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terça-feira, 19 de dezembro de 2023

O Brasil comunista de Lula - Marina Helena

Vozes - Gazeta do Povo

O Brasil comunista de Lula
O Brasil comunista de Lula
| Foto: Bigstock


Após Dino ser confirmado ministro do STF pela maioria dos senadores, Lula comemorou: “Vocês não sabem como eu estou feliz. Nós conseguimos colocar na Suprema Corte desse país um ministro comunista. Um companheiro da qualidade do Flavio Dino.”

A felicidade do presidente era esperada. Na abertura do Foro de São Paulo, ele disse claramente que ser chamado de comunista o orgulhava: “Eles nos acusam de comunistas, achando que nós ficamos ofendidos com isso. Nós não ficamos ofendidos… Isso nos orgulha, muito.”

Vou recorrer às palavras de outro ministro do STF, Barroso, para definir o que significa essa ideologia que tanto orgulha nosso presidente: “Comunismo é um modo de organização política e econômica fundado na propriedade coletiva dos meios de produção, em uma economia planificada, na abolição da propriedade privada, e numa fase intermediária conhecida como ‘ditadura do proletariado’, que antecede a abolição final do Estado. Essa é a doutrina comunista baseada no pensamento de Friedrich Engels e Karl Marx.”

Ideias tem consequências, às vezes boas, às vezes ruins, às vezes catastróficas. As ideias de Marx deram origem ao comunismo que Lenin e Stalin implementaram na União Soviética, Mao implementou na China comunista, e inúmeros outros ditadores, como Fidel Castro em Cuba e Hugo Chávez na Venezuela, utilizaram para fundamentar seus regimes.

Enquanto o capitalismo parte do princípio das trocas voluntárias e defende a busca do sucesso individual, o comunismo defende a igualdade, a divisão igualitária de renda entre todos. O capitalismo pode parecer menos nobre em seus ideais que o comunismo, mas onde as ideias comunistas foram implementadas, a vida das pessoas piorou, e muito.

Os regimes socialistas/comunistas mataram cerca de 100 milhões de pessoas, e escravizaram mais de um bilhão. A União Soviética provocou a morte por fome de cerca de 3,9 milhões de pessoas na Ucrânia entre 1932 e 1933, durante o episódio conhecido como Holodomor. 
Mao Tsé Tung provocou a morte de mais de 70 milhões de pessoas em tempos de paz, incluindo 37 milhões na grande fome de 1959-1961. 
Para sobreviver ao período, muitos chineses tiveram que comer ratos ou desenterrar os próprios parentes para servirem de alimento.  
As minorias não eram respeitadas nessas ditaduras. 
Mesmo depois do fim da União Soviética. A Rússia de Vladimir Putin, aliado de Lula, acaba de definir o movimento LGBT como “extremista” para combatê-lo.
 
No Brasil, o PT se orgulha do comunismo e prega justiça social e igualdade.  
Mas o que vemos na prática é um estado faminto para manter seus privilégios. 
Dilma viralizou ao andar de primeira classe num voo da Emirates, que custa cerca de R$ 80 mil. Há menos de um mês, a Presidência abriu licitação para gastar R$ 89 mil em roupas de cama e banho para Lula e Janja, com peças de algodão egípcio
Em seu primeiro ano do terceiro mandato, Lula já torrou cerca de R$ 1 bilhão em despesas de viagens. E seus ministros, incluindo Flávio Dino, criaram agenda às sextas para voltarem para seus respectivos estados de jatinhos da FAB nos fins de semana.
 
Enquanto isso o rendimento médio per capita mensal dos 50% mais pobres no Brasil é de R$ 537, conforme dados de 2022. 
Aqueles com renda média acima de R$ 3500 por mês estão entre os 10% mais ricos da população. Como pode um partido que defende a justiça social usufruir de tantos privilégios em um país de tantos pobres?
 
Como se acha no direito de aumentar impostos, drenando a competitividade do país, de aumentar o endividamento, confiscando a poupança que poderia ser utilizada em investimentos? 
Como defende o aumento do estado e a drenagem de toda a capacidade do país crescer para bancar tantos privilégios?

Durante a campanha de 2022, Lula afirmava que era preciso colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto. Das duas uma: ou realmente o presidente e seus comparsas não conhecem a realidade da população e não se sentem elite, ou intencionalmente utilizam como farsa a justiça social para sustentar seus privilégios à custa da pobreza do povo.


Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Marina Helena, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


domingo, 29 de outubro de 2023

O mal que a ONU faz - Luis Ernesto Lacombe

VOZES - Gazeta do Povo

Não é de se estranhar que a ONU tenha um secretário-geral socialista... 
O português António Guterres sempre estará do lado errado, não apenas quando se trata da guerra de Israel contra o terrorismo. Talvez ele personifique o sonho de Lenin, exposto ainda em 1915: o internacionalismo comunista assumindo uma forma de “Estados Unidos do Mundo”.  
Esse desejo virou programa oficial da Internacional Comunista, em 1936. Mais claro impossível: “A ditadura só pode se estabelecer por meio de uma vitória do socialismo em diferentes países ou grupos de países, depois do que as repúblicas proletárias deverão se unir federativamente às que já existem, e esse sistema de uniões federativas vai se expandir até a formação de uma União Mundial de Repúblicas Socialistas Soviéticas”.
 
Não foi por acaso que o ditador e genocida Stalin, que sucedeu a Lenin na União Soviética, comemorou a criação da ONU, em 1945. 
Socialistas e comunistas tiveram papel importante nisso. 
Inclusive comunistas americanos, altos funcionários do Departamento de Estado e do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos
Depois, descobriu-se que quase 20 desses americanos eram espiões soviéticos. Nada é por acaso. 
Por isso, a assembleia-geral das Nações Unidas acompanhou, inerte, o discurso do psicopata sanguinário Che Guevara confessando fuzilamentos de opositores em Cuba...  
Ou, mais recentemente, Xi Jinping elogiando a democracia, dizendo que é um direito de todos os povos do mundo (exceto o chinês).

A ONU quer que o comportamento de todas as sociedades seja moldado pelo Estado, sob a ordem do governo mundial. Isso, por si só, já seria um escândalo

A ONU se tornou uma piada de mau gosto. Seu Conselho de Direitos Humanos já aprovou resolução parabenizando a Venezuela pelos esforços na área e condenando países que impuseram sanções contra a ditadura de Nicolás Maduro. O texto começava reconhecendo a “vontade política demonstrada pelo governo da República Bolivariana da Venezuela em cooperar com a ONU”. O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas não está nem aí para... os direitos humanos. Ou não teria entre seus integrantes países como China, Cuba e Kuwait.

A ONU quer que o comportamento de todas as sociedades seja moldado pelo Estado, sob a ordem do governo mundial. Isso, por si só, já seria um escândalo. Esse desejo insano e inaceitável deve provocar ainda mais horror porque é escancarado por um organismo que sofre graves acusações de corrupção, com funcionários envolvidos em casos de pedofilia; que, por meio de um de seus braços, a Organização Mundial da Saúde, defende abertamente o aborto; que fala em “milênios de patriarcado, numa cultura que prejudica todo mundo”... A ONU, defensora de um ambientalismo radical, grande causador de pobreza e de fome.

A distopia globalista envolve enfraquecimento de autoridades nacionais, o fim das soberanias, concentração de poder, controle do discurso, supressão do debate, divisão da sociedade
Só os globalistas da ONU sabem exatamente quais são os problemas de cada pedacinho do mundo e têm a solução permanente para todos eles: “O mundo é muito complexo, só um processo centralizado de poder é capaz de dar conta”. 
Toda a arrogância e a prepotência do mal desfilam por aí, dizendo: “Os Estados-nação não devem se opor à ‘dolorosa transição global’”; “Bem-vindos a 2030. Eu não possuo nada, não tenho privacidade, e a vida nunca foi tão boa”; “Você comerá muito menos carne”; “Insetos são ótimas fontes de proteína”; “Eleições se tornarão desnecessárias”...
 
A ideologia por trás de tudo isso é puramente socialista, coletivista. Portanto, deve ser combatida
Mesmo que tentem criminalizar qualquer movimento contra a agenda globalista. 
Nenhuma ditadura é boa, nenhuma ditadura é redentora, é salvadora. 
O caminho para o bem está nas pequenas comunidades, em cada sociedade, de forma particular, na sua cultura, na sua religião, nas suas tradições, nos seus costumes, nos seus valores morais, na liberdade individual. A ONU não representa o bem e não salvará ninguém, muito pelo contrário.
 
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

sexta-feira, 5 de maio de 2023

O colosso maranhense - Augusto Nunes

Revista Oeste

Só no País do Carnaval alguém pode ser ao mesmo tempo comunista, ministro de Estado e Rei Momo


Ministro da Justiça, Flávio Dino (7/3/2023) | Foto: Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Em 1968, em companhia de outros quatro calouros da Faculdade Nacional de Direito, fiz no Rio de Janeiro um curso intensivo de comunismo. Durante seis meses, na tarde de domingo, os alunos trocaram cortejos de biquínis no Leblon ou algum jogaço no Maracanã por quatro horas numa saleta com pouca luz. 
A monitora sobriamente trajada descobria logo no começo da aula que, de novo, nenhum de nós passara da página 30 do livro receitado uma semana antes
E o que deveria ser uma troca de ideias sobre os ensinamentos de Marx, Engels e Lenin virava um desfile de insultos à burguesia exploradora, ao capitalismo selvagem e ao imperialismo ianque. Um companheiro abandonou o curso — “Ele optou por prazeres pequeno-burgueses”, diagnosticou a professora. Eu e mais três conseguimos o diploma simbólico sem que tivéssemos lido sequer a orelha de O Capital.

Mas nenhum de nós foi liberado para gabar-se da façanha ou partir sem demora para a conversão dos inocentes úteis. “Não contem pra ninguém que vocês são comunistas”, ordenou a monitora no mesmo dia da formatura. Como assim?, estranhei. Se havíamos acabado de descobrir o paraíso aqui na Terra, por que sonegar aos demais viventes, até mesmo a pais e irmãos, o caminho que leva à Verdade e à Luz? “É cedo”, encerrou o assunto a professora. “A imensa maioria dos brasileiros não está preparada para entender o comunismo.” E ainda não ficou pronta, informa a leitura do programa do Partido Comunista do Brasil. É um buquê de vigarices, sofismas e tapeações. Fantasia? Flávio Dino, escolhido para o Ministério da Justiça | Foto: Reprodução

Na cachoeira de palavras despejadas pelos chefões do PCdoB, “comunismo” não dá as caras uma única vez. O que aparece é “comunista” — mas só no nome do partido. Não há lugar para “liberdade”, e “democracia” só é vista escoltada por “socialista”. (Democracia socialista — eis aí uma dupla perigosa. A China e a Coreia do Norte, por exemplo, têm cara de ditadura, jeito de ditadura, modos de ditadura e são ditaduras. Mas exigem o tratamento de “democracia socialista”. Democracia adulta dispensa acompanhantes.)  
Para um genuíno comunista, paraíso é o regime de partido único, sem imprensa livre e com descontentes na cadeia. Até que o povo saiba disso, a sensatez recomenda a fantasia de socialista. Foi por isso que Flávio Dino de Castro e Costa se transferiu, em 2021, do PCdoB para o PSB.

Como pode um ex-juiz apoiar com tamanha animação o projeto de lei que, a pretexto de regulamentar a internet, introduz a censura no mundo das redes sociais?

Nascido em abril de 1968, o atual ministro da Justiça e da Segurança Pública decerto foi nos anos 80 o melhor aluno de um curso semelhante ao que descrevi parágrafos acima. 
Meu noivado com a extrema esquerda durou pouco também por ter constatado que comunista mente demais. 
Flávio Dino casou-se com o PCdoB porque mente mais que respira. Transformado em devoto irrevogável da seita, serviu-a como juiz federal e deputado. 
Em 2014, sem esconder o caso de amor com o PCdoB, venceu Roseana Sarney na disputa pelo governo do Maranhão. Reeleito, provou ao longo de oito anos que o maranhense é antes e depois de tudo um forte: suporta com o mesmo entusiasmo conformado o reinado da família de um coronel de jaquetão quanto o peso do mais avantajado comunista do Brasil.

Em 2021, enfim desconfiou que o Brasil não é um Maranhão tamanho família. Caiu fora da canoa do PCdoB, embarcou na caravela do Partido Socialista do Brasil, aportou em Brasília na nau dos senadores e, como um bom comunista jura saber até a segunda parte do Credo e do Salve-Rainha, tratou de rezar para que a Divina Providência o infiltrasse no primeiro escalão do governo Lula. 

Deus é bom, tem o dever de recitar o agora ministro da Justiça e da Segurança Pública. Instalado na Esplanada dos Ministérios, resolveu substituir o senador Randolfe Rodrigues no posto de Primeiro Capinha de Alexandre de Moraes, o Supremo. Com o acúmulo de atribuições, passou a contabilizar mentiras por minuto.

Em São Luiz, o governador candidato à reeleição jurava não ter feito promessas que, como atestara o vídeo exibido segundos antes, berrara no primeiro discurso de posse. 
Nesta semana, em Brasília, garantiu que só o Telegram não respondera a perguntas que misturavam redes sociais e ataques a escolas. 
 A seu lado, o secretário de Defesa do Consumidor, Wadih Damous, concordava balançando o queixo. A dupla foi surpreendida pelo esclarecimento do Telegram: as respostas haviam sido encaminhadas ao ministério um dia útil depois de recebido o questionário
Quem deve esclarecimentos ao país é Flávio Dino. Ele vem gingando o corpanzil para driblar a verdade em depoimentos em comissões do Congresso. Tem tudo para pisar na bola confrontado com a marcação homem a homem prometida por integrantes da comissão de inquérito instaurada para apurar o que efetivamente aconteceu no Oito de Janeiro.

Pela jurisprudência e pelas decisões do ministro Alexandre de Moraes, as mentiras de Flávio Dino podem ser enquadradas em "flagrante perpétuo".

ASSINE A REVISTA OESTE. Acompanhe o nosso canal no YouTube pic.twitter.com/Y7oTEx7RuL— Revista Oeste (@revistaoeste) May 4, 2023

Por exemplo: se foi advertido por órgãos de informação para o risco de distúrbios em Brasília, por que manteve as dez arrobas em descanso na sede do Ministério da Justiça? 
O que fora fazer no local do emprego num domingo? 
O que ficou fazendo depois de desencadeada a onda de violências? 
Como pode um ex-juiz apoiar com tamanha animação o projeto de lei que, a pretexto de regulamentar a internet, introduz a censura no mundo das redes sociais? 
Em que critério se baseou para aplicar ao Google a astronômica multa de R$ 1 milhão por hora? 
Frustrado com a derrota na Câmara, que barrou a ofensiva liberticida, Dino excitou-se com as truculências produzidas por Alexandre de Moraes para castigar as big techs. 
O ministro do STF fizera o que os defensores do projeto rejeitado pretendiam fazer, alegou. Com isso, admitiu que Moraes protagonizara mais uma invasão do território do Legislativo pelo Judiciário. 
E confirmou que o ataque togado não se amparava em lei alguma.

Passados menos de cinco meses, Dino fez o suficiente para forçar a atualização da frase famosa de Tom Jobim. O país que nunca foi para principiantes agora anda assombrando os mais tarimbados profissionais. Só no País do Carnaval alguém pode ser ao mesmo tempo comunista, ministro da Justiça, gerente-geral da Segurança Pública e Rei Momo.

Leia também “O Cara nunca existiu”

 

Augusto Nunes,   colunista -  Revista Oeste


domingo, 19 de março de 2023

O desfecho da trilogia sobre o ‘império do mal’ - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Desde que Lenin derrubou a nascente democracia parlamentar da Rússia para estabelecer uma ditadura brutal, muitas outras nações caíram nas iscas travestidas de “igualdade para todos” 

O selo com Stalin e Mao Zedong | Foto: Baka Sobaka/Shutterstock

  O selo com Stalin e Mao Zedong | Foto: Baka Sobaka/Shutterstock 

 E chegamos à parte final de nossa trilogia sobre o comunismo. É claro que um assunto tão complexo, tão enraizado em detalhes e ações contadas em diferentes eventos históricos não poderia ser explorado na sua totalidade em apenas três artigos. Mas precisamos de um (re)começo — precisamos levantar esse tapete da barbárie e expor aos nossos herdeiros que o atual fascínio pelo “novo” socialismo/comunismo é nocivo, enganoso, vil e perigoso. Lembro que, em novembro do ano passado, em virtude do aniversário da queda do Muro de Berlim, postei algumas fotos sem legenda da queda do muro, em 1989, em meu Instagram. Para a minha grande surpresa, fiquei espantada com a quantidade de mensagens de jovens que não faziam a menor ideia do que eram aquelas imagens. Não conhecer a história é perigoso demais.
Há muitas razões além da história para refletirmos sobre o legado do comunismo. Desde que Vladimir Lenin derrubou a nascente democracia parlamentar da Rússia, em 1917, para estabelecer uma ditadura brutal, muitas outras nações caíram nas iscas travestidas de “igualdade para todos” chamadas de comunismo — muitas vezes, dissimuladas e maquiavelicamente empacotadas de apenas “socialismo”.
 
O comunismo promete igualdade, mas oferece escassez para todos, exceto para as elites em seu aparato
Ele lança a justiça social e oferece escravização em massa, miséria generalizada, desconfiança social e punição severa para todos os que discordam do sistema. 
Vimos esses fenômenos acontecerem em todo o mundo, na China, na Coreia do Norte, no Sudeste Asiático, na Europa Oriental pós-Segunda Guerra Mundial, Cuba, América Central e, talvez mais notavelmente visível para nós, brasileiros, hoje com a fome e o caos da Venezuela.
A queda do Muro de Berlim, 1989 | Foto: Wikimedia Commons
O comunismo toma conta da China e além
Antes de a China se tornar um país comunista, houve um período de 37 anos, começando em 1912, com um governo provisório, depois a Primeira República da China, a Segunda República Nacionalista da China e depois a República Constitucional da China. Antes desse período, a China era governada por dinastias imperiais.

Em julho de 1921, o Partido Comunista da China é formado pelos revolucionários Chen Duxiu e Li Dazhao, que se tornaram marxistas após a vitória bolchevique na Revolução Russa. Em 1927, o PCC fica sob o controle de Mao Zedong, e, em 1947, Mao lidera uma revolução para que, em 1º de outubro de 1949, seja declarado o estabelecimento da República Popular da China, sob o regime do Partido Comunista.

Na divisão sino-soviética da década de 1950, Mao rompeu com o marxismo-leninismo tradicional e desenvolveu o maoismo, a interpretação chinesa do comunismo. Os maoistas iniciaram uma forte tradição comunista, instituindo o Grande Salto Adiante e a Revolução Cultural.  
Em 1958, o Grande Salto é colocado em prática, com o objetivo de desviar a economia da China da agricultura para a indústria — em apenas cinco anos. O resultado foi uma das maiores barbáries contra a vida humana da história
Pelo menos 30 milhões de pessoas morreram de fome em apenas quatro anos. 
Além disso, as reformas agrárias de Mao levaram milhões à morte em execuções públicas em campos de trabalho. Na revolução cultural, Mao derrubou seus inimigos, perseguiu quase 300 mil intelectuais e dissidentes do comunismo na Campanha Antidireitista, e milhões de pessoas foram mortas ou perseguidas por apenas discordarem do regime.

Em apenas alguns anos, o Grande Salto também causou enormes danos ambientais na China. O plano de produção de aço resultou em florestas inteiras sendo derrubadas e queimadas para abastecer as fundições, o que deixou a terra aberta à erosão. O cultivo denso e a lavoura profunda despojaram as terras agrícolas de nutrientes e também deixaram o solo agrícola vulnerável à erosão. Líderes comunitários ansiosos exageraram em suas colheitas, na esperança de agradar à liderança comunista, mas este plano saiu pela culatra de forma trágica. Como resultado da superprodução, os funcionários do partido levaram a maior parte da colheita para as cidades, deixando os fazendeiros sem nada para comer. As pessoas no campo começaram a passar fome.

Em 1960, uma seca generalizada aumentou a miséria do país, e as pessoas no campo não conseguiam mais plantar sequer para sobreviver. No final, por meio de uma combinação de políticas econômicas desastrosas e condições climáticas adversas, cerca de 20 a 48 milhões de pessoas morreram na China. A maioria das vítimas morreu de fome no campo. O número oficial de mortos do Grande Salto é de 14 milhões, mas a maioria dos estudiosos concorda que esta é uma subestimação substancial, já que todos os dados vindos dos comunistas não são confiáveis.

(...)

Umas das páginas mais sangrentas da comunista China foi escrita recentemente, em 1989: o Massacre de Tiananmen Square. Protestos liderados por estudantes que pediam democracia, liberdade de expressão e liberdade de imprensa tomaram as ruas de algumas cidades da China.

Quando a presença inicial dos militares não conseguiu conter os protestos, as autoridades chinesas decidiram aumentar sua agressão, e os protestos foram interrompidos em uma repressão mortal.  
Em 4 de junho, soldados e policiais chineses invadiram a Praça da Paz Celestial, disparando balas reais contra a multidão. 
Repórteres e diplomatas ocidentais em Pequim naquele dia estimaram que milhares de manifestantes foram mortos no Massacre da Praça da Paz Celestial e até 10 mil pessoas foram presas. 
 
 Mais de três décadas depois que as tropas usaram força assassina para expulsar os manifestantes da Praça da Paz Celestial e do centro de Pequim, encobrir esse crime tornou-se uma tarefa árdua. 
Mesmo assim, a máquina de segurança da China está pronta para censurar e prender aqueles que falam abertamente sobre os eventos de 1989. Todos os rastros de imagens desse trágico dia foram excluídos dos cachês da vida cibernética chinesa. A história foi simplesmente apagada.
Tanques chineses em Pequim, julho de 1989 - 
 Foto: Wikimedia Commons

Isto é apenas uma pontinha do iceberg de terror de um país que é regido por quem respira o comunismo, por quem usa a foice e o martelo como símbolos de orgulho. A mesma foice e martelo usados pelo atual ministro da Justiça no Brasil, Flávio Dino, e que recentemente declarou que “era comunista, sim, graças a Deus”.

(...) CLIQUE E LEIA MATÉRIA COMPLETA

Recomendações de alguns livros, filmes e séries sobre o comunismo:

Livros: Fome na Ucrânia (Gareth Jones); Lenin, um Retrato Íntimo (Victor Sebestyen); A Grande Fome de Mao (Frank Dikotter); Fome Vermelha, a Guerra de Stalin na Ucrânia (Anne Applebaum); Stalin, a Biografia de um Ditador (Oleg V. Khlevniuk); O Livro Negro do Comunismo, Em Busca de Sentido (Viktor Frankl)

Filmes: A Sombra de Stalin; Colheita Amarga; Goobdye Lenin

Séries: Trostky; Como se Tornar um Tirano; Chernobyl

Documentários: The Killing Fields; Segunda Guerra em Cores; O Colapso da União Soviética

Leia também “O nascimento do ‘império do mal'”

Revista Oeste 

 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Marx e seu legado de miséria e opressão - Revista Oeste

Roberto Motta

Como filosofia, o marxismo é uma bobagem. Como doutrina política, uma fraude

 Karl Marx | Foto: Shutterstock

Karl Marx - Foto: Shutterstock  

Marxismo é uma doutrina política tatibitate, que tem obsessão por uma única ideia: tudo no mundo se resume à “luta de classes”.

Para essa questão, a solução universal marxista é sempre “derrubar a classe dominante” e implantar uma certa “ditadura do proletariado”.

É lógico que esse termo sempre causa estranheza. Afinal, ditadura é uma coisa ruim, certo? Nem sempre, apressam-se a explicar os teóricos marxistas (eles estão em todos os lugares). Na verdade, a tal “ditadura do proletariado” é o reino da “justiça social”, onde ninguém será mais dono de nada e todo mundo será feliz.

Essa é uma das características principais do modelo comunista de sociedade: acaba a propriedade privada. No comunismo, nada pertencerá a ninguém, nem mesmo ao Estado. Toda a propriedade será comum; tudo pertencerá a todos.

Se parece tolice, é porque é tolice mesmo.

Como filosofia, o marxismo é uma bobagem — uma doutrina reducionista, incapaz de compreender o mundo e ignorante dos princípios básicos da economia, do funcionamento da sociedade e da natureza humana. Disse Edmund Wilson:

“O pensamento de Marx […] apresenta os processos sociais em termos de abstrações lógicas […] Ele quase nunca enxerga os seres humanos comuns”.

Marx viveu durante o período da Revolução Industrial, e não soube interpretar o que testemunhava.

Na sua visão, os operários ficariam cada vez mais pobres, e os empresários cada vez mais ricos, até que o sistema capitalista desabaria. A realidade se mostrou diferente: graças aos ganhos de produtividade, à evolução das técnicas de gestão e à criação de um mercado de consumo de massa, a prosperidade capitalista foi compartilhada com toda a sociedade.

Um operário de hoje tem acesso a bens e serviços com os quais um nobre do século 18 nem poderia sonhar. A riqueza foi compartilhada, e o padrão de vida de toda a humanidade melhorou. Jamais houve uma revolução operária comunista; todas as revoluções “comunistas” foram projetos de tomada de poder liderados ou dirigidos por indivíduos de classe média, e camuflados com beisteirol ideológico para consumo das “massas” e como justificativa para as monstruosidades e genocídio cometidos em nome da “justiça social”.

O. de Meira Penna, no seu livro A Ideologia do Século XX, chama Fidel Castro de “um pequeno burguês intelectualizado”.
Diz o ideólogo esquerdista Saul Alinsky:

“Foi da classe média que vieram os grandes líderes das mudanças nos séculos passados: Moisés, Paulo de Tarso, Martin Luther King, Robespierre, Danton, Samuel Adams, Alexander Hamilton, Thomas Jefferson, Napoleão Bonaparte, Giuseppe Garibaldi, Lenin, Mahatma Gandhi, Fidel Castro, Mao e tantos outros”.

Por isso, como doutrina política o marxismo é uma fraude. Todos os políticos, ativistas e ideólogos que chegaram ao poder em revoluções “marxistas” se tornaram a nova classe dominante, reproduzindo e, quase sempre, piorando muito a opressão que diziam combater.

A repressão política, a censura, a tortura e os massacres ordenados por Stalin e Lenin superaram em muito as piores atrocidades cometidas pelos czares russos que eles substituíram.

Joseph Stalin | Foto: Reprodução/Britannica

Pierre-Joseph Proudhon foi um socialista, político, filósofo e economista francês do século 19. Em 1846, Marx convidou Proudhon para fazer parte do que era o nascente projeto comunista.

Proudhon respondeu que ficaria feliz em participar, mas:

“Tomo a liberdade de fazer certas reservas, que são sugeridas por vários trechos de sua carta […] Vamos colaborar na tentativa de descobrir as leis da sociedade, a maneira como essas leis funcionam, o melhor método para investigá-las; mas, pelo amor de Deus, depois de termos demolido todos os dogmatismos, não podemos tentar incutir outro tipo de doutrina no povo […] simplesmente porque estamos à frente de um movimento, não podemos nos colocar como líderes de uma nova intolerância, não nos façamos passar por apóstolos de uma nova religião — mesmo que esta religião seja a religião da lógica, a religião da própria razão. Vamos receber e encorajar todos os protestos; condenemos todas as exclusões, todos os misticismos; nunca consideremos uma questão como encerrada, e, mesmo depois de termos esgotado nosso último argumento, vamos recomeçar, se necessário, com eloquência e ironia. Nessas condições, ficarei honrado em participar do seu projeto — se não for assim, minha resposta é não”.

Proudhon nunca aderiu ao comunismo. Ele, antes da maioria, percebeu que o projeto de Marx era apenas substituir uma forma de opressão por outra, que seria justificada ideologicamente.

Como uma espécie em extinção, o marxismo encontrou no meio acadêmico seu último refúgio

A verdade, como disse o sociólogo Gert Hofstede, é que o “poder cria a sua própria justificativa”. O marxismo fornece uma justificativa despótica pronta para uso, das estepes geladas da Rússia às florestas da América Latina, passando pelos desertos e selvas da África.

A verdade é muito simples, e fácil de verificar: nenhum ditador comunista acredita em comunismo. Eles apenas usam a ideologia marxista como instrumento para conquistar e manter o poder, como poderiam usar qualquer outra.

Como sistema de governo, o marxismo se reduz a um método de extermínio em massa, responsável pelo assassinato de centenas de milhões de pessoas. É impossível contar o número exato de vítimas que foram mortas para que o triunfo do marxismo fosse possível em países como Rússia e China. No Camboja, o ditador marxista Pol Pot — que tinha sido educado na França — matou o equivalente a 25% da população do seu país.

Se isso tivesse acontecido no Brasil, 50 milhões de pessoas teriam sido assassinadas — mais do que toda a população do Estado de São Paulo.

O livro Rumo à Estação Finlândia, do historiador Edmund Wilson, dá informações importantes sobre como o marxismo já nasceu contaminado pelo erro e pela destruição de vidas.

Livro Rumo à Estação Finlândia , de Edmund Wilson | Foto: Divulgação

O criador do marxismo — Marx — foi um fracassado, que gastou a herança da esposa, Jenny von Westphalen, jogou a família na miséria e dependeu a vida inteira, para seu sustento, de um amigo, Friedrich Engels, cujo pai, Caspar Engels, era um rico empresário capitalista, com negócios em Barmen, na Alemanha, e Manchester, na Inglaterra.

Engels, o precursor da esquerda caviar, usava o dinheiro paterno para financiar o nascimento do comunismo, mas tinha desprezo pelo pai, que o sustentava, e repulsa pela empresa que ele havia construído. Em uma carta a Marx, ele relata:

“Deixei-me influenciar pelos argumentos de meu cunhado e pelos rostos melancólicos de meus pais para fazer mais uma tentativa de trabalhar neste comércio imundo, e estou trabalhando no escritório há 14 dias […] roubar dinheiro é muito assustador […] perder tempo é muito assustador e, acima de tudo, é muito assustador permanecer não apenas um burguês, mas um dono de fábrica, um burguês trabalhando contra o proletariado. Alguns dias na fábrica do meu velho me forçaram a reconhecer o horror disso…”.

Marx era violento e arrogante, diz Edmund Wilson, além de “anormalmente desconfiado e invejoso; certamente era capaz de ser vingativo e de cometer maldades gratuitas”. Marx gostava de humilhar adversários e rivais, especialmente aqueles sem muita escolaridade, usando seu título acadêmico de doutor em filosofia. “O comportamento de Marx costumava ser tão provocador e intolerável que suas propostas eram sempre rejeitadas, porque todos aqueles cujos sentimentos haviam sido feridos por seu comportamento apoiavam tudo o que Marx não queria“.

Diz Wilson:

“…Karl Marx não hesitou, em sua busca pelo poder sobre a classe trabalhadora, em romper com líderes operários, ou mesmo em destruí-los. Ele não conseguia persuadir ou vencer ninguém; exceto no caso de poucos discípulos devotados, ele era incapaz de gerar lealdade pessoal; ele não conseguia convencer as pessoas que o desafiavam, ou de quem ele discordava, a trabalhar para ele; e, no que diz respeito à classe trabalhadora em particular […], suas ligações com ela sempre foram muito remotas”.

A família de Marx sofreu tanto com sua inconsequência que vários de seus filhos morreram ainda na infância, e duas de suas filhas adultas cometeram suicídio.

Como se pode esperar que uma teoria de salvação do mundo pudesse ser criada por um homem incapaz, moral e fisicamente, de criar, nutrir e proteger a própria família?  

Como esperar uma teoria geral das relações econômicas vinda de uma pessoa incapaz de prover o seu próprio sustento e o de seus filhos?

Apesar disso, ainda encontramos muitos marxistas no mundo de hoje.

Por quê?

Quem explica é A. C. Grayling, que diz que as ideias marxistas continuam a exercer influência na cultura e na filosofia:

[…] Principalmente na análise e na crítica de tendências nas artes e na mídia, em certas escolas de pensamento sociológico, no pensamento feminista, e como uma posição conveniente para críticos de quase todos os assuntos. No confortável mundo dos professores universitários assalariados, a retórica marxista pode ser combinada com, digamos, ideias lacanianas — na verdade, com qualquer ideia — para produzir dissidência instantânea e sob medida.

Como uma espécie em extinção, o marxismo encontrou no meio acadêmico seu último refúgio. O marxismo é muito útil para aqueles que precisam aparecer e chamar a atenção da mídia, mas não têm nada a dizer.

Demolição da estátua de 20 metros do comunista Vladimir Lenin, 
em Zaporizhia, Ucrânia (2016) | Foto: Shutterstock

A solução é simples. Basta apelar para o marxismo e sua “luta de classes”.

Aplicado a qualquer assunto, o marxismo transforma a questão — seja ela qual for —  em uma luta revolucionária entre oprimidos e opressores, e gera visibilidade e prestígio para o “especialista” ou acadêmico que a invoca.

Muitas questões importantes hoje são tratadas quase exclusivamente de forma marxista.

O marxismo aplicado às questões étnicas virou a “teoria crítica da raça”.

O marxismo aplicado ao direito virou “garantismo penal”.

O marxismo aplicado à educação virou a “pedagogia do oprimido”.

O marxismo aplicado à religião virou a “teologia da libertação”.

O marxismo aplicado à sexualidade virou a “ideologia de gênero”.

O domínio das ideias marxistas na sociedade moderna é quase completo. Os únicos que resistem a isso são os conservadores e alguns liberais (há liberais que escolheram interpretar o liberalismo como um marxismo sapatênis).

Antes que eu esqueça: Karl Marx, o patrono da classe operária, engravidou a empregada de sua família, Helen Demuth.

Engels fingiu que era o pai, e Helen Demuth foi obrigada a confirmar a farsa.

A criança, Fredrick Demuth, foi doada, para ser criada por uma família de classe trabalhadora, em Londres.

O segredo foi preservado por mais de quatro décadas.

Em 1895, em seu leito de morte, Engels confessou a verdade a Eleanor Marx — uma das duas filhas sobreviventes de Marx.

Ela ficou arrasada com a revelação.

Três anos depois, Eleanor se suicidou.

Em 1911, a outra filha de Marx, Jenny, suicidou-se.

O filho descartado por Marx, Freddy Demuth, cresceu como uma criança abandonada e solitária.

O criador da ideologia que iria redimir a humanidade e pôr fim a todas as desigualdades e injustiças deixou um legado de sofrimento, traição, miséria e opressão, que matou milhões e atormenta a humanidade até hoje.

Esse é o legado do marxismo.


Leia também “Querido YouTube”

 

 Roberto Motta, colunista - Revista Oeste


domingo, 7 de agosto de 2022

Os banqueiros de esquerda e o paraíso lulista - Revista Oeste

 J. R. Guzzo

George Soros | Foto: Montagem Revista Oeste/Flickr
George Soros | Foto: Montagem Revista Oeste/Flickr

 Transformaram-se as eleições em questão judicial, como uma ação de despejo ou a cobrança de uma dívida no crediário da loja temos aqui uma “justiça eleitoral”, objeto até hoje desconhecido em qualquer democracia séria do mundo.
 
Está escrito na Constituição Federal que o cidadão, entre outros benefícios legais garantidos pelo Estado, tem direito ao “lazer”. 
Há neste momento um candidato à presidência da República que já foi condenado pela justiça por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes
Apresentam-se agora ao público, entre tantas outras novidades, os banqueiros de esquerda.

Os banqueiros de esquerda e os empresários socialistas fazem parte, ao que parece, da evolução natural das espécies ricas que se processa hoje pelo mundo afora

Os banqueiros de esquerda andam na companhia de uma espécie de primos, os empresários socialistas — alguns, segundo ficamos sabendo agora pela mídia, defendem as causas operárias desde a adolescência, na categoria de simpatizantes. 
Estão hoje encantados, todos eles, com um gosto novo em suas vidas — passaram a se sentir parte do “campo popular”, ou “progressista”, junto com os invasores de propriedade do MST, as gangues sindicais da CUT e a cantora que sapateia em cima da bandeira do Brasil. 
Assinam manifestos atestando a perfeição das urnas eletrônicas, apoiam o inquérito perpétuo que o ministro Alexandre de Moraes conduz para descobrir e punir os “inimigos da democracia” e, mais do que tudo, estão fechados com a candidatura de Lula à presidência da República. Apoiam, junto com Lula, um projeto de governo que promete ressuscitar o imposto sindical, impor o “controle social sobre os meios de comunicação” e criar uma estatal inédita para “cuidar da Amazônia” mais uma porção de coisas parecidas, ou piores do que essas.[o descondenado petista também promete criar o Ministério dos Índios - em nossa opinião,  tão inútil quanto os milhões de hectares de terras indígenas.]
 
Essas duas novidades do Brasil, os banqueiros de esquerda e os empresários socialistas, fazem parte, ao que parece, da evolução natural das espécies ricas que se processa hoje pelo mundo afora — ou pelo menos nos Estados Unidos e na Europa. 
Lá também se multiplicam os milionários comunistas, ou coisa parecida; seu modelo de herói é o financista George Soros, uma espécie de Lenin do século XXI que promove a revolução mundial circulando de um continente a outro de jato particular e socando dinheiro em cima de tudo o que cheira à “causa popular”
Gostam muito, também, de Bill Gates — que descobriu, após ganhar seus primeiros US$ 130 bilhões com as regras do capitalismo, que no momento, e para os outros, a melhor ideia é entrar na religião socialista. 
Ele acha, por exemplo, que a solução para os problemas da humanidade é “tirar dinheiro dos ricos”. Gates não informou até agora, em sua nova consciência social, até onde vai abrir mão da sua própria fortuna. [ousamos supor, achar e até pensar que ele, malandramente, criou uma fundação que custeará por 'baixo dos panos' seus gastos bilionários. 
Observação: para evitar que nos acusem e até nos prendam pelo crime hediondo de difusão de  fake news - no caso 'disfarçada' em um comentário sobre una narrativa destacamos que o acima é um comentário sobre um pensamento nosso.
Estamos cientes que narrativa só é  permitida quando apresentada pela mídia militante ou algum admirador da esquerda maldita. ]
Será que estaria disposto a ficar só com o necessário, por exemplo, para levar o mesmo estilo de vida de um motorista de ônibus ou de um auxiliar de enfermagem? 
Tudo bem, não precisa tudo isso — que tal, então, uma situação parecida com a sua? Será que o homem toparia?  
Naturalmente, perguntas deste tipo são consideradas como de péssimo tom na bolha dos milionários “comunistas”.  
A “quem interessa”, perguntam eles e os seus advogados, saber esse tipo de coisa? Fica-se sem as respostas, portanto.

Não é nenhum segredo de Estado, de qualquer forma, que ninguém precisa mexer em um tostão na sua lista de despesas mensais, nem no seu estilo de vida, para ganhar certificado de “pessoa de esquerda”. Os ricos mudam de “ideologia”, mas não mudam de turma — nem aqui e nem na variedade internacional. 
Existe, na verdade, um pacote mental do milionário-padrão de esquerda, brasileiro ou não, e nada do que existe ali requer o sacrifício de qualquer conforto pessoal. Na sua versão completa, são todos a favor da “igualdade” — que deve ser obtida não pelo trabalho, o mérito e o talento individuais, mas por doação do erário público.  
É óbvio, também, que são altamente “inclusivos”. Têm horror ao racismo, à discriminação contra as “mulheres”, à “masculinidade tóxica” e à homofobia. 
Apoiam tudo o que os dirigentes do movimento LGBT pregam como “causas”, da passeata gay à criminalização dos “atos homofóbicos” e à livre entrada de transgêneros no banheiro das mulheres. [aqui no Brasil o assunto 'livre entrada de transgêneros no banheiro das mulheres', onde também entram meninas, crianças, é assunto importantíssimo, em função da elevada importância, a matéria está no Supremo há vários anos aguardando decisão.]  São a favor da linguagem neutra, inclusive nas suas empresas.
Querem mais terra para os índios — além, é claro, dos quase 15% do território nacional que eles já têm hoje
Apoiam cotas de empregos e de cargos executivos para “minorias”. 
Estão entre os devotos mais fervorosos das crenças segundo as quais a Amazônia está sendo destruída pelos incêndios, a motosserra e a pesca ilegal.  
Ficam indignados com a “mudança do clima”, com o “fascismo” e com cloroquina. 
Estariam em casa, e seriam muito festejados, em qualquer boteco da Vila Madalena.

De delinquente social, explorador do sangue, suor e lágrimas das massas trabalhadoras, o rico de esquerda passou a ser um tipo politicamente admirável

Os ricos de esquerda existem por uma razão maravilhosamente simples: ser de “esquerda” não custa um tostão furado para ninguém hoje em dia. No passado não era assim tão fácil.  
O sujeito tinha de ser contra o regime militar, por exemplo, e expor-se a certas coisas incômodas, como a atenção da polícia; 
mais remotamente ainda, era preciso ser um revolucionário, viver escondido e estar pronto para pegar um fuzil-metralhadora, descer a Sierra Maestra e arriscar o couro tentando tomar o palácio do governo. 
Hoje sai tudo absolutamente de graça, para qualquer um; o risco de ser esquerdista foi reduzido a três vezes zero. Na verdade, um milionário pode ser de esquerda não apenas sem mudar nada em seus confortos — seu SUV de R$ 1 milhão, sua segurança armada e o seu helicóptero, ou jatinho, de última geração. Mantém tudo isso e ainda por cima pode ganhar muita coisa boa. A principal delas, aparentemente, é a absolvição pelos pecados de classe
De delinquente social, explorador do sangue, suor e lágrimas das massas trabalhadoras, o rico de esquerda passou a ser um tipo politicamente admirável, aprovado com louvor pelos bispos, pelo Facebook e pelos artistas da Globo. 
“Olhem só que bacana”, encantam-se as classes médias esclarecidas, os intelectuais e os jornalistas. “O cara é podre de rico e se preocupa com os pobres. Quer salvar a natureza. Vai votar no Lula.”

Aparentemente, eles não conseguem estabelecer em seu sistema mental nenhuma relação entre as suas fortunas e o regime capitalista

Ajuda muito, nesta imigração para o mundo da esquerda, um fato básico da vida: os milionários não precisam de nada daquilo que um cidadão comum pode desejar de um governo decente. Rico não precisa de emprego. 
Aliás, não precisa de nada que esteja ligado ao mundo do trabalho: oportunidades, progresso na carreira profissional, aumento de salário. Também não têm a menor necessidade de metrô, trem de subúrbio ou linha de ônibus. 
Polícia não faz falta nenhuma: milionário tem equipes inteiras de segurança privada e, além disso, os bandidos raramente cometem a estupidez de assaltar um deles. 
Não se importam com invasão de terra, no caso de terem terra. 
O MST sabe perfeitamente quem invade, e se houver algum engano Lula está lá para resolver na hora. 
Estão pouco ligando para a liberdade de expressão. O que vão fazer com isso? Não apenas não precisam da liberdade de expressão; o mais provável é que não queiram, ou que sejam a favor da censura — disfarçada pela virtuosa intenção de combater os “excessos” de liberdade que tanto infelicitam os ministros do STF. 
 
Lula disse que vai impor o “controle social” sobre a mídia; na verdade, disse que isso vai ser “prioridade” em seu governo. Os milionários socialistas não fizeram nenhuma objeção. Saúde pública? Rico de esquerda tem plano médico cinco estrelas. Escola pública? Filho de rico estuda em escola privada, com mensalidade de R$ 10.000 para cima. O resto é mais do mesmo. Não faz diferença nenhuma, para o bem-estar de quem vive nessas alturas sociais, que o governo seja bom, médio ou péssimo.

Os milionários de esquerda têm uma outra facilidade para ser como são. Aparentemente, eles não conseguem estabelecer em seu sistema mental nenhuma relação entre as suas fortunas e o regime capitalista — não percebem que a liberdade econômica foi necessária, ou talvez tenha ajudado um pouquinho, na construção da riqueza que têm. Fica simples, aí, apoiar o socialismo de Lula, a causa do “Estado forte” e os governadores que não querem baixar o preço da gasolina — os ricos “progressistas” acham que o seu patrimônio existe num mundo em que os fatos da economia não dependem do sistema de liberdades públicas em geral. Alguns deles também não veem relação de causa e efeito entre a situação de milionário e o fato de terem herdado as suas fortunas dão a impressão de acharem que são ricos por alguma disposição da natureza. É mais ou menos como a criança que acredita que pipoca “dá” no forno de micro-ondas. 

Parecem acreditar, em sua atual devoção às causas populares, que poderiam ter enriquecido ou mantido o que têm se o Brasil tivesse vivido sob um regime socialista nos últimos 50 anos se fosse uma Cuba, por exemplo, para ficar no país-modelo do seu candidato à Presidência.

Lula não mexe com banqueiro nem se tiver um revólver encostado na testa

Mais talvez do que qualquer outra consideração, em toda essa comédia, há um fato matador: houve realmente de tudo no governo Lula, mas uma coisa que não houve, de jeito nenhum, foi um único milionário prejudicado em algum aspecto da sua vida. 
Foi, o tempo todo, votar em Lula e correr para o abraço — ou, em certos casos, comprar uma passagem para o paraíso. Pense um pouco nos empreiteiros de obras públicas — um Marcelo Odebrecht, por exemplo, ou outro qualquer que puxou cadeia ou devolveu milhões em dinheiro roubado por força da Operação Lava Jato. 
Ou, então, nos fornecedores da Petrobras, nos empresários-heróis do tipo Eike Batista e outras estrelas. Essa gente ganhou ou perdeu nos governos populares de Lula e de sua sucessora Dilma Rousseff? ]
Os banqueiros de esquerda, de um modo especial, têm as melhores razões para serem de esquerda: nunca antes neste país, em todos os seus 522 anos de história, os bancos ganharam tanto dinheiro como na era Lula-Dilma. Um número regularmente citado coloca em R$ 200 bilhões o lucro dos bancos nos dois governos Lula; Dilma foi outra festa. [já no governo do 'capitão do povo' - só com a implantação do Pix, no segundo ano do governo Bolsonaro - as perdas dos bancos - que não podem cobrar tarifas dos usuário do Pix - foram superiores a QUARENTA BILHÕES DE REAIS = R$ 40.000.000.000,00.
Banqueiros, especialmente os de esquerda, NÃO ACEITAM PERDER DINHEIRO.] 
Por que não voltar a esses dias de sonho? É certo que os bancos também lucraram muito dinheiro no governo Bolsonaro; mas estão longe, com ele, de ter o grau de intimidade que tinham com Lula. Um fato é certo: Lula não mexe com banqueiro nem se tiver um revólver encostado na testa. Nunca mexeu. Não vai mexer. Então por que, no final de todas as contas, o Brasil não teria banqueiros de esquerda? É esquisito, claro. 
É coisa do nosso folclore, como o boto-cor-de-rosa ou o Negrinho do Pastoreio. É até engraçado. Mas tem toda a lógica.

Leia também “Um tribunal que joga para Lula”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


domingo, 6 de março de 2022

Putin, a Mãe Rússia e o Ocidente - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

Os russos permitiram a concentração de poder num só homem, que se despiu de ideologias e adotou um pragmatismo nacionalista cuja meta era tornar a Rússia um país temido novamente 

Vladimir Putin, presidente da Rússia | Foto: Asatur Yesayants/Shutterstock
Vladimir Putin, presidente da Rússia -  Foto: Asatur Yesayants/Shutterstock 
 
Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, o mundo se voltou para Vladimir Putin, aquele que comanda com mão de ferro o país desde 1999. Todos querem entender a cabeça daquele que ameaça levar o mundo a uma guerra nuclear. 
Será que ele está blefando? 
Seria Putin capaz de apertar o botão vermelho? 
Como as sanções econômicas impostas pelo Ocidente podem frear as pretensões imperialistas da Rússia? 
Putin é comunista ou nacionalista? E por aí vai.

Naturalmente, a psicologia de alguém como Putin é algo complexo. Sabemos de seu passado, do fato de que seu avô foi cozinheiro de Lenin e também de Stalin, que seu pai, um operário, foi ferido na Segunda Guerra Mundial, que ele foi agente secreto na KGB, e que considerou o debacle da União Soviética uma “catástrofe geopolítica”. Ou seja, seus laços com o imperialismo soviético são evidentes. Mas Putin também é um nacionalista, e em muitos aspectos se parece com um novo czar, lutando para resgatar a grandeza da “Mãe Rússia”. É aqui que atrai, além de comunistas, reacionários.

O Ocidente está em crise de identidade, submetido ao globalismo de elites “progressistas”, materialistas e cosmopolitas
Os conservadores estão absolutamente certos quando apontam para a doença. 
Erra na receita, porém, quem acha que alguém como Putin pode ser parte da resposta. 
Basta conhecer um pouco do perfil do autocrata russo para compreender que ele está longe de ser a solução para as mazelas ocidentais. 
Ao contrário: a civilização ocidental precisa ser defendida justamente por representar valores que alguém como Putin, no fundo, repudia com veemência.

Putin nunca demonstrou qualquer apreço pelas instituições democráticas. Se o império das leis é um dos pilares mais importantes no Ocidente, ainda que em crise pelo abuso de poder arbitrário de hoje sob o pretexto da ciência, Putin simboliza seu oposto, a concentração de poder num só indivíduo, que tudo pode. Ele assumiu o poder quando havia um vácuo deixado pela crise de 1998 e a liderança frágil do bêbado Yeltsin. Oligarcas sem escrúpulos que conquistaram muito dinheiro e poder após a queda do regime soviético ajudaram a criar Putin como político, e logo em seguida o ex-espião destruiu um a um de seus “criadores”.

No livro The Oligarchs, de David Hoffman, essa história é contada em detalhes. É preciso entender que Yeltsin colocou alguns liberais no comando da economia, mas faltavam à Rússia instituições básicas para o funcionamento do livre mercado. O que tivemos em seu lugar foi uma “lei da selva”, um “vale-tudo” em que os tais oligarcas exploraram com maestria à custa do povo. Quando veio a crise, ela foi associada de maneira equivocada ao capitalismo. E foi nesse contexto que Putin chegou ao poder. Sim, ele foi pragmático para não matar a galinha dos ovos de ouro. Mas ele jamais depositou esperança no mecanismo de mercado para levar prosperidade aos russos.

Não se tratava, portanto, de um modelo de meritocracia, e sim um de conexões. Após utilizar os oligarcas para sua ascensão, Putin percebeu que era arriscado demais depender deles, e por isso passou a perseguir cada um deles. O dono da Yukos, Khodorkowsky, então o homem mais rico do mundo emergente, foi preso e esmagado como uma barata em poucas semanas. Os dois barões da mídia tiveram de fugir. O recado era claro: ou se submetia ao conceito de tirania de um homem só ou seria destruído. Putin não se importava com a riqueza desses oligarcas, desde que isso não significasse poder político. Esse seria todo dele, apenas dele.

O capitalismo russo floresceu sem qualquer transparência, por meio de propinas, tudo feito às sombras, com conexões e influência, com golpes escancarados, sem qualquer instituição sólida para proteger a propriedade privada. O liberal Yegor Gaidar, reformista convocado por Yeltsin, temia justamente isso: que os russos fossem se sentir traídos pelo capitalismo. Eu estive num jantar com Gaidar, um admirador de Hayek, e ele parecia alguém sem interesses materiais. Era alguém que realmente acreditava num caminho alternativo para a Rússia, similar ao traçado pelo Ocidente. Na era Putin, figuras como Gaidar não tinham qualquer espaço no governo.

Putin claramente desprezava os oligarcas que só pensavam em enriquecer por meio de esquemas fraudulentos e, eventualmente, mandar o dinheiro para fora do país. Os reformistas liberais tentaram oferecer o máximo de liberdade antes de criar regras claras do jogo, e no vácuo dessas regras vieram forças caóticas do mal, como charlatães, brutamontes, gangues criminosas, políticos corruptos, burocratas espertos, mafiosos etc. Foi nesse ambiente que o ex-espião da KGB concentrou boa parte do poder político. A Rússia nunca desenvolveu qualquer respeito pelo império das leis, pelo estado de direito.

Vale notar que Putin foi catapultado ao papel de líder logo no começo de sua gestão como primeiro-ministro, quando uma série de bombas aterrorizaram Moscou. Os supostos terroristas nunca foram encontrados, o que alimentava a suspeita de se tratar de um trabalho interno do serviço secreto russo, ligado a Putin. O prefeito Luzhkov, seu adversário político, teve sua imagem muito desgastada, enquanto Putin culpou os chechenos e lançou uma ofensiva militar em larga escala, fazendo sua taxa de aprovação disparar.

Ninguém conhecia direito o pensamento político de Putin, ou o que ele fizera na KGB. Os próprios oligarcas ainda o encaravam como uma marionete em suas mãos. Mas, após os anos de fraqueza de Yeltsin, os russos pareciam apreciar o estilo firme de Putin, e muitos compartilhavam de seu ódio pelos chechenos. Mesmo os “liberais”, cansados do caos econômico, pediam que Putin fosse o “Pinochet russo”, acreditando que apenas uma ditadura política poderia viabilizar as reformas econômicas de mercado. Putin soube usar isso a seu favor.

Os russos, sem tradição de liberdade, parecem ter chegado à conclusão de que uma “democracia” controlada de cima é a única alternativa viável no país

Fechado, discreto, sisudo, Putin nunca participara de competições políticas reais, apenas de jogos de bastidores. Ele era extremamente disciplinado, inclusive a ponto de não demonstrar muita ambição no começo e sinalizar lealdade àqueles que o alçaram ao poder. Ele temia a imprensa, em especial a televisão, e por isso seus primeiros alvos foram os oligarcas da mídia. A censura foi imposta durante a guerra, e nunca mais abandonou a Rússia. Putin não queria destruir o sistema, apenas controlá-lo. Ao destruir Gusinsky e Berezovsky, os dois barões da mídia, o caminho ficou livre para o restante do trabalho.

O caso envolvendo Berezovsky, seu principal “criador”, merece maior atenção. Berezovsky passou a discordar de Putin sobre a guerra na Chechênia, e cometeu o erro de externar sua opinião em público. Putin não tolera isso. Berezovsky chegou a enviar uma carta a Putin alertando para seus erros ao escalar o conflito, impor sua vontade aos governadores e tentar controlar a mídia. Mas o magnata não tinha chance nessa batalha, e acabou vendendo seu canal de TV para Roman Abramovich, aliado de Putin, e fugiu do país.

Como coloca Lilia Shevtsova em Putin’s Russia, o desejo avassalador entre a classe política e os russos em geral era que Putin se mostrasse um líder que poderia trazer ordem ao caos de Yeltsin e acabar com a imprevisibilidade do Kremlin. Ao apostar nisso, porém, os russos permitiram a quase absoluta concentração de poder num só homem, que se despiu de ideologias e adotou um pragmatismo nacionalista cuja meta era tornar a Mãe Rússia um país respeitado e temido novamente.

Enquanto o preço do petróleo continuar alto, Putin tem pouco a temer. Não é possível negar que ele conta com apoio popular. Os russos, sem tradição de liberdade, parecem ter chegado à conclusão de que uma “democracia” controlada de cima é a única alternativa viável no país. Muitos são inclusive nostálgicos dos tempos soviéticos, apesar de tudo, apenas por conta do papel geopolítico exercido pela Rússia. Não é uma nova dacha para as férias ou trocar de iPhone todo ano que os move, e sim um sentimento coletivista de pertencer a algo maior.

A economia russa é pequena, quase do tamanho do Estado da Flórida. Mas os russos que apoiam Putin estão preocupados com outras coisas. É um grave equívoco medir Putin pela régua “progressista” ocidental. Trata-se de um autocrata nacionalista obstinado, capaz de tudo para atingir seus fins, e que não vai descansar enquanto a Rússia não for, novamente, um adversário à altura do decadente Ocidente. Aqueles que acreditam que ele pode ser um bom substituto do Ocidente, porém, estão redondamente enganados. Putin é a antítese de tudo que a civilização ocidental representa.

Leia também “A fraqueza ocidental”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste