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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

DESGRAÇA DE SE NASCER ÍNDIO NO BRASIL

José Batista Pinheiro Cel EB Ref

Nenhum ser vivente pediu para nascer e viver esse grande mistério divino indecifrável, que é a vida humana na terra. O noticiário nacional nos mostrou o estado lastimável em que vivem as tribos ianomâmis na fronteira do Brasil com a Venezuela, donos de uma área do tamanho de Portugal. A política indígena no Brasil está totalmente equivocada.

Os ianomâmis, são um grupo de aproximadamente 35.000 indígenas que vivem em cerca de 200 a 250 aldeias na floresta amazônica, na fronteira entre Venezuela e Brasil. No Brasil, as aldeias ianomâmis ocupam a grande região montanhosa da fronteira com a Venezuela, numa área contínua de 9 419 108 hectares, pouco mais de 2 vezes a área do Estado do Rio de Janeiro. Na Venezuela os ianomâmis ocupam a Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare, com 8,2 milhões de hectares. A área total ocupada pelos ianomâmis no Brasil e na Venezuela é de 192 000 quilômetros quadrados. Abrange a região entre as bacias dos rios Orinoco e Amazonas.

Em sua maior parte, o território está coberto por densa floresta tropical úmida. O território é bastante acidentado principalmente nas áreas próximas às serras Parima e Pacaraima, onde se tem a maior concentração da população ianomâmi. Os solos são, em sua grande maioria, extremamente pobres e inadequados à agricultura, embora intensamente ricos em minérios nobres de alta valor comercial. No Brasil, os índios são tutelados pelo Estado, não são cidadãos brasileiros completos, com direitos civis. Ao nascer, o indiozinho é igual a qualquer outro bebê recém-nascido, que tanto pode ter vindo ao mundo em uma tribo ianomâmi, como nos aposentos luxuosos dos palácios da realeza britânica, em berço esplêndido, com roupas de seda. O coitadinho do índio não teve culpa, nem pediu para nascer em terras brasileiras em uma infecta maloca indígena, em uma rede de palha, feito um animal selvagem, sem nenhuma assistência médica e destinado a ser um pária social.

É muita maldade o que se fazem aos nossos índios, eles moram em ocas rústicas que constituem as tabas, sem nenhum resquício de higiene, analfabetos, sem escolas, sem tratamento médico, sem água potável, sem os benefícios da eletricidade, com alimentação precária predando animais em extinção para comer, poluindo os nossos rios, e muitos são alcoólatras e viciados em drogas. Existem vários órgãos governamentais para proteção aos Índios que não os protegem de nada. Os avanços da medicina moderna e da tecnologia estão fora do alcance dos bugres.

Este é o trágico panorama existencial dos nossos abandonados silvícolas. Já está na hora das autoridades brasileiras deixarem de tratar os índios com essa anomalia de paternalismo do tipo Funai, Ongs, Exército Brasileiro e outros, doando a eles grandes extensões de terra, fechando os olhos e deixando-os abandonados e desassistidos. Em vez dessas atitudes demagógicas e politicamente incorretas, as autoridades têm o dever de reintegrá-los à civilização dando-lhes moradias simples e confortáveis em suas próprias regiões, assistência alimentar, escolar, médica, acesso aos bens de consumo e autonomia para exercerem as suas crenças e tradições. A bem da verdade, os índios são tão brasileiros como todos nós, merecendo um tratamento igualitário, de acordo com os direitos e deveres constitucionais de todos os cidadãos nascidos nesta abençoada terra. Não dá para entender, baseados em que princípios, governos passados lhes outorgaram tantas terras ricas. Então, fica sem lógica a argumentação, de que os demais brasileiros do interior têm que comprar terras para exercerem a agricultura e pecuária e os brasileiros urbanos têm que comprar lotes de terras para construírem as suas casas.

Dentro desse contexto, saltam aos olhos interesses que forças externas estão pressionando as nossas autoridades, para doarem essas ricas glebas aos indígenas, principalmente na região amazônica, para posterior independência políticas dessas áreas, fracionando o nosso território, enfraquecendo a nossa soberania. Com a palavra, as nossas autoridades para esclarecerem esses absurdos.[cabe lembrar que as aqui chamadas forças externas, são na realidade organizações estrangeiras, na maioria apoiadas por governos que posam de defensores do meio ambiente e compram ONGs dirigidas por maus brasileiros, traidores e que se prestam a ser contra a Pátria Amada. 
O objetivo é transformar as terras indígenas em nações e com isso enfraquecer a SOBERANIA NACIONAL sobre tais 'reservas', o que facilita futura aquisição das terras 'indígenas'.
As condições de miséria que vivem os índios são estimuladas pelas próprias ONGs,  o que facilita a 'independência' dos indígenas, agora chamados de povos tradicionais, povos originários, denominações que torna fácil manter os índios em condições miseráveis, alegando ser por necessidade de manter os 'costumes'.
Como bônus eles ainda conseguem despertar alguma má vontade dos desavisados,  que são induzidos a ficarem contra o agronegócio brasileiro - a pretexto de salvar o planeta e os indígenas. 
As nações gringas que hoje condenam o Brasil - e que no passado devastaram suas florestas - temem o potencial de celeiro do mundo que se desenvolve no Brasil e a cada dia se torna mais real, mais concreto. Confira aqui.]

Transcrito do site Percival Puggina. *Enviado ao site pelo autor que é  Cel EB Ref, articulista do jornal Inconfidência (17.11.2021, Rio de Janeiro)


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Quem não teve voto nas urnas acha que pode judicializar tudo

Partidos de oposição sem voto nas urnas adotaram a estratégia de recorrer ao Supremo Tribunal Federal sempre que discordam de alguma ação do governo Bolsonaro.

Como a gente sabe, partidos que têm pouco votos nas urnas e, portanto, pouca representatividade no Congresso Nacional — estão recorrendo ao STF como caminho para incomodar o governo Bolsonaro. Nesta quarta-feira (7), foi a vez do PDT. O partido pediu à Corte que Bolsonaro dê explicações sobre o discurso que fez na ONU acerca do Pantanal e da Amazônia, sobre a ação de ONGs nas florestas. Bom, a peça caiu nas mãos de Dias Toffoli, que negou o pedido. [Toffoli não tinha como aceitar um pedido estúpido quanto o citado;

Aliás, o autor do absurdo pedido deveria ser punido por tentativa de obstrução à Justiça - definição adequada para algum ser sem noção que tenta obter explicações de um pronunciamento realizado em uma Assembleia Geral das Nações Unidas - e cujos efeitos, negativos ou positivos não podem mais ser contido.

Estranhamente, tal partido não questionou outra medida do nosso presidente: indicação de Kássio Marques para o STF = vários motivos podem ser objeto de ação, incluindo alegadas adaptações curriculares. Material para suportar eventuais questionamentos tem muito. Qual o motivo daquele partido se omitir?]

Não sei se foi resultado das conversas do presidente Jair Bolsonaro com os ministros da Corte, mas o fato é que está dando certo esse diálogo. Imagina se a ministra Cármen Lúcia tivesse seguido o mesmo caminho quando pediu que o Ministério da Defesa explicasse o que as Forças Armadas fazem na Amazônia...

Estímulo à impunidade 
O ministro Marco Aurélio mandou soltar André do Rap, um grande traficante e um dos líderes do PCC. Ele ficou cinco anos foragido e foi preso em setembro após encontrarem ele em uma mansão em Angra dos Reis (RJ). Na mansão tinha lancha, helicópteros e outros artigos de luxo, o tráfico internacional dá dinheiro. Ele foi condenado a 25 anos de prisão. Depois de solto, ele se tornou novamente foragido. 

O argumento de Marco Aurélio é que André do Rap estava preso temporariamente e o prazo para que fosse apresentada uma acusação já tinha expirado, como manda a lei para que os presídios não fiquem mais superlotados. Ao receber a reclamação do Ministério Público Federal, o ministro Luiz Fux determinou que a soltura fosse cancelada. Marco Aurélio reclamou a decisão e afirmou que o assunto vai ao plenário da Corte.

Eu acho que seria mais sensato que dessem 10 dias para a Polícia Federal de São Paulo resolvesse a situação da prisão temporária. Porque o povo quer que os assassinos, os traficantes, entre outros, encham os presídios, mas os juízes querem esvaziar. É incrível como há estímulo ao crime, há uma impunidade neste país. 
O nosso ex-presidente está aí para provar, ele foi condenado em segunda instância e está em casa esperando uma condenação em terceira instância - daqui a pouco vão criar uma quarta.

Jorge Oliveira no TCU 
Também nesta quarta, Bolsonaro indicou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, para o Tribunal de Contas da União. Os dois trabalharam juntos na Câmara quando Bolsonaro era deputado. O ministro também já trabalhou com Eduardo Bolsonaro.

O atual presidente do TCU, José Múcio, avisou que vai se aposentar três anos antes da idade máxima. Por isso, foi necessário que o presidente Bolsonaro indicasse alguém para o órgão legislativo.

Pizza sai mais barato
Tem muita gente brava com o fato de Bolsonaro estar interagindo com chefes de outros poderes em torno de uma mesa. Mas fiquem tranquilos. O presidente só está “negociando” rodeado de pizzas, jantares e cafés da manhã. Em outros tempos, tinha presidente que negociava em torno de malas de dinheiro, contratos fraudulentos de empreiteiras e estatais, ou de entreguismo de ministérios. Pois bem, sai mais barato pagar uma pizza.

Isolamento está fazendo mais mal que o coronavírus 
Eu fiz uma live no sábado com dois pesquisadores sobre o isolamento. Alguns jornais internacionais e brasileiros dizendo que o isolamento social faz mais mal que o coronavírus.

Um dos pesquisadores que estavam na live, Bruno Campello, mostrou que com o isolamento aumentou o número de violência doméstica e sexual, divórcios e suicídios. As pessoas não aguentam mais ficar trancadas.

Alguns artigos estadunidenses mostraram que ninguém mais aguenta essa máscara que é anti higiênica, que só deveria ser usada por quem está doente e não por quem não está com a doença. Quem não está doente e fica em casa vai acabar doente.

Desembargador repreende juiz
A nomeação de um subtenente para coordenador regional da Funai no Xingu havia sido cancelada por um juiz de primeira instância. Ao julgar recurso do governo, um desembargador repreendeu o magistrado dizendo o seguinte: “o juiz interferiu no exercício regular da competência administrativa de natureza discricionária atinente à direção superior da administração pública federal”.

Ele continuou: “interferindo também, por consequência, na própria organização administrativa estrutural da Funai”. É isso, a Justiça não deve se meter nisso, é da competência do presidente da República escolher. Ele foi eleito para isso. É algo mais do que natural, é óbvio. [derrubar o presidente do Brasil vocês -  inimigos do Brasil + inimigos da liberdade + inimigos da democracia = inimigos do presidente Bolsonaro - não vão conseguir.

Aceitem, dói menos - sempre vai doer - mas é o único caminho que resta aos inimigos do presidente.

Ou disputarem com ele as eleições de 2022 - vão perder outra vez e vai doer terrivelmente.]  

Recado às redes de TV
A Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro intimou o prefeito e candidato à reeleição Marcelo Crivella e a Rede Record por suposta propaganda subliminar durante a programação da televisão.
Disse a juíza Luciana Mocco Lima: “as emissoras de TV devem se manter isentas durante todo o pleito eleitoral, já que são prestadoras de serviços público em regime de concessão ou permissão”. 
O recado foi generalizado.

Alexandre Garcia, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes 



domingo, 10 de maio de 2020

Tentativa de interferência coloca independência da PF sob ameaça

Tentativa de interferência na corporação, insistência do presidente em impor o nome que lhe interessa, veto de ministro do STF, aproximação com a Abin... Todos esses fatores levaram o temor, para dentro da polícia judiciária, de que sua capacidade investigativa possa ser manietada
[a questão é que grande parte dos sem votos que querem protagonismo no Brasil, decidiram usar a Polícia Federal, como mais um instrumento para desautorizar o Presidente da República.
Esquecem que a Polícia Federal tem autonomia e expertise suficientes para manter sua independência institucional.
O presidente Bolsonaro tem autoridade para substituir ministros e diretores da RF, PR, PRF, FUNAI, mas não tem autoridade para boicotar investigações, quebrar sigilos.
Mesmo que contasse com apoio dos nomeados, apoio que sabemos ser praticamente impossível de ser obtido, seria descoberto e as instituições estariam a salvo dos 'invasores'.
Se for escolher alguém  prova de coaptação, sempre surgirá um dedo a apontar uma falha de segurança.]

A saída de Moro em si já seria preocupante, mas acendeu a luz vermelha diante das acusações que fez ao presidente Jair Bolsonaro de interferir na Polícia Federal, tentando obter acesso a relatórios de inteligência policial e insistindo na troca do diretor-geral e do superintendente do Rio de Janeiro, estado onde está sua base eleitoral. [a base eleitoral do presidente Bolsonaro é todo o o o Brasil e nenhuma das investigações envolvendo os filhos de Bolsonaro é realizada pela PF. As investigações estão a cargo do MPRJ e da Polícia Civil - esta comandada por Witzel.] Ali, pelo menos cinco investigações interessam à família Bolsonaro, entre elas, a apuração de movimentações atípicas em contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O inquérito segue em sigilo, mas mira pessoas próximas ao presidente e aos filhos dele.

A escolha de Muzzi foi um alívio, pois ele não tem proximidade com os Bolsonaro. Ele atuou na Lava-Jato e está na PF desde 2003, tendo ocupado o cargo de chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, da Superintendência do Rio. Além disso, foi diretor-adjunto do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional e dirigiu o Departamento Penitenciário Nacional (Depen). De perfil técnico, Muzzi terá o desafio de manter em curso as investigações a salvo de ingerências políticas. Carlos Henrique Oliveira será diretor-executivo da PF, o número 2 da corporação. Apesar de o governo afirmar que se trata de uma promoção, na prática o delegado “caiu para cima”: deixou a área de investigação para atuar no controle de portos, aeroportos e regiões de fronteira, além de cuidar de assuntos administrativos.

Incertezas

Ainda segundo Werneck, é necessário mais autonomia nas investigações e os policiais anseiam pela criação de uma lei orgânica. “É o que mais queremos, há 31 anos. Para que se discipline quais as atribuições, o que é obrigatório, direitos e deveres inerentes aos cargos e como os policiais federais vão ser tratados dentro da carreira”, diz ele, ressaltando que desejam, também, autonomia investigativa.

[a propósito: o próprio Moro em seu depoimento fez questão de deixar bem claro que o presidente da República, JAIR BOLSONARO, durante o tempo em que conviveram não cometeu nenhum crime.]

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA

domingo, 1 de março de 2020

Aumenta ousadia de invasores de terras indígenas - O Globo

Bernardo M. Franco 

DESRESPEITO AOS ÍNDIOS - Época de retrocessos

Os criminosos têm atuado à luz do dia, sem medo de represálias [sic] da Funai ou da Polícia Federal. Em alguns casos, a crença na impunidade é tamanha que eles se sentem livres para filmar e divulgar as ações ilegais.  Foi o que fez o deputado estadual Jeferson Alves. Na sexta, ele convocou fotógrafos e cinegrafistas para registrar sua performance na BR-174. Diante das câmeras, ligou uma motosserra e destruiu o bloqueio que protegia a terra indígena Waimiri Atroari.

Há cerca de 40 anos, a rodovia é parcialmente fechada à noite para reduzir riscos de atropelamento. O trânsito permanece livre para ônibus, ambulâncias e caminhões com carga perecível. Mesmo assim, fazendeiros e empresários insistem em derrubar o bloqueio.“Presidente Bolsonaro, é por Roraima, é pelo Brasil, não a favor dessas ONGs”, bradou Alves, exibindo a corrente rompida como um troféu. Na internet, o deputado se apresenta como um político “temente a Deus e aos princípios bíblicos”. Em dezembro, ele debochou da Justiça Eleitoral ao promover um show com sorteio de panelas, geladeiras e carro zero.

O clima de vale-tudo se estende a Raposa Serra do Sol, cuja demarcação foi combatida por Bolsonaro e pelo general Augusto Heleno. Depois de mais de uma década, a reserva voltou a ser invadida para a instalação de um garimpo ilegal de larga escala. Ouvido pela “Folha de S.Paulo”, o macuxi Edinho Batista de Souza vinculou o crime ao projeto do governo que libera a mineração em terras indígenas. No início de fevereiro, o senador bolsonarista Chico Rodrigues visitou a região para apoiar os infratores.

Em 2009, o Supremo Tribunal Federal confirmou a demarcação contínua de Raposa. Relator daquele processo, o ex-ministro Carlos Ayres Britto diz que o governo federal não pode continuar de braços cruzados diante das invasões. “A Constituição está sendo desrespeitada de forma petulante e inadmissível. A União tem o dever de sair em defesa das populações indígenas”, afirma. [ o ex-ministro Ayres Britto passou à história pela interpretação 'criativa' que permitiu que o decreto regulamentado da Lei de Acesso à Informação, modificasse o sentido de um parágrafo da Lei que regulamentava - descumprindo o princípio constitucional que uma Lei pode regulamentada por um Decreto, mas, jamais modificada.]
Para o jurista, as ações do governo estão “em rota de colisão” com os direitos dos índios. “O presidente não tem demonstrado conhecimento de causa. É uma época de retrocessos”, lamenta.

Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Não se enganem: nada disso é normal - Míriam Leitão

O Globo
Há quem prefira o autoengano. O governo hostiliza a imprensa, e o filho do presidente dá sequência a uma difamação sexista contra uma jornalista, da tribuna da Câmara. O presidente se cerca de militares da ativa. O ministro da Economia ofende grupos sociais. A Educação está sob o comando de um despreparado. Alguns ministros vivem em permanente delírio ideológico. Os indígenas são ameaçados pelo desmonte da Funai e pelo lobby da mineração e do ruralismo atrasado. Livros são censurados nos estados. A cultura é atacada. Há quem ache que o país não está diante do risco à democracia, apenas vive as agruras de um governo ruim. E existem os que consideram que o importante é a economia.

Existe mesmo uma diferença entre governo ruim e ameaça à democracia, mas, no caso, nós vivemos os dois problemas. As instituições funcionam mal até pela dificuldade de reagir a todos os absurdos que ocorrem simultaneamente. Quando um tribunal superior decide que uma pessoa que ofende [sic]  os negros pode ocupar um cargo criado para a promoção da igualdade racial, é a Justiça que está funcionando mal. O Procurador-Geral da República, desde que assumiu, tem atuado como se fosse um braço do Executivo. O Supremo Tribunal Federal (STF) parece às vezes perdido no redemoinho de suas divergências.

 
[O Brasil em que dizem que nada é normal, é um País em que uma decisão do Superior Tribunal de Justiça é criticada de forma negativa. Motivo: a decisão não foi nos moldes que os censores da esquerda esperavam.  
 
Normalidade para eles só vale se as coisas forem assim:
- decisões da Justiça, ainda que impliquem em cerceamento do Poder Constitucional do presidente da República,  deverão seguir o maldito 'politicamente correto' = um clichê - se é político, não pode se correto.
- estudantes na fase fundamental dos estudos devem ter acessos a obras 'culturais' nos moldes de 'macunaíma';
- militares da ativa, exercendo funções civis, é considerado militarização do governo;
- qualquer ministro, vale também para qualquer membro da equipe do presidente Bolsonaro, devem  em qualquer manifestação que emitirem, ter em conta  que a mesma será interpretada e sempre da forma mais desfavorável ao emitente e, por extensão, ao presidente;
- o ministro da Educação ter que ter a sabedoria de um Einstein, somada a de Aristóteles, Darwin e outros, apesar de sua função ser apenas a de coordenação da política educacional, cujo preparo cabe a vários asessores.
E, por aí vai... querem pautar o procurador-geral da República, o Suremo Tribunal Federal... é esta a normalidade que querem impor.

A calúnia contra a jornalista Patrícia Campos Mello, da “Folha de S.Paulo”, foi cometida dentro do Congresso Nacional. O depoente de uma CPI praticou o crime diante dos parlamentares. Um deles, filho do presidente, reafirmou a acusação sexista. É mais um ataque à imprensa, num tempo em que este é o esporte favorito do presidente. Mas é também uma demonstração prática dos problemas do país. Alguém se sente livre para mentir e caluniar usando o espaço de uma comissão da Câmara e é apoiado por um parlamentar.

Não é normal que um general da ativa, chefe do Estado Maior do Exército, ocupe a Casa Civil, nem que o Planalto tenha apenas ministros militares e dois deles da ativa. Não é bom para as próprias Forças Armadas. Essa simbiose com o governo seria ruim em qualquer administração, mas é muito pior quando o chefe do Executivo cria conflitos com grupos da sociedade, divide a nação, faz constante exaltação do autoritarismo e apresenta projetos que ofendem direitos constitucionais. As Forças Armadas são instituições do Estado, com a obrigação de manter e proteger a Constituição. Deveriam preservar sua capacidade de diálogo com todo o país, neste momento de tão aguda fratura. O trauma da ruptura institucional comandada por generais é recente demais.

Não é normal que um governo estadual se sinta no direito de retirar das mãos de estudantes livros clássicos, um deles escrito pelo mestre maior da nossa literatura. A leitura de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, do genial Machado de Assis, precisa ser estimulada e não proibida. É tão despropositada a ideia de colocar livros em um índex que muitos reagem apenas com incredulidade e desprezo. O obscurantismo, a censura, o retrocesso são graves demais.[lembrem-se: este parágrafo omite que entre aquelas obras, estava macunaíma.]

A economia nunca poderá ir bem num país enfermo. Não há uma bolha em que se possa isolá-la. Mesmo se houvesse essa capacidade de separação da realidade, é preciso entender que a economia não está nada bem. Se no mercado financeiro, se alguns líderes empresariais querem vender esse otimismo falso é porque têm interesses específicos. A verdade, que bons empresários e economistas lúcidos sabem, é que o mercado de trabalho exclui um número exorbitante de brasileiros, o país ainda tem déficit em suas contas, a alta excessiva do dólar cria distorções e a incerteza tem aumentado.

A crise econômica foi herdada por este governo, [o essencial, o que realmente importa, é que aos poucos - não na velocidade desejada, impossível de ser alcançada devido o desastre da economia herdade - as coisas estão melhorando, apesar da hostilidade de um Congresso e que é muitas vezes referendada pelo Judiciário.]  mas ele está cometendo o erro de subestimar os desafios. O ambiente de conflito constante com diversos grupos da sociedade, provocado pelo governo, esse clima de estresse permanente, não é bom para quem faz projetos de longo prazo no país. Quando o cenário de ruptura tem que ser considerado, os investidores se afastam. uem prefere o autoengano pode viver melhor no presente, mas deixa de ver os avisos antecedentes do perigo e, portanto, não se prepara para enfrentá-lo. Manter a consciência dos riscos é a atitude mais sensata em época tão difícil quanto a atual. Nada do que tem nos acontecido é normal.
 
Não se enganem: nada disso é normal
 
Míriam Leitão, colunista - Com  Alvaro Gribel, de São Paulo - O Globo


 


Com Alvaro Gribel (de São Paulo)

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Humanos como nós - Nas entrelinhas

Os povos isolados têm o direito de decidir se preferem viver em isolamento ou não. Para exercer esse direito, porém, precisam de tempo e espaço

Considerado o pai da antropologia estruturalista, o franco-belga Claude Lévi-Strauss (1908 — 2009), entre 1935 e 1939, dedicou-se a estudar os índios do Brasil Central, base para a publicação de sua tese As estruturas elementares do parentesco, em 1949. Ele rompeu com a ideia de que os índios são apenas índios, porque não concordava com a divisão entre civilizados e selvagens. Lévi-Strauss foi professor da recém-criada Universidade de São Paulo, com sua esposa Dinah Lévi-Strauss, Fernand Braudel, Jean Maugüé e Pierre Monbeig, e realizou pesquisas de campo em Goiás, Mato Grosso e Paraná, que também resultaram no livro Tristes Trópicos (1955). Procurou decifrar as relações entre o ser humano, a natureza e a cultura.

Para o antropólogo, o ser humano se diferencia dos outros animais devido ao uso de símbolos para se comunicar, não importa as particularidades de cada grupo humano. Seu objetivo não era estudar uma sociedade específica, mas identificar o que há nela de universal; por exemplo, sistemas de parentesco e restrições matrimoniais. Graças aos índios, por exemplo, sua compreensão do incesto ultrapassou as explicações biológicas ou morais. A proibição de manter relações sexuais com certas mulheres (como a mãe ou a irmã) e a permissão para tê-las com outras teceram as alianças fundadoras da vida social. O sistema de parentesco é o meio pelo qual se cumpre a transição entre a natureza e a cultura. Explica, por exemplo, como se formou a economia do sertão no Brasil colonial, a partir da miscigenação e do escambo entre os tupis e os portugueses.

Na monumental Mitológicas, de 1960, com mais de 2 mil páginas, Lévi-Straus analisou 813 mitos originários de povos do continente americano, desde os bororos, os jês e os tupi-cavaíbas do Brasil até os hopi, os pueblo, os mohawk e os kwakiutl da América do Norte. No primeiro volume, intitulado O Cru e o Cozido, comparou a análise conjunta dos mitos americanos à audição de uma sinfonia. Os músicos, porém, estão separados no tempo e no espaço, e cada um executa seu fragmento sem saber a partitura completa. Só é capaz de ouvir a música inteira quem estiver a distância. O concerto, segundo Lévi-Strauss, iniciou-se há milênios e hoje poucos músicos remanescentes continuam a tocar na orquestra.

Isolamento
No Maranhão, Karapiru, um indígena Awá, é um dos remanescentes da orquestra. Sobreviveu a um ataque de homens armados e, durante dez anos, morou sozinho, se escondendo na floresta. Agora vive com outros Awá, que são caçadores-coletores e nômades em constante movimento. Em Rondônia, outro índio solitário talvez seja o único sobrevivente de uma tribo massacrada por grileiros que ocuparam a região de Tanuro. Vive em fuga e é conhecido como “homem do buraco”, porque escava grandes covas para se esconder e guardar seus alimentos. Desde 1987, a Fundação Nacional do Índio (Funai) tem um departamento dedicado aos povos indígenas isolados, cuja política é fazer contato somente nos casos em que sua sobrevivência está em risco iminente. Em vez disso, a Funai busca demarcar e proteger suas terras de invasores.


Os povos isolados têm o direito de decidir se preferem viver em isolamento ou não. Para exercer esse direito, porém, precisam de tempo e espaço. [muito justo, justíssimo que exerçam esse direito e outros - desde que também tenham deveres e os cumpram; 
a classificação,  real e honesta, de que são seres humanos iguais a nós, é plenamente válida, desde que em todos os aspectos, incluindo que nós temos deveres e obrigação de cumpri-los.
inaceitável é que só tenham direitos, benesses, impunidade e nenhuma obrigação.] É o caso dos Piripkura, ou o “povo borboleta”, como são chamados pelos “Gaviões”, com quem interagem. Eles falam Tupi-Kawahib, o mesmo tronco linguístico de vários outros povos do Brasil. Os Piripkura eram cerca de 20 pessoas quando a Funai fez o primeiro contato no final da década de 1980. Depois, voltaram para a floresta, e mantêm relações esporádicas com os sertanistas. Somente sobreviverão se suas terras forem protegidas. Há centenas de grupos isolados na Amazônia.

Agora, o presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier, pretende nomear o antropólogo Ricardo Lopes Dias para a Coordenadoria Geral de Índios Isolados e Recém Contatados. Formado pela Faculdade Teológica Sul Americana, atuou por mais de dez anos para a Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), organização que tem por objetivo evangelizar os indígenas. Lopes Dias terá a missão de tornar o índio cada vez mais “um ser humano igual a nós”, para usar a expressão do presidente Jair Bolsonaro.

Voltemos à antropologia, que explica muitas coisas. Papa do estudo das religiões, o escocês Victor Turner (1920 — 1983) também bebeu das águas das sociedades primitivas. Tendo por base os Lunda-Ndembus, na região Noroeste da antiga Rodésia do Norte, atual Zâmbia, entre 1950 e 1954, viveu na aldeia e estudou o papel dos ritos, dos símbolos e das metáforas nos dramas sociais. Nesse período, de tempos em tempos, eclodiram conflitos, nos quais Turner identificou um padrão universal:
Primeiro, uma crise irrompia no cotidiano, expondo as tensões existentes; depois, os envolvidos acionavam suas redes de parentela, relações de vizinhança e amizade, e a crise se ampliava; a seguir, surgia a turma do deixa disso, que buscava a conciliação e soluções em rituais coletivos; finalmente, havia um rearranjo e as posições e relações eram redefinidas, ou não se chegava a um acordo e a cisão se tornava inevitável, seguindo a clivagem de parentesco e suas alianças, o que daria origem a uma nova aldeia. Qualquer semelhança com o que também acontece nas religiões e na política não é mera coincidência.

 Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense


sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Uma bagunça - Eliane Cantanhêde

Estado de S.Paulo

‘DO’ descartável: demite, readmite e demite de novo, com o PPI de galho em galho

Mesmo quando acerta, o presidente Jair Bolsonaro acaba errando. Incrível! Parece viciado em notícias e declarações bombásticas e, quando passa um dia sem disparar uma delas, sofre de abstinência e manda ficha. Lá vem manchete e lá vem a horda bolsonarista caindo em cima do mensageiro, leia-se, da mídia. Bolsonaro acertou ao demitir sumariamente o tal Vicente Santini, que era do segundo escalão da Casa Civil, estava temporariamente como ministro e se sentiu no direito de convocar um Legacy da FAB para ir à Índia. Não é só ridículo, custa uma fortuna aos cofres públicos. E é você, leitor, leitora, quem paga a farra.

Se o presidente estava certo e até os críticos reconheceram isso, por que readmitir Santini na mesma Casa Civil e com um salário apenas R$ 383 mais baixo? Sua audácia até que saiu baratinha, mas só para ele. Bolsonaro não tem saída. Ou foi ele quem readmitiu o assessor, depois de se encontrar pessoalmente e acertar tudo com o próprio, ou não foi ele e é sinal de que não manda nada, não sabe de nada e qualquer um faz o que bem entende dentro do Palácio do Planalto, sob suas barbas. Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. [a primeira alternativa, apesar de absurda, ainda é aceitável, considerando o caráter discricionário do cargo - e, se alguém induzi o presidente ao erro, demissão imediata para o alguém;
já a segunda, se ocorreu, impõe que o senhor Presidente Bolsonaro, demita sumariamente o autor da readmissão.
Quem mantém a autoridade presidencial é o titular do cargo.]

O que torna a lambança ainda pior é o fato de Santini ser amigão dos filhos do presidente, o que induz à conclusão óbvia de que papai Jair demitiu e os filhotes readmitiram, o que é bem verossímil, já que os meninos têm poder até de fazer o chanceler, o ministro da Educação, o presidente do BNDES. Bem, mas era preciso encontrar o mordomo da história e não foi difícil. Ele estava ali, disponível, evidente: Onyx Lorenzoni, o ministro da Casa Civil que não manda nada e só está onde está, consta, porque é o único ser, em todo o universo, capaz de fazer a ponte entre Bolsonaro e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

Historicamente, desde que era Gabinete Civil na ditadura militar, com nomes como Golbery do Couto e Silva e Leitão de Abreu, a Casa Civil da Presidência da República é o coração dos governos. [no Governo Militar, tanto o Gabinete Militar quando o Gabinete Civil, eram locais sérios, sob o comando do ministro-chefe de cada gabinete - foi durante o período da organização criminosa perda total = pt, que a Casa Civil se tornou central de corrupção e todos os seus titulares além das atribuições inerentes à Casa, comandavam o segundo nível de corrupção: Zé Dirceu,  Palocci, Dilma, Erenice e substitutos.] Seus chefes são os grandes articuladores políticos, ou os gerentes dos ministérios, ou ambos.

E o que é, afinal, Onyx Lorenzoni no governo Bolsonaro? Nunca coordenou os ministérios, entregou a articulação política já no primeiro ano para um general de quatro estrelas, e da ativa, e acaba de perder para Paulo Guedes o seu prêmio de consolação: o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Perdeu, aliás, o que nunca chegou a ter. Alguém sabe dizer o que sobrou para Lorenzoni, além de tirar fotos em solenidades do Planalto? Nada. Ou, como provocam os críticos da internet (esses “esquerdopatas que querem destruir a família brasileira”), só sobrou uma coisa: as mordomias. Até quando?

Além da profusão de declarações chocantes, Bolsonaro se especializou em demitir sob pressão ou por cisma ideológica. Vélez Rodríguez caiu do MEC e Roberto Alvim, da Cultura, por pressão. Ricardo Galvão (Inep) e Joaquim Levy (BNDES) entram na segunda categoria. Técnicos competentes, ambos irritavam o presidente por terem atuado em governos do PT e por dizerem as verdades que ele não queria ouvir nem divulgar. [Ricardo Galvão pode até ter competência para a função que exercia, porém, é ZERO em termos de respeito ao superior, de disciplina e hierarquia;
o Levy, tem competência, mas, o seu grau de contaminação com o vírus petista, tornou aconselhável ser desligamento.
quanto ao Vélez Rodrigues sua incompetência tornou imperativo seu afastamento e o Alvim foi, devido um momento de descuido do presidente da República, demitido para atender ao politicamente correto.] Mas seus sucessores confirmam exatamente o que diziam.

A pergunta que não quer calar agora é quando (e não se...) Bolsonaro vai demitir tanto Onyx Lorenzoni quanto Abraham Weintraub, do MEC. Um por não servir para nada e o outro, por atrair chuvas, trovoadas e críticas públicas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, numa área absolutamente fundamental.  
[pena que o eleitorado (por sinal, mínimo) do presidente da Câmara ainda não optou por demiti-lo;
 
o cidadão foi eleito deputado federal - quase faltou voto - conseguiu a presidência da Câmara, se autonomeou 'primeiro-ministro', passou a dar pitaco no Executivo, também no Judiciário, sem ter a necessária ética e senso de respeito ao texto constitucional que decreta a independência do Poderes da República.]

Até lá, o governo que demite, readmite e demite de novo em 24 horas vai empurrando o Coaf, a Funai, o Trabalho, a Cultura e agora o PPI para lá e para cá. O Diário Oficial da União (DO) virou descartável. 
 
Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S.Paulo