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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

De Richard.Nixon@com para Temer@gov



Quem me ferrou foram os cabeludos do Washington Post, mas o veneno veio do FBI, fique longe da Polícia Federal

Caro colega,
Em 1974, quando tive que renunciar à Presidência dos Estados Unidos, o senhor estava concluindo seu doutorado e, pelo que sei, não se meteu naquele movimento destrutivo dos anos 60. 

O Roberto Campos, um brasileiro de quem gosto muito desde o tempo em que estávamos aí, me contou que há dias o senhor teve uma conversa com o chefe da Polícia Federal, sem a presença do seu ministro da Justiça. Ele não gostou e pediu que lhe escrevesse.  Saiba, doutor Temer, eu me ferrei no caso Watergate, quando uns doidos da Casa Branca resolveram grampear o escritório do Partido Democrata para apanhá-los arrecadando dinheiro para o que vocês chamam de caixa dois. Era uma mixórdia, e o resto da história é conhecido. Pegaram-me tentando obstruir o trabalho da Justiça, pois eu gravava minhas conversas no Salão Oval.

De fato, eu tentei abafar a investigação do FBI, a nossa polícia federal. Teria conseguido, se não fosse o tal “Garganta Profunda”, o misterioso informante de um repórter do “Washington Post”. Na mitologia que a imprensa cria em seu próprio benefício, ele só teria sido identificado em 2005, 11 anos depois da minha morte. Besteira. Seis dias depois do início do Caso Watergate, quando eu percebi que havia alguém orientando o repórter, suspeitei de Mark Felt, que havia sido preterido na escolha para o lugar de chefe do Federal Bureau of Investigation. Era ele. (O diretor do FBI era homem meu. Serviu para nada.)

Outro dia eu fiz ginástica com o Ben Bradlee, que era o editor do “Washington Post” à época.
Repassamos alguns episódios, e ele me contou coisas muito interessantes, mas pediu-me reserva. Para seu governo: o informante decisivo foi um dos jurados do julgamento dos doidos presos quando punham os microfones na sede do Partido Democrata. Conversar com jurado é crime. Talvez eu só possa revelar essa história quando o repórter chegar aqui. 

Doutor Temer, blinde-se. Há dez dias a Polícia Federal mandou-lhe 50 perguntas relacionadas com uma investigação de práticas corruptas no porto de Santos. Disseram-me que algumas delas são substantivas, outras são vagas, e há também uma meia dúzia simplesmente impróprias. Responda a todas, mas não trate verbalmente do assunto com ninguém. O Trump encalacrou-se porque inventou uma história de que a reunião de sua turma com os russos foi para tratar da adoção de crianças. 

A ideia de conversar com o chefe da Polícia Federal numa audiência que não estava prevista foi desastrosa. Sua assessoria diz que os senhores trataram de assuntos de segurança pública. Permita-me lembrar que o senhor tem um ministro da “Justiça e Segurança Pública”. Receber o chefe da Polícia Federal sem o ministro só serve para alimentar insinuações relacionadas com sua segurança política e mexericos de jornalistas. 

Eles me odiavam e me acertaram. Arrisco dizer-lhe que eles não lhe amam.Como diz um diplomata brasileiro que está aqui, o senhor atravessou a rua para escorregar numa casca de banana que estava na outra calçada. No limite, até para dar boa tarde ao chefe da Polícia Federal, o senhor precisa de uma testemunha.  Com meus votos para que o senhor passe por mais essa provação, este amigo do Brasil despede-se.
Richard Nixon.

Elio Gaspari, jornalista - O Globo

sábado, 23 de setembro de 2017

A bondade tarja preta

Dartagnol Foratemer resolveu ser político se aliando aos simpatizantes da quadrilha que ele ajudou a desmascarar

O mosqueteiro Dartagnol Foratemer segue firme em sua turnê contra os políticos para virar político. Ele tem visitado essas paróquias de gente alegre e socialmente engajada nas suas causas particulares. É um teatro bonito de se ver. Mas nem tudo é alegria.  No meio da festa, sobreveio a tragédia: Rodrigo Enganot, ídolo de Dartagnol na arte de fazer política fingindo fazer justiça, caiu de cara no chão. O açougueiro biônico do PT, com quem Enganot combinou a derrubada do governo com um peteleco, divulgou sem querer a trama toda. Enviou por engano às autoridades investigativas a gravação da confissão bêbada. A sorte foi que o Brasil também devia estar embriagado, porque não entendeu o enredo. Tanto que Rodrigo Enganot saiu disparando as flechas cenográficas contra a própria trama que o envolve — e o país, incrivelmente, continuou assistindo-o brincar de justiceiro.

Os companheiros do açougue acabaram presos — frustrando a vida de reis que Enganot lhes dera de bandeja, ao assinar a fuga mais obscena da história policial brasileira. Os maiores corruptores da República, inventados por Lula com o seu dinheiro, prezado leitor, tinham ido torrar a fortuna em Nova York, com a bênção do Robin Hood de botequim. O pequeno pedaço de Brasil que não tinha tomado todas já sabia de tudo: o braço-direito do conspirador-geral tinha pulado a cerca para montar a delação da felicidade — na qual os açougueiros biônicos dariam de presente a Enganot e grande elenco petista a volta ao poder central.

Mas o maior pecado que um meliante pode cometer é correr para o abraço antes da hora.  Deu tudo errado, e aí a vadiagem jurídico-intelectual das denúncias de Enganot foi definitivamente esclarecida: tratava-se de esquetes montadas com alguns dos maiores pilantras do pedaço, na base do “diz que te disseram isso”, “conta que você ouviu aquilo” etc. — não para investigar o mordomo a sério (ele agradece), mas para arrancá-lo do palácio no grito. Enfim, dois documentos que você não deveria deixar de ler na íntegra, prezado leitor, para entender até onde pôde ir a avacalhação das instituições mais altas deste país. Não aceite intermediários.

Deixemos de lado a salvaguarda hedionda dos supremos companheiros e do ministro Facinho em particular à ligeireza de Enganot. Fiquemos apenas na prostituição da Lava-Jato, usada como lastro moral para essa jogada — e aí estamos de volta à turnê purificadora de Dartagnol Foratemer. 
Naturalmente, honrando o sobrenome, este diligente, onipresente e multifalante mosqueteiro da República não viu nada, não ouviu nada, não soube de nada dessa operação insólita que levou o bravo Ministério Público a fazer fronteira com o pasto.

Enquanto os caubóis made in BNDES declamavam bêbados sua intimidade com o conspirador-geral, Dartagnol prosseguia, radicado em outro planeta, lapidando seu discurso de agradar MPB. Definitivamente, o escândalo da delação da cúpula da JBS não aconteceu no mesmo mundo do jovem mosqueteiro. Depois de fazer história na Lava-Jato, Dartagnol virou uma espécie de Molon subtropical um plantonista da narrativa antigovernamental, intrépido caçador de manchetes. Até pitaco (errado) em política fiscal andou dando, enquanto a tal corrupção que ele combate tinha seu escândalo mais obsceno no distante planeta Terra.

Por uma ironia atroz, Dartagnol Foratemer resolveu ser político se aliando aos simpatizantes da quadrilha que ele ajudou a desmascarar. É assim mesmo: quem quiser jogar para a plateia hoje em dia precisa ser abençoado pelos cafetões da bondade — esses que fingem com esmero ter um sonho igualitário de esquerda, enquanto vão recolhendo seus dividendos particulares. Igreja é igreja.

O plano do golpe de Rodrigo Enganot parecia infalível para essas mentes simples, que sonharam liderar a manada disparando frases de efeito contra o inimigo imaginário, fascista, branco e demais clichês opressores à disposição na butique da nostalgia revolucionária. Só faltou combinar com a realidade, essa entidade reacionária.

Nela, à parte a queda da máscara do conspirador-geral, a Bolsa de Valores está batendo recorde, a inflação e os juros estão despencando junto com o risco país, o emprego está voltando, e a vida das pessoas comuns vai melhorar — o que será terrível: essa gente alegre que vive de contar história triste vai ficar falando sozinha. Tem mais flecha aí no botequim, companheiro Enganot?

Eles são brasileiros e não desistem nunca. Tem até um senador fofinho que puxa saco de celebridade tentando melar a CPI da JBS — no exato momento em que a CPI vai ao FBI para fechar o cerco contra os companheiros açougueiros do bem. Veja onde a bondade foi parar, prezado leitor. Desse jeito, vai acabar dividindo cela com o filho do Brasil.

Fonte: Guilherme Fiuza, jornalista, O Globo


terça-feira, 22 de agosto de 2017

Cândido, ou a temeridade

O vice-líder do PT, codinome Palmas nas planilhas da Odebrecht, tem razão no sincericídio sobre o projeto de reforma política que vai à votação: seu trabalho é ‘ruim mesmo’

Ele acha seu trabalho indigno, “ruim mesmo”, produto típico da hipocrisia parlamentar em que vive há sete anos.  Autor da proposta de regras para as próximas eleições, não tem dúvida: a campanha de 2018 “ainda vai ser criminosa”.  Cândido é o sobrenome do deputado Vicente, 58 anos, dono de calva profunda, sobrancelhas arqueadas, propositadamente ressaltadas pelo desenho dos óculos, tudo amparado por um bigode de inspiração chapliniana.

Palmas é o codinome desse vice-líder do PT no Anexo Nº 52 do Inquérito 4448 entregue à Justiça por Benedicto Junior, chefe da central de propinas da Odebrecht.  A empreiteira deu-lhe um punhado de reais para a campanha de 2010, quando se elegeu para a Câmara. Sobre o pagamento a Palmas, o executivo anotou: “Sem intermediários”. Na coluna “Propósito”, justificou: “Disposição para defender projetos de interesse da companhia”.

De cândido, Palmas só tem o sobrenome na vida real. Saiu de Bom Jesus do Galho, em Minas, e se tornou padeiro e advogado em São Paulo. Ascendeu na política costeando alambrados de campos de futebol, na vice-presidência da Federação Paulista e na diretoria internacional da CBF, sob comando do antigo sócio na advocacia Marco Polo Del Nero, acusado de corrupção pelo FBI e investigado pela Fifa.

Com apenas dois anos de mandato, atropelou 512 deputados e assumiu uma das posições mais cobiçadas na Câmara no governo Lula, a de relator da Lei da Copa. Quatro anos depois, um acordo entre o PT e o DEM, nos bastidores do impeachment de Dilma, resultou na eleição do carioca Rodrigo Maia na Presidência da Câmara. Para surpresa do plenário, Maia entregou-lhe a relatoria da reforma política.

O “Relatório Cândido” vai à votação hoje. É um catálogo de autoajuda parlamentar. O autor não bate palmas nem acredita no que fez: “Se eu, que estou colocando isso no texto, fico indignado...”, confessou à repórter Catarina Alencastro. Referia-se à ideia de reservar no orçamento uma bolada de R$ 3,6 bilhões (0,5% da receita corrente líquida da União) para financiar eleições.

Para tanto, seria preciso obrigar cada brasileiro a desembolsar mais R$ 17 em tributos para pagar as contas de personagens como Palmas, que planeja a reeleição. É o triplo do que a sociedade já paga, via Fundo Partidário: são R$ 870 milhões neste ano, usados como recursos privados em 35 partidos.  Faturam como empresas médias. Recebem de R$ 4 milhões a R$ 80 milhões por ano do Orçamento, conforme a bancada. Não há risco, e a transparência nas contas é nula. Parte desse dinheiro público evapora na rotina de luxo dos donos de partidos — sempre obstinados na luta pelo subdesenvolvimento nacional.

Advogado tributarista, o deputado Cândido levou um semestre dedicado à arte de depenar o contribuinte para obter o máximo de penas com o mínimo de grasnidos. Deu ao processo o nome de “Financiamento da Democracia”. Diante do grasnado coletivo, semana passada fez um adendo de tragicômica candura ao seu projeto: propôs a legalização de bingos, jogos e sorteios para financiar partidos e campanhas a partir de 2017.  O vice-líder do PT elevou o risco político à categoria de temeridade. Ele tem razão no sincericídio: seu trabalho é “ruim mesmo”.

Fonte: José Casado - O Globo


terça-feira, 15 de agosto de 2017

FBI alertou governo Trump sobre racistas

FBI alertou governo Trump sobre racistas em maio: 'Mataram mais que qualquer grupo extremista doméstico nos últimos 16 anos'

A tragédia do fim de semana em Charlottesville não pegou de surpresa o FBI (polícia federal americana) e o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.  Em maio, um relatório assinado pelos dois órgãos informou o governo dos Estados Unidos que os supremacistas e grupos de extrema-direita americana são responsáveis por mais mortes do que qualquer outro grupo extremista doméstico do país nos últimos 16 anos.
"Extremismo supremacista branco impõe ameaça persistente de violência letal" é o título do informe.
"Eles provavelmente continuarão a representar uma ameaça de violência letal durante o próximo ano", informava o documento, revelado nesta segunda-feira pela revista Foreign Policy.

Ainda de acordo com o relatório apresentado pela inteligência americana, os supremacistas foram responsáveis por 49 homicídios em 26 ataques contabilizados no período. O boletim conjunto foi entregue ao governo Donald Trump há pouco mais de três meses com "o objetivo de oferecer novos dados sobre os alvos dos supremacistas e extremistas brancos e a situação da violência praticada por estes grupos nos EUA".  O relatório pretendia ainda servir como base para investigadores federais, estaduais e locais contra o terrorismo, além de polícias e agências de segurança privada, "na contenção, prevenção ou combate a ataques terroristas nos EUA

 Segundo o relatório, a maior parte dos ataques foi realizada com armas de fogo(Reuters)

'Unir a Direita'
Supremacistas, neonazistas e nacionalistas radicais organizaram marchas e protestos neste fim de semana na cidade de Charlottesville, no Estado americano da Virgínia. O "Unite the Right" (ou "Unir a Direita") resultou em pelo menos 19 feridos e três mortos. A violência registrada nos protestos foi tamanha que o governo da Virgínia declarou estado de emergência para permitir a mobilização de mais forças de segurança, incluindo tanques e helicópteros.

Carregando escudos, usando capacetes e ostentando suásticas e símbolos nazistas, os manifestantes de extrema-direita protestavam contra os planos da cidade de remover a estátua do General Robert E. Lee, um militar comandou as forças dos Estados Confederados durante a Guerra Civil Americana (também conhecida como Guerra de Secessão) entre 1861-1865.

Na sexta-feira, em uma marcha que não foi autorizada pela polícia e a prefeitura da cidade, supremacistas brancos acenderam tochas - em uma clara referência ao grupo Ku Klux Klan - e gritaram palavras de ordem como "Vidas Brancas importam" e "Vocês não vão nos substituir" ao marchar pela Universidade da Virgínia, que fica na pequena cidade de 50 mil habitantes.

No sábado, quando o protesto parecia controlado, um homem de 20 anos avançou de carro contra uma multidão e matou Heather Heyer, uma advogada de 32 anos. Nesta segunda-feira, James Alex Fields Jr. teve um pedido de pagamento de fiança para aguardar julgamento em liberdade negado pela justiça local.

Ataques
Só em 2016, segundo o relatório da inteligência americana, grupos supremacistas e extremistas brancos cometeram um ataque letal e outros cinco com potencial de mortes. Todos tinham como alvo minorias relogiosas ou raciais, "incluindo latinos, afro-americanos, um estudante chinês e uma pessoa identificada como judia".  A maior parte dos ataques foi realizada com armas de fogo - em seguida vieram os ataques com facas.

Uma estudante chinesa foi atacada com uma machadinha enquanto tirava fotos para um trabalho universitário, em fevereiro de 2016. Segundo o tribunal local que julga o caso, o suspeito teria se auto-identificado como um supremacista e dito que queria matar a estudante por sua "raça".  Dez dias depois, em Los Angeles, três homens pertencentes a um grupo racista foram presos após atacar um grupo de latinos. Eles teriam gritado ofensas raciais antes de avançar sobre os homens e atualmente aguardam julgamento. 

Há um ano, em 21 de agosto de 2016, um homem que também se declarou como supremacista foi preso como suspeito de matar um homem negro com uma faca no Estado de Indiana, também motivado por ódio racial. 

O relatório oficial entregue ao governo americano inclui outros casos e também citava membros da Ku Klux Klan como potenciais mobilizadores de ataques contra minorias. Desde 2000, as minorias raciais são o principal alvo de ataques realizados por extremistas brancos nos EUA. Em seguida vêm brancos moradores de rua, traficantes, estupradores e outros supremacistas brancos "identificados como desleais ao movimento".


Agências
Procurado pela revista Foreing Policy, um porta-voz do FBI disse que a agência não pode comentar relatórios específicos de inteligência. "O FBI compartilha rotineiramente informações sobre potenciais ameaças para melhor habilitar a aplicação da lei para proteger as comunidades", disse a corporação.

Já o Departamento de Segurança Interna, que também assina o relatório conjunto, preferiu comentar apenas o episódio de Charlottesville. "O pessoal do DHS tem mantido contato com o estado da Virgínia e com as autoridades policiais locais para oferecer qualquer assistência necessária para lidar com o incidente violento horrível registrado em Charlottesville", afirmou o órgão, em nota.
A Casa Branca ainda não comentou publicamente os dados do relatório.

Fonte: BBC Brasil



 

 

domingo, 25 de junho de 2017

Plano abortado

Trocar o chefe da Polícia Federal em seguida ao relatório que aponta indícios vigorosos de que o presidente da República cometeu crime de corrupção seria uma atitude acintosa de retaliação a uma instituição que, embora subordinada ao Ministério da Justiça, tem sua autonomia funcional garantida pela Constituição.

É claro que o novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, tem todo o direito de nomear seus subordinados, e seria impensável que a Polícia Federal fosse intocável como o FBI de Edgard Hoover nos Estados Unidos, o que entrou para a história como exemplo de politicagem de baixo escalão.

Hoover espionava todos os presidentes e os chantageava para permanecer no cargo. É claro que o presidente da República, tanto lá quanto cá, tem o direito de trocar os que dirigem suas agências de inteligência. Mas assim como Trump arranjou problemas por demitir James Comey, então diretor do FBI, também Temer terá problemas com a desejada demissão de Leandro Daiello.

Tudo devido ao momento em que as ações foram tomadas. Nos Estados Unidos, Trump tentou paralisar investigações sobre a influência da Rússia nas eleições americanas que o levaram à presidência. A crise só aumentou, e uma investigação independente está sendo feita para saber até que ponto o presidente dos Estados Unidos tentou obstruir a Justiça, o que, se confirmado, pode leva-lo ao impeachment.

Aqui o nosso presidente já está sendo acusado de obstrução da Justiça, e o pedido de processo contra ele pela Procuradoria-Geral da República chegará ao Supremo Tribunal Federal na semana que se inicia. O encontro do ministro da Justiça com o chefe da Polícia Federal no exato momento em que foi anunciado que o inquérito sobre o presidente da República foi concluído com a acusação de que houve crime de corrupção passiva, e que a perícia no áudio da gravação de Joesley Batista mostra que não houve nenhum tipo de montagem ou manipulação, é indicativo de que está havendo uma movimentação do Palácio do Planalto para tentar controlar as ações da Polícia Federal.

Se confirmada a interferência na Polícia Federal, ainda mais da maneira que está parecendo, mais um ingrediente altamente explosivo será acrescentado a essa receita de crise política. O ministro Torquato Jardim foi nomeado em um fim de semana, justamente para que o ministério da Justiça tivesse um maior controle sobre a Polícia Federal. Agora, em outro fim de semana, o novo ministro inicia o movimento, mas tem que recuar da decisão, que parece já tomada, de trocar o chefe da Polícia Federal. Informalmente, em uma reunião na véspera com os representantes sindicais da categoria, ele havia dito que trocar a direção da Polícia Federal está em seus planos.

O governo Temer é acusado, sem que se possa confirmar definitivamente até o momento, de ter reduzido as verbas para a Polícia federal, no que seria um primeiro passo para inviabilizar sua atuação. Na reunião com os líderes sindicais, o ministro Torquato Jardim anunciou também que vai transferir os agentes que se dedicam à parte administrativa, como passaportes e controle de estrangeiros, para outros setores do ministério, reduzindo a parte operacional da Polícia Federal, que deixaria de poder usar esses agentes em casos de necessidade. Além do mais, alegam os sindicalistas que esses agentes tratam de informações confidenciais que são úteis a investigações.

Os principais articuladores da mudança na direção da Polícia Federal seriam o ministro Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, e o general Sérgio Etchegoyen, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, cujo candidato seria o delegado Rogério Galloro, o segundo na hierarquia da Polícia Federal, um policial “de perfil mais político". 

Tudo indica que o governo não se sente forte o suficiente para dar esse passo ousado de tentar controlar a Polícia Federal. Mas os planos são esses. 

Fonte: Merval Pereira - O Globo 
 
 

sábado, 21 de janeiro de 2017

DONALD TRUMP é o 45º presidente dos Estados Unidos da América, com grandes chances de dar certo

‘América em primeiro lugar’: começa a revolução trumpiana

Discurso desafiador da posse mostra que o novo presidente vai para a briga, exatamente como prometeu durante a campanha vitoriosa

A expressão amarga de Michelle Obama praticamente resumiu tudo do ponto de vista dos adversários do presidente que entra: Donald Trump disse que está tudo errado no país, bem na frente do presidente que sai (George Bush também recebeu umas lambadas indiretas).


 Brilho garantido: entre problemas que parecem quase insuperáveis para o novo presidente, não está o guarda-roupa de Melania (Jonathan Ernst/Reuters)

Falando a todos, mas em especial aos “homens e mulheres esquecidos”, Trump fez um discurso agressivo, provocador, sem considerações pelos sentimentos de Barack Obama nem preocupação alguma em acalmar os que não votaram nele, fora as palavras habituais, bem rápidas, sobre a união nacional.  Como um líder revolucionário arengando a massa, Trump repetiu e até aumentou o calibre de seus discursos de campanha. O tom nacionalista subiu. Ninguém vai mais se aproveitar da boa vontade dos americanos, roubar os empregos americanos, enganar os americanos, prometeu.

O país será completamente reconstruído embora, quem olhe de fora, não ache que os Estados Unidos estejam em ruínas. Estradas, pontes, aeroportos e ferrovias serão reconstruídos com mão-de-obra americana.  Outras promessas: “Vamos trazer de volta nossas fronteiras, vamos trazer de volta nossa riqueza e trazer de volta nossos sonhos”. E para onde foi tudo isso? “Defendemos as fronteiras de outros nações ao mesmo tempo em que nos recusamos a defender as nossas e gastamos trilhões de dólares no exterior enquanto a infraestrutura da América cai aos pedaços”, explicou ele mesmo.

Em outra guinada de derrubar queixos em todo o planeta, Trump lançou um desafio a si mesmo. “Vamos erradicar o terrorismo islâmico radical completamente da face da Terra”.
O manifesto populista poderia constar do léxico de qualquer líder de esquerda, com alguns sinais trocados. “Estamos transferindo o poder de Washington de volta ao povo”, disse o líder da revolução trumpiana. “Este momento é de vocês, pertence a vocês”.

Contra todos os prognósticos, Trump tem chance de dar certo?

Da enigmática relação com a Rússia aos vestidos de Melania, um rápido guia dos problemas que o novo presidente vai peitar logo na largada

Ser assassinado é a melhor maneira para um líder político virar um monumento gigantesco em Washington. Um estranho Abraham Lincoln de pedra contempla o mundo sem nada da grandiosidade dos faraós egípcios, mas com intrínseca dignidade. Martin Luther King, uma abominação estética nos padrões do monumentalismo soviético, tem olhos puxados – nada estranho, pois foi feito na China, pelo escultor Lei Yixin.

Muito mais elegante, e à prova de modismos, é a chama eterna na sepultura de John Kennedy. Fica ao nível do chão, como todos os túmulos do cemitério militar de Arlington, entre placas de pedra.  Isso tudo nos leva, num salto acrobático, a Donald Trump, que hoje se torna o quadragésimo-quinto presidente dos Estados Unidos. Por enquanto, e provavelmente para todo sempre, ele tem poucas chances de virar monumento oficial.

Mas a hipótese de que uma “tragédia” acontecesse em sua posse foi mencionada de propósito na CNN, como uma especulação jornalisticamente legítima sobre o que aconteceria se tanto Trump quanto o vice, Mike Pence, sumissem do mapa. Isso dá uma ideia do ambiente, mais do que hostil, verdadeiramente envenenado em que Trump assume a Presidência. Imaginem se algum meio de comunicação aventasse a possibilidade de que Barack Obama fosse assassinado em alguma de suas duas posses. Provavelmente, seria execrado como terrorista, racista e propagador do discurso do ódio e da violência.

Com Trump, vale tudo. Em parte, por culpa dele mesmo: o estilo, e muitas das ideias, do bilionário desbocado inspiram reações descontroladas. Isso é um perigo para o jornalismo, pois não existe nada mais fácil na profissão, hoje, do que competir para ver quem escreve ou diz as piores coisas sobre Trump.  Sem cair na minoria oposta – comentaristas da Fox News, redatores do site Breitbart e agregadores do Drudge Report -, vamos fazer o esforço de não usar destemperos verbais e analíticos para avaliar como será a fase inicial do governo Trump.
Os fatos sempre têm o péssimo hábito de se imiscuir nos prognósticos, mas alguns pontos parecem ter um lugar garantido. Vamos aos principais:
1-OPOSIÇÃO NA RUAS
As manifestações em curso entre hoje e amanhã são, nas palavras de organizadores, um treinamento para o que virá.  Os Estados Unidos têm hoje uma “categoria profissional” de manifestantes – aliás, como no Brasil -, dedicada em tempo integral a treinar o núcleo duro dos protestos de rua. Entre suas habilidades, inclui-se a arte da provocação, como se viu em alguns comícios de Trump durante a campanha. A massa dos bem intencionados, dedicados ao saudável exercício das manifestações democráticas, vai atrás.


Nos protestos de ontem em Nova York, o estilo Black Block foi evidente. O diretor Michael Moore fez um discurso prevendo: “Com muito esforço da nossa parte, ele não vai durar quatro anos”. É o tipo de prognóstico que vem sendo repetido com insistência, tanto como expressão de desejo quanto por especulações baseadas em encrencas potencialmente reais.  Os protestos de agora são genéricos, contra Trump de forma geral. É praticamente certo que se tornem muito mais agressivos quando acontecer o inevitável: um cidadão negro ser morto por policial. Independentemente das circunstâncias (que contam cada vez menos no tribunal da opinião pública, onde cada um acredita na versão que mais coincide com seus prejulgamentos), haverá protestos muito maiores do que os ocorridos durante o governo Obama.

David Cay Johnson, um dos maiores inimigos de Trump na imprensa e autor de um livro sobre le, diz que, num quadro de múltiplos distúrbios, o novo presidente pode decretar uma espécie de estado de emergência, cancelar a lei que proíbe a intervenção das Forcas Armadas em distúrbios domésticos e suspender garantias constitucionais como o habeas corpus. É inconcebível, mas dá uma ideia do nível de oposição que Trump desperta.

2- O ENIGMA RUSSO
Absolutamente tudo o que Trump fizer – e o que não fizer – em relação à Rússia será escrutinado à luz das inúmeras e espantosas acusações de que estabeleceu uma associação ilícita com o regime de Vladimir Putin.  Qualquer indício concreto desse tipo de tramoia seria motivo para a abertura de uma investigação e até de um futuro processo de impeachment, mesmo com a maioria do Partido Republicano na Câmara e no Senado.


Algumas certezas nesse terreno pantanoso: os serviços secretos russos têm uma fantástica máquina de desinformação e encontraram um ambiente propício na extrema-direita americana (e na esquerda também: Jill Stein, a candidata a presidente falsamente “verde”, esteve em comemorações oficiais na Rússia, da mesma forma que Michael Flynn, o general reformado indicado como assessor de segurança nacional por Trump).

Em princípio, Trump não precisa tomar nenhuma atitude em relação à Rússia logo em seus primeiros dias como presidente, quando estará ocupado com a nova reforma no sistema de saúde, o muro na fronteira com o México (ou qualquer alternativa a ele), a reforma fiscal e a desregulamentação da economia.  Cada um desses temas é de altíssima complexidade e alguns vão consolidar ou não o ambiente de otimismo na economia (sim, Trump desafiou mais prognósticos; a bolsa subiu 6% desde sua eleição e as perspectivas de crescimento aumentaram).

Mas, sendo quem é, Trump dificilmente deixará de cutucar o vespeiro russo logo de cara. Em princípio, não é errado tentar uma reaproximação com a Rússia que não fragilize aliados americanos na Europa Oriental nem seja baseada em avaliações ingênuas (lembram-se da “tecla de reiniciar” da então secretária de Estado Hillary Clinton?).

3- INIMIGOS EM LUGARES IMPORTANTES
A primeira coisa que Trump fará amanhã, sábado, será uma visita à sede da CIA, que fica numa confluência dos três estados que convergem para Washington. O prédio em Langley, na Virginia, é igualzinho a reprodução que aparece em inúmeros filmes, incluindo o paredão de mármore branco com os nomes dos agentes mortos em serviço (ou apenas uma estrela, nos 117 casos extremamente secretos para serem revelados mesmo depois da morte).


Muitos desses filmes mostram diretores da CIA conspirando contra presidentes, geralmente no papel de vilões. A realidade, como sempre, é mais intrigante: o diretor que deixa a CIA agora, John Brennan, que foi funcionário de carreira da agência, conspirou contra Trump e, para os inúmeros inimigos do novo presidente, fez papel de herói.  O confronto sem precedentes aconteceu por causa da obscura conexão russa. Trump e Brennan trocaram desaforos por causa do dossiê que menciona os encontros sexuais mais difíceis de descrever desde o uso erótico de um charuto envolvendo Bill Clinton e Monica Lewinsky além de um certo vestido azul e outros detalhes constrangedoramente expostos na época.

O dossiê foi feito por um ex-agente inglês e incluído pelo FBI, na categoria do “andam dizendo por aí”, em apresentações feitas a Obama e ao próprio Trump – uma maneira evidente de legitimá-lo pelo simples fato de ser mencionado.  “Fontes” de inteligência falaram a vários órgãos de imprensa que os encontros com prostitutas em Moscou, registrados pela espionagem russa, eram um instrumento de chantagem sobre Trump. Isso significa que elementos em posição de destaque na CIA acreditam no que consta do dossiê, embora evidentemente sem poder apresentar a comprovação, como tudo nessa área. Ou conspiraram abertamente contra o presidente eleito.

Mesmo trocando a direção da CIA, como acontece habitualmente, Trump não pode se permitir um clima de inimizade com o serviço de inteligência. Visitar a Fazenda, como os íntimos chamam a sede da CIA, é apenas o primeiro passo de uma reconciliação obrigatória.  Se não funcionar, as vulnerabilidade de Trump aumentam a um nível próximo do insuportável. Só para lembrar: muitos integrantes da esfera dos serviços de inteligência discordaram das políticas de Obama a ponto de se desiludirem ou até deixarem suas funções.

4- JERUSALÉM, JERUSALÉM
Outra questão que Trump não precisa ativar de imediato é como se relacionar com Israel e a encrenca palestina. Mas já foi noticiado que o novo governo pretende se pronunciar sobre o status de Jerusalém. A Cidade Santa e disputada foi tomada em 1967, depois da vitória contra os países árabes que pretendiam varrer Israel do mapa. Pelas normas internacionais, Israel, que considera a cidade sua capital, tem que devolver a parte que conta de Jerusalém, a oriental, onde ficam os lugares santos das três religiões monoteístas. Dificilmente isso vai acontecer, principalmente depois que diversos acordos de partilha foram rejeitados por líderes palestinos.


Mas as embaixadas estrangeiras ficam todas em Tel-Aviv. Transferi-las para Jerusalém seria aceitar o status quo vigente – e é exatamente isso que defende o embaixador nomeado por Trump, o advogado David Friedman.  Mudar a embaixada americana provocaria um frenesi em países árabes e muçulmanos em geral. Trump poderia complicar a situação ao fazer isso no âmbito de uma proposta de paz negociada por seu genro, Jared Kushner.

Nomear parentes já é complicado e demiti-los é pior ainda. Colocá-los para conseguir o impossível, pelo menos até agora, parece absurdo. A única esperança parece ser o princípio mais importante da arte da negociação pregada por Trump: começar com as propostas mais extremas e depois brigar, brigar e brigar até chegar ao acordo imaginado desde o inicio.
Ah, sim, ter um entendimento com a Rússia poderia ajudar no Oriente Médio- se o regime putinesco tivesse interesse em acalmar o ambiente internacional e não agitá-lo como vem fazendo.

5- A DAMA DOURADA
Este quesito é só para descontrair o clima envenenado e mencionar a divertida briga dos “estilistas contra Trump”, os nomões do mundo da moda como Tom Ford e Marc Jacobs que aderiram a um boicote sartorial contra a primeira-dama, Melania.  Que político na face da Terra pensaria em entrar nesse tipo de corte e costura? Donald Trump, claro. Espicaçado numa entrevista amistosa (da Fox, claro), o presidente disse que gosta dos óculos da linha de Tom Ford, mas não das roupas e nunca ninguém pediu ao estilista que vestisse Melania.


Protegida por uma esplêndida armadura dourada, assinada por Reem Acra, libanesa radicada em Nova York, Melania Trump desfilou pela festa na noite anterior à posse seguindo o estilo habitual: ex-modelo casada com bilionário que se veste para deslumbrar.
Nesse quesito, Trump não tem com que se preocupar. Até a estátua de Lincoln deve ter levantado as pálpebras cansadas para dar uma olhada.

Fonte: Mundialista -  Vilma Gryzinski

sábado, 23 de julho de 2016

A Hora do Medo

Quando li sobre o ataque a machadadas e facadas feito pelo afegão de 17 anos em um trem que chegava a Würzburg, Alemanha, fiquei muito chocada. Como pode um adolescente ainda tão próximo da infância ser assim cruel, violento, desgraçado?

O que será que o levou a se transformar nesse monstro? Depois, como se alguém puxasse pelos meus cabelos para que meu cérebro acordasse, eu me dei conta de que, para uma carioca, ler esse tipo de notícia não devia ser chocante. Triste, sim, sempre. Mas chocante não já que aqui, nesta linda e outrora aconchegante cidade, crimes cruéis são cometidos a cada 2 horas. Já devia estar habituada a ler sobre o mal, o ódio, a sanha que pode levar o homem a se transformar numa besta-fera.

A VEJA de 13 de julho faz um relato do que aconteceu nas primeiras 48 horas do mês de julho: das 20 horas do dia 1º, uma sexta-feira, às 20 horas do domingo 3, foram vinte e sete mortos,  vinte feridos, dezenove tiroteios, sete arrastões. [clique para ler] 

A descrição de alguns dos crimes cometidos nessas 48 horas é terrível.  Depois de ler a reportagem, podemos avaliar o crime do afegão como brutal, feroz, bestial? E é nesta cidade que teremos no mês de agosto os Jogos Olímpicos. O cenário é perfeito, o carioca já gosta de uma festa, é apaixonado pelo circo.  Ao pão creio mesmo que prefere o circo. Receberemos  milhares de pessoas, boas, más, violentas, pacíficas, cruéis, bondosas, perigosas, gente de todo tipo.

Minha oração a Deus é que não permita que a espoleta que esses visitantes possam trazer chegue perto da pólvora que nossa criminalidade armazena há tanto tempo... O terror que ameaça o mundo de hoje ficará tentado a vir ao Rio? Aqui encontrará guarida entre os traficantes? Morro de medo dessa gente, confesso. E mais insegura fico ao ver as declarações conflitantes de nossas autoridades. O prefeito dá entrevistas divergentes ao The Guardian. Ora o Rio está à beira de muitas tragédias, ora se você quiser desfrutar de um agosto tranquilo, venha para o Rio.

O governo francês pede proteção extra para os liceus que mantém no Brasil e para as sedes de suas escolas de língua francesa em território brasileiro.  Nossa Abin se aconselha com o Mossad, com o FBI, com a CIA...  E querem me fazer crer que não há razão para medo?
O medo é o sentimento mais primitivo do homem. Os recém-nascidos tremem na mão do parteiro que os segura mal saem do ventre de suas mães e é de medo que tremem.  O coração acelera, a respiração fica ofegante,  as pernas e os braços se agitam.  É o corpo se defendendo do medo.  E por toda a nossa vida, em momentos de grande medo, assim ficaremos.
Eu me pergunto como se pode matar o medo? Como dar um tiro no coração de um fantasma, ou cortar sua cabeça fantasmagórica,  ou estrangular sua garganta espectral?”, foi a pergunta que Joseph Conrad fez e que ficou sem resposta.

Já Averróis, Jean-Paul Sartre e Umberto Eco não nos deixaram perguntas sobre o medo; definiram o que pensavam sobre esse sentimento que pode ser devastador:

De Averróis: A ignorância leva ao medo, o medo leva ao ódio e o ódio conduz à violência.  Eis a equação.
De Sartre:  Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem.
De Eco: É sempre melhor que quem nos incute medo tenha mais medo do que nós.

Será? Neste Rio onde há uma morte a cada duas horas, onde a vida não vale nada, onde matar um ser humano é o mesmo que pisar numa formiga? Estou com muito medo. Quero afastar esse sentimento negativo, feio, escuro. Mas como?

Na verdade, o mundo está ameaçado. A maldade e o ódio parecem dominar todos os países. Nice, Paris, Bruxelas, Londres, Orlando, Madrid... Não há como fugir da constatação: como é frágil esta nossa nave.

Fonte: Blog do Noblat - Maria Helena Rodrigues Rubinato de Souza