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sábado, 4 de dezembro de 2021

Perdeu o juízo - Carlos Alberto Sardenberg

Será que o ministro Paulo Guedes acredita mesmo que a economia brasileira está decolando ou apenas tenta criar uma narrativa otimista para esconder um enorme fracasso?

É intrigante: não há como responder.

Por um lado, os números são avassaladores. Eliminados os indicadores que parecem positivos por causa da comparação com uma base muito baixa, a do ano passado, o resto aponta para uma paradeira inequívoca. Na verdade, a discussão relevante entre economistas do primeiro time – e de visões variadas – trata do seguinte: o Brasil se encaminha para a estagnação, a recessão ou estagflação?

Sim, porque a inflação, passando dos 10% ao ano, já comeu nada menos que 11% da renda do trabalho, reduzindo drasticamente a capacidade de consumo das famílias.  Como o ministro Guedes poderia desconhecer estes fatos? E entretanto, na última quinta, ao comentar os dados do PIB, disse que a B3 (a bolsa brasileira) havia subido 3% em comemoração aos bons resultados da economia real e do equilíbrio das contas públicas.

[economia é mais uma área alcançada pela nossa notória ignorância e completa ausência do saber, no caso,  econômico.
O importante, o fato que não pode ser ignorado,  é que a queda na economia em 2020 teve causa certa e indiscutível = a maldita pandemia; 
só que em 2021 os números não apenas parecem, SÃO POSITIVOS, modestamente, mas melhores  que se fossem negativos. Com a persistência da peste, seria de se esperar até mesmo queda igual ou maior que a de 2020.
O que acontece é a regra seguida pela MÍDIA MILITANTE e que consiste em qualquer notícia envolvendo o governo Bolsonaro tem que ser narrada de forma a MAXIMIZAR os aspectos negativos ou menos positivos menos positivo e MINIMIZAR os aspectos positivos. Tal conduta vale para qualquer notícia, seja de  que área. 
Exemplo: A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, evangélica de carteirinha, aplaudiu a aprovação de André Mendonça para o Supremo - normal, natural, além do indicado ter as condições (com sobras) para exercer o elevado cargo, "é irmão de fé" da primeira-dama.
Só que a mídia militante procura narrar dando destaque a um eventual  um lado 'negativo'. 
Vejam uma das manchetes: "Michelle chora, pula e reage com ‘glória a Deus’ aprovação de Mendonça ao STF; veja vídeo"Não será surpresa se um desses partidecos de nada, ingressar com ação no STF pedindo a revogação da decisão do Senado que aprovou a indicação de Mendonça. 
Motivo: PREVARICAÇÃO do presidente, já que indicou André Mendonça para satisfação pessoal da Michele.]

Quanto às contas públicas, ficou evidente que a PEC dos precatórios é uma manobra para legalizar o estouro dos gastos e o rompimento do teto orçamentário. [sem a PEC dos Precatórios mais de 17.000.000 de FAMÍLIAS FAMINTAS teriam sua fome aumentada. Ou a mídia militante apoia um HOLODOMOR alcançando quase cinco vezes o número de vítimas na Ucrânia? 
Quando a econometria ir devagar, quase parando, é melhor que parada ou mesmo em queda.]

Com esse conjunto de indicadores, é preciso concluir que Guedes sabe, sim, que a economia vai devagar quase parando, mas inventa uma narrativa para agradar o chefe e sua turma. É verdade que esse pessoal é ignorante em economia (e em muitas outras coisas, inclusive saúde), mas a narrativa é tão descolada da realidade, tão absurda, que leva as pessoas de mínimo bom senso a perguntar: o ministro perdeu o juízo?

Ou, por outro lado: não é possível que Guedes, com seu conhecimento de economia e mercados, acredite que alguém (fora da turma de fanáticos) vai acreditar nessa incrível farsa.

Então, como ficamos?

Hipótese: a economia brasileira deteriorou-se muito rapidamente neste segundo semestre. No início do ano, esperava-se um PIB crescendo acima de 5% e mais 2,5% em 2022, com inflação controlada e juros reais baixos. Hoje, mudou tudo. A inflação segue em alta persistente e espalhada, os juros em rota de elevação, o risco Brasil também subindo e o real sendo a moeda mais desvalorizada entre os emergentes. Mesmo com o avanço da vacinação.

De onde vem essa deterioração? Há fatos: a crise hídrica, que fez aumentar a tarifa de energia,  e a alta do petróleo (e, pois, da gasolina, do gás e do diesel). Mas o preço da energia em geral subiu no mundo todo e muitos países relevantes, mesmo com inflação mais alta, mantêm bom ritmo de crescimento. [a crise hídrica que, para tristeza de muitos, está cedendo graças as chuvas abundantes, não pode ser atribuída ao governo Bolsonaro. Outro absurdo é criticar o governo brasileiro - assaltado nos treze anos de governo petista, tenha uma economia que reaja a uma inflação mais alta com um bom ritmo de crescimento = só alcançado, como bem diz o articulista, nos países mais relevantes.]

Qual a diferença? O governo. A gestão Bolsonaro não é “apenas” politicamente  equivocada. É de uma incompetência brutal. E destruidora. Acrescente a isso a entrega dos cofres públicos à turma do Centrão – e, pronto, está explicada a enorme falta de confiança que se observa no país. Isso deve ter virado no avesso a cabeça do ministro Guedes. Ou o que mais seria?

E por falar em cabeças viradas no avesso, Lula entrou no debate para dizer que o Brasil estava num momento raro, histórico, de crescimento zero. Deve estar fazendo contas de 2017 para cá, pois em 2015 e 16 o país acumulou uma queda de quase 8% do PIB, consequência da gestão devastadora de Dilma Roussef. [foi este o Brasil que Bolsonaro recebeu em 1º janeiro 2019 - Temer não teve tempo de governar. Além do mais, foi perseguido pelo 'enganot' e o STF, em decisão monocrática da ministra Carmem Lúcia,  chegou a impedi-lo de nomear ministros para seu governo.]

Lula também não lembra da corrupção na Petrobras, assim como os Bolsonaros juram que não tem rachadinha. [até agora nada foi provado sobre a rachadinha atribuída aos Bolsonaros,  e convenhamos se Lula foi descondenado por ter sentado na vara errada, nada mais justo que o principio de "inocente até que se prove o contrário" se aplique aos familiares do presidente Bolsonaro.
Falando em rachadinha... a do senador Alcolumbre vai ser esquecida? não será investigada? Alcolumbre  não será julgado, condenado e preso? não perderá o mandato?]

É isso aí. Estamos entre birutas, esquecidos e/ou farsantes.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

Coluna publicada em O Globo - Economia 4 de dezembro de 2021

 

domingo, 5 de julho de 2020

A lei vale para todos, a depender da interpretação – Editorial

 O Globo


Divisão no STF indica necessidade de emenda constitucional para tornar realista o conceito da irredutibilidade do salário

A sessão de julgamento do Supremo Tribunal Federal da quarta-feira da semana retrasada foi cercada de excepcionalidades. A começar pelo fato de retomar a apreciação de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) instaurada na Corte há 18 anos, por iniciativa de partidos políticos e associações de servidores públicos, contra dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal, então recém-aprovada para servir de lastro do controle das contas públicas, afinal conseguido depois de um longo período de crises em que houve recessão, estagnação e uma hiperinflação que chegou perto dos 3.000% em 1993.




A importância do tema em julgamentoa possibilidade de a Federação, diante de novo risco de descontrole fiscal, estabelecer cortes de jornadas dos servidores públicos, com reduções proporcionais de seus salários — se deve à necessidade de o administrador público tomar medidas para manter o equilíbrio fiscal, e não deixar que graves e crescentes déficits desemboquem em surtos inflacionários, que é a maneira selvagem com que as economias consertam esta disfunção.
Infelizmente, por 7 a 4, o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, foi derrotado no seu voto pela rejeição do pedido de inconstitucionalidade, sendo acompanhado por Dias Toffoli, presidente da Corte, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, votos insuficientes para rejeitar a ADI, apoiada por Rosa Weber, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello, Luiz Fux, Celso de Mello e Cármen Lúcia, esta em parte, porque admitiu a redução de jornada.

O tamanho do equívoco cometido pela maioria do plenário do STF também é demonstrado por números, não só por argumentos jurídicos considerando uma adequada interpretação do que estabelece a Constituição sobre as contas públicas, de forma articulada com a LRF. Se não houvesse uma outra leitura consistente da Carta, não haveria quatro ministros favoráveis à manutenção dos dispositivos contestados da Lei de Responsabilidade.

O principal problema nas finanças do Estado brasileiro são as despesas obrigatórias por lei, que se expandem autonomamente. A principal delas, as da Previdência, obriga os países, não apenas o Brasil, a ajustar suas regras de seguridade de tempos em tempos, conforme a demografia exige, com o aumento do contingente de aposentados. É o que foi feito em 2019. Outro foco de dificuldades, no caso brasileiro, é a folha de salários do funcionalismo, que tem dinâmica própria de crescimento — reajustes por tempo de serviço, além de revisões feitas sob pressão das fortes corporações sindicais do setor, por inspirações populistas. Esta conta representa na União o segundo item mais importante nos gastos primários, excluindo o pagamento dos juros da dívida pública. Não é muito diferente em estados e municípios.

Como a folha de salários é gasto engessado, ela continua a subir haja ou não crise, com falta de recursos ou não. Há unidades da Federação em que os inativos já custam mais para os contribuintes do que os ativos. Na União, estados e municípios, a despesa com servidores passou de 12,3% do PIB em 2014 para 13,6% em 2018, segundo dados do Tesouro. E continua em ascensão, pressionando por mais recursos em detrimento de áreas estratégicas como saúde e educação. Entre países desenvolvidos, este índice fica entre 5% e 10%. As estatísticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que são raros os países que destinam mais de 13% do PIB ao funcionalismo.


Não apenas argumentos de natureza fiscal e com base em estatísticas sustentam um outro entendimento da arguição da constitucionalidade da LRF. Em seu voto, o relator Alexandre de Moraes registra que o artigo 169 da Constituição, ao qual se relaciona a Lei de Responsabilidade, estabelece regras para a redução das despesas com pessoal, se elas ultrapassarem limites estabelecidos em lei complementar, a LRF. Caso não seja possível reenquadrar esses gastos dentro dos limites legais, servidores estáveis poderão ser demitidos em uma situação extrema. Está escrito. 
[o oportuno está escrito, acima destacado, nos anima a perguntar:
- será que não está na hora da opção ser efetuar modificações mais abrangentes no texto constitucional, deixando de lado   modificações pontuais, via PEC?
Não se pode desprezar o fato que a atual 'constituição cidadã' usa e abusa da concessão de privilegiar a interpretação do que está escrito, relegando a segundo plano o que está escrito.
Já vivemos em uma democracia que viola direitos assegurados na Constituição Federal a pretexto de impor o respeito aos mesmo direitos.
No mesmo diapasão deixamos de seguir o que está escrito para seguir a interpretação do que está escrito.
O Supremo é guardião e intérprete da Carta Magna - está escrito - só que artigos de redação considerada confusa, são deixados de lado, ainda que ratificados por Lei posterior, editada exatamente para complementar o dispositivo de redação 'confusa'
Um exemploartigo 142,  'caput', seu parágrafo primeiro, da Constituição Federal em vigor,  combinado com artigo 15, 'caput',  da Lei Complementar nº 97, em plena vigência.]

Faz sentido, portanto, assim como defenderam Moraes e os ministros que o acompanharam, que em vez da demissão o servidor possa ter o emprego garantido pela redução da jornada e do salário. Quem pode mais, pode menos. Se é possível demitir, deve ser permitido criar um estágio anterior para a redução dos gastos. A tese foi rejeitada no julgamento, mas espera-se que o melhor entendimento dessa questão amadureça com o tempo. Para o bem do próprio servidor. Diante deste desencontro no STF, que se faça então emenda constitucional para condicionar a irredutibilidade dos salários à vida real.

Convenciona-se dizer que no Brasil primeiro veio o Estado, representado pela Coroa portuguesa, e depois o povo. Substituída a Monarquia pela República, na parte de cima desta construção social, onde estavam marqueses, condes, barões, estabeleceram-se elites diversas, com destaque para uma burocracia pública diversificada. São funcionários de diversas formações profissionais, próximos ao poder. Em Brasília, a proximidade aumentou. Nos extratos superiores deste edifício da burocracia, pagam-se bons salários com generosos penduricalhos, há carreiras que evoluem sem sustos e promoções garantidas. Na planície está a grande maioria da população constituída por assalariados do setor privado, cujos salários e jornadas de trabalho estão sendo cortados devido à crise, pela mesma fórmula incluída na LRF, agora declarada inconstitucional. A lei vale para todos, mas a depender da interpretação.

Editorial - Jornal O Globo




terça-feira, 28 de maio de 2019

O país derrete sob Bolsonaro

A indústria completou três trimestres de queda na produção

Sete meses atrás, numa tarde de domingo, Jair Bolsonaro se elegeu presidente de um país com 12 milhões de desempregados.  Sucedeu a um fragilizado Michel Temer, sobrevivente de três tentativas de cassação na Justiça Eleitoral e na Câmara. Temer conseguira domar a inflação e reverter a tendência de declínio da economia. Recebeu de Dilma Rousseff um Produto Interno Bruto em queda de 4%. Entregou com crescimento de 1%.

Vinte e oito semanas depois, a fila de desempregados aumentou para 13,4 milhões. A perspectiva de recuperação se esvaneceu. No Brasil de Bolsonaro, economistas já disputam adjetivos —estagnação ou depressão. O presidente se entretém na caça a fantasmas do sepultado comunismo, estimulando sectarismo e manifestações de apoio ao governo. Em cinco meses, da sua caneta saiu apenas uma iniciativa para imediata criação de empregos —na produção de armas.

Bolsonaro pode não ter percebido, mas o país derrete sob seu comando. Deveria ver o caso de São Paulo, onde há sete meses obteve 15,3 milhões de votos (67,9%), com uma vitória acachapante em 631 das 645 cidades. São Paulo se asfixia em perdas econômicas intensas, disseminadas e reincidentes. A indústria completou três trimestres de queda na produção. Em março, a recessão difundia-se por 72% dos setores industriais, sem perspectiva de reversão para veículos, alimentos, eletrônicos, máquinas e equipamentos.

Mas essa não é uma peculiaridade paulista. O IBGE já constatou declínio em dez dos 15 estados com base industrial — ou seja, em dois terços dos núcleos urbanos mais ricos, onde a vida depende dos empregos e dos salários mais qualificados. O presidente vai precisar trocar a diversão nas redes sociais pelo trabalho, se quiser fechar o primeiro ano de governo com crescimento irrisório, em torno de 1%. Com desemprego em alta, população empobrecida, empresas endividadas e sem investimento, ele já preside um país em flerte com a depressão. O tempo passou, e Bolsonaro não viu.
 
 
 

terça-feira, 21 de maio de 2019

PIB deprimente

Renda estagnada do país suscita perplexidade e debate entre especialistas

A mediana das expectativas de analistas para a expansão do Produto Interno Brasileiro no ano caiu pela 12ª semana consecutiva, segundo divulgou o Banco Central nesta segunda (20). O processo de deterioração, infelizmente, não dá sinais de que esteja próximo do fim.

Desde fevereiro, a projeção caiu pela metade —de 2,5%, já modestos, para 1,24%. Não são poucos os que já preveem índices mais baixos, que mal compensariam a taxa de crescimento da população do país, hoje em torno de 0,8% ao ano. Dito de outra maneira, a renda per capita ficará estagnada ou pouco além disso, numa repetição do ocorrido no biênio anterior. Trata-se de uma prostração quase inexplicável após a queda brutal de 8,6% na recessão de 2014-16.


Renda per capita não recupera patamar de 2010
32,7
2018
10
20
30
33,5
2010
34,5
2011
34,9
2012
35,6
2013
35,5
2014
34
2015
32,6
2016
32,6
2017
32,7
2018

Nota-se uma boa dose de perplexidade entre os economistas debruçados sobre o tema —e a perspectiva não mais remota de um novo mergulho recessivo com a queda do PIB no primeiro trimestre. Conforme noticiou esta Folha, a consultoria do ex-presidente do BC Afonso Celso Pastore qualificou de depressão o cenário nacional em caso de confirmação dos prognósticos para o ano. Por esse ponto de vista, o termo se justificaria em razão da perda aguda e prolongada dos rendimentos.

Nem todos concordarão com tal nomenclatura, decerto, dado que inexistem parâmetros objetivos e universalmente aceitos para definir recessão e depressão. Uma velha piada postula que a primeira está em curso quando seu vizinho perde o emprego, e a segunda, quando é você o demitido. De todo modo, não se pode escapar de um debate complexo em torno das causas da estagnação e das políticas para enfrentá-la.  As opções ao alcance imediato do governo Jair Bolsonaro (PSL) se mostram escassas. O enorme déficit orçamentário dificulta sobremaneira estímulos por meio de obras públicas ou desonerações; já a recente escalada do dólar impõe cuidados do BC com a inflação.

Nesse contexto, é fundamental apressar o programa de concessões à iniciativa privada de atividades em infraestrutura, de maneira a viabilizar investimentos em rodovias, portos, aeroportos e outros.  Entretanto a tarefa mais urgente a cargo do governo consiste em acertar suas relações com os partidos representados no Congresso —para encaminhar as reformas, sim, mas também para proporcionar um panorama político menos conturbado a todo o país.


 Editorial - Folha de S. Paulo

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Para crescer de verdade

O Brasil saiu da recessão, voltou a crescer e deverá continuar em crescimento nos próximos anos, mas terá condições para avançar como outros emergentes ou para escapar da mediocridade?

O Brasil saiu da recessão, voltou a crescer e deverá continuar em crescimento nos próximos anos, mas terá condições para avançar como outros emergentes ou, no mínimo, para escapar da mediocridade? Há muita gente discutindo essa questão, mas fora de Brasília, onde assuntos como esse atraem pouca gente. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é o representante mais visível desse pequeno grupo. Por enquanto, a maior parte das projeções para 2019 e os anos seguintes, quando outro governo será responsável pela orientação da economia, converge para 2%. Esse número aparece, por exemplo, nas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2022, último ano de mandato do presidente a ser eleito em 2018.

Uma expansão anual de 2% pode parecer bem satisfatória, depois da severa contração econômica de 2015 e 2016 e da recuperação muito gradual iniciada em 2017. Mas com um ritmo de 2% ao ano o Brasil continuará perdendo posições na corrida internacional. Dentro de cinco anos as economias emergentes e em desenvolvimento da Ásia estarão avançando 6,3%, pelo mesmo conjunto de projeções. As emergentes da Europa estarão sustentando, em média, um ritmo de 3,2%. As da América Latina deverão exibir um desempenho mais modesto, de 2,7% em média. As mais dinâmicas estarão em ritmo mais intenso, na faixa de 3,5% a 4%. Quase todas, em suma, continuarão ganhando distância em relação ao Brasil, como já vinha ocorrendo antes da recessão criada pela administração petista.

A recessão, no entanto, foi a parte mais visível de um desastre muito mais amplo e de maior alcance. Com o fim da estagnação, a maior parte das pessoas talvez nem pense nos outros danos causados durante muitos anos de incompetência governamental e de irresponsabilidade. De fato, o Brasil encerrou o período recessivo. Seu Produto Interno Bruto (PIB) já cresceu por dois trimestres consecutivos e deve continuar em expansão. As estimativas do FMI apontam expansão de 0,7% neste ano e de 1,5% em 2018. Mas falta consertar outras consequências, de maior alcance, dos erros acumulados no longo período petista.

Projeções para o longo prazo são obviamente sujeitas a erros e a muitos imprevistos. Nem por isso as estimativas de expansão em torno de 2% são desprezíveis. Cálculos desse tipo envolvem uma avaliação do potencial de crescimento econômico. É esse o ponto fundamental. Durante a primeira fase da gestão petista a economia brasileira foi beneficiada pela prosperidade internacional interrompida em 2008. Internamente, as contas públicas foram administradas com algum cuidado – no primeiro governo Lula – e por uma política monetária eficaz, bem desenhada para conter a inflação. Tudo isso acabou a partir do segundo mandato.

A maior parte dessa história foi marcada pela gastança do governo, pelo empreguismo, pelo desleixo crescente em relação às metas fiscais e de inflação, pela gestão irresponsável do câmbio, pelo protecionismo, pela distribuição de favores a grupos selecionados, pelas distorções de preços e pelo desleixo quanto a investimentos produtivos. Esse desleixo inclui falhas de planejamento e de gestão de projetos, muita corrupção, muito superfaturamento e a quase destruição de grandes estatais. Mais que a alguns anos de recessão, o Brasil foi condenado à quase incapacidade de crescer.

Não há surpresa nas condições apontadas por técnicos do FMI para a elevação do potencial de crescimento. Para começar, o conserto duradouro das finanças públicas só é possível com uma séria reforma da Previdência. Mas a lista inclui outras mudanças fundamentais para o ganho de eficiência, como a reforma tributária. A lista de providências inclui, naturalmente, investimentos (sérios) em infraestrutura, criação de ambiente mais propício aos negócios e reforma das políticas dos bancos públicos, para melhor alocação de recursos.  Essa lista remete claramente para a enorme coleção de velhas ineficiências e, principalmente, de erros e desmandos da fase petista. Não seria diplomático, nem necessário, entrar nos detalhes. É o que precisa ser consertado.


Fonte: Editorial - O Estado de S. Paulo
 

terça-feira, 8 de agosto de 2017

É melhor não fatiar a reforma da Previdência

A situação precária e a tendência de expansão dos gastos com benefícios previdenciários não dão ao governo a alternativa de aprovar apenas parte do projeto

Superada pelo governo na Câmara a questão da licença para que o Supremo examinasse se processaria o presidente Michel Temer pela acusação de corrupção passiva, o Planalto retoma a agenda de reformas.  E recomeça mal, se mantida a posição defendida por Temer em entrevista a “O Estado de S.Paulo”, em que substituiu o termo reforma por “atualização”, restringindo-a à fixação das idades mínimas para efeito de requisição da aposentadoria de 62 anos para mulheres e 65 no caso dos homens.

O presidente incluiu, ainda, nesta minipauta, o fim das diferenças entre as regras para os benefícios dos trabalhadores na iniciativa privada e as normas, privilegiadas, do funcionalismo público.  Em posição oposta, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, deseja que a proposta de atualização do sistema previdenciário seja retomada de onde parou, após a aprovação em comissão especial, sem qualquer alteração para reduzi-la a poucos pontos. Maia tem razão.

Porque, entre outros motivos, a situação fiscal não dá margem ao governo para qualquer recuo. Precisa avançar, a fim de conseguir o mínimo de 308 votos necessários para aprovar o projeto, em dois turnos, e enviá-lo ao Senado.  Além de tudo, o estabelecimento do teto constitucional para limitar o crescimento das despesas não dá alternativa ao país. De um lado, o déficit previdenciário aumenta sem freios chega este ano a R$ 188 bilhões, tendo sido R$ 150 bilhões em 2016, e assim seguirá —; de outro, as receitas tributárias não se expandem como era esperado, devido aos passos lentos na recuperação da economia. Adicione-se ao cenário que aumentar impostos retardará a própria recuperação. Vai-se entrar num caminho em círculos: crescimento lento, baixa arrecadação, mais impostos, estagnação.

Muitos estudos apontaram para um ponto no futuro em que a Previdência funcionaria como um buraco negro sideral a tragar fatias crescentes da arrecadação de impostos. Parecia algo distante, mas não é mais.  Pelo teto constitucional, o total das despesas da União não pode crescer mais que 3,52% no ano que vem, ou R$ 44,1 bilhões. Mas só o aumento dos gastos com a Previdência será de R$ 50 bilhões. O futuro chegou.

Por isso é necessário aproveitar o momento para aprovar o projeto que passou pela comissão especial. Garantir agora a reforma melhorará as expectativas, porque não transferirá para as incertezas da eleição de 2018 o destino de um fator para as contas públicas já problemático hoje.  Que o governo reconstrua a base e aproveite a disposição de Rodrigo Maia de trabalhar nesta direção. Mesmo o tema da necessária equalização das regras de aposentadoria de trabalhadores no setor privado e servidores públicos requer um duro embate com grupos de pressão poderosos.

Mais um motivo para enfrentar todos os conflitos de uma vez. Mesmo se houvesse tempo para isso, fatiar a reforma significaria multiplicar chances de derrota.  Caso haja necessidade de ajustes futuros — e haverá —, já terá sido construída uma base com alguma solidez, sem a imperiosidade de nova reforma em 2019, a toque de caixa, em novo aperto fiscal.

 Fonte: Editorial - O Globo


sábado, 5 de agosto de 2017

O custo do erro

A expectativa de que o país chegasse ao último trimestre do ano com crescimento mais forte, como prometia o governo, está indo por água abaixo desde a divulgação da conversa entre Temer e Joesley Batista. De lá para cá, as projeções para os últimos três meses do ano, comparados a 2016, caíram de 1,9% para 1,4% e há números mais baixos. A recuperação deve ser mais lenta que o previsto no segundo semestre.

Logo após o dia 17 de maio, quando o colunista Lauro Jardim divulgou a gravação em O GLOBO, houve uma mudança completa nos preços dos ativos financeiros. Dois meses e meio depois, o dólar, a bolsa, o risco-país voltaram aos níveis de antes. Tudo pareceu absorvido. Mas nos indicadores que realmente importam, como as projeções do PIB, as mudanças foram significativas. Para o ano cheio de 2017, as estimativas recuaram de 0,5% para 0,34%, e o pessimismo começa a contaminar os números do ano que vem. Para 2018, houve queda de 2,5% para 2%, segundo o boletim Focus.  — Antes da divulgação, a gente previa um crescimento entre 2% e 2,5% no último trimestre do ano, sobre o mesmo período de 2016, que era um número forte. Agora, já baixamos para 1%. O segundo semestre será mais de estagnação do que de recuperação — explicou o economista Alexandre de Ázara, da Mauá Investimentos.

Olhando os dados trimestre contra o trimestre anterior, esse cenário fica mais claro. O Ibre/FGV, por exemplo, projeta uma alta de apenas 0,1% no terceiro trimestre, e crescimento zero no quarto. Na média do ano, alta de apenas 0,2%, diz o economista Júlio Mereb. A boa notícia é que ninguém vislumbra um cenário de volta à recessão. É um quadro de estagnação. Mesmo com a postergação das reformas, a direção da equipe econômica foi mantida e isso evitou o pior cenário — explicou.

Mereb destaca a queda das importações de bens de capital nos sete primeiros meses do ano. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, houve retração de 29% em relação ao mesmo período do ano anterior. As importações já voltaram a dar sinal de vida nos bens intermediários (+12%) e nos bens de consumo (+5%), mas ainda mostram um cenário de baixo investimento.

O choque político sobre a economia ocorreu no momento em que a retomada começava a ganhar tração. O PIB cresceu 1% no primeiro trimestre, o desemprego teve a primeira queda desde 2014, a inflação despencou, os juros caíram a um dígito e as importações voltaram a subir no acumulado em 12 meses, após três anos consecutivos de queda. Algumas linhas de financiamento também melhoraram na ponta, segundo o economista Nicolas Tingas, da Acrefi, e houve queda da inadimplência no primeiro semestre. Mesmo assim, ninguém espera uma explosão do crédito, apesar da redução da taxa Selic:  — Para as empresas, já se observa queda em algumas taxas para capital de giro, o que favorece o fluxo de caixa e a renegociação de dívidas. O custo do endividamento está em queda. Mas não será o crédito que irá puxar a retomada, ele é pró-cíclico, segue a tendência do PIB. O cenário é de mais qualidade e seletividade nos empréstimos.

Esse cenário de fim da recessão traz o alívio de diminuir o temor do desemprego. Quem está empregado ficará com a sensação de ter “sobrevivido”, diz Alexandre de Ázara, e isso terá um efeito positivo sobre o consumo. Ele avalia que haverá mais vendas, mesmo com a estabilização dos salários. O grande problema é que o número de desempregados no país é enorme, são 13,5 milhões de brasileiros sem trabalhar. Um ponto interessante da queda do desemprego é que, mesmo com o PIB estagnado, ele começou a cair. Isso mostra que o PIB potencial diminuiu. No curto prazo, será um alívio, porque a taxa deve continuar caindo mesmo. Mas, no longo prazo, revela que o país tem pouca capacidade de crescer sem gerar inflação. Por isso, é preciso aprovar as reformas — pontua Ázara.

A economia chegou ao mês de agosto evitando uma nova recessão, após o agravamento da crise política, mas perdeu força na recuperação. A divulgação da delação de Joesley Batista atingiu o cenário de melhora gradual e constante que estava na maioria dos painéis. [com certeza a saída de Janot vai contribuir para a recuperação da economia - falta pouco mais de um mês para o sabotador da retomada do crescimento do Brasil cair fora, para um merecido ostracismo.]
 
Fonte: Coluna da Míriam Leitão, com Alvaro Gribel, de São Paulo

segunda-feira, 30 de março de 2015

Dilma - a recordista dos recordistas... no que não presta para o Brasil

Com a estagnação do país em 2015, 1,2 milhão de pessoas serão demitidas

Taxa de desocupação subiu de 5,1% em fevereiro de 2014 a 5,9% no mês passado. 

Para as trabalhadoras, atingiu 6,9%. E chegou a 16,1% na faixa de 16 a 24 anos 

Último bastião do governo Dilma Rousseff, o baixo índice de desemprego não resistiu à estagnação do país e começou sua derrocada, em linha com todos os outros indicadores econômicos, que se deterioraram antes. O ano começou com demissões em massa e, até que termine, mais de 1,2 milhão de trabalhadores terão perdido seus empregos, conforme a consolidação de estimativas dos principais setores da economia. O nível de desocupação cresce assustadoramente no país, algo decorrente não só da Operação Lava-Jato e da suspensão de pagamentos da Petrobras a fornecedores, como quis minimizar o ministro do Trabalho, Manoel Dias, ao divulgar o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de fevereiro. Os dados apontaram o fechamento de 84 mil postos de trabalho apenas no primeiro bimestre do ano.

Os setores produtivos mais afetados pela conjuntura econômica iniciaram as demissões para cortar custos. A construção civil, que já demitiu 250 mil trabalhadores nos últimos cinco meses, deve fechar mais 300 mil postos em 2015, projeta o Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-SP). O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada estima que, pelo menos, 20,1 mil trabalhadores de 38 empresas, em sete projetos da Petrobras, tenham sido demitidos nos últimos meses. Quase 2 mil mineradores perderam seus empregos. O setor automotivo, que já demitiu 12,4 mil pessoas em 2014, deve cortar mais 350 mil vagas. Apenas em fevereiro, o setor de serviços, o que mais emprega no país, fechou quase 200 mil postos de trabalho.

O setor de serviços foi o que mais dispensou em fevereiro, de acordo com o IBGE, com queda de 3,7% no número de empregados e dispensa de 165 mil pessoas. O auxiliar de cozinha Patricio Wanderson, de 26 anos, perdeu o emprego porque o restaurante em que trabalhava fechou as portas. Ozinelia Barros da Fonseca, de 49 anos, conta que a idade atrapalha a recolocação. “É mais uma barreira, como se a gente não tivesse mais utilidade. Fui caixa de supermercado, mas me demitiram quando acabou o contrato de experiência”, diz ela, que procura vaga desde outubro. 

Fonte: Correio Braziliense


quarta-feira, 11 de março de 2015

O Brasil já está em um quadro de ESTAGFLAÇÃO e o ministro Levy fica alertando para Estagnação. Já temos ESTAGFLAÇÃO = INFLAÇÃO + ESTAGNAÇÃO

Levy alerta para a estagnação se não houver ajuste

As despesas têm crescido sempre à frente do PIB, e por isso falta prever cortes em gastos de custeio. Não faz sentido manter 39 ministérios e 22 mil ‘cargos de confiança’

[O PIB do Brasil este ano será negativo, em relação ao de 2014 que foi também negativo. Estamos andando para trás. Agora vem esse ministro alertar que haverá estagflação se os ajustes - para ferrar os brasileiros, tanto os ainda arremediados quanto os ex-novos ricos do Lula e Dilma - não acontecerem.

Ministro Levy o senhor sabe perfeitamente que ESTAGNAÇÃO = é PARAR DE CRESCER - o Brasil parou de crescer foi em 2013, desde 2014 que está é encolhendo.

O ajuste só vai aumentar o desemprego, pois irá acelerar a marcha a ré que o Brasiul se encontra.

Não sou economista, mas garanto que o primeiro passo para parar a CAMINHADA PARA TRÁS do Brasil é retirar a Dilma, aí talvez conseguiremos impedir que a nossa Pátria continue encolhendo.] 

Em entrevista ao GLOBO, o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mostrou-se otimista quanto à recuperação da economia brasileira, chegando a prever crescimento para este ano, se o critério de comparação for trimestre a trimestre. Mas há um condicionante para que essa recuperação se concretize: um ajuste fiscal rápido.  O ministro acredita que o equilíbrio das contas públicas é a primeira etapa dessa retomada, pois os investimentos voltarão à medida que houver a percepção de que os riscos diminuíram porque o governo deu a resposta correta ao problema.

O raciocínio de Joaquim Levy é correto. Por isso, o ajuste fiscal merece total prioridade da política econômica no momento. Disse o ministro que o ajuste está sendo feito “com clareza e moderação”, concentradas mais na reversão de algumas ações “anticíclicas” do que em novos impostos ou cortes drásticos de despesas.  Esse é um ponto que precisa ser mais debatido e aprofundado. Os gastos do governo federal, especialmente os de custeio, expandiram-se nos últimos anos absurdamente, sempre superando os percentuais de crescimento do conjunto da economia, mensurada pelo Produto Interno Bruto (PIB). O desastre de 2014, com as contas públicas fechando com um déficit nominal da ordem de 6,7% do PIB, era previsível devido à velocidade de expansão das despesas e da falta de iniciativas concretas — decorrente da ausência de disposição política para tal — capazes de controlá-las.

Não faz sentido continuar mantendo uma estrutura que engloba 39 diferentes ministérios e secretarias especiais, com um contingente de 22 mil “cargos de confiança” parte ponderável deles preenchida por apaniguados políticos, companheiros
 
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