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quinta-feira, 2 de junho de 2022

Com alta de 1% do PIB, Brasil dá salto em ranking global e fica na 9ª posição - O Globo

No ano passado, país ocupava o 21º lugar em levantamento com 34 países. Avanço brasileiro é explicado por diferença no ritmo de reabertura da economia entre as nações

Lojas no Saara, no Rio: com menos restrições, economia ganha força e Brasil sobe em ranking global de crescimento — Foto: Fabiano Rocha

Lojas no Saara, no Rio: com menos restrições, economia ganha força e Brasil sobe em ranking global de crescimento — Foto: Fabiano Rocha

O Brasil melhorou sua posição no ranking de crescimento global neste primeiro trimestre de 2022. Segundo levantamento feito pela agência de classificação de risco Austin Rating, com avanço de 1% entre janeiro e março deste ano, o país ocupa a posição no índice que considera 34 países. O Brasil terminou o ano de 2021 na 21ª posição neste mesmo ranking.

No topo do ranking apareceu o Peru, com crescimento no primeiro trimestre de 2%, seguido das Filipinas (crescimento de 1,9%) e Canadá (1,6%). A China apareceu na quinta colocação, com expansão de 1,3% no período.

Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o setor de serviços carregou o Produto Interno Bruto (PIB) nas "costas" neste primeiro trimestre. O crescimento de 1% surpreendeu o economista, que esperava uma expansão de 0,6% no período.- O setor de serviço puxou o PIB neste primeiro trimestre, enquanto a indústria continua patinando e a agropecuária recuou. A retomada de atividades como transportes, turismo, comércio, foi fundamental para este crescimento após as medidas drásticas tomadas durante a Covid-19 - diz Agostini.

Países ricos crescem menos e China fica em quinto lugar

Ele observa que enquanto a economia brasileira avançou 1%, outros países com economias fortes como a Alemanha (crescimento de 0,2% no primeiro trimestre e 20º lugar no ranking) e o Reino Unido (0,8%, 14º lugar no levantamento) cresceram menos.

Xangai começa a retomar atividades após dois meses de restrições pela Covid-19

A média geral de crescimento dos 34 países foi de 0,3%.

Veja os países que mais cresceram no primeiro trimestre

  1. Peru - 2%
  2. Filipinas - 1,9%
  3. Canadá - 1,6%
  4. Taiwan - 1,6%
  5. China - 1,3%
  6. Turquia - 1,2%
  7. Tailândia - 1,2%
  8. México - 1,0%
  9. BRASIL - 1,0%
  10. Colômbia - 1,0%

Fonte: Austin Rating

Economia - O Globo 

 

domingo, 29 de maio de 2022

Aliados ocidentais começam a discordar entre si quanto às condições para um acordo de paz com a Rússia - O Estado de S.Paulo

The Economist: Como terminará a guerra na Ucrânia?

Foto: SERGEY KOZLOV

A guerra na Ucrânia, segundo o presidente do país, Volodmir Zelenski, será vencida no campo de batalha, mas só poderá chegar ao fim por meio de negociações. Mas quando parar os combates? E de acordo com quais termos? O Ocidente diz que cabe à Ucrânia decidir. No entanto, passados três meses desde o início do conflito, os países ocidentais estão assumindo diferentes posicionamentos diante do seu desenlace.

Eles estão se dividindo em dois grupos, explica Ivan Krastev, do Centre for Liberal Strategies, um centro de estudos com sede em Sofia, na Bulgária. Um deles é o “partido da paz”, que deseja uma interrupção nos combates e o início das negociações o quanto antes. O outro é o partido da justiça”, para quem é preciso exigir da Rússia que pague um alto preço pela agressão cometida.

Ônibus passa em frente a prédio destruído em Borodianka, perto de Kiev; Ocidente ainda não sabe como iniciar negociações para o fim da guerra
Ônibus passa em frente a prédio destruído em Borodianka, perto de Kiev; Ocidente ainda não sabe como iniciar negociações para o fim da guerra  Foto: EFE/EPA/OLEG PETRASYUK
O debate começa com o território: 1)deixar a Rússia manter os que conquistou até o momento; 
2) fazê-la recuar até as fronteiras de 24 de fevereiro; 
3) ou tentar empurrá-la para trás, para dentro de suas fronteiras, para recuperar os territórios perdidos em 2014? 
É um debate que envolve muitos outros aspectos, incluindo o custo, o risco e a recompensa de se prolongar a guerra, e o lugar que a Rússia deve ocupar na ordem europeia. [queiram ou não a Rússia está ganhando a guerra - não no ritmo esperado, mas de forma lenta e consolidando posições - e, em nosso entendimento, jamais aceitará voltar para o antes de 2014 - opção 3.
O dilema está entre as opções 1 e 2 - e será dificil para a Ucrânia conseguir a opção 2, a conveniência da Rússia fortalece optar pela alternativa 1.]

O partido da paz está se mobilizando. A Alemanha pediu um cessar-fogo; a Itália apresentou um plano de quatro pontos para um acordo político; a França fala em um acordo de paz futuro sem “humilhar” a Rússia. Entre as posições deles estão principalmente a Polônia e os países bálticos, defendidos pelo Reino Unido.

E quanto aos Estados Unidos? O mais importante defensor da Ucrânia ainda não definiu um objetivo claro, além de fortalecer os ucranianos para dar ao país mais poder nas negociações. Os EUA já gastaram quase US$ 14 bilhões na guerra até o momento, e o Congresso acaba de destinar outros US$ 40 bilhões.

Os EUA chefiaram um esforço de captação de doações envolvendo mais de 40 outros países. Mas essa ajuda não é ilimitada. Ela produziu uma artilharia, mas não os sistemas de foguetes de longo alcance que a Ucrânia está pedindo.

EUA MUDAM DE OPINIÃO A TODO MOMENTO
Comentários feitos por Lloyd Austin, secretário da defesa dos EUA, só aumentam a ambiguidade. Depois de visitar Kiev, no mês passado, ele aderiu ao partido da justiça, dizendo que o Ocidente deveria ajudar a Ucrânia a “vencer” e “enfraquecer” a Rússia.

Três semanas depois ele parecia ter aderido ao partido da paz, pedindo um “cessar-fogo imediato” após um telefonema ao ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu. O Pentágono insiste que sua política não mudou.

Outro golpe sofrido pelo partido da justiça foi um editorial publicado no New York Times defendendo que a derrota da Rússia seria um objetivo irreal e perigoso. Na ocasião, Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA, disse que as negociações deveriam começar em dois meses para evitar “agitações e tensões que não serão fáceis de superar”.

Idealmente, haveria um recuo até as fronteiras de 24 de fevereiro. “Insistir na guerra além disso não seria algo em nome da liberdade da Ucrânia, e sim uma forma de guerrear contra a Rússia”, declarou Kissinger no Fórum Econômico Mundial, em Davos. De acordo com ele, a Rússia tem um papel importante a desempenhar no equilíbrio de poder da Europa e não devemos empurrar o país na direção de uma “aliança permanente” com a China.

Por enquanto, essas fissuras no Ocidente são contidas pelo mantra segundo o qual cabe aos ucranianos decidir o futuro. Mas as alternativas da Ucrânia são, por sua vez, definidas por aquilo que o Ocidente lhe oferecerá. “A Europa e o mundo como um todo deveriam se mostrar unidos. Seremos fortes enquanto vocês se mantiverem unidos”, disse Zelenski, durante uma reunião em Davos. Ele garantiu que “a Ucrânia vai lutar até recuperar todo o seu território”. Mas ele também pareceu deixar para si algum espaço para concessões mútuas. De acordo com Zelenski, as negociações com a Rússia poderão começar quando o país retirar suas forças para as fronteiras de 24 de fevereiro.

Recuo e ataqueRussos concentram ataques no leste da Ucrânia após derrotas em Kiev
AJUSTES DE OPINIÃO CONFUNDEM ALIADOS
EUA, Europa e Ucrânia precisam ajustar continuamente seus posicionamentos em relação ao que os demais considerariam aceitável. “Os ucranianos estão negociando com seus aliados ocidentais tanto quanto estão tratando com os russos, ou ainda mais”, disse Olga Oliker, do International Crisis Group, um centro de estudos estratégicos.

A indefinição também reflete as incertezas da guerra. A Ucrânia está vencendo, já que salvou Kiev e afastou os russos de Kharkiv?          Ou está perdendo, pois a Rússia tomou Mariupol e pode em breve cercar Severodonetsk?

O partido da paz teme que, quanto mais durarem os combates, maior será o custo humano e econômico para a Ucrânia e o restante do mundo. O partido da justiça responde que as sanções aplicadas contra a Rússia estão começando a fazer efeito e, com mais tempo, mais armamento e equipamento melhor, a Ucrânia pode vencer. [será?]

Por trás de tudo isso há duas preocupações contraditórias. Uma delas diz respeito à potência das forças russas, que podem prevalecer em uma guerra de atrito. 
A outra diz respeito à sua fragilidade. Em caso de derrota desastrosa, a Rússia poderia descontar na Otan, ou recorrer a armas químicas ou até nucleares para evitar uma derrota.

No longo prazo, diz Emmanuel Macron, presidente francês, a Europa terá de encontrar uma maneira de conviver com a Rússia. A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, respondeu: “É muito mais perigoso ceder a Putin do que provocá-lo”.

Autoridades americanas e europeias vêm ajudando discretamente a Ucrânia a desenvolver suas posições para uma negociação. Um dos principais pontos é a exigência do país de garantias de segurança por parte do Ocidente.[como sempre o ex-comediante quer quer outros países combatam nas guerras que ele provocar. Mesmo já tendo tido tempo e mortes mais que suficientes para mostrar que sua tática não convence.] Na ausência de uma promessa direta de defesa da Ucrânia, outras ideias incluem a possibilidade de imposição automática de novas sanções à Rússia quando essas forem eventualmente suspensas e o rápido rearmamento da Ucrânia caso o país volte a ser atacado.

No momento, a Ucrânia se mostra otimista, e tem motivo para tal. O país impediu uma conquista fácil por parte dos russos, e o novo armamento ocidental está chegando à frente de batalha. Mas, falando a partir do gabinete presidencial protegido com sacos de areia, o principal negociador de Zelenski, Mikhailo Podoliak, se diz cada vez mais preocupado com a “fadiga” em alguns países europeus. “Eles não o dizem diretamente, mas é como uma tentativa de nos forçar a capitular. Qualquer cessar-fogo significa um conflito congelado.” Ele também se queixou da “inércia” em Washington, já que o armamento não estaria chegando na quantidade que a Ucrânia precisa.

O momento do fim da guerra vai depender principalmente da Rússia. O país não tem pressa em aceitar um cessar-fogo, parece determinado a conquistar toda a região do Donbas, no leste, e fala-se em tomar mais territórios no oeste. “O paradoxo da situação está no fato de ambos os lados acreditarem que podem vencer”, disse Volodmir Fesenko, analista político de Kiev. “Só poderemos falar em concessões mútuas quando chegarmos a um impasse reconhecido por Moscou e Kiev. E, mesmo assim, tal situação deve ser provavelmente temporária.”/

 The Economist - O Estado de S. Paulo

TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

 


quarta-feira, 20 de abril de 2022

Putin: Nacionalista ou Imperialista? - Jorge Hernández Fonseca

Com a derrota do marxismo comunista, o atual campo político internacional passa a configurar duas áreas antagônicas: os nacionalistas e os globalistas. Os primeiros priorizam os valores nacionais sobre os laços externos, a exemplo do Reino Unido, que acaba de se separar da União Europeia, consciente de que seus valores nacionais não deveriam estar subordinados aos poderes centralizados por uma representação da "União", muitas vezes contrária aos seus interesses como Nação. Os globalistas (nada a ver com globalização) defendem a "unidade política" de vários países, buscando em última análise um "Governo Mundial".

Claro, existem nuances nesta classificação. A globalização comercial, por exemplo, é um fenômeno defendido e aceito por ambos os lados. A chave é a subordinação política implícita dos globalistas, que os nacionalistas rejeitam. Dito isto, vamos à guerra que Putin declarou contra a Ucrânia sob pretextos duvidosos, senão confusos.

Putin fez da Rússia um país nacionalista que preservou suas raízes históricas, culturais e religiosas e que proclama cultivar seus valores mais tradicionais, mas se posicionando como o centro político de toda a Eurásia, dentro de uma filosofia messiânica russa. Por esta razão, e apesar de ser reconhecido como um país nacionalista, acaba de declarar guerra a um vizinho por nenhum motivo maior do que a preservação de sua “segurança nacional”entendida como garantia de que seu vizinho atacado não a colocasse em perigo – escondendo seu verdadeiro objetivo: conquistar para a Rússia o país vizinho. Nada a ver com o nacionalismo do século XXI e sim com uma perspectiva "imperialista" de despojar de seu território um país independente, por várias razões falaciosas.

Vejamos. A Rússia de Putin argumenta que grande parte do território da Ucrânia "sempre pertenceu" à Rússia czarista, mostrando sua pretensão imperialista hegemônica, que nada tem a ver com o nacionalismo do século 21 de que falamos antes. Se a Ucrânia existe como país independente, é porque a antiga União Soviética, num primeiro momento, exibiu ao mundo como novas “repúblicas”, partes da antiga União das Repúblicas Soviéticas; mais tarde, quando as diferentes repúblicas antes unidas na URSS se separaram, a Rússia teve participação ativa nas definições então feitas

Se a península da Crimeia era russa e não ucraniana, por que a própria Rússia a tornou parte da Ucrânia quando todas as repúblicas se separaram desde o início? 
O Mundo sabe de uma Ucrânia independente, com territórios que a Rússia nunca reivindicou: é a Ucrânia que foi membro da antiga URSS e a Ucrânia que se separou da URSS quando esta se desmantelou, que incluiu sempre a região de Donbass (agora reivindicada pela Rússia ) e a península da Criméia, anexada em uma guerra predatória há alguns anos. A Ucrânia é o que a Rússia decidiu que era quando a URSS foi desmantelada e agora, como país nacionalista, não pode reivindicar o que não é seu.

Putin, com esta guerra imperialista, coloca um obstáculo gigante para o nacionalismo como ideologia aceitável do século XXI. A única salvação para os nacionalistas do nosso século é acrescentar uma categorização adicional para impor à Rússia: "país imperialista", independentemente de ter ideias nacionalistas ou globalistas. Impõe guerra a seus vizinhos por objetivos territoriais ou de "segurança nacional" para esconder intenções hegemônicas. Se um Governo Mundial é questionável, pior é um Governo Mundial comandado pela Rússia, assim como proclamam os ideólogos russos que Putin segue.

*         Os artigos deste autor podem ser consultados em http://www.cubalibredigital.com

**        O autor é cubano, engenheiro mecânico, professor em várias instituições universitárias em Cuba e no Brasil, onde vive há 23 anos.

 

quarta-feira, 6 de abril de 2022

'Fui demonizada', diz ciclista trans barrada em competição feminina

BBC News

A ciclista transgênero Emily Bridges afirma que foi "molestada e demonizada" depois que soube que não poderia competir no Campeonato Nacional de Omnium do Reino Unido, na categoria feminina.

Bridges tem 21 anos de idade e afirma que forneceu as evidências médicas que comprovam que ela tinha condições de participar do seu primeiro evento feminino, na modalidade Omnium - uma competição de ciclismo de pista, composta de várias provas combinadas. Mas ela diz que ainda tem "pouca clareza" sobre sua "suposta ineligibilidade".

[Homens biológicos que praticavam esporte na condição de homens e que  depois de passarem pela transição passaram a competir contra mulheres em esportes na modalidade feminina, estão causando prejuízos imensos aos mulheres biológicas que praticam esportes femininos.  
O 'concorrente se inscreve como mulher só que mantendo todas as características físicas dos homens biológicos (Eles fazem as adaptações, funcionam como mulheres - especialmente no aspecto sexual - mas continuam com características biológicas masculinas.)
e com isso entram com vantagem imensa em relação  às mulheres, digamos, originais.  

Nadando de braçada: esportista trans arrasa competidoras. Está certo? - Vilma Gryzinski - VEJA

Este  homem é uma Lutadora  - Revista Oeste - Ana Paula Henkel = Ana Paula do Vôlei

Uma agressão às mulheres - Revista Oeste - Ana Paula Henkel

O drama dos ucranianos “trans” barrados na fila de refugiados - Gazeta do Povo.

Os trans ucranianos, homens biológicos fizeram a a transição e agora portam documentos masculinos, que são homens. Só que querem aproveitar a condição trans - pós transição - e, covardemente, fugirem do DEVER que as leis ucranianas estabelecem de homens com idade entre 18 a 60 anos, não podem sair da Ucrânia, na condição de refugiados, como se mulheres fossem. ]

"Ninguém deveria ter que escolher entre ser quem é e praticar o esporte do seu coração", afirmou ela em uma postagem no Twitter.

Bridges afirma que passou seis meses em contato com a Federação Britânica de Ciclismo e com a União Ciclista Internacional (UCI - o órgão regulador internacional do esporte), sobre os critérios de eligibilidade que ela deveria atender para participar da competição, que foi realizada em Derby, na Inglaterra, no primeiro fim de semana de abril.

As regras sobre transgêneros da Federação Britânica de Ciclismo, que foram atualizadas em janeiro de 2022, exigem que as ciclistas tenham nível de testosterona abaixo de 5 nanomols por litro por um período de 12 meses antes da competição. Bridges afirma que forneceu à Federação e à UCI provas de que ela atende a esse critério, "até porque meu nível de testosterona tem estado muito abaixo do limite estabelecido pelas normas nos últimos 12 meses".

Mas a UCI informou à Federação Britânica que, como os campeonatos nacionais são utilizados para atribuir pontos ao ranking internacional, a participação de Bridges somente poderia ser permitida se a sua eligibilidade para competições internacionais fosse confirmada - e este processo ainda está em andamento. Por isso, a Federação Britânica declarou no final de março ter sido informada pela UCI que "com base nas suas orientações atuais, Bridges não está autorizada a participar" do evento.

Segundo Bridges, "apesar do anúncio público, ainda não tenho total clareza sobre a conclusão da minha ineligibilidade. Sou uma atleta e apenas quero voltar a competir. Espero que eles reconsiderem sua decisão de acordo com as regras."

E ela acrescenta: "Tenho sido incessantemente molestada e demonizada por pessoas que querem promover pautas específicas. Eles atacam tudo o que não for a norma, sem se preocupar com o bem-estar dos indivíduos ou de grupos marginalizados."

Bridges afirma que sua privacidade também foi "totalmente violada" e recebeu "abuso dirigido" nas redes sociais, "apesar de eu ainda não ter corrido na categoria feminina".

A nadadora transgênero Lia Thomas da Universidade da Pensilvânia fica no pódio depois de vencer o estilo livre de 500 jardas enquanto outras medalhistas Emma Weyant, Erica Sullivan e Brooke Forde posam para uma foto na NCAA Division I Women's Swimming & Diving Campeonato em 17 de março de 2022 em Atlanta, Geórgia.
Getty Images
Recentemente, participação de nadadora transgênero Lia Thomas em competição dos Estados Unidos gerou polêmica naquele país - Foto de transgênero isolada no pódio reacende debate sobre inclusão em esporte feminino

Bridges começou a terapia hormonal em 2021, como parte do seu tratamento de disforia de gênero. Ela continuou a competir nas corridas masculinas, mas inscreveu-se provisoriamente na lista inicial feminina para o Campeonato Nacional de Omnium do Reino Unido.

Segundo a revista especializada britânica Cycling Weekly, Bridges participa de um estudo na Universidade de Loughborough, na Inglaterra, para rastrear seus próprios dados de potência com níveis reduzidos de testosterona - e afirma que esses dados demonstram uma redução de 13 a 16% dos seus resultados de potência após seis segundos, um minuto, cinco minutos e 20 minutos.

Bridges também conta que recebeu reações variadas ao falar em público sobre sua transição, mas muitas mulheres ciclistas enviaram mensagens de apoio.

Até que, quando a UCI considerou Bridges inelegível, a atleta britânica dos 800 metros Ellie Baker declarou no Twitter: "Eu me recusaria a competir e espero que outras mulheres assumam a mesma posição sobre esta questão. É totalmente injusto. As vantagens das mulheres trans por terem atravessado a puberdade como meninos até se transformarem em homens nunca podem ser desfeitas."

Já Liz Ward, diretora de programas do grupo ativista Stonewall, afirmou que Bridges "não recebeu uma chance justa de competir na corrida de 2 de abril de 2022".

"É lamentável que a UCI tenha rejeitado os critérios de competição da Federação Britânica de Ciclismo, que foram totalmente atendidos por Bridges. A Federação já fez extensas consultas sobre a sua política de inclusão de transgêneros, que está totalmente de acordo com as orientações do Comitê Olímpico Internacional. Nossos pensamentos estão com Emily", conclui Ward.

Esportes - Correio Braziliense


sábado, 2 de abril de 2022

Como foi que deixamos o lockdown acontecer?

Espaço publicitário em Newport, no País de Gales, usado para avisar ao público para ficar em casa durante a pandemia (28/04/2020) | Foto: Gareth Willey/Shutterstock
Espaço publicitário em Newport, no País de Gales, usado para avisar ao público para ficar em casa durante a pandemia (28/04/2020) | Foto: Gareth Willey/Shutterstock

O lockdown pode estar ficando para trás, graças, em parte, a outras crises internacionais mais urgentes. Mas, conforme aprendemos a “seguir em frente” em relação à covid-19, nunca mais podemos deixar que uma política tão extremada, excepcional e cruel seja vista como normal ou necessária.

Na época, o termo “sem precedentes” foi muito usado. Mas o que Johnson anunciou não era apenas sem precedentes. Semanas antes, teria sido impensável — pelo menos em uma democracia liberal do Ocidente. Não era algo que as autoridades, como um consultor científico definiu, acreditaram que “conseguiriam fazer”. Talvez um regime autoritário como a China pudesse colocar sua população em prisão domiciliar mas com certeza isso não aconteceria na Inglaterra.

O lockdown pareceu anular muitas de nossas suposições mais básicas sobre a vida em uma democracia liberal. Durante aquele período, deixamos de ser um povo livre. Fomos proibidos de sair de casa e banidos de todas as interações sociais fora do nosso ambiente doméstico. Havia apenas uma gama estreita e limitada de exceções obrigatórias. O período entre março e maio de 2020 foi, nas palavras de um juiz da Alta Corte britânica à Comissão Mista de Direitos Humanos, “possivelmente o regime mais restritivo sobre a vida pública das pessoas e das empresas que já existiu”.

Muitas pessoas sem dúvida vão argumentar que o lockdown foi uma precaução sensata, necessária para reduzir o contato humano e a disseminação de uma doença mortal. Mas esse relato não faz jus ao clima de histeria, de apocalipse e de autoritarismo que tomou conta da nação nessa época. O Reino Unido se tornou uma distopia. E essa espiral de loucura não só foi tolerada, ela foi ativamente incentivada em todos os níveis da vida pública.

A polícia se deliciou com sua nova autoridade ao impor a ordem de que todos ficassem em casa. Tanto que muitas vezes foi muito além do que de fato era exigido pela lei — que já era a mais rígida da história britânica, não nos esqueçamos. Drones da polícia vasculharam o interior, com medo de que a população fosse fazer exercícios “não essenciais”. Oficiais inspecionaram carrinhos de compra em busca de itens “não essenciais”, como ovos de Páscoa. Alguns chegaram até a colocar tinta preta nos lagos para impedir reuniões perto dessas belas paisagens.

Nada disso tinha nenhuma justificativa legal — não estava nas regulamentações introduzidas usando o Ato de Saúde Pública (que deu efeito legal ao lockdown) nem no Ato do Coronavírus de 2020 (que concedeu poderes de deter pessoas “potencialmente contagiosas”). Na verdade, ainda que poucos tenham notado na época, o lockdown não teve início legalmente até 26 de março, três dias depois do anúncio de Boris Johnson. Mas, no Estado policial da covid-19, a palavra dos ministros do governo foi tratada pelas autoridades como indistinguível da lei.

Mesmo que você tenha ficado obedientemente em casa, os policiais do coronavírus ainda podiam ir atrás de você. Surgiram filmagens de policiais derrubando a porta de um homem só para encontrá-lo sozinho em casa assistindo à televisão. A polícia teve de se desculpar por dizer a um homem que ele estava proibido de ficar em seu próprio jardim. Estar em situação de rua também não era uma desculpa para não ficar em casa. Um morador de rua foi levado ao tribunal pelo crime de “sair de seu lugar de moradia” — “a saber, sem endereço fixo”.

Mais tarde ficou claro que a maior parte das pessoas que morreram durante a primeira onda de covid-19 pegou o vírus durante o lockdown

Você poderia ter esperado que nosso confiável sistema legal entrasse em ação a essa altura, que as Cortes fizessem pressão contra esses abusos óbvios da autoridade policial.  
Mas, em abril de 2020, uma mulher foi presa, mantida sob custódia da polícia por 48 horas e depois condenada por um crime que não existe. 
Em fevereiro de 2021, todo processo movido sob o Ato do Coronavírus, ao ser revisado, foi considerado ilegal.

De fato, o lockdown trouxe o pior das pessoas à tona. Muitos descobriram seu xerife interno da covid-19. Ligações para o serviço de emergência médica e policial dispararam, com vizinhos entregando vizinhos por não obedecerem às regras sobre os exercícios, ou seja, sair para mais de uma corrida por dia. Algumas forças policiais encorajaram isso ao criar portais on-line e serviços de atendimento telefônico para denúncias ligadas ao confinamento. Ao fim de abril de 2020, a polícia do Reino Unido tinha recebido 194 mil ligações sobre desobediências de lockdown.

Esse ódio descontrolado por quem não seguiu as regras significa que não houve espaço para discernimento nem compaixão. As regras de distanciamento social foram aplicadas rigorosamente em todas as circunstâncias. As pessoas foram impedidas de visitar familiares que estavam morrendo — e foram impedidas de confortar umas às outras nos funerais.

A mídia teve um grande papel nisso tudo. Além do alarmismo apocalíptico sobre o vírus, os jornalistas prepararam alegremente seus dois minutos de ódio diário contra o novo inimigo público número 1 — os chamados “covidiotas”, aqueles que foram vistos fazendo contato com outras pessoas em parques e praias, causando dano a exatamente ninguém.

De modo involuntário, o fenômeno dos covidiotas enfatizou a irracionalidade do lockdown. Tanta energia, tantos recursos, tanto ódio foram direcionados às pessoas que se reuniram em pequenos grupos ao ar livre, onde o vírus tinha dificuldade de se espalhar. E muitos desses supostos vetores de doença eram jovens, portanto, não corriam riscos graves relacionados à covid-19. Mais tarde, ficou claro que a maior parte das pessoas que morreram durante a primeira onda de covid-19 pegou o vírus durante o lockdown, e não antes ou depois. Prestamos relativamente pouca atenção aos mais vulneráveis à covid — os idosos e os doentes, em especial os que vivem em casas de repouso.

Da mesma forma que o lockdown estava trazendo o caos para a vida cotidiana, os danos de longo prazo também começaram a ficar mais evidentes.

Paralisar a sociedade mergulhou a economia na recessão mais profunda da história do capitalismo britânico. Esse transtorno não se fez sentir da mesma forma. Enquanto os mais vulneráveis da sociedade foram ainda mais mergulhados na pobreza, os mais privilegiados na verdade fizeram economias, aumentando sua riqueza e seu conforto, enquanto se adaptavam a um estilo de vida de trabalho remoto. Agora que a economia foi retomada, os efeitos do confinamento estão sendo sentidos com aumentos impressionantes no custo de vida (ainda que os governos ocidentais tenham tentado culpar a invasão da Ucrânia pela Rússia).

As mídias impressa e eletrônica se tornaram animadoras de torcida do lockdown, criticando o governo apenas por não ter agido mais rápido ou com maior rigidez

A educação foi devastada. As crianças em idade escolar perderam 1 bilhão de dias letivos combinados. E milhares de estudantes abandonaram o sistema de ensino por completo. A lacuna de aprendizado entre as escola públicas e privadas se tornou imensa.

Até mesmo a saúde foi monumentalmente prejudicada pelo primeiro lockdown e pela ordem de “ficar em casa” para “proteger o sistema público de saúde”. Pacientes não foram atendidos, e doenças não foram diagnosticadas. Sim, a covid-19 ocupou milhares de leitos de hospital, mas o número de pessoas em busca de tratamento também despencou. Não é uma surpresa que a lista de espera do NHS, o Serviço Nacional de Saúde britânico, esteja batendo recordes.

As privações de curto prazo e os danos de longo prazo estavam claros para qualquer pessoa que se desse ao trabalho de considerá-los. Mas, nos primeiros meses de confinamento, houve uma intolerância extremamente poderosa à divergência. Falar sobre os males causados pelos excessos do lockdown significava ser acusado de estar do lado da doença e da morte.

 Praça vazia na frente da Catedral Duomo, em Milão, na Itália, durante o lockdown | Foto: Shutterstock

A oposição à abordagem do governo foi extremamente limitada. As mídias impressa e eletrônica se tornaram animadoras de torcida do lockdown, criticando o governo apenas por não ter agido mais rápido ou com maior rigidez. Plataformas da big tech censuraram vozes dissidentes, rotulando opiniões que contradiziam as orientações de saúde pública da Organização Mundial da Saúde como “desinformação”. O Labour Party — supostamente a “oposição oficial” do Reino Unido — apoiou todas as restrições do governo com veemência.

Por que tão poucos fizeram objeções a medidas tão extremadas? Isso não pode ser explicado pela gravidade da pandemia. Ainda que o lockdown possa ter parecido uma ruptura violenta com o “antigo normal”, ele também se aproveitou e aprofundou uma série de tendências destrutivas preexistentes. A cultura da “segurança”, a ampla difamação da liberdade e da liberdade de expressão, o aumento do Estado-babá e do autoritarismo na saúde pública, bem como a atomização da vida social já estavam claros antes da pandemia. E, mesmo enquanto as regras que nos confinaram eram canceladas, essas tendências problemáticas continuam existindo e assumindo novas formas em reação aos novos desafios.

Ainda que leve anos para entender por completo o que aconteceu nesse período excepcional e desolador das nossas vidas, dois anos depois podemos dizer com absoluta certeza: precisamos não deixar nunca mais que nos confinem. 

Fraser Myers é editor assistente da Spiked e apresentador do podcast da Spiked Siga-o no Twitter: @FraserMyers

Fraser Myers, colunista - Revista Oeste

 

Leia também “Enfim, a liberdade”

domingo, 27 de março de 2022

Guerra na Ucrânia: os três ciberataques russos que as potências ocidentais mais temem

 BBC

Joe Tidy - Repórter de segurança cibernética

Segundo Biden, a inteligência norte-americana acredita haver indícios de que a Rússia está planejando um ataque cibernético contra os Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convocou empresas e organizações nos EUA a "trancar suas portas digitais". Segundo Biden, a inteligência norte-americana acredita haver indícios de que a Rússia está planejando um ataque cibernético contra seu país.

Autoridades do Reino Unido responsáveis por tecnologia e internet estão de acordo com os pedidos da Casa Branca por "aumento das precauções de segurança cibernética", embora não tenho sido fornecida nenhuma evidência de que a Rússia esteja planejando um ataque cibernético.

Moscou declarou em outras oportunidades que acusações do tipo são "russofóbicas".

No entanto, a Rússia é uma superpotência cibernética com hackers e grande capacidade de ataques disruptivos e potencialmente destrutivos. Do ponto de vista cibernético, a Ucrânia foi relativamente pouco atacada no atual conflito entre os dois países, mas especialistas agora apontam preocupações de que os alvos sejam os aliados da Ucrânia. "Os alertas de Biden parecem plausíveis, principalmente porque países do Ocidente determinaram mais sanções contra a Rússia, houve o envolvimento de ativistas hackers na briga e a movimentação em terra da invasão aparentemente não está saindo como planejado", diz Jen Ellis, da empresa de segurança cibernética Rapid7.

Abaixo, os ataques que os especialistas mais temem:

"BlackEnergy"

A Ucrânia é frequentemente descrita como um campo de testes dos hackers russos, por meio de de ataques realizados aparentemente com intuito de experimentar técnicas e ferramentas.

Em 2015, a rede elétrica da Ucrânia foi atingida por um ataque cibernético chamado "BlackEnergy", que causou um apagão de curta duração que afetou 80 mil pessoas no oeste do país.

Estação de energia na Ucrânia
Reuters
A rede elétrica ucraniana já foi alvo de hackers mais de uma vez

Quase um ano depois, outro ataque cibernético, que ficou conhecido como "Industroyer", bloqueou o fornecimento de energia elétrica em cerca de um quinto de Kiev, a capital ucraniana, por cerca de uma hora.

[comentário/pergunta de leigos: ministro Barroso,  após a leitura atenta da presente matéria, que comprova a força dos hackers, perguntamos: como é possível que  só o sistema de informática do TSE seja a prova de ataques hackers.?]

Os EUA e a União Europeia atribuíram o incidente a hackers militares russos.

"É totalmente possível que a Rússia tente executar um ataque como esse contra países ocidentais para demonstrar seu poderio e mandar um recado", diz a responsável pela segurança cibernética ucraniana Marina Krotofil, que ajudou a investigar os ataques de corte de energia.

"No entanto, nenhum ataque cibernético contra uma rede elétrica resultou em interrupção prolongada do fornecimento de energia. A execução de ataques cibernéticos de maneira eficiente em sistemas complexos de engenharia é extremamente difícil. Alcançar um efeito prejudicial prolongado muitas vezes é impossível devido aos esquemas de proteção."

Especialistas como Krotofil também levantam a hipótese de que esse tipo de conflito possa se voltar contra a Rússia, já que países ocidentais também têm condições de atingir redes russas.

A força do NotPetya

O NotPetya é considerado o ataque cibernético que mais prejuízos financeiros causou na história. A autoria foi ligada pelas autoridades dos EUA, Reino Unido e UE a um grupo de hackers militares russos.

O software com poder de destruição foi colocado em uma atualização de um programa de computador bastante usado para contabilidade na Ucrânia, mas se espalhou pelo mundo, devastando sistemas de computador de milhares de empresas e causando aproximadamente US$ 10 bilhões em danos.

Hackers norte-coreanos também foram acusados ??de causar grandes transtornos com um ataque parecidos um mês antes.

WannaCry
Reprodução/Webroot
O 'pedido de resgate' que aparecia com o worm WannaCry

O "worm" (um tipo de vírus ainda mais destrutivo) WannaCry foi usado para truncar ou borrar dados em aproximadamente 300 mil computadores em 150 países. O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido foi forçado a cancelar um grande número de consultas médicas."Esse tipo de ataque pode ser a maior oportunidade para gerar caos em massa, instabilidade econômica e até perda de vidas", diz Jen Ellis.

"Pode ser difícil de se imaginar, mas a infraestrutura crítica [de sistemas] geralmente depende de tecnologias conectadas, tal qual nossas vidas no mundo moderno. Vimos o potencial para isso com o impacto do WannaCry nos hospitais do Reino Unido."

Alan Woodward, professor e cientista da computação da Universidade de Surrey, no Reino Unido, lembra que esses ataques também trazem riscos para a Rússia."Esses tipos de hacks incontroláveis ??são muito mais parecidos com guerra biológica, pois é muito difícil atingir infraestrutura crítica de forma específica, localizada. O WannaCry e o NotPetya também fizeram vítimas na Rússia."

Ataque ao fornecimento de combustível

Em maio de 2021, vários Estados dos EUA adotaram esquemas de emergência depois que hackers conseguiram bloquear as operações de um oleoduto importante.

Filas em postos de combustível nos EUA
Getty Images
Ataque cibernético provocou corrida a postos de combustível nos EUA

O oleoduto transporta 45% do suprimento de diesel, gasolina e combustível de aviação da Costa Leste dos Estados Unidos. O ataque provocou uma corrida a postos de combustível.

Esse ataque não foi realizado por hackers ligados ao governo russo, mas pelo grupo de ransomware (modalidade em que criminosos exigem pagamento para desbloquear um sistema) DarkSide, que especialistas apontam estar baseado na Rússia.

A empresa afetada admitiu pagar aos criminosos US$ 4,4 milhões (mais de R$ 21 milhões) em Bitcoin com rastreabilidade dificultada para retomar o funcionamento dos sistemas.

Linha de produção da JBS
Reuters
A empresa brasileira JBS também foi alvo de ataque

Algumas semanas depois, o fornecimento de carne foi impactado quando outra equipe de ransomware chamada REvil atacou a brasileira JBS, a maior processadora de carne bovina do mundo.

Um dos grandes temores que os especialistas têm sobre as capacidades cibernéticas russas é que o Kremlin possa instruir grupos a coordenar ataques a alvos dos EUA, para maximizar a interrupção. "A vantagem de usar cibercriminosos para realizar ataques de ransomware é o caos geral que eles podem causar. Em grande número, eles podem causar sérios danos econômicos", diz Woodward, da Universidade de Surrey.

"Também vêm com o bônus de que é possível negar ligação com esses grupos, pois eles não têm uma conexão formal com o Estado russo".

Como os EUA poderiam responder?

No caso altamente improvável de que um país-membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) seja alvo de um ataque cibernético que cause perda de vidas ou danos irreparáveis, isso poderia desencadear o Artigo 5, a cláusula de defesa coletiva da aliança. Mas especialistas dizem que isso arrastaria a Otan para uma guerra da qual a organização não quer fazer parte, então é mais provável que as respostas venham diretamente dos EUA ou de aliados próximos.

Biden disse que os EUA "estão preparados para responder" se a Rússia lançar um grande ataque aos EUA.

Mas qualquer ação provavelmente será ponderada com muito cuidado.

Correio Braziliense


segunda-feira, 21 de março de 2022

OS PONTOS DE NEGOCIAÇÃO DA UCRÂNIA - Isabel Van Brugen, em Epoch Times

O presidente krainiano, Volodymyr Zelensky, em um discurso na quinta-feira delineou as principais prioridades do país para as negociações de paz com a Rússia. “As negociações estão em andamento. Negociações pelo bem da Ucrânia”, disse Zelensky. “Minhas prioridades nas negociações são absolutamente claras: o fim da guerra, garantias de segurança, soberania, restauração da integridade territorial, garantias reais para nosso país, proteção real para nosso país”, disse ele. [comentando: entendemos que o senhor Zelensky precisa, pelo bem do seu país e dos ainda seus governados, entender que a Ucrânia está perdendo a guerra - a Rússia, potência invasora, é quem dita o ritmo das operações, especialmente, por a Ucrânia ter praticamente ZERO em termos de capacidade  contraofensiva. A Rússia pode diminuir, ou mesmo parar, o ritmo de bombardeios de artilharia, do avanço de tropas, não correndo o risco de uma contraofensiva. O presidente ucraniano precisa aceitar que está sozinho nessa guerra - seus 'aliados' não lhe fornecem o  mais necessário.

IMPORTANTE: a mídia, incluindo a militante pró esquerdismo progressista, começa a diminuir o ritmo da cobertura. 
É questão de tempo, entendemos, que a tão noticiada guerra Rússia x Ucrânia, loca esteja recebendo a cobertura das guerras que ocorrem há anos no Iémen, Somália, Etiópia e outras =  esquecidas.]

Seus comentários vêm depois que Mykhailo Podoliyak, conselheiro de Zelensky e um dos representantes da Ucrânia nas negociações de cessar-fogo Rússia-Ucrânia, sinalizou que os dois países parecem ter encontrado algum terreno comum em meio às negociações. "A única coisa que confirmamos neste estágio é um cessar-fogo, a retirada das tropas russas e garantias de segurança de vários países”, escreveu ele em um post no Twitter, incentivando um diálogo direto entre Zelensky e o presidente russo, Vladimir Putin.

Putin lançou uma invasão em grande escala contra a Ucrânia em 24 de fevereiro, descrevendo-a como uma “operação militar especial”. Três semanas depois, o Ministério da Defesa da Grã-Bretanha disse em uma atualização de inteligência que a ofensiva “em grande parte parou em todas as frentes”.

As forças russas fizeram progressos mínimos em terra, mar ou ar nos últimos dias e continuam a sofrer pesadas perdas, enquanto a resistência ucraniana permanece firme e bem coordenada, disse a atualização. “A grande maioria do território ucraniano, incluindo todas as grandes cidades, permanece em mãos ucranianas”, disse o ministério.

Podoliyak confirmou a autenticidade de um esboço de acordo de cessar-fogo relatado pelo Financial Times, mas disse que representa apenas a posição do lado russo.

Zelensky sinalizou na terça-feira que a Ucrânia não espera ingressar na Otan, uma preocupação crítica russa que foi usada para justificar a invasão. “A Ucrânia não é membro da OTAN. Nós entendemos isso. Ouvimos há anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos que não poderíamos participar. É uma verdade e deve ser reconhecida”, disse Zelensky durante um discurso por videoconferência aos líderes da Força Expedicionária Conjunta liderada pelo Reino Unido.

“Estou feliz que nosso pessoal esteja começando a entender isso e confiar em si mesmo e em nossos parceiros que nos ajudam”, acrescentou Zelensky. Zelensky, em seu discurso na quinta-feira, também agradeceu aos Estados Unidos por emprestar “forte apoio” em meio à invasão. O presidente Joe Biden anunciou na quarta-feira um adicional de US$ 800 milhões em assistência de segurança à Ucrânia.

“Sou grato ao presidente Biden por isso. Sou grato pela liderança que uniu o mundo democrático”, disse ele.

*        Allen Zhong contribuiu para este relatório.

**      Isabel van Brugen é uma jornalista premiada e atualmente repórter do Epoch Times. Mestre em jornalismo de imprensa escrita, pela City University of London.

Transcrito do site Percival Puggina  

 

quarta-feira, 9 de março de 2022

QUASE UM SÉCULO APÓS REPETE-SE O GENOCÍDIO RUSSO DO “HOLODOMOR” CONTRA O POVO UCRANIANO - SÉRGIO ALVES DE OLIVEIRA - Advogado e sociólogo

 O raciocínio que iremos desenvolver é bastante simples. Quem já ouviu falar que “a história é escrita pelos vencedores”?

Pois bem, as  “Forças Aliadas” que derrotaram a “Aliança do Eixo”, na "2ª Guerra Mundial”, formado pela Alemanha de Hitler, pelo Japão, e pela Itália, de Benito Mussolini, tinham dentre os seus “vitoriosos”, além dos Estados Unidos,o Reino Unido,a França,a a própria Rússia.

Portanto a Rússia foi um dos vencedores da 2ª Guerra Mundial ;  a Alemanha e a Itália  dois dos perdedores.

Não é à toa, por conseguinte, que nenhum dos perdedores da 2ª Guerra Mundial integre o Conselho de Segurança da ONU, enquanto todos os vencedores não só integram esse conselho, como também o próprio “conselho permanente” da organização.

Esse simples detalhe talvez possa explicar com precisão milimétrica a absurda omissão dos currículos escolares de história em contar a verdade de muitos fatos . A “medalha” de vencedor da 2ª Guerra Mundial, por exemplo,teve  força para “apagar” dos livros de história e das páginas da grande mídia todos os crimes e malfeitos cometidos por um dos vencedores da guerra, contra alguns povos, ou mesmo contra a humanidade.                                                   

Enquanto isso os “crimes” dos perdedores são potencializados na história,ao  lado do silêncio sepulcral sobre os crimes dos vencedores.

Tornou-se voz corrente no mundo ocidental chamar e ofender  de “nazista”, ou “fascista”- que foram os perdedores na 2ª Guerra  - qualquer pessoa mais conservadora que conteste os valores ideológicos e políticos da esquerda, do comunismo, do socialismo,do progressismo,dentre outros “ismos”vermelhos. “Lidera” essa lista o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

Ocorre,”porém, contudo, todavia,entretanto”, que os crimes cometidos a partir de um dos vencedores da 2ª Guerra Mundial, melhor explicado,da Rússia,contra a humanidade, antes e após a guerra, foram em muito maior número e gravidade que os “crimes” dos nazistas ou dos fascistas.

O “Holocausto” nazista, da “perdedora” Alemanha, vitimou 6 milhões de pessoas, entre judeus,ciganos,homossexuais,Testemunhas de Jeová ,e deficientes físicos e mentais.E mais da metade dos livros de história dedicam-se com  exaustão a contar os  horrores do holocausto. Mas as notícias sobre as atrocidades dos comunistas russos e chineses  contra a humanidade tomam,quando muito, algum espaço nos “rodapés” dos livros de história, e na “dedicação” dos professores em sala de aula.

Pois bem,é verdade que os nazistas mataram 6 milhões de pessoas no Holocausto. Mas também é verdade que os comunistas mataram mais de 100 milhões de pessoas por onde passaram. Foram 62 milhões na ex-URSS,entre 1917  e 1987, e 35 milhões na China, entre 1935 e 1987.

Até a bárbara e covarde invasão da Ucrânia pelos comunistas russos,a mando do ditador Vlademir Putin,muito pouca gente já tinha lido ou ouvido falar qualquer coisa  a respeito do HOLODOMOR (matar pela fome),referente ao assassinato principalmente pela fome de cerca de 15 milhões de colonos e agricultores na Ucrânia, chamados “Kulak”, a mando do ditador comunista russo Joseph Stalin,nos anos 30 do século passado.

O bandido Stalin chegou a estabelecer  “metas” para os agricultores ucranianos fornecerem  quantidades “x” de alimentos para os russos, sabendo-se que isso seria absolutamente impossível na produção rural, que também depende da natureza,chuvas no tempo certo,etc . E que não é como na indústria que geralmente as metas podem ser cumpridas. Os russos levavam toda a produção rural ,não deixando nem a comida necessária aos produtores. Alguns historiadores garantem que até canibalismo houve.O cheiro “podre” de carne humana morta  se espalhou na Ucrânia.

Em resumo,na Ucrânia não houve guerra. Houve um “massacre”. Uma “invasão” ilícita,contrária ao direito  internacional. As forças armadas e o aparato bélico da Rússia são no mínimo 10 vezes superiores aos ucranianos. Isso é covardia pura. Enquanto os russos “destroçam” a Ucrânia, nenhum “pé-de-alface” nas suas terras foi danificado. [os defensores de posições pró 'aliados' da Ucrânia - aliança em que a Ucrânia entra com o sofrimento característico das guerras, incluindo mortes, e seus aliados entram com os discursos
A reserva estratégica de petróleo que os EUA diz estar liberando para 'compensar' o boicote à compra do petróleo russo,é insuficiente para um dia de consumo mundial.
Outro ponto arguido pelos 'aliados' é tentar confundir comunismo - o praticado por Stalin, por Mao, por Pol Pot e outros tiranos do tipo - com 'comunismo' praticado por Putin. 
Quem analisa com isenção, conclui facilmente que Biden prestigiando o maldito progressismo esquerdista que só traz mazelas = um dos itens do programa, um dos primeiros, é facilitar o aborto. O aborto é um dos primeiros pela importância que atribuem ao estímulo de sua prática, não é por iniciar com a letra A. - é mais comunista ao estilo Stalin e outros tirados citados do que o Putin.]

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo


quarta-feira, 2 de março de 2022

Por que a OTAN continuou existindo após a Guerra Fria? Gazeta do Povo

Filipe Figueiredo

Um dos motivos alegados pelo governo russo para invadir a Ucrânia seria impedir que o país vizinho se torne um integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Mesmo após a dissolução da União Soviética, a Federação Russa repetidas vezes afirmou que a OTAN é uma ameaça aos seus interesses e à sua segurança. Com o assunto ganhando ampla repercussão com o novo conflito, comentários foram feitos, inclusive por jornalistas e analistas profissionais, de que a OTAN teria perdido sua razão de existir com o fim da Guerra Fria, já que ela foi criada com a URSS como antagonista. Torna-se interessante, então, responder a pergunta: por que a OTAN continuou existindo após a Guerra Fria?


A Representante Permanente dos EUA na OTAN, Julianne Smith, participa de uma conferência de imprensa na sede da Aliança em Bruxelas, Bélgica, 15 de fevereiro de 2022.
A Representante Permanente dos EUA na OTAN, Julianne Smith, participa de uma conferência de imprensa na sede da Aliança em Bruxelas, Bélgica, 15 de fevereiro de 2022.| Foto: EFE/EPA/STEPHANIE LECOCQ

Antes disso, é essencial frisar que a argumentação de que a OTAN deveria ter deixado de existir após a Guerra Fria pode, em última instância, ser um apoio indireto à invasão de um país soberano, a Ucrânia, por outro, a Rússia, a potência agressora. Podem existir também pessoas que genuinamente pensem dessa maneira, que a organização teria cumprido sua missão durante a Guerra Fria e, ao ser mantida após 1991, contribuiu para tensões posteriores, como a sua expansão ao leste. Devido a essa linha tênue entre apologia de uma guerra e um debate intelectual válido, é importante deixar claro que entender ou explicar a OTAN não implica em legitimar todas suas ações e a atual ação russa. [somos contra as guerras, mas temos que reconhecer que a situação de conflito militar entre Rússia x Ucrânia tem vários motivos,com predominância de dois: 
- a necessidade da OTAN demonstrar que ainda tem alguma importância - apesar da razão principal, quiçá, única - a Guerra Fria - ter acabado:; e,
- a falta de escrúpulos do presidente da Ucrânia em criar uma guerra para os outros países guerrearem.]

Veja Também: O que é a Otan e por que a Rússia ameaça quem pretende entrar?
Chernobyl e o ataque de decapitação contra a Ucrânia

 Premissa falsa
O problema do argumento de que a OTAN teria perdido sua razão de ser com o fim da Guerra Fria é o de que ele parte de uma premissa comum, mas falsa, de que a Guerra Fria foi um fenômeno próprio. Não, a Guerra Fria é um capítulo, é um trecho, de um conflito mais amplo, interpretado pelas teorias clássicas da geopolítica. Em suma, dentre as grandes potências, duas seriam protagonistas. A que tiver o domínio do poder naval e a que tiver a hegemonia da vastidão terrestre Eurasiana. No século XIX, após a consolidação de uma ordem internacional centrada em potências, com o Congresso de Viena de 1815, essas potências eram, respectivamente, o Reino Unido e o Império Russo.

Naquele momento, os Estados americanos ainda se estabeleciam. Na Europa, a Espanha estava decadente em seu poder internacional, a França enfraquecida após as Guerras Napoleônicas e Áustria e Prússia disputavam a primazia no mundo alemão. A África estava fragmentada em uma miríade de reinos e, na Ásia, a postura era de isolamento total no Japão, de isolamento político na China, grande centro comercial, e a Índia e o sudeste asiático eram progressivamente subordinados aos europeus. Finalmente, o vasto, multicontinental e multinacional império Otomano passava por repetidas crises, com uma estrutura que não conseguia modernizar a economia do império.

Enquanto isso, o Reino Unido se isolava dos distúrbios continentais em sua política de “Isolamento Esplêndido” e tornava-se a potência hegemônica dos mares e do comércio mundial. Um enorme império colonial foi conquistado e o Reino Unido vitoriano era a “Oficina do Mundo”, um centro comercial e industrial. A Rússia, por sua vez, continuava sua expansão territorial no Cáucaso, na Ásia Central e no Extremo Oriente, além de expandir sua influência política sobre os povos eslavos do Cáucaso. Lembremos também que, naquele momento, o Império Russo incluía os atuais países bálticos, a Finlândia, Moldova e partes da Polônia.

Disputa por influência
Reino Unido e Rússia inclusive buscavam um deter a influência do outro. O apoio britânico aos otomanos, cujo grande exemplo é a Guerra da Crimeia, e a disputa pela Ásia Central no Grande Jogo são talvez os exemplos mais conhecidos. Outro, menos conhecido e ainda mais importante, é o fato de que a primeira aliança militar assinada pelos britânicos em quase cem anos foi “mirando” a Rússia, a aliança com o Japão, em 1902. Caso a Rússia atacasse um dos dois, o outro viria em defesa, colocando os russos em uma guerra em duas frentes. O Japão, aproveitando essa vantagem, derrotou a Rússia na guerra Russo-Japonesa de 1905, que projetou o país asiático como uma nova potência.

Na véspera da Grande Guerra, o Reino Unido dominava um quarto do território mundial, de forma não contínua. A Rússia dominava outros 17%, no maior império contínuo e centralizado da História. O cenário naquele momento, entretanto, era outro. Via Relação Especial, o Reino Unido começava a "passar o bastão” de potência marítima para os EUA, também “insulado” dos conflitos europeus em seu próprio continente. A unificação alemã criou uma potência econômica e militar no centro da Europa, cuja hegemonia industrial se projetava sobre fatia considerável do continente. A diplomacia britânica, temendo uma aproximação entre Alemanha e Rússia, o que criaria um titã territorial e econômico, se movimentou.

Em 1904, a criação da Entente Cordial aproximou britânicos e franceses, inimigos históricos, em uma aliança contra a Alemanha. Via França, foi construída a Tríplice Entente com a Rússia, uma aliança de ocasião. O objetivo britânico era impedir a aproximação entre Rússia e Alemanha. Depois da Grande Guerra, essa aproximação voltou a ocorrer, entre a República de Weimar e a URSS, dois países então excluídos da ordem internacional da Liga das Nações, aproximação que é encerrada pela Segunda Guerra Mundial e os planos nazistas de tomar os territórios soviéticos, além do antagonismo ideológico com o comunismo internacional e o Pacto Anticomintern.

Guerra Fria
Vem a destruição da Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria,
um conflito geopolítico por influência entre EUA, potência marítima, e a URSS, a potência territorial. Agora com um toque ideológico, em que cada superpotência tinha um alinhamento ideológico claro, cobrado de seus aliados. Ou seja, a Guerra Fria foi apenas um capítulo ideológico dentro de uma disputa mais ampla e mais longeva, que remetia ao início do século XIX. Com a Guerra Fria, veio a criação da OTAN, cuja semente inicial foi o quê? O Tratado de Dunquerque, de 1947, que basicamente foi uma renovação da Entente Cordial, a aliança entre Reino Unido e França, criada décadas antes da Guerra Fria.

Essa aliança foi expandida para incluir o Benelux, no Pacto de Bruxelas e, em 1949, é assinado o Tratado do Atlântico Norte, que adiciona Itália, Portugal, Dinamarca, Canadá e, principalmente, os EUA à defesa coletiva da Europa ocidental. Naquele momento, apenas duas potências tinham armas nucleares, URSS e EUA. Em 1952, Grécia e Turquia entram na aliança e, em 1955, a Alemanha ocidental. Esse processo de expansão foi conduzido por Lorde Hastings Ismay, primeiro Secretário-geral da organização. Ele é autor de uma célebre frase para definir a OTAN, lembrada por um amigo diplomata da coluna em meio ao conflito na Ucrânia. Segundo ele, a aliança foi criada para "para manter os russos fora, os americanos dentro e os alemães abaixo".

A preocupação quando da criação do pacto de defesa coletiva não era necessariamente a URSS, era a Rússia, em qualquer encarnação, modelo de Estado ou ideologia que fosse, e seus objetivos são atrelar a defesa da Europa ocidental ao poderio dos EUA, independentemente de inimigo, e impedir que a Alemanha possa tornar-se, novamente, um pólo próprio que represente um desafio dentro da ordem internacional. 
Seja na década de 1950, na década de 2000 ou na década de 2050. 
Os propósitos da OTAN não se limitavam à Guerra Fria, assim como o fim da Guerra Fria não encerrou a disputa geopolítica, foi apenas o fim de um capítulo ideológico. O fim da Guerra Fria, ao contrário do que ingenuamente dito por Francis Fukuyama, não foi o “fim da História”.

Ascensão da China
É justo pelo caráter ideológico da Guerra Fria que é tentador achar que ela foi um processo próprio, e seu fim representou uma euforia com a possível “nova era”, de otimismo, ambientalismo e defesa dos Direitos Humanos. Oras, até hoje existem pessoas que automaticamente ligam a Rússia ao comunismo, mesmo no governo Putin. Lembremos, entretanto, que a Guerra Fria durou apenas pouco mais de quarenta anos, o que historicamente significa muito pouco. O fim da Guerra Fria, não sendo o fim de uma disputa mais ampla, foi apenas a transformação dessa disputa.

Em uma ordem multipolar, estamos vendo a ascensão de novas potências, como a Índia. Um mundo economicamente mais interligado. A expansão da OTAN para o leste, com países antigamente na esfera de influência russa. [aí é que mora o perigo - gostem ou desgostem, uma potência nuclear tem o poder de destruir o planeta - sabemos que não existe nenhuma segurança contra uma guerra nuclear, ainda que pretensamente localizada. O resultado é único: hecatombe, podendo ser total ou  parcial e progressiva. A própria radiação, inevitável, é mais mortífera, apenas mais lenta, que o potencial explosivo, imediato.]Também há uma maior integração em defesa dentro da Europa e, como consequência da invasão da Ucrânia, o governo alemão anunciou maior orçamento militar. Inclusive, é interessante lembrar que a aproximação entre Alemanha e Rússia nas últimas décadas, com projetos de energia, por exemplo, não agradava Washington.

Se cem anos atrás o Reino Unido passou o bastão de potência marítima para os EUA, hoje é a Rússia que transfere o posto de potência territorial para a China. 
Não por acaso, em agosto de 2019, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, afirmou que a aliança precisa se adaptar para conter a influência chinesa. 
Acreditar que a OTAN deveria ter acabado junto com a Guerra Fria é ingenuamente comprar um discurso ideológico de achar que o mundo realmente se tratava apenas de uma disputa entre capitalismo e comunismo. É ignorar que, no cenário internacional, vivemos uma realidade cuja origem está, em boa parte, no século XIX. Passando por transformações e capítulos específicos, mas, ainda assim, marcada por bandeiras originadas naquele período. Principalmente, por disputas e interesses de longo prazo. A OTAN é apenas uma encarnação desses interesses.
Filipe Figueiredo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES