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quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Brasil cai para última posição em ranking sobre prestígio do professor



Estudo feito em 35 países revela como a população enxerga a carreira. Apenas 9% dos brasileiros acreditam que os alunos respeitam os docentes e só 1 em cada 5 pais aconselharia profissão aos filhos. Defasagem salarial é outro problema apontado

Percepção de falta de respeito dos alunos, salários insuficientes e uma carreira pouco segura para os jovens. É assim que a maioria da população brasileira enxerga a profissão docente e coloca o País como o que dá menos prestígio aos professores. Esse cenário foi revelado pelo Índice Global de Status de Professores de 2018, divulgado na noite desta quarta-feira, 7, pela Varkey Foundation, organização voltada para a educação. O levantamento avalia como a população de 35 países enxerga a profissão.  

Enquanto há uma tendência global de crescimento no prestígio dado aos professores, o Brasil regrediu nos últimos cinco anos. Em 2013, quando o estudo foi feita pela primeira vez e avaliou 21 nações, o País aparecia na penúltima colocação. Na edição deste ano, com a piora na percepção sobre o respeito dos alunos e com menos pais dispostos a incentivar seus filhos a seguir a profissão, o índice nacional piorou e colocou o País como lanterna do ranking.   

Para chegar ao indicador, foram entrevistadas mil pessoas, de 16 a 64 anos, em cada país e mais de 5,5 mil docentes. No Brasil, apenas 9% acreditam que os alunos respeitam seus professores – na China, o líder, 81% veem esse respeito. O dado aparece em consonância com o fato de que só 20% dos pais brasileiros afirmam que encorajariam seus filhos a seguir a carreira – ante 55% dos pais chineses.

O estudo também indica que o brasileiro subestima a jornada de trabalho da profissão. A sociedade estima uma carga horária semanal média de 39 horas, ante o relato dos professores de uma média de 48 horas. Segundo a pesquisa, essa percepção é forte nos países latino-americanos e se diferencia de países como Finlândia, Canadá e Japão, onde os docentes trabalham menos horas do que a percepção de suas comunidades.  

A mesma tendência é observada em relação aos salários. Enquanto brasileiros consideram que um salário justo para os professores seria de U$ 25 mil (cerca de R$ 93 mil) ao ano, a remuneração real média relatada pelos profissionais é de U$ 15 mil (cerca de R$ 56 mil).  Professor de Geografia, Heleno de Oliveira, de 52 anos, diz ter sentido a desvalorização da profissão nos 35 anos em que atua em sala de aula. “Cada vez são mais comuns os relatos de colegas que foram agredidos ou xingados por alunos, que precisam ter mais de um emprego para se sustentar ou que adoecem por causa da pressão”, diz o docente, que dá aula em escolas da rede pública de São Paulo.

Ele diz ter descoberto a vocação aos 17 anos, como estagiário. Ver os alunos aprendendo e interessados p é o que motiva Oliveira a continuar em sala. “Já pensei algumas vezes em desistir porque saio às 22 horas da escola, preparo minhas aulas até as 2 horas da manhã. E o salário é muito pequeno diante de tanto esforço. O que me segura é a relação com alguns alunos, perceber que posso fazer a diferença na vida de alguns”, diz. 
Luiz Antonio, professor de Língua Portuguesa em duas escolas privadas do centro de São Paulo, diz que sente desrespeito maior dos pais do que dos jovens. “Tem uma interferência muito grande da família, que tira a nossa autonomia. Não gostam quando chamamos atenção do filho, questionam o conteúdo. Não entendem que estudamos e temos formação para ensinar não só a disciplina, mas como conviver dentro da escola”, diz ele, de 44 anos – 20 em sala de aula. 
Para especialistas, a repercussão de projetos como o Escola sem Partido, que defende vetar a “doutrinação ideológica” em classe, pode agravar ainda mais tensão no ambiente escolar.

Desempenho
O estudo também identificou que a valorização docente está ligada ao desempenho dos alunos. Países com melhores notas no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), maior avaliação de estudantes do mundo.
“Mais respeito aos professores significa que estudantes com melhor desempenho serão atraídos para a profissão, que melhores docentes irão permanecer na carreira. São fatores muito importantes para melhorar os resultados educacionais dos países”, explicou ao Estado Vikas Pota, presidente da Varkey Foundation.

Para ele, o poder público precisa investir em ações para apoiar os professores, tanto financeiramente como na melhora de condições de trabalho, para que os índices educacionais do país progridam. Na última edição do Pisa, em 2016, o Brasil apareceu entre os dez últimos do ranking. De 70 nações avaliadas, o País ficou na posição 63.ª em Ciências, 65.ª em Matemática e 59.ª em Leitura. 

3 Perguntas para Silvia  Colello, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP)

A baixa remuneração é um dos principais fatores para a desvalorização da carreira docente? 
Os baixos salários são, ao mesmo tempo, causa e consequência. As pessoas desvalorizam o professor porque ele ganha pouco e ele ganha pouco porque não é valorizado nas políticas públicas. Além disso, os políticos sempre falam genericamente sobre a valorização do docente. Nunca se desenvolve a ideia de que é preciso melhorar a questão salarial, a evolução da carreira, as condições de trabalho e o apoio que ele deve receber da equipe escolar e das famílias.

Os pais também desvalorizam o professor?
Na maioria dos casos, o professor não conta com o apoio da família porque muitas não querem se envolver com o que acontece na escola. Então, não querem saber do mal comportamento ou do baixo desempenho do filho. Preferem culpar o professor por essas situações. Propostas que estão sendo colocadas nesse momento, como o Escola Sem Partido (em tramitação no Congresso Nacional e defendido pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, do PSL), tendem a acirrar essa relação por colocar pais e professores em lados opostos, por incentivar que o docente seja vigiado, controlado, perca a autonomia sobre o quê e como ensinar.

O País está perdendo bons professores pela forma como os trata?
Sim. Os jovens com melhor desempenho vão para as profissões mais valorizadas, com melhores salários. Os cursos de Licenciatura e Pedagogia são vistos como o “que sobrou”, porque ninguém quer seguir a carreira. Cada vez menos temos fatores de recompensa. A médio e longo prazo, isso é um desastre para a educação do Brasil.


quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Bancada evangélica pede fim de ‘ideologia de gênero’ nas escolas

A Frente Parlamentar Evangélica divulgou um manifesto em que descreve propostas e prioridades de sua bancada para os próximos anos no Congresso. Entre os principais pontos, estão o combate aodemocratismo comunista” e à “ideologia de gênero” na escola, “punindo severamente todos que atentem contra a inocência infantil”.

Segundo o documento de 60 páginas, lançado no dia 24, “a instrumentalização das escolas e universidades públicas a serviço de ideologias totalitárias e ditaduras comunistas envenenou a alma e o espírito das últimas gerações, e destruiu a qualidade de ensino”.

Intitulado O Brasil para os Brasileiros, o manifesto traz propostas da frente evangélica para quatro grandes temas da administração pública: modernização do Estado, segurança jurídica, segurança fiscal e “revolução na educação”. A bancada, à qual pertencia o deputado federal e agora presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), é uma das mais influentes do Congresso e deve ter 180 membros a partir de 2019, diz o documento.

O manifesto condena o “uso político-partidário das escolas e universidades públicas”, que, segundo os parlamentares, “se tornaram instrumentos ideológicos que preparam os jovens para a Revolução Comunista, para a ditadura totalitária a exemplo da União Soviética e demais regimes sanguinários”. Para reverter isso, o documento propõe “valorizar e incentivar o mérito em todo o sistema educacional nacional”.

Em linha com o manifesto evangélico, o programa de Bolsonaro afirma que “um dos maiores males atuais (na Educação) é a forte doutrinação”.
“Estão falando de uma coisa que não existe”, diz o educador Carlos Cury, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). “É um manifesto oco, cheio de afirmações que carecem de qualquer tipo de comprovação. Pintam as escolas como um antro de subversão comunista. De onde tiraram isso?”
“O documento tem uma coloração ideológica muito forte e evidente”, diz Nelio Bizzo, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). As propostas apresentadas, segundo ele, “destoam de tudo o que se tem discutido nas revistas especializadas sobre educação nos últimos 30 anos”.

O manifesto faz críticas pesadas à chamada “ideologia de gênero”, que “desvia a escola das suas atribuições normais e investe na subversão de todos os valores e princípios da civilização”. “Será necessária uma campanha ininterrupta de combate à sexualização e erotização das crianças e adolescentes em todo o Brasil, utilizando-se todos os meios possíveis, e punindo severamente todos que atentarem contra a inocência infantil”, diz o texto.
A defesa da Escola sem Partido e o combate às discussões de gênero também foram bandeiras de Bolsonaro. O líder da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Hidezaku Takayama (PSC), foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.
Ainda há críticas à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do MEC, dizendo que ela faz “repressão aos professores” e fere a autonomia universitária. Procurado, o órgão disse que “não pode se manifestar sobre alegações subjetivas não fundamentadas em fatos”.  

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Vitória do bolsonarismo prova que pregação de esquerda em escolas é, então, inútil. Ou: Filho de eleito volta a opor Supremo a alarido da rua

Um dos mantras da ala, vamos dizer, ideológica do bolsonarismo é combater a ideologia nas salas de aula. Há desde logo uma falácia na origem dessa conversa — e isto não quer dizer que inexista pregação esquerdista nas escolas: se esta fosse assim tão eficiente, Jair Bolsonaro e seus aliados não teriam obtivo a vitória que obtiveram nas urnas, certo? Quando menos, pode-se dizer que a tal pregação é incompetente ou contraproducente. 
[tudo que a esquerda faz, até mesmo existir, é incompetente e/ou contraproducente. É inaceitável que um professor tenha o direito de usar a sala de aula, se valendo da obrigação de seus alunos permanecerem em sala, para pregar suas ideias políticas - especialmente de esquerda, visto que essas são mais prejudiciais aos que escutam a verborragia do mestre.]

Na entrevista concedida na madrugada desta segunda, Eduardo Bolsonaro (PSL) voltou a defender o projeto Escola Sem Partido e chegou a afirmar: “Hoje já está previsto que professores que tentem doutrinar alunos podem responder judicialmente. O Escola Sem Partido só pretende dar ciência ao aluno.” Onde está previsto isso? Quem decide, de resto, o que é e o que não é doutrinação? O parlamentar estimulou a que estudantes filmem os professores em sala de aula — o que é, isto sim, ilegal. Reitero: eis aí uma das matérias que deveriam dizer respeito ao senhor ministro da Justiça, já que se trata de uma proposta endossada pelo Executivo que ele vai integrar, que tem de passar elo Legislativo e diz respeito a direitos fundamentais. Pauta ao ponto para o homem que vai cuidar da Justiça. 

Eduardo, que chegou a flertar duas vezes, em palestras conferidas em julho, com o fechamento do Supremo, voltou a se referir ao tribunal de maneira um tanto estranha. Indagado sobre a possibilidade de que a proposta Escola Sem Partido venha a ser considerada inconstitucional, ele lembrou que, nesse caso, a Corte teria de enfrentar a reação popular. Certo! O tribunal, nesse caso, seria um mero referendário da vontade do alarido influente. [vale sempre ter presente que a maioria dos que vão a uma sala de aula pretendem aprender sobre temas que dizem respeito ao interesse profissional - escutar opinião de professor petista não está certamente entre os temas de interesse.
Cabe ao Supremo se manifestar comoinstência derradeira sobre matéria de interesse da sociedade e não de uma categoria profissional em detrimento do interesse coletivo.
Uma proposta dos moldes da que institui a Escola Sem Partido não deve ocupar o tempo da Suprema Corte.]

Blog do Reinaldo Azevedo

LEIA TAMBÉM: Especialistas em segurança são praticamente unânimes ao condenar uso de “snipers”; e não se opõem porque tenham pena dos criminosos

 

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A verdade que nos libertaria

Nos EUA, há conselhos diretores das escolas públicas, independentes do Estado e grupos políticos (e você sonhando com "escola sem partido")


Funciona na Inglaterra ou no Quênia, na Austrália ou na Índia, na Nova Zelândia ou nos Estados Unidos. Em todas as democracias de DNA saxônico apoiadas no sistema de eleição distrital pura, a célula básica é o school board. Esses conselhos diretores das escolas públicas são diretamente eleitos pelos pais dos alunos do bairro ao qual cada escola serve. Normalmente têm sete membros, eleitos de dois em dois anos de carona nas eleições municipais ou nacionais, em grupos alternados três numa eleição, quatro na seguinte para mandatos de quatro anos. Como acontece com todo funcionário diretamente eleito nessas democracias, eles podem sofrer uma retomada de mandato (recall) a qualquer momento se seus eleitores acharem por bem fazê-lo.

O elo de ligação entre os eleitores e cada membro desses conselhos é o endereço. Tanto os candidatos quanto os eleitores têm de ser moradores do bairro. O conselho eleito nomeará o diretor da escola e aprovará ou não os seus orçamentos anuais e os seus planos educacionais, de forma totalmente independente do estado e do grupo político que o estiver controlando no momento (e você sonhando com “escola sem partido”…).

Nos EUA, esses conselhos têm ainda a prerrogativa de emitir títulos de dívida para fazer melhoramentos, comprar equipamentos, construir novos prédios ou mesmo contratar mais professores ou aumentar os salários deles. O estado só interfere para aumentar verbas das escolas das comunidades sem condições de bancar as próprias melhorias. Seguindo uma norma de alcance nacional, a emissão de qualquer título de dívida pública tem de vir acompanhada de um projeto mostrando quanto dinheiro vai ser captado para fazer exatamente o que, em quanto tempo e a que custo o título vai ser resgatado, quem e como vai pagar a operação. Normalmente a fórmula usada para pagar investimentos em escolas é adicionar um aumento temporário no imposto territorial do bairro (IPTU) servido por ela. 

Tudo definido, o projeto aparecerá na cédula da próxima eleição nacional ou municipal para um “sim” ou um “não” somente da comunidade afetada (controlado pelo endereço de cada eleitor).  O mesmo princípio aplica-se aos distritos eleitorais e às obras e serviços públicos municipais ou estaduais. No sistema de eleição distrital pura, divide-se o número total de habitantes pelo número de representantes desejados para cada instância câmaras de vereadores ou assembleias legislativas, por exemplo. A unidade contada é sempre o número de habitantes, e não o de eleitores, porque é obrigatório que o distrito eleitoral tenha uma correspondência com um elemento físico que possa ser aferido. Como na média nacional a um determinado número de indivíduos, habitações ou famílias corresponde um mesmo número médio de eleitores, o que vale é o endereço. Um distrito eleitoral municipal será, portanto, uma soma de distritos escolares. Uma soma de distritos municipais dará um distrito estadual e uma soma de distritos estaduais dará um distrito nacional. Com 513 congressistas teríamos distritos de mais ou menos 400 mil habitantes neste Brasil de 207 milhões. Nos EUA, com 325 milhões e 435 deputados, cada distrito federal tem aproximadamente 700 mil habitantes. Todos esses distritos e subdistritos serão desenhados sobre o mapa da nação e, uma vez feito isso, só poderão ser alterados com base no censo nacional, a cada 10 anos. Cada candidato a uma função pública seja ao conselho diretor de uma escola, a uma câmara de vereadores, a uma assembleia legislativa ou ao congresso nacional só poderá concorrer por um distrito eleitoral. E cada distrito eleitoral elegerá apenas um representante.

Assim, cada representante eleito saberá exatamente o nome e o endereço de cada um dos seus representados, e vice-versa. O congressista americano não é o representante do estado fulano, é o representante do distrito eleitoral número tal. Não há vices nem suplentes. Em caso de vacância será convocada uma eleição extraordinária somente naquele distrito para eleger o substituto.  Qualquer eleitor pode iniciar uma petição de retomada de mandato (recall) do seu representante. Cada bairro, cidade ou estado as instâncias até onde vale esse recurso estabelece o número mínimo de assinaturas necessárias para qualificar uma retomada (em geral algo entre 5% e 10% dos eleitores de um distrito). O secretário de estado municipal ou estadual, funcionário que existe só para organizar essas “eleições especiais” que acontecem a toda hora, confere as assinaturas. O distrito então decide no voto, do orçamento da escola publica do bairro à construção de uma nova estrada no seu estado, a compra de mais carros da polícia da sua cidade ou o salário dos seus funcionários. Tudo, sempre, votado e pago diretamente só pelos cidadãos afetados. Espaço zero para roubalheiras.

Juízes também. Ninguém é onipotente. A cada quatro anos o nome de cada um deles aparecerá na cédula da eleição na sua comarca com a pergunta: O juiz fulano fica mais quatro anos?“. “Sim” ou “não“.  Leis de iniciativa popular cuidando desde casamento gay e maconha até leis penais ou proibição de aumento de impostos sem aprovação de quem vai pagá-los passam por esse mesmo processo. Coleta de assinaturas e qualificação e subida à cédula da próxima eleição para aprovação direta.

Para a eleição de novembro agora, quase 180 questões de alcance estadual se qualificaram para aparecer nas cédulas de todo o país. Milhares de outras de alcance municipal leis, processos de retomadas de mandatos de conselheiros escolares e funcionários eleitos (todos os que têm função de fiscalização do governo ou contato direto com o público) também estarão nelas. O povo, senhor absoluto e irrecorrível dos políticos, decide tudo no voto.  Assim, na próxima vez que você vir a sua eleição nacional ser apurada em duas horas, não fique todo orgulhoso. Você está sendo enganado. Isso que existe por aqui tem uma vaga semelhança com democracia, mas não é.


Fernão Lara Mesquita (publicado no Vespeiro)

Blog do Augusto Nunes - Veja
 

Comissão pode votar nesta quarta-feira ampliação da Lei Antiterrorismo

Projeto de Magno Malta abre a possibilidade de enquadrar ações de movimentos sociais

Na esteira do discurso do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o senador Magno Malta (PR-ES) quer votar nesta quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado o projeto que abre a possibilidade de enquadrar ações de movimentos sociais como atos de terrorismo . O texto já está na pauta da comissão.  [essencial que tal enquadramento passe a ser lei; afinal, é indiscutível que determinados movimentos sociais - com destaque, sem limitar, para o MST e o MTST - são verdadeiras quadrilhas, bandos de marginais, que tem um único objetivo: invadir propriedades alheias, privadas ou públicas, para tirar vantagens - em tais ações não vacilam em produzir cadáveres e sempre evitam adquirir personalidade jurídica com uma forma de ser favorecido com a impunidade.]

 A proposta de Malta altera a Lei Antiterrorismo, sancionada em 2016, e inclui na definição desse crime atos para “coagir governo” a “fazer ou deixar de fazer alguma coisa, por motivação política, ideológica ou social”. Parte dos trechos adicionados havia sido vetada pela ex-presidente Dilma Rousseff, justamente para evitar criminalizar manifestantes. 

O senador capixaba, aliado próximo a Bolsonaro, é relator da proposta, apresentada pelo senador Lasier Martins (PSD-RS). Entre os atos condenados como terrorismo, o senador ainda adiciona: “Incendiar, depredar, saquear, destruir ou explodir meios de transporte ou qualquer bem público ou privado” e “interferir, sabotar ou danificar sistemas de informática ou bancos de dados”. As penas previstas na lei variam. Os atos que “atentam contra a vida ou a integridade física de pessoa” são punidos com prisão de 12 a 30 anos.
— Está na pauta da CCJ e nós vamos votar. Estou trabalhando para isso. Eles estão com medo porque o que eles fazem é terrorismo mesmo e têm de ser punidos — disse Magno Malta, em referência ao MST. 

Apelo contra projeto
Ontem, integrantes do MST estiveram no Senado e apelaram a parlamentares para barrar a votação do projeto. O texto é uma das 23 propostas na pauta da CCJ. Se for aprovado, o projeto vai para a Câmara e, caso também passe entre os deputados, seguirá para sanção presidencial.  Durante a campanha, Bolsonaro fez críticas recorrentes aos sem-terra. Na noite de segunda-feira, durante entrevista a emissoras de TV, disse que não vai dialogar com o movimento.
— Eu vou fazer a faxina. A faxina será em cima dos que não respeitam a lei, como o pessoal do MST. [tem que acabar com a impunidade desses bandidos; lembram da invasão da Câmara realizada por marginais comandados por um tal de Bruno Maranhão - a impunidade foi total por falta de legislação adequada.]
 
A proposta defendida por Malta deve enfrentar resistências na própria CCJ. O senador Randolfe Rodrigues (Rede) já apresentou um voto separado em que julga o texto inconstitucional. [esse senador não tem UM PROJETO útil; seu único objetivo, seu único projeto, é ser contra tudo que tente conter a bagunça que ele pretende ver institucionalizada no Brasil.
Outro detalhe sobre o senador da Rede - aquele partido que existe para perder as eleições para presidente da República  - ele finge esquecer que quem declara inconstitucionalidade é o Supremo.
Causa curiosidade é o pessoal de um estado - não recordamos qual - eleger um senador cujo único objetivo é não produzir nada em prol da unidade federativa que o elege.] O senador cita nota assinada por dez entidades ligadas à defesa dos direitos humanos, como Instituto Terra, Trabalho e Cidadania e a Rede Justiça Criminal. 

A coordenação do MST começou a debater ontem qual será a estratégia do movimento em relação ao governo Bolsonaro. [adotar uma postura de bandido derrotado, de bandido diante de uma autoridade superior, qual seja: baixar a cabeça, não invadir propriedade alheia e não praticar nenhum ato ilegal.]  Um dos coordenadores nacionais do MST, João Paulo Rodrigues diz que a repressão é a maior preocupação.
— O MST já passou por repressão muito grande, muito parecida com essa promessa que se desenha, no governo do Fernando Collor, e no final do governo Fernando Henrique Cardoso, depois do massacre do Eldorado do Carajás. E o MST sobreviveu — lembrou Rodrigues, ao criticar o novo governo: — Há, agora, uma mistura muito delicada que é um governo completamente liberal, sem compromisso com pobres, especialmente do campo. Estamos preocupados com corte de políticas públicas. E também que veem o movimento como inimigo — disse. [não se trata de ver a quadrilha, aqui chamada por um dos chefes de movimento, como inimigo; 
eles são UM dos inimigos da ORDEM, das LEIS, do DIREITO DE PROPRIEDADE e de tudo o mais que existe de BOM no Brasil.]

A procuradora dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, afirma que a lei antiterrorismo não pode inibir liberdades:
— Sociedades democráticas têm que conviver com manifestações, reuniões e protestos. O que exceder as chamadas “liberdades expressivas” e eventualmente configurar crime deve ser tratado no âmbito do direito penal — disse. — Convém lembrar que a Constituição trata o terrorismo no mesmo artigo que trata dos “direitos fundamentais” (artigo 5º). Significa dizer que leis que tratam de terrorismo jamais podem ter o efeito inibidor das liberdades de manifestação, reunião, associação e protesto — acrescentou Deborah. [a prosperar o entendimento da nobre promotora, quando uma organização criminosa quiser realizar um ato ilegal, criminoso, violar direitos constitucionais, é só posar que está em uma reunião de protesto e mandar ver.
Tem protesto mais eloquente que explodir com dinamite um caixa eletrônico? Ou invadir a Câmara - nos moldes adotados pela quadrilha comandada por Bruno Maranhão - e depredar tudo?]
Também hoje, na Câmara, integrantes de uma comissão especial vão tentar à tarde aprovar o projeto batizado de “Escola sem Partido”, que proíbe o termo “gênero” ou “orientação sexual” no ambiente escolar e veda conteúdos e práticas que “tendam a aplicar a ideologia de gênero”.[as escolas, especialmente as de Ensino Fundamental e Médio, são locais para os alunos aprenderem coisas boas, importantes para o seu crescimento intelectual, moral, sendo inaceitável que sejam transformados em 'escolas' em que crianças e adolescentes se tornem adeptos do sexo desregrado.]

  
O Globo

terça-feira, 29 de maio de 2018

Megaempresário dos transportes confessa o locaute: “Se houver caminhões da Dalçóquio por aí, pode meter fogo”. Vai acontecer o quê?

Em meio à greve, que é locaute, destaca-se a figura singular de um empresário, que, consultem o Google, vive escoltando o deputado Jair Bolsonaro. Trata-se de Emílio Dalçóquio, cuja família, e ele também, é dona da transportadora Dalçóquio, uma das maiores do país, com sede em Santa Catarina. Em vídeo que circula na Internet, ele aparece falando sobre um palanque.  E diz com todas as letras:
“Se houver caminhões da Dalçóquio por aí, pode meter fogo”.


Logo, os caminhões da Dalçóquio “não estão por aí”. Parece haver a clara confissão de locaute. 

Oficialmente, ele é apenas sócio da empresa, que pertence à família. Estaria afastado da direção. O grupo emitiu uma nota, leio no NSC Total, que é estranha. Diz que a posição de Emilio é de “cunho único e exclusivamente pessoal”. No entanto, a empresa afirma entender e apoiar “o momento de União Nacional, na busca de uma nova política de preços dos combustíveis, dentre outros pleitos mais, o que se faz necessário, dada a realidade deste destacável setor da economia”. A transportadora diz ainda atender “o chamamento das autoridades públicas, objetivando o abastecimento dos órgãos vitais para a sociedade em geral”.

Como? Atender o chamamento das autoridades? Para os “órgãos vitais”? A Dalçóquio disputa mercado, certo?, não atende a chamamento. Parece que na nota em que nega vínculos com Emílio, está a confissão algo enviesada de… locaute.
Ou o governo faz valer a lei ou vira um fantoche. E é nisso que querem transformá-lo.

Blog do Reinaldo Azevedo

O É DA COISA: É um absurdo que não haja, até agora, um só baderneiro na cadeia; os governos federal e estaduais ainda existem? Então ajam!





sábado, 5 de novembro de 2016

Perguntas difíceis não são bem-vindas nas escolas ocupadas

O movimento de invasão a escolas visto em várias partes do país já conseguiu atrapalhar a vida de muitos estudantes. Mas ainda não produziu alternativas às propostas que, segundo dizem, motivaram essas "ocupações".  Contribui para isso a subserviência de grande parte dos participantes a partidos e movimentos de esquerda, além do apego a ideologias.

Se fossem apartidários, não viriam a Brasília tirar fotos e confraternizar com parlamentares da oposição. Sem se importar que alguns deles sejam investigados na Lava Jato.  O controle de movimentos estudantis por partidos, aliás, não é algo novo e explica 13 anos de silêncio diante dos dois últimos governos.  Superar a doutrinação ideológica no ambiente secundarista também não é fácil. É nítida a dificuldade de apresentar a estudantes uma visão mais liberal do mundo. E propostas como a "Escola sem Partido" acabam por fomentar mais desconfianças do que discussões.

Não parece haver estudante que não defenda um currículo mais flexível. Ao mesmo tempo, surpreende o discurso de muitos para que nada deixe de ser obrigatório. Propostas de reforma do ensino adormecem nas gavetas da Câmara. A edição de uma medida provisória, que tem prazo para ser votada e transformada em lei, no entanto, é vista como uma tentativa de acelerar debates para evitar discussões.

É possível que o Executivo recue e enterre a reforma. Afinal, é um governo com receio de se impor em temas que não sejam a PEC do teto de gastos. Com isso, fica tudo como está. Nesse ponto, aliás, os estudantes são mais um grupo que iniciou a guerra pelos recursos mais escassos desse novo Orçamento.

O Brasil investe pouco em educação. Mas gasta muito com benefícios previdenciários e funcionalismo. Haverá ocupação de escolas em defesa da reforma da Previdência?
Nas escolas ocupadas, perguntas difíceis não parecem ser bem-vindas. 


Fonte: Folha de S. Paulo - Eduardo Cucolo  

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Gilmar Mendes e MP-SP rebatem ativista do MPF Deborah Duprat sobre monitorar PM em atos do PT



Blog comenta atuação da procuradora, "uma das últimas moicanas" para blogueiro petista
O que você lê na imprensa como iniciativas do Ministério Público Federal ou, quando as notícias são um pouquinho mais específicas, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão são, com frequência, iniciativas de uma só servidora “pública”, no caso a procuradora esquerdista Deborah Duprat.

Foi ela, como mostrei aqui, que atacou o projeto Escola Sem Partido em texto militante (travestido de “nota técnica do MPF”) que considerava a escola “um lugar estratégico para a emancipação política”, na linha da proposta de “Revolução Cultural” do ideólogo comunista italiano Antonio Gramsci.

Foi ela, também, que, atendendo ao lobby disfarçado de “denúncias” por parte de ONGs e grupos de esquerda como Tortura Nunca Mais, Sindicato dos Advogados de São Paulo e Associações de Juízes para a Democracia, abriu um procedimento administrativo para investigar o suposto uso de violência pela Polícia Militar durante os atos de vandalismo petista disfarçados de protesto contra o presidente Michel Temer em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Este foi o ofício encaminhado à Procuradoria paulista:

(Detalhe: Duprat considera a tipificação penal de desacato à autoridade ofensiva à Constituição:
“É uma tipificação que atenta contra o regime democrático” e “inibe a liberdade de expressão nos seus aspectos e fundamentos essenciais, além de atingir mais severamente aqueles que estão em luta pela implementação de seu catálogo de direitos, em clara ofensa ao princípio da igualdade”, afirmou a procuradora em 31 de maio, em representação pela inconstitucionalidade dessa tipificação prevista no artigo 331 do Código Penal. Isso mesmo: “catálogo de direitos”.

Na prática, Duprat também quer dar ao cidadão o “direito” ao desacato durante eventuais atos de esperneio pela sua mortadela estatal a ser bancada pelos cidadãos trabalhadores que pagam impostos exorbitantes e, por conseguinte, os salários também altos de servidores como ela própria.)

Não à toa, Luís Nassif festejou com militantes no Twitter, em 6 de setembro, a notícia sobre o monitoramento da PM:  “Deborah Duprat, uma das últimas moicanas”, exaltou o autor do blog petista que recebeu R$ 1.274.671,00 em verba de publicidade federal em 2015 e para quem Duprat já deu longa entrevista, na qual conservadorismo é associado ao atraso e esquerdismo a avanços e conquistas.

A atitude de Nassif – que o presidente do PT, Rui Falcão, muito antes de vir à tona os valores oficiais, já confessara no programa Roda Viva ser um dos militantes do partido na internet – é compreensível: afinal, Temer cortou a verba de publicidade federal destinada aos blogs de opinião.
  BLOGS SUJOS

Já o ministro Gilmar Mendes, do STF, reagiu na ocasião com ótimas alfinetadas sobre os ofícios de Duprat, embora sem citá-la nominalmente, é claro: “Não sei se estão inventando uma nova forma de intervenção federal que não está na Constituição”.
“Acho um pouco curioso, é curioso saber que a Procuradoria considera que tem competência para isso”.
“Imagino que na Constituição exista cláusula de autonomia dos Estados. Não me parece que autoridades estaduais possam (sofrer esse tipo de procedimento)”.

E as melhores:  “Também é curioso que, com tantas ações policiais no Brasil, tenham selecionado esses dois Estados (governados por Geraldo Alckmin, do PSDB, e Francisco Dornelles, do PMDB, partidos hoje adversários do PT). “Afinal, todo dia tem ação policial em qualquer lugar do País, sobretudo nas comunidades mais carentes, e não me consta que haja esse tipo de monitoramento (da Procuradoria).”
“Os governadores deveriam oferecer a eles (procuradores) a chance acompanhar as ações policiais nos morros do Rio e nas favelas de São Paulo.”

Traduzindo: monitorar a PM em ato da companheirada petista é fácil, quero ver Duprat monitorar a PM subindo junto com ela a Rocinha.  E não foi só Gilmar que reagiu.
O Ministério Público de São Paulo entrou com representação no Conselho Nacional do Ministério Público, cujo presidente é o procurador-geral Rodrigo Janot, para anular o ofício de Duprat e impedir a invasão de competência. Ao Ministério Público Federal é legitimado o exercício do controle externo da atividade policial federal, e não da estadual. Não há margem interpretativa para se admitir que o MPF detenha atribuição para o controle externo das polícias civil e militar estaduais”, diz a representação, acrescentando que os membros do MP de SP agem em relação a todas as ocorrências nos protestos, sem omissão ou demora que justificasse a atuação dos procuradores federais.

O documento é assinado pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Poggio Smanio, e pelo corregedor-geral do MP de SP, Paulo Afonso Garrido de Paula, que consideram a ação do MPF “inadmissível”.  Eles também assinam uma reclamação disciplinar destinada ao corregedor nacional do Ministério Público, Cláudio Henrique Portela do Rego, pedindo a apuração de eventual infração dos deveres funcionais por parte dos procuradores. É nas mãos deste mesmo Cláudio Henrique que está a reclamação disciplinar contra Duprat apresentada pelo criador do projeto Escola Sem Partido, Miguel Nabig, e comentada em vídeo deste blog.

Um bom corregedor deveria punir servidores que fazem uso institucional do MPF para fins de militância política.  Quem faz tanta vista grossa a “uma das últimas moicanas” acaba se mostrando um “moicano” também.

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