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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

O que sei sobre o novo conflito no Oriente Médio - Jorge Abeid, PhD

Sobre como entender o atual conflito Hamas x Israel sem a narrativa esquerdopata reinante no Brasil, USA e Canadá.

        Vivendo aqui na América do Norte por mais de 26 anos, 27 em Janeiro próximo, o Inglês acabou se tornando minha segunda lingua, só nao passou a ser primeira porque aqui em casa se fala brasileiro, que conhecendo melhor os portugueses passei a achar que brasileiro é, de fato, a língua que se fala ai no patropi.

Dito isso, vamos ao assunto. Tendo a fluência na língua Inglesa eu me informo nesses assuntos de fora do Brasil em jornais e fontes mais seguras, segundo meu julgamento e fora das péssimas traduções feitas aí, e essas fontes são:

- DW News media alemã da empresa Deutsche Welle, que tem um canal em inglês;

- BBC inglesa;

- Sky News Australiana;

- Channel 4 Britânica

- Fox News Americana

- Jornal Epoch Times, jornal impresso do Conservadorismo Americano com tiragem semanal que eu assino e recebo aqui na minha porta às sextas-feiras.

O que aprendi nesse período de 8 dias a se completar hoje, outubro 15, pode ser sintetizado assim:

O Iran dos Aiatolás tem por meta terminar o trabalho iniciado por Adolph Hitler de eliminar o povo Judeu da face da terra e usa os fanáticos e bárbaros terroristas do Hamas para fazer o serviço a peso de muito ouro.

A Pérsia que dominada pelos Aiatolás na revolução de 1979 passou a se chamar Iran tem como arqui-inimigos:

- os USA que eles denominam o grande Satã, porque ajuda Israel e era amigo do Monarca derrubado em 1979 o xá Reza Pahlevi;

- Israel por serem os infiéis que precisam ser eliminados, pela interpretação que eles dão da bíblia deles, o Alcorão;

- Arábia Saudita sua vizinha: Arábia Saudita e Iran são islâmicos. A primeira uma monarquia Islâmica Sunni e a segunda uma Republica Islâmica Shiita; - Acontece que sunni e shiitas são arqui-inimigos, segundo sei quando Maomé morreu, sua sucessão dividiu o mundo Islâmico nesses dois blocos e isso perdura por séculos.

Esse último parece ser a chave que detonou a presente crise, porque Israel, vivendo uma paz relativa que já dura 50 anos desde a guerra do Yon Kippur iniciada em 6 de outubro de 1973, resolveu que chega de guerra. Decidiu tornar-se amigo de seus vizinhos, e se pôs a fazer acordos de paz com os países árabes em seu entorno e estava para ser assinado nestes dias um acordo de paz entre Israel e os Sauditas que entre outras coisas abre o espaço aéreo Saudita para a força aérea israelense, e isso chacoalhou os Aiatolás. 

Para Israel destruir as plantas de enriquecimento de urânio e produtoras da bomba atômica iraniana, que tem por objetivo o extermínio do povo judeu, precisa que sua esquadrilha de caças cruzem o espaço aéreo Saudita por razões técnicas, que envolvem a distância entre Israel e as instalações iranianas. Segundo algumas das fontes acima citadas, o líder iraniano teria publicado no início do mês de outubro, no X, a seguinte pérola: "Israel é um câncer que precisa ser extirpado e isso será feito pelos irmãos do Hamas nos próximos dias.

Essa parece ser a verdade, mas a esquerda, por ser sua natureza, não gosta dessa verdade, e polui as mentes dos incautos com suas narrativas ridículas.

Hoje pela manhã pude ler no caderno Opinião da edição Canadense do Epoch Times de 12 de outubro, o longo artigo escrito pelo brilhante John Robson, e lá pude extrair o parágrafo que pude traduzir como segue:

"Eles (o Hamas) francamente negam a humanidade dos Judeus e o objetivo deles nunca foi a solução dos dois estados, ou até mesmo uma hipotética proposta de retirada pacífica do povo judeu de sua milenar Terra. O objetivo sempre foi o mesmo:  a exterminação do povo judeu... Isso é demência e qualquer um que preste solidariedade a isso é demente."

Consultando uma e outra das fontes citadas acima esbarrei num canal do YouTube que não conhecia, denominado Professor HOC. Lá há um episódio intitulado “Cinco mitos sobre o conflito Israel x Hamas”. A palestra, em português é longa mas vale a pena. Trata-se de uma aula que nos ajuda a entender direitinho os dias que estamos vivendo. Não percam.

Num outro aspecto de toda essa história há o que diz o capítulo do Livro do Apocalipse sobre os dias finais dessa era em que vivemos e cita a guerra que precederá a volta de Nosso Senhor Jesus Cristo. 
Esta guerra atual se assemelha muito com o profetizado naquele livro. Segundo o que li de diversos estudiosos: Católicos, Protestantes e Judaicos há sim semelhança, mas eles são animes em afirmar que ainda faltam outros eventos citados no Livro.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo

*          Em 15 de outubro de 2023

**        O autor é diretor de REMONTECH-Remote Monitoring Technologies Inc., Canadá.

 

domingo, 2 de abril de 2023

Quando o Rei do Congo implorava para vender escravos a Portugal - Gazeta do Povo

Vozes - Thiago Braga


Quando o Rei do Congo implorava para vender escravos a Portugal -  Foto: Wikimedia 

O Rei Afonso I do Congo estava desesperado. Como vimos na coluna anterior, ele não queria de jeito nenhum que os portugueses comprassem escravos de qualquer outra pessoa que não fosse ele próprio: nem dos mercadores nobres do seu reino, e muito menos de Angola. 
Mas a competição entre os reinos africanos já tinha iniciado, e não acabaria mais.
 
Foi o próprio Afonso quem pediu ao rei português que ele parasse de comprar escravos no Congo. Com isso, ele esperava drenar os recursos dos nobres rivais que havia dentro do seu próprio reino: se ele não negociasse com os europeus, ninguém mais o faria
Mas os portugueses encontraram outra fonte inesgotável de escravos, disposta a fornecer tantos quantos fossem precisos: os Reinos de Ndongo e Matamba, conhecidos pelos portugueses como Angola (nome derivado de seus maiorais e líderes, os Ngolas).
 
Afonso I do Congo ficou aterrorizado com essa perspectiva: ele via o seu poder e prestígio escorregando para as mãos de reinos hostis e rivais – e o vizinho Angola era a pior deles
Mas ele sabia que tinha uma cartada poderosa em suas mãos e estava pronto para usá-la. 
Escreve então ao rei D. João III pedindo que o comércio de escravos com o Congo volte com força total. Vemos isso no “Regimento do Feitor do Trato de S. Tomé”, escrito em 2 de agosto de 1532 naquele rústico e lindo português quinhentista. 
Ali o rei proíbe o “trato” de escravos com Angola a pedido do Rei do Congo dizendo que o “Rei do Congo está descontente e escandalizado em haver resgate [de escravos] em Angola e oferece que levantando-se [suspendendo-se] o trato nela, fará tantas vantagens nos resgates e despachos dos navios que forem a seu Reino e dará cada ano tanta quantia de escravos com que se possa fazer mais proveito.”

Se o reino português ainda não tinha entendido a dinâmica do comércio em África, depois dessa carta de Afonso I eles não teriam mais dúvidas: os reinos e nobres africanos queriam exclusividade no comércio de escravos com os europeus e fariam tudo por isso. Essa corrida escravagista protagonizada pelos líderes africanos abarrotaria os navios portugueses com quantidades de escravos “inumeráveis”.

A palavra “inumeráveis” está em aspas pois ela foi mencionada em outra carta, apenas 4 anos depois, que ratificava exatamente essa abundância macabra que o Congo prometera aos portugueses. 
Na carta de Manual Pacheco a D. João III de 28 de março de 1536, o oficial cita que nunca vira tantos escravos com os “navios e portos estando sempre carregados”, e que nos 5 anos que estivera ali “nunca descia para 4 a 5 mil peças em nenhum ano fora as incontáveis peças que morriam antes de embarcar.” 
Fazendo uma matemática simples, de 1531 a 1536 teriam saído do Congo cerca 25 mil escravos.  
Eles eram contabilizados na ilha de São Tomé, uma espécie de Alfandega de escravos, e de lá, neste mesmo período, os primeiros escravos foram trazidos para o Brasil.

Esse comércio de escravos monstruoso só foi possível graças à colaboração e protagonismo próprios líderes e governantes africanos. Sem essa participação ativa, essa tragédia teria sido, sem sombra de dúvidas, muitíssimo menor

Nas décadas seguintes, a mesma interação entre portugueses e africanos continuava forte. 
Contudo, a partir do século XVII Angola assume o protagonismo no comércio enquanto o Reino do Congo perde toda a sua influência e poder político. 
Nessa transição de poder, nenhuma figura foi tão romantizada quanto a Rainha Ana Nzinga, que lutou para acabar com o tráfico de escravos do seu povo, ao mesmo tempo que escravizava e traficava outros povos para os holandeses, grandes rivais dos portugueses. 
Assim como Afonso I, ela faria de tudo para ter o monopólio do comércio de escravos nas suas mãos, custasse o que custasse. Aliás, já escrevi uma coluna dedicada a essa grande “heroína” aqui na Gazeta.

A conclusão, analisando todos esses documentos e a geopolítica africana da época, que esse comércio de escravos monstruoso só foi possível graças à colaboração e protagonismo próprios líderes e governantes africanos. Sem essa participação ativa, essa tragédia teria sido, sem sombra de dúvidas, muitíssimo menor.

Aqui se encaixaria muito bem o ditado: “quando um não quer, dois não brigam”. Os portugueses sabiam que não tinham como brigar com os africanos: estavam em número esmagadoramente menor, não conheciam o território e estavam cercados de povos desconhecidos e muitíssimo bélicos. Se os líderes africanos não quisessem, os portugueses não teriam os escravos; ou, pelo menos, não os milhões que tiveram. 
Mas líderes africanos quiseram; e os portugueses quiseram
Essa soma de desejos, que para nós são odiosos e desumanos, para eles não poderiam ser mais normais e mundanos
Entre guerras e conflitos, o fato é que o cotidiano da escravatura se dava de forma relativamente pacífica e amistosa entre os reinos europeus e africanos: europeus e africanos eram protagonistas nesse "filme" de terror. 
Foi graças a essa “química” que a praga se espalhou por toda a América e permaneceu ativa durante 3 séculos.
[Em nossa opinião,  a matéria acima,   amplamente  fundamentada, deixa claro a responsabilidade total e absoluta dos reinos africanos no tráfico de escravos; 
não eram os portugueses, ou cidadãos  naturais de qualquer outro país não africano, que 'invadiam' o continente africano para caçar naturais de países africanos para  fins de tráfico; eram os próprios reinos africanos que competiam entre si para venderem o que consideravam fonte de recursos.   
O caso da rainha Ana, que não aceitava que os povos do seu país fossem comercializados, mas se dispunha a vender povos de outros países é prova cabal da responsabilidade dos reinos africanos pelo repugnante comércio de seres humanos.
Por tudo se conclui que a responsabilização dos brasileiros não procede - mesmo dos que viveram em séculos passados - no que concerne à escravatura.
Por conseguinte, em nosso entendimento e no de qualquer ser humano que leia com isenção a presente matéria, a política de cotas raciais, não tem fundamento devendo prevalecer SEMPRE, a MERITOCRACIA.]
 
Referências bibliográficas
BRÁSIO, António. Monumenta Missionaria Africana. Volume 1. África Ocidental (1471-1531). Agência Geral do Ultramar, 1952.
LOVEJOY, P. E. (2011). Transformations in slavery: a history of slavery in Africa (Vol. 117). Cambridge University Press.

Veja Também:

    Quando reis africanos brigavam para vender escravos aos europeus
    Como o comércio de escravos africanos chegou à Europa?

Conteúdo editado por: Bruna Frascolla Bloise

Thiago Braga, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 21 de março de 2023

O Brasil pertence aos índios? - Percival Puggina

[como de hábito, estão sempre ocupados em nada nada fazer.]

         Corria o ano 2000 e a nação se preparava para festejar os 500 anos do Descobrimento. Nunca a esquerda foi tão indigenista! Cabral era vaiado nas salas de aula e na mídia
Se aparecesse alguma caravela, seria afundada. 
Aliás, fizeram uma que, de maneira muito suspeita, se recusou a navegar. Em Porto Alegre, o relógio que fazia a contagem regressiva serviu a culto indígena prestado por descendentes de europeus que copiaram performances apaches aprendidas do cinema ianque. Tocaram fogo no relógio, dançaram em torno da fogueira e foram comemorar num restaurante.

Quando escrevi criticando a representação teatral e o incêndio, que contou com proteção do oficialismo petista da época, respondeu-me um padre, reprovando minha posição. O que segue é um extrato dos argumentos que usei na réplica e atende solicitação de leitor do Instagram que, há alguns dias, me pediu informações sobre o tema.

Comecei a carta ao padre alertando para a obviedade tantas vezes mencionada por mim: o fato de o espaço físico do nosso subcontinente já estar povoado não significa que ele não tenha sido descoberto porque, de fato só se descobre o que já existe; o que não existe e passa a existir é criado ou inventado. Os portugueses descobriram algo que lhes era, em todos os seus aspectos, desconhecido.

São raríssimos os casos em que os atuais ocupantes de quaisquer áreas do globo estão nelas e as têm como suas desde os primórdios. Não era diferente aqui, antes de Cabral. As tribos disputavam o litoral, por ser mais aprazível do que o interior. Na Bahia, onde aportaram as caravelas, os tupiniquins haviam expulso os tapuias, nome que significa “índio do mato”.     

No Peru, os Chavins, os Nazcas, os Paracas, os Moches que ocupavam a costa do pacífico no século XVI, foram expulsos ou submetidos pelos Incas. E os astecas, a quantos expulsaram e sacrificaram? 
Que fizeram na Europa e norte da África, ostrogodos, visigodos, suábios, hérulos, vândalos, entre outros? 
Por ser meu interlocutor da época um presbítero, pareceu-me oportuno lembrá-lo de que nem Deus conseguiu que a Terra Prometida estivesse desocupada e disponível para o povo da Aliança quando os israelitas se retiraram do Egito. Rolou sangue, muito sangue.
 
Aliás, é bom que os cristãos devotos desse tão engenhoso quanto inútil revisionismo histórico tenham presente o que aconteceu quando Constantino decretou e impôs o fim da religião do Império Romano
Nunca vi qualquer religioso “progressista” ou conservador, reclamando do que foi feito com a civilização e a cultura romana anterior ao Cristianismo. Coitados! Num canetaço imperial lhes tomaram a fé e os templos. Quantos deuses romanos ficaram ao relento! 
Tampouco vi alguém denunciando a ação evangelizadora e restauradora da civilização empreendida por cristãos junto aos bárbaros na baixa Idade Média. 
Nem sobre os procedimentos de Clóvis, rei franco, após seu batismo.
 
Lamentar o fim da “civilização” pré-cabralina, como tantas vezes ouço, é fazer uso totalmente inadequado da palavra civilização. 
Pode-se falar em “cultura”, mas tampouco esta teve um fim. 
Há tribos que vivem até hoje como viviam ao tempo do Descobrimento. Mas será isso positivo? Será bom que essas pessoas vivam privadas dos benefícios da civilização e sirvam de laboratório para estudos antropológicos? 
 
Por outro lado, tenta-se extrair dividendo político e moral de uma suposta descoberta petista sobre os problemas dos povos originários após o Descobrimento. Não subestimem os meus professores de escolas públicas nos anos 50, lá em Santana do Livramento!  
Aprendi deles e dos mais elementares livros de história da época que os índios foram vítimas de violência, tentativas de escravidão etc. Não sei de onde saiu o suposto mérito petista de, num furo de reportagem, trazer à superfície a verdade sobre tais fatos. Novidade é a tentativa de extrair, além do impróprio dividendo moral, o lucro ideológico disso, jogando brasileiros contra brasileiros, tentando simplificar a história para reduzi-la aos termos da interpretação marxista de luta de classes. 
Novidade é entrar de martelete e picareta no relato dos acontecimentos históricos para deslegitimar todos os títulos de propriedade do país. Que eu saiba, nem Engels pensou nessa!

Na Ibero América, a esquerda católica, conhecida na Itália como “cattocomunista” parece não reconhecer o valor da conversão, do batismo e da evangelização de um continente inteiro. Chego a crer, que muitos religiosos veem com maus olhos a cruz plantada nas areias de Porto Seguro, após a primeira missa, pelos nossos descobridores que ante ela se ajoelhavam para que os nativos (na forma da carta de Caminha) “vissem o respeito que lhe tínhamos” ...

Muitas vezes, nas datas nacionais que cultuam o verde e amarelo da nossa bandeira, quando a esquerda está na oposição, seus militantes costumam proclamar do alto de sua simulada benignidade que nada há a comemorar porque as coisas não vão bem. 
A gente os conhece, mas sempre me surpreende quando quem diz isso é um religioso católico ou cristão. 
Afinal, se fossem boas essas razões, as próprias festas cristãs deveriam ser suspensas porque estamos tão longe do Reino de Deus e de seus critérios que deveríamos entoar, em todas as missas, um cântico que iniciasse com “Nada a comemorar, Senhor!”.

Eu continuo crendo no valor do batismo e convencido de que há um bem intrínseco na evangelização e na civilização. E quando vejo essas dezenas de milhões de mestiços que compõem a parcela majoritária da população do norte, nordeste e centro-oeste brasileiro, trazendo nos cabelos, nos olhos, na estatura, as marcas de suas raízes indígenas, e os encontro nas missas e na vida civilizada, me alegro pela obra dos jesuítas e de quantos para cá vieram, com os recursos da época, fazendo a história como sabiam, com a coragem que nos falta e com os conhecimentos inerentes ao período em que viviam.

Todas essas manifestações de repúdio aos brancos que se intrometendo aqui não viraram índios e não trouxeram a bordo antropólogos, sociólogos, psicólogos e filósofos me suscitam uma dúvida: onde querem chegar? Devemos voltar para a Europa, confinarmos os brancos em reservas e devolvermos tudo para os índios? 
Nos juntarmos a eles no mato? Des-descobrir? Desconstruir? Desevangelizar? Deseducar? Desmestiçar? 
Retornarmos os brancos à Europa, os negros à África, os amarelos à Ásia? Não conheço pensamento mais racista do que esse.

Admito que muitos pensem diferente. Também eu preferia que essas coisas e muitas outras tivessem ocorrido de modo diverso. Mas não vou passar a vida remoendo fatos ocorridos em séculos passados, escrutinando-os anacro Terra Prometida unicamente. Menos ainda criando um impasse sem solução sobre nossa identidade nacional. Não podemos corrigir o passado, mas o futuro, sim.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


quarta-feira, 22 de junho de 2022

A Amazônia cobiçada

Alexandre Garcia

Brasileiros querendo entregar a Amazônia desrespeitam as memórias de Arthur Reis, Osny Duarte Pereira, Cândido Rondon, Jorge Teixeira e outros, mas, principalmente, ofendem a brasilidade dos amazônidas de todas as etnias e origens, que sabem a razão da cobiça e seus disfarces [Os que 'tentam entregar a Amazônia são maus brasileiros, traidores da Pátria Amada e que se vendem por um punhado de dólares, prontos a rastejar aos pés dos que os compram = são repugnantes. ]

O duplo assassinato no Vale do Javari reacendeu as manifestações de uma cobiça que já dura 400 anos. Ironicamente, as ações estrangeiras usuais têm sido mais discretas que a de brasileiros que agora construíram mais uma narrativa a justificar o sonhado condomínio internacional para "administrar" as riquezas naturais da área. 
Administrar significa dominar e usar. Quando estrangeiros fazem isso, apenas estão insistindo no que sempre fizeram; 
quando brasileiros [vendilhões da Pátria] se unem a eles, tentando lesar o primeiro fundamento da nossa República, que é a soberania (art. 1º da CF), isso choca
 
Na minha infância, chamávamos os brasileiros que trabalhavam contra o Brasil em plena Guerra Mundial de quintas-colunas. Lembro-me de Brizola chamar esse tipo de gente de entreguista e vendilhão da pátria.
Agora é um outro líder de esquerda, do partido de Brizola, que denuncia o crime de lesa-soberania: o ex-presidente da Câmara, ex-ministro de Lula e Dilma, ex-PCdoB Aldo Rebelo, um estudioso da Amazônia e defensor dessa metade do nosso território. Não é uma questão de esquerda ou direita, mas de soberania nacional — o primeiro fundamento da nação. Vem de longe a cobiça. 
Os portugueses a combateram no século XVII, principalmente com Pedro Teixeira, que tirou holandeses, franceses, ingleses e espanhóis da nossa Amazônia, fixando a soberania com os fortes construídos no extremo da pátria. No início do século XX, acreanos decidiram ser brasileiros, e não bolivianos, e se levantaram em armas liderados por Plácido de Castro. Rio Branco consolidou as fronteiras no Acre com a Bolívia e no Amapá com os franceses.

Não são apenas os europeus, os cobiçosos. Em 1849, uma expedição científica da Marinha dos Estados Unidos voltou da Amazônia com a teoria de que a bacia amazônica faz parte da bacia do Mississipi: a direção dos ventos leva os navios da foz do Amazonas para os portos do sul dos Estados Unidos. Portanto, o Império Brasileiro deveria conceder aos americanos a livre navegação nos rios da Amazônia. Desconfiado, Pedro II pediu ao Barão de Mauá uma empresa de navegação nacional que preenchesse o vazio cobiçado

Os americanos já tinham anúncios em jornais, organizando expedições para explorar o Eldorado. Há 50 anos, o cientista Herman Kahn, do Hudson Institute, sugeriu inundar a Amazônia formando um lago gigantesco.

Brasileiros querendo entregar a Amazônia desrespeitam as memórias de Arthur Reis, Osny Duarte Pereira, Cândido Rondon, Jorge Teixeira e outros, mas, principalmente, ofendem a brasilidade dos amazônidas de todas as etnias e origens, que sabem a razão da cobiça e seus disfarces, porque não são ingênuos nem cúmplices em relação à presença estrangeira por lá. Presença ilegal que é aplaudida por gente com o complexo de vira-lata, como chamou Nélson Rodrigues. 
Brasileiros da Amazônia sabem a diferença entre preservar — intocável e reservado para os estrangeiros e conservar, com sustentabilidade, para o bem da natureza mais importante: a natureza humana. Ele sabem, todos os dias e noites, que esta amazônia não é simplesmente do Brasil. É o Brasil.
 
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense 


domingo, 4 de julho de 2021

MOTOCARREATA - Motociata em Salvador leva opositores ao desespero e Mega impeachment contra Bolsonaro não colou

2 de julho de 2021, no 198° aniversário da independência da Bahia, foi realizada uma mega moto-carreata em Salvador.

E a razão era apoiar o Presidente Bolsonaro. Há 198 a Bahia expulsava a resistência portuguesa de suas terras e o Brasil se tornava verdadeiramente independente de Portugal. Salvador foi a primeira capital do Brasil e os baianos carregam no sangue um patriotismo diferenciado por terem lutado contra os portugueses até o último instante.

 MOTOCARREATA DE SALVADOR - INDEPENDÊNCIA DA BAHIA (MOTOCIATA)

E a data foi histórica para os baianos. Mais de 10 mil motociclistas e 5 mil carros percorreram 50 km pelas principais avenidas da capital baiana, mesmo sem a presença de Bolsonaro com diversas adversidades. Primeiro, choveu a manhã inteira no local da concentração, no Dique do Tororó, em frente à Arena Fonte Nova.
Depois, o governo instalou blitz por toda a redondeza do local do evento e nas estradas de acesso à Salvador.
Mesmo assim, mais de 30 cidades baianas estiveram representadas na moto-carreata
Existe direita na Bahia e ela é forte e bem representada.
A esquerda baiana terá pesadelos na noite de hoje, ao ver que a Bahia não foi “dominada”.

IMPEACHMENT OU SALADA MISTA - Mega impeachment contra Bolsonaro não colou 

Pedido de mega impeachment reúne todos os pedidos anteriores em um único e carece de materialidade, como todos os anteriores.  A fundamentação, baseada em uma denúncia de corrupção na compra de vacinas, por parte de funcionários do governo federal, carece tanto de provas, quanto de credibilidade do denunciante, deputado Luiz Miranda, que acabou sendo desmascarado como possível autor da tentativa engendrada de se auto beneficiar da situação, ao ter uma gravação de conversa particular exposta durante a audiência da CPI do COVIDÃO, como mostra o vídeo abaixo.

Sua denúncia, se assim podemos chamar, culminou com a exoneração imediata do diretor de logística do ministério, Roberto Ferreira Dias, que já havia sido citado no caso da Covaxin. O presidente da Câmara, Arthur Lira já se manifestou sobre o assunto, dizendo que o “superpedido” ficará em suspenso como os demais.  Para piorar a situação dos opositores, Lira ainda foi irônico sobre os trabalhos da CPI : “Estão fazendo um belíssimo trabalho, bem imparcial, né?...”

Tribuna Diária  - Clique e visite


domingo, 2 de fevereiro de 2020

Humanos como nós - Nas entrelinhas

Os povos isolados têm o direito de decidir se preferem viver em isolamento ou não. Para exercer esse direito, porém, precisam de tempo e espaço

Considerado o pai da antropologia estruturalista, o franco-belga Claude Lévi-Strauss (1908 — 2009), entre 1935 e 1939, dedicou-se a estudar os índios do Brasil Central, base para a publicação de sua tese As estruturas elementares do parentesco, em 1949. Ele rompeu com a ideia de que os índios são apenas índios, porque não concordava com a divisão entre civilizados e selvagens. Lévi-Strauss foi professor da recém-criada Universidade de São Paulo, com sua esposa Dinah Lévi-Strauss, Fernand Braudel, Jean Maugüé e Pierre Monbeig, e realizou pesquisas de campo em Goiás, Mato Grosso e Paraná, que também resultaram no livro Tristes Trópicos (1955). Procurou decifrar as relações entre o ser humano, a natureza e a cultura.

Para o antropólogo, o ser humano se diferencia dos outros animais devido ao uso de símbolos para se comunicar, não importa as particularidades de cada grupo humano. Seu objetivo não era estudar uma sociedade específica, mas identificar o que há nela de universal; por exemplo, sistemas de parentesco e restrições matrimoniais. Graças aos índios, por exemplo, sua compreensão do incesto ultrapassou as explicações biológicas ou morais. A proibição de manter relações sexuais com certas mulheres (como a mãe ou a irmã) e a permissão para tê-las com outras teceram as alianças fundadoras da vida social. O sistema de parentesco é o meio pelo qual se cumpre a transição entre a natureza e a cultura. Explica, por exemplo, como se formou a economia do sertão no Brasil colonial, a partir da miscigenação e do escambo entre os tupis e os portugueses.

Na monumental Mitológicas, de 1960, com mais de 2 mil páginas, Lévi-Straus analisou 813 mitos originários de povos do continente americano, desde os bororos, os jês e os tupi-cavaíbas do Brasil até os hopi, os pueblo, os mohawk e os kwakiutl da América do Norte. No primeiro volume, intitulado O Cru e o Cozido, comparou a análise conjunta dos mitos americanos à audição de uma sinfonia. Os músicos, porém, estão separados no tempo e no espaço, e cada um executa seu fragmento sem saber a partitura completa. Só é capaz de ouvir a música inteira quem estiver a distância. O concerto, segundo Lévi-Strauss, iniciou-se há milênios e hoje poucos músicos remanescentes continuam a tocar na orquestra.

Isolamento
No Maranhão, Karapiru, um indígena Awá, é um dos remanescentes da orquestra. Sobreviveu a um ataque de homens armados e, durante dez anos, morou sozinho, se escondendo na floresta. Agora vive com outros Awá, que são caçadores-coletores e nômades em constante movimento. Em Rondônia, outro índio solitário talvez seja o único sobrevivente de uma tribo massacrada por grileiros que ocuparam a região de Tanuro. Vive em fuga e é conhecido como “homem do buraco”, porque escava grandes covas para se esconder e guardar seus alimentos. Desde 1987, a Fundação Nacional do Índio (Funai) tem um departamento dedicado aos povos indígenas isolados, cuja política é fazer contato somente nos casos em que sua sobrevivência está em risco iminente. Em vez disso, a Funai busca demarcar e proteger suas terras de invasores.


Os povos isolados têm o direito de decidir se preferem viver em isolamento ou não. Para exercer esse direito, porém, precisam de tempo e espaço. [muito justo, justíssimo que exerçam esse direito e outros - desde que também tenham deveres e os cumpram; 
a classificação,  real e honesta, de que são seres humanos iguais a nós, é plenamente válida, desde que em todos os aspectos, incluindo que nós temos deveres e obrigação de cumpri-los.
inaceitável é que só tenham direitos, benesses, impunidade e nenhuma obrigação.] É o caso dos Piripkura, ou o “povo borboleta”, como são chamados pelos “Gaviões”, com quem interagem. Eles falam Tupi-Kawahib, o mesmo tronco linguístico de vários outros povos do Brasil. Os Piripkura eram cerca de 20 pessoas quando a Funai fez o primeiro contato no final da década de 1980. Depois, voltaram para a floresta, e mantêm relações esporádicas com os sertanistas. Somente sobreviverão se suas terras forem protegidas. Há centenas de grupos isolados na Amazônia.

Agora, o presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier, pretende nomear o antropólogo Ricardo Lopes Dias para a Coordenadoria Geral de Índios Isolados e Recém Contatados. Formado pela Faculdade Teológica Sul Americana, atuou por mais de dez anos para a Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), organização que tem por objetivo evangelizar os indígenas. Lopes Dias terá a missão de tornar o índio cada vez mais “um ser humano igual a nós”, para usar a expressão do presidente Jair Bolsonaro.

Voltemos à antropologia, que explica muitas coisas. Papa do estudo das religiões, o escocês Victor Turner (1920 — 1983) também bebeu das águas das sociedades primitivas. Tendo por base os Lunda-Ndembus, na região Noroeste da antiga Rodésia do Norte, atual Zâmbia, entre 1950 e 1954, viveu na aldeia e estudou o papel dos ritos, dos símbolos e das metáforas nos dramas sociais. Nesse período, de tempos em tempos, eclodiram conflitos, nos quais Turner identificou um padrão universal:
Primeiro, uma crise irrompia no cotidiano, expondo as tensões existentes; depois, os envolvidos acionavam suas redes de parentela, relações de vizinhança e amizade, e a crise se ampliava; a seguir, surgia a turma do deixa disso, que buscava a conciliação e soluções em rituais coletivos; finalmente, havia um rearranjo e as posições e relações eram redefinidas, ou não se chegava a um acordo e a cisão se tornava inevitável, seguindo a clivagem de parentesco e suas alianças, o que daria origem a uma nova aldeia. Qualquer semelhança com o que também acontece nas religiões e na política não é mera coincidência.

 Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense


terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Os lucros com a cleptocracia em Angola e Brasil - O Globo

José Casado



Políticos e empresários ganharam fortunas em negócios obscuros

Estava tudo dominado no Brasil, em Angola e em Portugal. Inquéritos nas duas margens do Atlântico mostram como políticos e empresários ganharam fortunas em negócios obscuros e interligados, com dinheiro das empresas estatais Petrobras e da Sonangol e a participação de bancos e fundos públicos brasileiros, angolanos e portugueses. 




Nesse bioma floresceu [Isabel, afortunada primogênita do ex-presidente angolano JoséEduardo Santos - saiba mais aqui] US$ 2 bilhões em patrimônio, acionista de 424 empresas, das quais 155 em Portugal e sete no Brasil, disseminadas por setores como energia, finanças e comunicações. É sócia (15%) da Galp, que explora petróleo em sete áreas da costa brasileira (na Bacia de Santos, projeto Lula/Iracema). Os laços se estendem ao grupo Sonae, com 40 mil empregados, e avançam pela praça financeira europeia, onde liquida 42,5% do banco EuroBic. Nada seria possível sem o aval de governos e de auditorias como BCG, PwC e McKinsey.

Pode-se olhar para Isabel como filha dileta da cleptocracia angolana, mas não é possível abstrair vínculos do chefe do clã Santos, o ex-presidente José Eduardo, do seu vice Manuel Vicente e de alguns generais do MPLA em Portugal e no Brasil. Em Portugal há inquéritos sobre pactos angolanos com o ex-primeiro-ministro José Sócrates, o banqueiro Ricardo Salgado (Espírito Santo), e executivos como Armando Vara, ex-presidente da Camargo Corrêa em Angola, hoje preso.

No Brasil, as alianças da cleptocracia se consolidaram sob Lula, privilegiaram a família Odebrecht, e abrangeram outros, como a Asperbras (grupo Colnaghi). A Lava-Jato coleciona testemunhos de Emílio e Marcelo Odebrecht, do ex-ministro Antonio Palocci e de ex-diretores da Petrobras sobre várias transações nebulosas. Uma delas foi relatada por Nestor Cerveró, antigo chefe da área Internacional da Petrobras. Ele contou como Angola “contribuiu” com US$ 12 milhões, o equivalente a R$ 48 milhões, para a campanha de reeleição de Lula em 2006.


José Casado, colunista - O Globo


terça-feira, 22 de outubro de 2019

Como perder a guerra - Nas entrelinhas

“O PSL é belicoso e midiático, na primeira crise interna, o que se vê são gravações feitas sem autorização, ameaças de denúncias  e muito bate-boca entre seus deputados nas redes sociais”

 Usada à farta no Brasil para caracterizar uma atitude fadada ao fracasso, não existe uma explicação para a existência da expressão “Foi assim que Napoleão perdeu a guerra”, sobre a qual não há referências em alemão, francês, russo ou inglês. Alguns atribuem a expressão aos portugueses, uma espécie de vingança sarcástica devido à invasão de Portugal pelo exército francês e a consequente fuga de D. João VI e sua corte para o Brasil, em 1808.

As especulações vão da desastrosa retirada de Napoleão da Rússia, em 1812, depois da ocupação de Moscou, pois a cidade fora evacuada e, depois, incendiada (o exército russo evitou o confronto aberto e perseguiu as tropas francesas em pleno inverno, até Paris) a uma suposta crise de hemorroidas que o impedira de montar durante a Batalha de Waterloo, em 1815, quando foi definitivamente derrotado pelos ingleses.  O chiste lusitano é sob medida para a crise do PSL, cujo último lance foi a renúncia do líder da bancada na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO), e sua substituição pelo deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente da República. Jair Bolsonaro se encontra no Japão, primeira etapa de sua viagem à Ásia, mas de lá monitora a operação que levou seu filho à liderança do PSL.

Apesar de ter a maior bancada governista da Câmara, com 53 deputados, o PSL nunca foi o partido hegemônico na Casa, embora seja muito estridente na tribuna e nos apartes, além de agitar as redes sociais. Agora, com essa divisão, corre o risco de ser tornar irrelevante, a não ser que haja um acordo interno que apazígue a disputa. Falta à bancada do PSL cultura parlamentar para o entendimento e a composição, num ambiente com ritos de convivência consolidados.

O modus operandi do partido é belicoso e midiático. Na primeira crise interna, o que se vê são a divulgação de gravações feitas sem autorização, ameaças de denúncias sobre os podres partidários e muito bate-boca pelas redes sociais, às vezes em linguagem completamente estranha à vida parlamentar, como a guerra de emojis entre a ex-líder do governo no Congresso Joice Hasselmann (PSL-SP) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente da República, que nem da bancada é.

Decantação
A reviravolta de ontem, quando Eduardo Bolsonaro conseguiu finalmente o número de indicações para se tornar o líder, não encerra a crise, apenas restabelece a lei da gravidade, pois seria um aborto da natureza o presidente da República ser derrotado na sua própria bancada, como aconteceu na sexta-feira. Entretanto, é um jogo de perde-perde: se 29 deputados apoiam o novo líder e 24 são contra ele, em certas circunstâncias, isso reduz o peso da bancada a cinco deputados, principalmente em questões interpares. Vamos supor, por exemplo, que a eleição para a presidência da Câmara fosse hoje.

A confusão na bancada do PSL faz parte de um processo de decantação, após o tsunami eleitoral que renovou a Câmara. Começa a separar os parlamentares eleitos para brilhar e que se destacam entre as principais lideranças daqueles que vão permanecer no baixo clero. Alguns serão deputados de um só mandato.A aposta do clã Bolsonaro é que os adversários internos não sobreviverão sem o apoio do presidente da República, porque chegaram ao Congresso na aba do seu chapéu. Além disso, ficarão a pão e água, conforme a narrativa usada para pressionar os rebeldes a apoiarem o novo líder. Tem lógica, mas muita água ainda vai rolar sob a ponte.

O primeiro ato de Eduardo Bolsonaro foi destituir os 12 vice-líderes da legenda, cargos importantes no funcionamento da Câmara, porque seus ocupantes substituem o líder nas comissões e no plenário, além de terem direito à partilha dos cargos da liderança. O líder é poderoso quanto ao funcionamento da Casa, pois indica os integrantes das comissões e relatores, comanda as negociações e intermedeia a ocupação de espaços e liberação de recursos nos ministérios.

Para o presidente Bolsonaro, controlar a liderança é uma forma de confrontar o poder da cúpula do partido, principalmente do presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), com quem entrou em rota de colisão por causa dos recursos dos fundos partidário e eleitoral, que somam mais de R$ 200 milhões. O papel de líder, principalmente nos grandes partidos, exige capacidade de diálogo e negociação. Esse não é o forte de Eduardo Bolsonaro, cujo perfil é mais agressivo. Pode ser que a estratégia de Bolsonaro pai seja mesmo essa, porque a agenda econômica do governo vai bem sem o PSL. O grande negociador das reformas é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O papel do filho seria fazer um contraponto e demarcar território.

Nas Entrelinhas - Luiz  Carlos Azedo  - Correio Braziliense