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terça-feira, 5 de maio de 2020

Mera suspeita não pode impedir posse; e quem diz isso é o “pai dos juristas” - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

No domingo (3), o presidente Jair Bolsonaro disse que vai nomear um novo diretor-geral da Polícia Federal. Isso se deu depois que o ministro Alexandre de Moraes deu uma liminar impedindo Ramagem de assumir o órgão. São três nomes envolvidos. Alexandre de Moraes, que impediu a nomeação; Alexandre Ramagem, o impedido; e agora se fala no Alexandre de Souza, o número dois de Ramagem na ABIN, que pode se tornar o novo diretor-geral da PF.

Ives Gandra Martins é um dos grandes juristas do Brasil, e que para mim seria o presidente da República ideal para esse país, esse é o meu pensamento nos últimos 30 anos. Provavelmente ele ensinou alguma coisa para todos os 11 ministros do STF. Ele disse: Ao ler a Constituição, cujo trabalho eu acompanhei de perto, participando, não consigo encontrar nenhum dispositivo que justifique um ministro da Suprema Corte impedir a posse de um agente do Poder Executivo por mera acusação de um participante do governo sem que houvesse qualquer condenação ou processo judicial a justificar”.

Não deixe de ler: O aborto eugênico é derrotado, mas o Brasil não pode baixar a guarda
" Não será desta vez que o aborto eugênico será ampliado no Brasil. Em julgamento virtual encerrado no fim da semana passada, o Supremo Tribunal Federal derrubou por unanimidade a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.581, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos (Anadep) juntamente com uma arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) sobre o mesmo tema.

 As ações pleiteavam uma série de medidas para gestantes infectadas com o zika vírus, incluindo a possibilidade de fazer um aborto – ainda que não houvesse diagnóstico de microcefalia na criança, o que tornava o pedido ainda mais perverso, por se tratar de um “na dúvida, mate-se”. ..."

E continuou, “se mera suspeita servir, a partir de agora, o Poder Judiciário estará revestido de um poder político que não tem constitucionalmente. Qualquer magistrado, de qualquer Comarca do país, poderá adotar o mesmo critério”. E finalizou, “por acusações fundadas ou infundadas, não examinadas pelo Poder Judiciário, em processos com direitos invioláveis a ampla defesa, impedir nomeações que são da exclusiva atribuição do chefe do Executivo de qualquer município, estado ou da própria União”.

Essa é a posição do pai dos juristas deste país. Ives Gandra Martins tem 85 anos e, portanto, uma longa carreira e experiência na área jurídica. Vamos ver o que decide o plenário do Supremo a respeito desse caso.


Não deixe de ler:    Num relatório sobre liberdade religiosa, os burocratas da ONU passam por cima de tratados para incluir coisas como o aborto na lista dos direitos humanos.


Distribuição de dinheiro
O plenário do Senado aprovou, remotamente, por 79 votos a 1, a compensação a estados e municípios pela paralisação da atividade econômica e pela queda de arrecadação. A condição é que a folha de pagamento de municípios, estados e União seja congelada por 18 meses, à exceção a área da saúde, a polícia e os militares. [consultamos vários órgãos públicos e sindicatos e todos foram unânimes em dizer que não existe nenhum projeto de lei, sequer previsão,  cuidando de aumento para os servidores públicos - assim vão conseguir congelar o que não existe.] Os estados e municípios vão receber R$ 60 bilhões da União, vão deixar de pagar R$ 49 bilhões para os bancos. Além disso, serão renegociados R$ 10,6 bilhões em contratos.

O valor pago será proporcional, 60% é em relação à população e 40% em relação aos casos de Covid-19. Esse é o X da questão, será que os chefes de governos vão inventar casos de coronavírus para receber mais? Nas redes sociais está se falando muito em diagnósticos errados e em laudos de morte falsos, mas na verdade é parada cardíaca, câncer ou qualquer outra doença. É um perigo isso.

Casos de Covid-19
Os casos de Covid-19 estão ficando estáveis. Nos últimos sete dias, a média de novos casos foi de 400 por dia. O meu médico me disse que essa crise contraria os parâmetros da medicina porque quem sempre foi isolado era o doente e não o sadio, e agora estão isolando todos.

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes -Gazeta do Povo



sábado, 11 de abril de 2020

O Brasil dividido entre o partido antivírus e o pró-vírus - J. R. Guzzo - Gazeta do Povo





A epidemia oferecida ao mundo pelo coronavírus da China conseguiu produzir, no Brasil, um fenômeno talvez sem precedentes: pela primeira vez na história uma substância química passou a servir como linha de divisão entre a direita e a esquerda. É essa hidroxicloroquina, um clássico trava-língua do qual ninguém jamais tinha ouvido falar até hoje fora da comunidade envolvida com o universo da química, mas sobre a qual todo mundo passou a ter, subitamente, opiniões apaixonadas – do presidente da República ao porteiro do seu prédio. A discussão é se essa droga, disponível através da indústria farmacêutica, serve ou não para curar a Covid-19.


Química é química, e política é política, mas no Brasil irracional em que estamos vivendo, as coisas não são assim. Se você é de direita, e a favor do presidente Jair Bolsonaro, você acha que a hidroxicloroquina é um santo remédio para curar a Covid-19. 
Se você é de esquerda, e contra o governo, acha que é um veneno – ou, no mínimo, uma substância suspeita, de efeitos desconhecidos e que não pode, de jeito nenhum, ser receitada para ninguém.

Ouça: 
[No podcast tem:
- detalhes sobre a hidroxicloroquina e mais
- oito tratamentos contra a Covid-19 que estão sendo analisados;
- o 'solta geral' da bandidagem 'recomendado' pelo CNJ.]

Naturalmente, como de costume, quanto menos o sujeito sabe sobre química, farmácia e medicina, mais certeza ele tem de que está com a razão. Não ajuda em nada, para se melhorar os níveis clareza do bate-boca, o fato de que os próprios médicos e pesquisadores estão amargamente divididos sobre os efeitos do medicamento. Não é uma questão difícil de entender quando se leva em conta que, desde a chegada da epidemia, o Brasil se dividiu entre o partido antivírus e o partido pró-vírus. O primeiro quer que a Covid-19 seja eliminado o mais cedo possível, que o confinamento seja encerrado e que o país volte a funcionar rapidamente. O segundo quer que a epidemia apresente estatísticas cada vez piores, que a quarentena seja reforçada e que o país demore o máximo possível para voltar ao normal.

O Brasil antivírus, é claro, é o do governo – quanto mais cedo a praga acabar, melhor para ele. 
O Brasil pró-vírus é o da oposição. Quanto mais o país demorar para recuperar a normalidade, tanto pior para o governo e o seu futuro político.

O resto dessa história toda é bem conhecido. A hidroxicloroquina está disponível e sendo aplicada, é claro, nos hospitais dos ricos e dos planos médicos “top de linha”; é tomada, também, pelos médicos que pegaram o vírus e podem controlar o seu próprio tratamento.
O raciocínio que está valendo, aí, é o seguinte: 
os conhecimentos já obtidos sobre a droga ainda não são completos, mas já são suficientes para aplicá-la, sem riscos, num vasto número de pacientes.
No SUS, e para o povão, o raciocínio é esse mesmo, só que ao contrário: os conhecimentos sobre a substância ainda não são completos e, portanto, ela não deve ser aplicada. O jornalismo investigativo deu a si próprio a missão de investigar, em todos os seus detalhes, as possíveis contraindicações da hidroxicloroquina e, sobretudo, em demonstrar que não há certeza científica sobre os seus benefícios. As “instituições”, como um todo, também se colocam contrasalvo quando seus próprios membros passam a precisar de tratamento. A oposição age da mesma forma.

É muito fácil, obviamente, exigir consenso absoluto sobre a eficácia, o alcance e a conveniência da aplicação da substância quando você próprio não precisa esperar, para tomá-la, pelos próximos vinte ou trinta anos – tempo que a ciência médica, em geral, demanda para ter certeza suficiente sobre medicamentos e terapias. O duro, justamente, é a espera. Mas isso é coisa para pobre e os pobres, como sempre, que se explodam.

J. R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo



domingo, 5 de abril de 2020

Coronavírus: nossos soldados estão se alistando para a guerra e merecem apoio - Gazeta do Povo

Madeleine Lacsko

Estudantes universitários da área de saúde são os soldados brasileiros que estão se alistando voluntariamente para a guerra contra um inimigo invisível, o coronavírus. Vários deles estão postando nas redes sociais o cadastramento no programa "O Brasil Conta Comigo", que não é uma ação de governo, é um movimento da juventude brasileira e da nossa sociedade civil que devemos apoiar e reconhecer.

O chamamento, lançado pelo Ministério da Saúde é, no discurso público, direcionado a estudantes. Mesmo em tempos de pandemia pareceria ridículo convocar profissionais experimentados de uma área que remunera tão bem para se expor a um vírus mortal, em condições que podem vir a ser precárias, em troca de um auxílio financeiro simbólico.

Ocorre que, na publicação do Diário Oficial, há dois programas diferentes. O primeiro é destinado a estudantes de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia das universidades públicas, que seriam voluntários no atendimento à emergência do coronavírus. Eles precisam fazer um cadastro e receber aprovação dos gestores nos Estados e Municípios. O tempo que dedicarem será remunerado com os mesmos valores de bolsa de pesquisa e contará como estágio. A maior bolsa disponível é de um salário mínimo por mês.

Há ainda um segundo programa, "O Brasil Conta Comigo - Acadêmico", direcionado a profissionais experimentados que se voluntariam no enfrentamento da pandemia. As condições são as mesmas: alto risco e baixo retorno. E os nossos acadêmicos estão se apresentando.  Numa emergência humanitária, só há uma forma de dividir as pessoas: as que clamam atenção para si e as que estão dispostas a se dedicar aos que sofrem. O primeiro grupo é obviamente mais barulhento. Felizmente, o segundo é muito mais numeroso.

Há muita gente insegura e ansiosa com a pandemia porque acha e imagina muita coisa. Esses profissionais não, eles são cientistas. Cientista não acha nem deixa de achar, ele sabe ou não sabe. Todos os que se inscrevem, alunos e professores, sabem muito bem que estão se alistando como soldados que vão a uma guerra.

Sabe-se muito sobre a família dos coronavírus mas ainda estamos lutando para achar uma vacina ou uma cura para essa cepa específica que causou a pandemia. Ele é altamente contagioso, quem lida diretamente com doentes é o grupo de maior risco e não há ainda estudos que possibilitem saber quem tem mais ou menos risco de desenvolver a modalidade grave da doença. Todos eles vão mesmo assim, são patriotas como inúmeros outros brasileiros.

LEIA TAMBÉM:  Sem “corte na carne”: o que o Congresso já fez para combater o coronavírus

Que nós saibamos dar valor a todos eles, todos mesmo. Teremos os que irão, nos ajudarão a vencer essa guerra contra um inimigo invisível e estarão de volta para celebrar a vitória. E haverá também aqueles que irão dar a vida por essa causa e deixarão famílias divididas entre o orgulho e o luto.

O Brasil costuma dar muita atenção a bravateiros e chavequeiros, à turma que fala. É hora de dar atenção a quem carrega o piano. Não temos tradição de reconhecer nossos militares. Comecemos agora, já que o mundo está em mudança. Que saibamos nos orgulhar, honrar, apoiar e reconhecer esses soldados anônimos da saúde, alunos e acadêmicos de universidades públicas, que estão indo para a guerra em nosso nome.

Madeleine Lacsko, Reflexões - Gazeta do Povo


sábado, 4 de abril de 2020

Até quando? As previsões de especialistas para o fim do isolamento - VEJA

Há imensa ansiedade para a volta à normalidade possível — cientistas indicam pelo menos mais um mês, desde que o isolamento seja respeitado à risca

Parece uma eternidade, e não se passaram mais de vinte dias desde que o governo do Estado de São Paulo decretou, pioneiramente no Brasil, severas medidas de distanciamento social para combater a pandemia de Covid-19. A partir daí, o país parou, com algumas distinções em cada região — congelamento necessário, imposto pelo mantra que atravessa o mundo, ancorado em três palavrinhas mandatórias: fique em casa. E é para ficar mesmo. Mas até quando teremos de estar confinados? Ou, em outros termos: quando conseguiremos retomar o cotidiano de modo relativamente normal, sem riscos para a saúde, mas em ritmo que autorize ar respirável e luz para a economia? Não há, evidentemente, uma resposta clara, muito menos única.

No entanto, a curva de casos, mortes e, sobretudo, recuperações em países que chegaram antes ao drama, além de vastos estudos de epidemiologia e projeções matemáticas, oferece um cauteloso — cauteloso, insista-seotimismo.

Um modo inaugural de enxergar alguma saída é olhar para a região de Hubei, na China, epicentro do espraiamento do coronavírus, identificado pela primeira vez logo depois do Natal de 2019, então como “uma pneumonia atípica de causa desconhecida” e que, na quinta-feira 2, tinha alcançado a triste marca de mais de 1 milhão de casos, 8 000 deles no Brasil. Em 23 de janeiro, a cidade mais populosa do condado chinês — Wuhan — entrou em um processo chamado de “isolamento sanitário”. Tudo fechou — ruas, escolas, estabelecimentos comerciais. Em 24 de março, depois de exatos dois meses, a pétrea decisão foi levantada.




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Embora seja compulsório registrar as diferenças: a ditadura mandou prender quem ousasse abrir a porta para a rua; havia testes em profusão, separando sãos de enfermos; e deu-se, é sempre bom sublinhar, uma exibição da extraordinária capacidade de movimentação oriental, que ergueu em apenas dez dias um hospital com 1 600 leitos. Ainda assim, apesar das evidentes discrepâncias, trata-se de um bom espelho. [além da lentidão típica dos burocratas brasileiros, alguns conseguem ser pior que outros.
Em Goiânia, entregaram um hospital de campanha em apenas oito dias.
Já em Brasília, na segunda, 31/3, o secretário de Saúde do governo Ibaneis informou que o estádio Mané Garrincha seria adaptado para receber pacientes - ontem, 3/4, conseguiram liberar o edital para escolher quem vai construir. Isso apesar da operosa Câmara Legislativa do DF = aquela que abriga os distritais = ter declarado calamidade pública no DF.
Com muita sorte, talvez no começo de maio, comedem a construção.]

Outros cenários, baseados em levantamentos rigorosos, entregam diferentes alternativas — bem mais sinistras. Há, grosso modo, duas perspectivas fundamentais no campo dos estudos de respeitadas instituições sobre o Brasil — uma em relação ao tempo de quarentena e a outra relativa ao número de óbitos. 

A primeira, desenhada por grupos como o da Universidade Simon Fraser, do Canadá, ao medir o vaivém virótico de uma cidade grande, Vancouver, adverte que são necessários ainda seis meses de vigília no Brasil, dado o tipo de quarentena costurado por aqui (algo em torno de 60% das pessoas com restrição de circulação). Detalhe: se isso for verdade, pulverizará nossa economia. 

O outro trabalho, dos cientistas do Imperial College, de Londres, ao focar a régua de mortes, sobretudo, e menos a linha temporal, é ainda mais assustador. Para eles, sem distanciamento social, haveria mais de 1 milhão de falecimentos no Brasil. Com restrições à locomoção de 45% da população, o pico iria a 627 000. Isolando-se 60% dos idosos, a 529 000. Com 75% em casa e aplicação massiva de testes, seriam 44 000 mortos.

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Um de seus pares, também da USP, Esper Kallás, afirma que o exagerado zelo na largada é imperioso em situações inéditas como a do surto atual. “Faltavam-nos dados precisos, e as referências, como as da China, poderiam não se aplicar ao Brasil”, explica ele.

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Não por acaso, adequadamente, o Ministério da Saúde anunciou — à falta de testes, que precisam ser importados — um serviço de ligações telefônicas, alimentadas por inteligência artificial, de modo a distinguir as ditas “zonas quentes” de outras menos ameaçadoras. Desde 1º de abril, 125 milhões de brasileiros estão recebendo chamadas telefônicas com perguntas sobre a existência (ou não) de sintomas. Um colossal banco de dados indicará onde serão necessárias ações incisivas de equipes de saúde para evitar que o vírus se espalhe (ainda) mais. É a aposta do lado consciente do governo federal. E é boa. 



 TRISTEZA – O Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo: estudo inglês alerta para até 1 milhão de mortos no país Andre Penner/ap/.    

Em futuro breve, a Covid-19 pode se tornar o que é a gripe hoje — um flagelo controlável, recorrente no inverno. Se tivéssemos permitido que a pandemia seguisse seu curso natural, sem intervenção, ela acabaria, talvez definitivamente, em cerca de doze meses, mas deixaria milhões de mortos, como aconteceu quando da gripe espanhola, que ceifou 50 milhões de vidas em 1918. Ninguém deseja esse cenário — e o preço, que fere a economia global, mergulhada na pior crise desde a II Guerra, é ficar em casa. Calmamente, como um velho marinheiro.

Colaborou Edoardo Ghirotto
Publicado em VEJA,  edição nº 2681,  de 8 de abril de 2020

Em VEJA, leia MATÉRIA COMPLETA

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Relembrando o passado: UnB outra vez tomada de assalto

Esta matéria foi publicada originalmente na edição de 30 de agosto de 1968 do Correio. Sua republicação faz parte do projeto Brasília Sexagenária, que até 21 de abril de 2020 trará, diariamente, reportagens e fotos marcantes da história da capital. Acompanhe a série no site especial e no nosso Instagram

[Relembrar o passado é sempre bom e muitas vezes, didático.
A UnB, nos dias atuais, é um verdadeiro caso de polícia. A desnecessária autonomia universitária, facilita a ação de criminosos, prevalecendo traficantes,  dentro da suposta 'área de embaixada' daquela Universidade.]

A Universidade de Brasília foi invadida, na manhã de ontem, por tropas da Polícia Militar do DF, Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia do Exército e agentes à paisana do DOPS que, utilizando bombas de gás lacrimogêneo, metralhadoras, bazucas, revólveres e cassetetes cercaram o “campus” universitário e retiraram das salas de aulas todos os professores e alunos, sendo êstes levados de mãos levantadas, a quadra de esportes da UnB para se submeterem a triagem.
Jato d'água é usado pela polícia para conter manifestantes estudantis (foto: Arquivo/CB/D.A Press)

Utilizando cêrca de 50 viaturas e choques policiais, as tropas penetraram na Universidade exatamente às 10 horas, ao mesmo tempo em que bloqueavam todas as suas vias de acesso, impedindo a entrada e saída dos estudantes, que correram para todos os os lados, quando foram surpreendidos, durante as aulas, pela invasão. 

Não se sabe ao certo o número de estudantes presos, mas entre eles está o Presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília, Honestino Monteiro Guimarães que, juntamente com mais outros estudantes, estão com prisão preventiva decretada pela Auditoria da 4a. Região Militar. 
Imediatamente após a invasão da UnB por todo o dispositivo policial do Distrito Federal, cêrca de 15 parlamentares, entre senadores e deputados, se dirigiram ao recinto da Universidade, protestando contra o ato, mas a maioria dêles foi proteger seus próprios filhos, que seriam submetidos à triagem da polícia. 

Reitor
O General Dionísio, comandante das operações policiais, diante dos protestos dos deputados e senadores, que tentaram impedir fossem cêrca de 500 alunos de Medicina, Engenharia e do Instituto Central de Ciências cercados na quadra de esportes, reuniu os parlamentares no interior de um veículo da Câmara, explicando que o Reitor Caio Benjamin Dias teve ciência de que as autoridades iriam prender os líderes estudantis que estão com prisão preventiva decretada. O Reitor da UnB viajou ontem para a Guanabara.

O general informou ainda aos parlamentares que o motivo da medida tomada pelas autoridades policiais foi agravado, por que o Coordenador do Instituto Central de Artes mandou imprimir, na Gráfica da UnB, panfletos concitando os estudantes a reagirem, e ainda porque os universitários fizeram reunião sexta-feira última, no auditório Dois Candangos, com a presença do Presidente da UNE, Luís Travassos, ocasião em que os universitários pronunciaram vários “discursos subversivos”.

Início
De revólveres em punho, em três viaturas, agentes do DOPS penetraram no recinto do “campus”, em frente à Reitoria, prendendo todos os que se encontravam no interior da sede da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília, inclusive seu presidente Honestino Guimarães, que, aos gritos de socorro, despertou a atenção dos demais estudantes.

No Correio Braziliense, MATÉRIA COMPLETA

terça-feira, 7 de março de 2017

A Fila da Agonia - os leitos que fazem falta no SUS sobre na iniciativa privada

ÉPOCA explorou as razões da crise das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) brasileiras.

A reportagem investigou o que há por trás da cruel disputa por um leito no Sistema Único de Saúde (SUS). Esse é um drama nacional que castiga as famílias e obriga os médicos a fazer escolhas trágicas diariamente. A análise de processos judiciais e a realização de dezenas de entrevistas revelam os dilemas de vida e morte ocorridos enquanto governo e Justiça trocam ofícios

A aposentada Maria Lucia Machado, de 62 anos, lavava a louça do almoço quando passou mal e precisou ser levada ao Hospital Municipal Dr. Alexandre Zaio, na Vila Nhocuné, Zona Leste de São Paulo. Naquela sexta-feira de outubro, ela chegou ao pronto-socorro com grave falta de ar e pressão arterial nas alturas. Os médicos detectaram uma pneumonia e a necessidade de agir rápido. Em quatro dias, a paciente, que já havia infartado no mês anterior, sofreu duas paradas cardíacas. Precisava dos cuidados de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – um recurso ferrenhamente disputado no Sistema Único de Saúde (SUS).  

Os médicos assumiram o risco de colocá-la em um respirador artificial ali mesmo, na sala de emergência. Era para ser uma solução provisória até que conseguissem um leito de UTI em outra instituição da maior metrópole do país. Durante 37 dias, eles tentaram garantir uma última chance à doente que julgavam ser recuperável. Os insistentes pedidos de transferência foram negados mais de 120 vezes por diferentes instituições municipais, estaduais e privadas que prestam serviço ao SUS. A maioria registrou em um sistema oficial da prefeitura a mesma resposta peremptória: “Sem vaga”.

Depois de passar mais de um mês entubada na sala de emergência, a aposentada foi infectada por bactérias multirresistentes e não resistiu. Enquanto a janela de oportunidade para salvá-la era medida em dias e, depois, em horas, o pedido de socorro feito pela família circulou pelos escaninhos da gestão pública e da Justiça com uma lentidão incompatível com as urgências médicas. Quando a juíza determinou que o Estado custeasse o tratamento em um hospital particular, era tarde demais. A história por trás da morte de Maria Lucia não é apenas um atestado da escassez de vagas de UTI na rede pública brasileira, um fato demonstrado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Ela também é fruto da má gestão dos leitos existentes – um problema tão ou mais grave, segundo a análise dos especialistas. Ao decidir a quem dar o último leito de UTI, os médicos assumem escolhas trágicas. Ao ignorá-las, toda a sociedade perde. 

A história da paciente que passou um mês entubada no pronto-socorro revela as escolhas trágicas feitas pelos médicos enquanto governo e Justiça trocam ofícios

Um corredor comprido, cercado por paredes que há tempos não recebem pintura, leva à entrada da casa alugada onde, até outubro, vivia a costureira aposentada Maria Lucia Machado, de 62 anos, na Vila Matilde, Zona Leste de São Paulo. Entra-se pela porta da cozinha abafada. Era ali que ela administrava as pendências materiais e mantinha apertados os laços de uma família cheia de necessidades. A sala havia sido transformada em quarto improvisado para um irmão desempregado. Para outro irmão, que sofre de esquizofrenia, construiu-se um puxadinho nos fundos. Maria Lucia compartilhava o quarto original com dois sobrinhos acolhidos desde a infância: Leticia, de 23 anos, e Luan, de 13 anos – ambos portadores de deficiência intelectual. À filha única, Priscila Machado Sambrana, de 38 anos, foi destinado o andar de baixo de um beliche ao lado da cama da mãe, que a criou sozinha.


 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Cegueira juvenil pode ser evitada

80% dos casos de cegueira juvenil eram preveníveis, aponta levantamento

Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia revelam mais um cenário cruel da saúde no País: cerca de 80% das crianças brasileiras que não enxergam ou vêm muito pouco foram vítimas de doenças que poderiam ter sido evitadas

“Sabe quando você tem a sensação de que nadou, nadou, e morreu na praia? De que chegou no fim da festa e já não tinha mais nada para aproveitar?” A frase rasga o coração de quem a ouve. Descreve com crueza e de forma terrivelmente precisa o desfecho da sucessão de tragédias que terminou com a condenação da jovem fluminense Ester Carneiro a viver na escuridão. Ester é cega. Não enxerga porque é mais uma das crianças brasileiras vítimas de um sistema de atendimento que ainda falha em proteger os bebês de doenças que levam à cegueira, mas poderiam ser evitadas.
 
Segundo levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia que acaba de ser divulgado, 77 mil jovens vêem nada ou pouco. Cerca de 80% dos casos eram preveníveis. Como teria sido a cegueira de Éster se ela não tivesse caído na engrenagem errada da saúde pública nacional. A menina nasceu prematura, condição que predispõe a uma condição chamada retinopatia da prematuridade. Foi dada como cega, assim como recebeu a sentença de que não andaria nem falaria. Não estava cega e hoje, aos 14 anos, fala e se locomove. A inconformidade com os diagnósticos foi o que motivou os pais, Elienai e Eliane, a entrar em um ir-e-vir de hospital em hospital que só terminou sete meses depois do nascimento da filha, quando finalmente encontraram assistência especializada. Mas era tarde.

Se tudo tivesse acontecido como mandam os livros de medicina e a decência no atendimento, a visão de Ester poderia ter sido preservada com um procedimento reconhecido (aplicação de laser na retina) cujo único requisito para dar certo é a aplicação até 48 horas depois do diagnóstico. Por isso o desabafo do pai ao resumir a frustração de ter lutado tanto – e ter chegado a um porto seguro tarde demais.

Gabriel, cinco meses, felizmente escapou à sina e é o exemplo mais claro de que é possível evitar destinos como o de Ester. Nascido na 24a semana de gestação, está sendo atendido em um centro de primeira linha – o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira/Fiocruz, no Rio de Janeiro. Recebeu o diagnóstico e, um dia depois, foi operado. “Ele está sendo bem acompanhado. Os médicos me dizem que está evoluindo bem”, conta a mãe, Tassia Marques.

Crianças cegas por absoluto descaso fazem parte da lista de mazelas nacionais com as quais é impossível não se indignar e se entristecer. Muitas vezes, há negligência em cuidados que deveriam ser básicos, como um pré-natal bem feito. Entre as principais causas de cegueira infantil estão, por exemplo, doenças infecciosas transmitidas da mãe para o feto. Entre elas, a toxoplasmose. A enfermidade pode ser identificada na gestação por meio de um simples exame de sangue e, em caso positivo, há tratamento. “É feito por meio da administração de um antiparasitário ao longo do primeiro ano de vida da criança”, explica a oftalmologista Andrea Zin, integrante do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e pesquisadora do Departamento de Neonatologia do Instituto Fernandes Figueira.

O teste do reflexo vermelho, conhecido como teste do olhinho, é outro recurso de fácil realização e que, se fosse aplicado a todos recém-nascidos, como manda a lei em dezesseis dos 26 Estados brasileiros, também evitaria muitos dos casos de cegueira ou perda importante de visão decorrentes de catarata congênita, tumor de retina e retinopatia da prematuridade. “Porém, o exame é pouco difundido entre os pais”, lamenta a oftalmologista Keila Monteiro de Carvalho, diretora do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

Keila e Andrea estão entre os especialistas que há anos batalham pela melhora na assistência a mães e filhos. “É preciso desenvolver uma rede de atendimento capaz de diagnosticar e tratar as doenças, criar centros de referência em todo o país”, diz Andrea. Mas as iniciativas não saem do lugar. “A gente conversa, conversa, mas uma mudança de governo, por exemplo, faz tudo parar”, diz. Enquanto isso, resta aos bebês e suas famílias a sorte, quem sabe, de encontrar um bom lugar para ser assistido.

Fonte: IstoÉ On Line 

Saiba mais: Principais causas da cegueira infantil

 Cegueira de Ester: o retrato do descaso