com o governo, a ação vemda necessidade de elevação dos gastos públicos para proteger a saúde e os empregos dos brasileiros”.

Segundo o Ministério da Economia, caso o Congresso reconheça o estado de calamidade pública, continuam obrigatórios os cumprimentos do Teto de Gastos que impede que o governo gaste mais do que ano anterior (corrigido pela inflação) e da Regra de Ouro — que o Tesouro emita dívida para pagar despesas correntes, como salários e aposentadorias. Apenas a meta fiscal, definida na Lei Orçamentária pelo Congresso, é flexibilizada.

[mais uma vez o governo Bolsonaro (e, por extensão, o Brasil e o  povo brasileiro - desta vez a saúde -, ficam nas mãos do Congresso Nacional = não estamos em boas mãos.
Mas, desta vez o presidente se antecipou e o Legislativo, pelo menos nesta matéria, terá que dançar conforme a música e o maestro é o Executivo.
Oportuno anotar para meditação antes de dormir: "NÃO VALE GARANTIR A ECONOMIA COM PERDA DE VIDAS", deputado Rodrigo Maia em momento de inspiração.
A propósito: o Blog Prontidão Total não concorda com as atitudes e manobras do deputado Rodrigo Maia, especialmente a dele dar pitaco em tudo, mas, temos que concordar com ele quando diz que o Brasil já deveria ter fechado as fronteiras.
CONCORDAMOS E PEDIMOS: Presidente Bolsonaro feche todas as fronteiras do Brasil = ninguém entra, ninguém sai, período de no mínimo 20 DIAS.
Estão isentos da medida os brasileiros - retornando ao Brasil - e estrangeiros que morem legalmente no Brasil e retornando, desde que aceitem quarentena em áreas específicas.]

Isso torna o estado pouco efetivo do ponto de vista das contas públicas. É possível “driblar” o Teto de Gastos na área da saúde com a aprovação de créditos extraordinários, mas todas as outras áreas continuariam amarradas pela emenda constitucional aprovada em 2016, no governo Temer.
O texto reforçou ainda a importância das reformas. “O Governo Federal reafirma seu compromisso com as reformas estruturais necessárias para a transformação do Estado brasileiro, para manutenção do teto de gastos como âncora de um regime fiscal que assegure a confiança e os investimentos para recuperação de nossa dinâmica de crescimento sustentável”, conclui a secretaria.

VEJA - Brasil


domingo, 17 de novembro de 2019

Os invisíveis - Merval Pereira

O Globo

O mais recente invisível a se tornar visível foi o porteiro do condomínio de Bolsonaro e do miliciano Ronnie Lessa [logo após mentir, o porteiro voltou à invisibilidade.]

A invisibilidade social é objeto de diversos estudos acadêmicos. Há profissões que têm utilidade no cotidiano, mas são consideradas subalternas, como lixeiros e coveiros, que tornam invisíveis quem as exerce.  Um caso clássico desse preconceito aconteceu com o âncora Boris Casoy que, ao ver uma mensagem de fim de ano de dois lixeiros, comentou na Bandeirantes, sem saber que o microfone estava aberto: “Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras. O mais baixo da escala de trabalho”. Casoy pediu desculpas ao saber que o áudio havia vazado, mas o estrago estava feito.

Outras profissões, como porteiro, motorista, secretária, garçom, empregada doméstica, fazem parte do dia a dia das famílias e empresas e frequentemente ouvem e vêem coisas que não deveriam ouvir nem ver, mas de tão invisíveis, dão liberdade às pessoas para falarem o que não pode ser ouvido em público. O embaixador Marcos Azambuja, com sua ironia cortante, diz que não há nada mais perigoso do que secretária.
Os personagens invisíveis estão em torno de nós e são temas de trabalhos acadêmicos, filmes e livros. Professores já experimentaram trabalhar de garis e constaram essa invisibilidade social, fruto de preconceito e desprezo. 

 “A Vida Invisível de Euridice Gusmão”, filme de Karim Ainouz que representa o Brasil na disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro, trata de outra tipo de invisibilidade, das pessoas que não podem ter sonhos, esmagadas pela realidade. Esses são também os personagens do poeta gaúcho da Academia Brasileira de Letras Carlos Nejar, que acaba de publicar o livro “Os invisíveis (Tragédias brasileiras)”, que trata dos flagelados de Brumadinho, dos desalojados pelo desastre do Rio Doce em Mariana, dos índios, do incêndio do Museu Nacional. Nejar, com razão, identifica o livro com “o terrível Brasil contemporâneo”.


A vida política não poderia estar imune a essa invisibilidade, dando proeminência ocasional a porteiros, caseiros, secretárias, motoristas. O mais recente invisível a se tornar visível devido a uma crise política foi o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde têm casa o presidente Bolsonaro e o miliciano Ronnie Lessa, acusado de ter assasinado a vereadora Marielle.

Ele registrou à mão no livro da portaria que, no dia do assassinato, o ex-PM Elcio Queiroz, outro dos acusados, entrou no Condomínio dizendo estar indo para a casa 58, residência da família Bolsonaro. No relato ao Ministério Público do Rio, o porteiro disse que ligou para a casa 58 e o “doutor Jair” autorizou a entrada.  Depois, ao ver no monitor que ele se dirigia à casa de Ronnie Lessa, avisou pelo interfone a mudança de trajeto, e a pessoa, que ele identificou mais uma vez como sendo o “doutor Jair”, disse que sabia para onde ia o visitante.
Como o então deputado Jair Bolsonaro estava em Brasília naquele dia, ficou constatado que o porteiro mentiu, segundo a investigação. Há muitas interrogações ainda no ar, pois um outro porteiro apareceu na história, falando com Lessa, que autorizou a entrada de Queiroz.

O porteiro está escondido desde o dia da revelação, pelo Jornal Nacional, e recentemente, encontrado pela revista Veja, recusou-se a falar sobre o caso, alegando que estava proibido. Mas tampouco renegou as primeiras informações.
Outro invisível que fez história foi o caseiro Francenildo Santos Costa, da República de Ribeirão, casa em que o então ministro Antonio Palocci se reunia em Brasília com lobistas. O caseiro reconheceu o então ministro como a pessoa que frequentava a casa e era chamado de “chefe”, desmentido Palocci, que negava ter estado lá.
Seu sigilo bancário foi quebrado, o que adicionou um escândalo a mais no caso, que resultou na demissão de Palocci. Francenildo, de 2006 até hoje, tenta receber na Justiça uma indenização pela quebra de sigilo.

Outra figura importante na vida política recente foi Eriberto França, motorista da presidência da República, que denunciou o então presidente Fernando Collor de ter suas despesas pessoais e da família pagas pelo tesoureiro de sua campanha presidencial PC Farias, homem forte do governo. Seu depoimento foi fundamental para o impeachment de Collor. 

Merval Pereira, colunista - O Globo

 

sábado, 13 de julho de 2019

Derrota no terceiro turno

A pesada âncora do lulismo prende a esquerda às areias do passado

O terceiro turno das eleições presidenciais foi disputado na Câmara, na votação da reforma previdenciária. O placar avassalador, 379 a 131, não assinalou um triunfo de Bolsonaro, mas da articulação parlamentar liderada por Rodrigo Maia (DEM-RJ), pelo relator, Samuel Moreira(PSDB-SP), e pelo presidente da comissão especial, Marcelo Ramos (PL-AM). A esquerdaPT, PDT, PSB e PSOLsofreu, mais que um insucesso parlamentar, uma derrota política de proporções históricas. Essencialmente, ela colocou-se fora do jogo político, encarcerando-se voluntariamente na cela de Lula.

As ruas vazias, o plácido entorno do Congresso, a transição da opinião popular rumo ao apoio à reforma —a catástrofe da esquerda pode ser sintetizada num caleidoscópio de imagens icônicas. É a conclusão de uma trajetória pautada pela incompreensão da democracia. O passo inicial foi a denúncia do “golpe do impeachment”; o seguinte, a campanha do “Lula livre!”; o derradeiro, a recusa do debate sobre a Previdência, que é parte de uma rejeição mais geral a revisitar as políticas populistas conduzidas por Lula e Dilma desde 2007.

O fracasso tem donos. Haddad nunca chegou nem perto do lugar de reformador do PT, atribuído a ele por tantos intelectuais esperançosos, preferindo o posto de gestor público da massa falida do lulismo. Boulos e Freixo reconduziram o PSOL à irrelevante condição de linha auxiliar do PT. Ciro Gomes e os dirigentes do PDT e do PSB perderam a oportunidade de fundar um polo oposicionista pragmático, capaz de aperfeiçoar o projeto da nova Previdência. A cela de Lula está repleta de prisioneiros virtuais de um Brasil corporativo que faliu anos atrás.

O beneficiário do autoexílio da esquerda é a direita bolsonarista. No vácuo político deixado pela deriva governista do PSDB, Bolsonaro tem a chance de se apropriar dos louros de uma vitória que não lhe pertence, ganhando novo fôlego. Lá atrás, Lula ensaiou uma reforma previdenciária, e Dilma admitiu a necessidade de estabelecer idades mínimas para a aposentadoria. Mas a esquerda do “não”, submissa ao corporativismo, imersa no oportunismo eleitoral, entregou a bandeira do futuro à direita reacionária. Todos pagaremos por isso.

“Ser de esquerda não pode significar que vamos ser contra um projeto que de fato pode tornar o Brasil mais inclusivo e desenvolvido”. A jovem deputada Tabata Amaral (PDT-SP) fala por outros sete deputados de seu partido e 11 do PSB que desafiaram suas direções partidárias para apoiar a reforma previdenciária. Ela exprime, ainda, a opinião de uma pequena coleção de intelectuais e economistas de esquerda que escapam à bolha do sectarismo. Justamente por isso, está sob ameaça de expulsão.

A reforma é a obra inaugural do “parlamentarismo branco”. Rodrigo Maia já antecipa novos objetivos, na forma das reformas tributária e administrativa. No plano retórico, o PT e Ciro Gomes chegaram a ensaiar propostas razoáveis no rumo de uma tributação mais progressiva e da radical redução nos cargos comissionados. Ao que tudo indica, porém, a esquerda seguirá ausente do debate nacional, contentando-se com a denúncia genérica das desigualdades sociais. A pesada âncora do lulismo prende a esquerda às areias do passado.

O sectarismo custa caro. O Executivo está ocupado por reacionários tão arrogantes quanto incultos, que rezam no santuário herético do “Deus de Trump”. Eles querem distribuir armas, promovem a delinquência policial, estimulam o ativismo político de procuradores jacobinos, sonham subordinar a lei e a escola ao fundamentalismo religioso. A agenda extremista só encontra barreiras no “parlamentarismo branco” e num Judiciário acossado pelo fogo das redes olavo-bolsonaristas. O Brasil precisaria de uma esquerda moderna, cosmopolita. O que temos, porém, são os estilhaços de um lulismo espectral, que agoniza em câmera lenta.

Folha de S. Paulo - Demetrio Magnoli, sociólogo