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sábado, 1 de abril de 2023

Em busca de mais impostos ou mais inflação - Carlos Alberto Sardenberg

O novo arcabouço fiscal só funciona, mantendo as contas públicas em razoável equilíbrio, na ocorrência de três situações:

1) expressivo ganho de arrecadação do governo federal;

2) forte crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ou;

3) alta inflação.

O ajuste proposto se baseia no ganho de arrecadação. O corte de despesa só ocorre, quer dizer, só seria necessário em circunstância difícil de acontecer. Na verdade, o programa como que protege o crescimento da despesa, chegando mesmo a estabelecer uma expansão mínima de 0,6% em termos reais. 
Também fixa uma meta de investimentos, corrigida anualmente pela inflação. 
 
Sim, sabemos que o governo tem mesmo de gastar, especialmente nos programas sociais. Sim, investimentos geram crescimento, emprego e renda. E, finalmente, não há como cortar radicalmente a despesa
Os gastos obrigatórios (Previdência, salários do funcionalismo, programas sociais, educação e saúde) consomem cerca de 95% da receita. 
Tudo isso subirá com o aumento real [R$ 18,00] do salário mínimo e o reajuste do funcionalismo. Sem contar as diversas promessas de campanha.

Isso posto, também é preciso admitir: qualquer que seja a boa intenção, chame-se a coisa de gasto ou investimento, o governo precisa colocar dinheiro. E de onde vem? Da arrecadação, óbvio. Não por acaso, o ministro Haddad, ao apresentar o programa, acentuou esse ponto. Assegurou que não criará novos impostos nem aumentará alíquotas, mesmo assim sugeriu que pode [??? pode,em nossa imaginação podemos tanto... só que na real nada podemos,] obter logo um ganho de R$ 150 bilhões.

Quem pagará isso? O ministro responde: quem deveria e não está pagando impostos. Diversos setores econômicos recebem incentivos fiscais, são autorizados por lei a não pagar ou a recolher menos impostos, taxas e contribuições. Exemplo maior: as empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. Mas há muito mais. O obstáculo está exatamente aí: são setores protegidos por lei, logo devem ser desprotegidos por novas leis aprovadas no Congresso. E lá o governo enfrentará os mesmos lobbies que conseguiram as vantagens. Não será fácil. 
 
Também não recolhem impostos as grandes empresas da área de tecnologia. A pessoa compra uma roupa num site chinês — ou de qualquer outra origem — e recebe em casa a mercadoria produzida noutro país, por empresa sediada em algum paraíso fiscal. 
Há uma discussão no mundo todo sobre como taxar esses negócios via “big techs”. Está difícil. 
Sempre haverá um país disposto a oferecer incentivo para receber a sede fiscal e a base operacional desses gigantes corporativos. 
Proibir que essas empresas façam negócios por aqui? 
Só prejudicaria os consumidores, além, claro, de o país não recolher um centavo de impostos. Aliás, perde aquele que se recolhe nas atividades paralelas. 
 
Eis o ponto: o arcabouço fiscal depende de forte ganho de arrecadação, difícil de realizar. 
E, realizado, aumenta o custo Brasil para empresas e cidadãos.  
Uma forte expansão do PIB resolve isso automaticamente. Mais crescimento e renda, mais receitas para o governo. Problema: as projeções mostram expansão pífia para os próximos anos, em torno de 1%. Dirão: se o governo gastar mais e estimular a economia, o PIB responde. Mas, para isso, o governo precisa recolher todo aquele dinheiro. Difícil, de novo. [o objetivo principal, a meta primeira, do arcabouço fiscal é possibilitar ao Lula, que comandou a maior roubalheira já havida no Brasil, quebrar um outro recorde: o de Sarney, maior inflação já havida. 
 Caso o arcabouço fiscal tenha sua minuta aprovada, e vire lei, o Sarney perde o recorde de maior inflação e a inflação do Brasil supera a da  Venezuela. 
A única solução para evitar a a tragédia  é rasgar o projeto de arcabouço apresentado,  ainda não é lei e sim uma simples minuta que são feitas quase sempre para serem rasgadas ou modificadas.]

A reforma tributária pode melhorar o ambiente de negócios e, pois, estimular investimentos privados —, mas no médio prazo, para além do atual governo. E precisaria ser votada no Congresso.

Resta a inflação, sim, a própria. Inflação eleva o PIB nominal, logo aumenta a arrecadação
Além disso, a moeda desvalorizada diminui o valor real das despesas do governo, de modo que a mágica se completa: mais receita, mais espaço para gastar. Já aconteceu e sabemos como termina: inflação saindo do controle e corroendo a renda das famílias. 
Será que deixarão acontecer novamente? 
Por isso a bronca com o Banco Central? 
 [PARABÉNS ao ilustre articulista; que desmontou o plano do 'poste' lulista com a mesma eficiência que Deltan Dallagnol destruiu o DESgoverno Lula e o próprio, em brilhante matéria em sua coluna VOZES - Gazeta do Povo.]
 
 Suspeitas, claro, mas não despropositadas. Os obstáculos são reais.
 
Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Coluna em O Globo
 
 

segunda-feira, 13 de março de 2023

Câmara pode derrubar - Supremo forma maioria a favor do decreto de Lula sobre armas - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

Recadastramento de armas na PF: deputados se articulam para derrubar medida do governo


Governo Lula revogou uma série de normas sobre posse e porte de armas do governo Bolsonaro.-  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O deputado federal Sanderson (PL-RS) disse que irá apresentar um projeto de decreto legislativo para anular o decreto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, publicado no dia 1º de janeiro, que alterou as condições dos colecionadores, atiradores e caçadores (CACs).

O Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira (10), formou maioria declarando o decreto do presidente da República, constitucional. Mas isso não implica que estar proibido anular o decreto. 
O poder legislativo tem força pra derrubar o decreto do presidente. E basta a maioria absoluta, ou seja, metade mais um dos deputados, metade mais um dos senadores. O deputado Sanderson tem cobrado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), "pressa nesse assunto".
 
Cristina Kirchner condenada
As coisas não andam boas para vice-presidente da nossa vizinha Argentina. Cristina Kirchner, que muitos argentinos chamam cretina Kirchner, foi condenada a seis anos de prisão, em primeira instância, por corrupção em 51 obras públicas feitas pelo mesmo empreiteiro, durante os governos dela e do marido dela, tanto no governo federal, quanto no governo da província de Santa Cruz, onde a família Kirchner tem uma grande propriedade. (Parece que a gente já viu esse filme por aqui).[a propósito de uma possível reprise do filme visto aqui: na Argentina, descondenam condenado, sem inocentá-lo?]
 
Falência do Silicon Valley
Não podia deixar de mencionar a história do banco Silicon Valley.
 
É um banco que tem muita relação com startups da área de tecnologia e da área de ciência médica e quebrou. 
E é o décimo sexto banco americano em tamanho. Está presente em treze países, menos no Brasil.

E tem muita conexão com startups indianas. Inclusive, tem uma agência em Bangalor. Além de quatro agências na China, em Pequim, Xangai, Shenzen, também Hong Kong que tem um um sistema especial, mas é a China, né?
Nesta segunda-feira, o FED, o Banco Central Americano se reúne pra saber o que vai fazer. Essa é uma quebra que sacode os Estados Unidos, e como a gente sabe, o que sacode os Estados Unidos, acaba sacudindo o Brasil.

70 milhões de brasileiros inadimplentes
Aliás, é bom a gente citar também, um dado que não é bom: estamos com 70 milhões de brasileiros em inadimplência, sem poder pagar as contas. 
E o pior é que a perspectiva de sair dessa situação, não é boa. 
Porque a gente vê empresas fechando, indústrias fechando, a GM parada por três semanas por falta de mercado. [infelizmente, a retração na economia que começa a surgir é um processo crescente, iniciado no trimestre final de 2022 e que somado ao crescimento da inflação nos apavora com uma inevitável ESTAGFLAÇÃO.
Todas essas mazelas após um promissor inicio da recuperação da economia brasileira e sob um governo que simplesmente não consegue sequer INICIAR.]
 
E saiu um dado da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que é a confiança da indústria, e está no menor nível desde o auge da pandemia, em julho de 2020. Isso não é bom. 
Eu não sei se o o governo está se dando conta desses acontecimentos, que estão fazendo com que a economia brasileira sinta. [estamos no 72º dia de governo petista e NADA FOI FEITO - a única medida adotada até o momento, pelo desgoverno Lula, foi aumentar o salário mínimo em R$ 18,00 - a preocupação da trupe petista é com o governo passado.]

Permissividade em invasões
Há uma permissividade de alguns governos estaduais em relação às invasões de terras. Tem governadores que já se manifestaram: "aqui no Mato Grosso não se permite invasão de terra", "aqui em Minas Gerais não se permite invasão de terra", "aqui em São Paulo, um invasor acusado de extorsão as propriedades rurais, já está na cadeia". 
Então, é preciso tomar atitudes preventivas que garantam o direito de propriedade, o qual é cláusula pétrea da constituição, no mesmo nível do direito à vida.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Desastre iminente - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

É preciso ser muito trouxa, e não só ingênuo, para acreditar no mito do Lula moderado e responsável 

 Ilustração: Shutterstock

Ilustração: Shutterstock 

Não foram poucos os tucanos “liberais” que resolveram fazer o L por nojinho de Bolsonaro, e por acreditar, de forma totalmente patética, que Lula montaria uma equipe econômica mais responsável. É como se a simples presença de Alckmin na chapa fosse suficiente para apagar toda a essência petista da noite para o dia. Essa turma resolveu acreditar na tal “frente ampla”, e já começa a se dar conta da lambança feita.

Um economista tucano, ao publicar um desabafo, ilustra com perfeição o grau de alienação dessa gente. Ele se disse “ingênuo” por acreditar que a equipe econômica teria figuras como Arminio Fraga, Henrique Meirelles ou Persio Arida, em vez de Fernando Haddad e Aloisio Mercadante. Não obstante, ele ainda “espera” bom senso dos escolhidos e torce para que tudo dê certo. Haja ingenuidade! Ficar nessa torcida é fechar os olhos para a experiência e para tudo que economistas sérios aprenderam ao longo do tempo.

O secretário-executivo da Fazenda, apontado por Haddad, o futuro ministro, é um sujeito que nem sequer compreende o conceito de estagflação. Ele acha que uma economia fraca, em queda, jamais poderia conviver com um elevado índice de inflação. Para “pensar” assim é preciso ter ignorado todos os livros decentes sobre o tema, assim como fugir das aulas de história. Mas foi exatamente o que ele disse numa entrevista recente.

Haddad dispensa apresentações. Foi o pior prefeito de São Paulo, um ministro da Educação que teria de melhorar muito para ser apenas medíocre, e um perdedor nas urnas
Acabou premiado por Lula, pois o PT gosta do fracasso e porque Lula quer o controle da chave do cofre, para promover a divisão do butim entre seus comparsas. Não faltam tucanos avaliando que o perfil de Haddad, porém, é “moderado” e que ele é até um reformista.

Para ele, as economias da Argentina e da Venezuela vão mal porque a moeda deles perdeu muito valor, e não o contrário. É como se o rabo balançasse o cachorro

Mercadante era um fiscal do Sarney, um jovem economista empolgado com o congelamento de preços. Todos podem ser idiotas quando mais novos, mas o problema é que Mercadante nunca deu sinais de arrependimento ou aprendizado. Pelo contrário: seguiu a vida toda um defensor do socialismo, da gastança estatal, do “desenvolvimentismo” à la Dilma. 
 Lula achou adequado colocá-lo para comandar o BNDES, o que exigiu até mudança da Lei das Estatais no Congresso. O Brasil voltará a financiar seus companheiros ideológicos latinos, ou seja, o trabalhador brasileiro vai ter de ralar mais para sustentar oligarquias de Cuba, Venezuela ou Honduras.

O único nome mais “técnico” anunciado é para a reforma tributária, mas se trata de um economista obcecado com a ideia do imposto de valor agregado, o que certamente representaria aumento da carga tributária no país e perdas enormes para os setores de varejo e comércio. O próprio Haddad já fala em aumento de tributos, pois essa é e sempre foi a essência socialista: avançar sobre o que os outros produzem, incapazes que são de produzir riquezas por conta própria. É o modelo da pilhagem, que dura até o dinheiro dos outros acabar.

Haddad já fala abertamente em uma moeda comum dos países latino-americanos. Para ele, as economias da Argentina e da Venezuela vão mal porque a moeda deles perdeu muito valor, e não o contrário. É como se o rabo balançasse o cachorro. Unir as moedas de Brasil e desses países quebrados vai apenas acelerar a quebra do próprio Brasil.

Em suma, não corremos o menor risco de dar certo com essa turma e com essa mentalidade. Mas quem poderia de fato esperar algo diferente? É preciso ser muito trouxa, e não só ingênuo, para acreditar no mito do Lula moderado e responsável. Ele jamais deu sinais disso
E, mesmo sem apresentar um plano de governo na campanha, deu vários indícios do que desejava: furar o teto de gastos, revogar a lei trabalhista e voltar com o imposto sindical, parar com as privatizações e regular mídia e redes sociais. Não houve estelionato: Lula confessou os crimes planejados. Mas os tucanos “liberais” preferiam fingir nada ver, pois odeiam Bolsonaro e Paulo Guedes.
 
Se Lula subir mesmo a rampa em janeiro, e essa equipe econômica assumir o controle das finanças públicas, será questão de tempo para os indicadores se deteriorarem de forma muito acentuada. Não é preciso ser profeta ou ter bola de cristal para antecipar esse caos. 
Basta ter acompanhado os rumos de países que seguiram essa cartilha recentemente, como a Argentina, ou ter estudado um pouco de economia na vida. Com a volta do PT ao poder, o desastre é iminente.

Leia também “O establishment ungido”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste 

 

sábado, 19 de novembro de 2022

A PEC da Argentina [ou PEC do PRECIPÍCIO] do governo Lula: um desastre econômico - Revista Oeste

Alan Ghani

O governo Lula nem começou, mas a transição já dá sinais muito ruins, seja pelas medidas propostas, seja pela composição da equipe de transição 

 Quando Lula venceu a eleição, os brasileiros minimamente informados sobre o que foi a passagem do PT pelo governo federal sabiam que o horizonte seria nebuloso.  
O que poucos previram é que ficaria claro em tão pouco tempo que o terceiro mandato de Lula tem tudo para ser [e será começando o desastre antes mesmo da posse.] pior que os 13 anos da era petista.

Lula cumprimenta Pacheco, ao lado de outros petistas | Foto: Divulgação/Redes Sociais 

Lula cumprimenta Pacheco, ao lado de outros petistas  -  Foto: Divulgação/Redes Sociais [se alguém gritasse PEGA LADRÃO a DEBANDADA SERIA GERAL - no máximo ficariam dois ou três homens e uma mulher - na Odebrecht a chamavam de 'amante'.] 

Nesta quinta-feira, repetiu-se o que vem ocorrendo nos últimos dias: o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, operava com forte queda e o dólar subia pouco depois da abertura do mercado. O motivo da vez era a fala de Lula na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27, no Egito. Em um dos trechos do discurso, ele voltou a dizer: “Não adianta ficar pensando só em responsabilidade fiscal”. O petista ainda afirmou que, quando se fala em teto de gastos, se tira dinheiro “da saúde, da educação e da cultura”.[o eleito, que sempre falou muita bobagem -  substituímos para não usar a mais adequada - após a temporada em Curitiba aumentou exponencialmente quantidade de bobagens que expele quando fala.]

Se, em seu primeiro mandato, Lula escreveu uma Carta ao Povo Brasileiro comprometendo-se com alguns preceitos indispensáveis à saúde da economia; neste ano ele não se deu ao trabalho nem de revelar quem será o ministro da Economia de seu governo. [megalomaníaco como sempre foi, o descondenado ao se ver livre, do nada, de uma temporada de mais de uma dezena de anos na cadeia, passou a se considerar um deus - no caso com os pés de lama pútrida.] anda, É o desastre anunciado. Dias depois do resultado das urnas, Henrique Meirelles abandonou barco. Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan, que também apoiaram a candidatura de Lula, escreveram uma carta pública nesta quinta-feira mostrando preocupação com as declarações do petista sobre as regras fiscais. Mas o que poderiam esperar de diferente?

O PT foi minimamente liberal somente de 2003 a 2005, para ter algum grau governabilidade. Mas, a partir de 2005, com a entrada de Guido Mantega no Ministério da Fazenda (atual Ministério da Economia), o abandono do tripé macroeconômico (câmbio flutuante, comprometimento com as metas inflacionárias e austeridade fiscal) começou a ser gestado, principalmente na parte fiscal.

A catástrofe petista
Até hoje pagamos um preço muito alto pela falta de recursos do governo para investimentos, porque, no passado, principalmente de 2010 a 2015, o Estado não agiu com responsabilidade fiscal, endividando-se muito com a sociedade civil, por meio da emissão de títulos públicos. Em parte, há menos recursos para investimentos em infraestrutura, porque temos de pagar os juros elevados da dívida pública contraída em governos anteriores.

Evidentemente, existem situações nas quais há uma licença para gastar além desse limite — ou, como falam, “fora do teto”. Na pandemia, houve despesas que não entraram na regra do teto, devido ao caráter excepcional do período. Para ocorrer essa exceção, é necessário aprovação do Congresso Nacional.

Aquilo que foi uma exceção durante a pandemia poderá se tornar regra a partir de 2023 com a PEC da transição (valor aproximado de R$ 200 bilhões). [mais conhecida como PEC do PRECIPÍCIO que, nada resolve, e trará prejuízos imensos ao Brasil, atingindo de forma mais gravosa aos menos afortunados. Tanto que, sendo DEUS brasileiro, confiamos que não permitirá que tal desastre seja aprovado.] A cifra bilionária proposta seria para o pagamento de despesas não previstas no Orçamento de 2023, como aumento real do salário mínimo e do Auxílio Brasil para R$ 600. Para viabilizar a proposta, é necessário “furar o teto”, não computando essas despesas na regra fiscal.

Para ter uma ideia do rombo fiscal, seriam gastos aproximadamente R$ 800 bilhões em quatro anos. Essa quantia equivale a toda economia gerada pela reforma da previdência

Há três problemas com a PEC. O primeiro é a própria elevação do gasto público em 2023. O segundo é a quebra de regra institucional, o “jeitinho brasileiro” na regra fiscal, minando a confiança dos empresários e investidores no governo. E o terceiro problema — e o mais grave — é que talvez o aumento do gasto não valha apenas para 2023, mas para os próximos quatro anos, ou se torne permanente.

No entanto, para garantir a sustentabilidade de um gasto permanente é necessário que a arrecadação não caia, pelo contrário, cresça pelo menos na mesma proporção da despesa. 
O problema é que o aumento da arrecadação do governo depende do crescimento do país. 
E o governo não consegue decretar o aumento do PIB para os próximos anos. Ao contrário, esse tipo de medida populista gera incertezas fiscais, afasta os investimentos do setor privado, o que exerce influência negativa sobre o crescimento econômico do país.

Para ter uma ideia do rombo fiscal, seriam gastos aproximadamente R$ 800 bilhões em quatro anos. Essa quantia equivale a toda economia gerada pela reforma da previdência. Em outras palavras, estaríamos “jogando a reforma da previdência no lixo”.

Não à toa, a cogitação da PEC junto com as falas desastrosas de Lula e a demora para a definição da equipe econômica já foram suficientes para causar um estrago no mercado: o dólar subiu, os juros futuros dispararam e o valor das empresas despencou.

A reação negativa do mercado não é um elitismo de investidores endinheirados. Pelo contrário, o mercado é formado por um conjunto de investidores, grandes e pequenos, que colocam seu capital em risco em diversos tipos de investimentos, fazendo alocações baseadas no cenário econômico futuro.

O gráfico 1, abaixo, mostra que as taxas de juros dos títulos públicos subiram, porque os investidores entenderam que ficou mais arriscado emprestar dinheiro para o governo. Portanto, eles exigem uma taxa maior de juros nos empréstimos para o governo, a fim de compensar o risco fiscal (calote).

Fonte: Tesouro Nacional

 

Já a elevação do dólar (gráfico 2) mostra que aumentou a demanda para investimentos fora do Brasil e a procura por uma moeda forte (proteção contra o risco país), enquanto a queda da bolsa mostra perda de valor das empresas, reflexo de um cenário econômico muito mais desafiador.

Fonte: Bacen
Fonte: B3

É espantoso que alguns renomados economistas, gestores de fundos e empresários tenham se surpreendido pela possibilidade de o governo Lula ir nessa linha mais desenvolvimentista e populista (ele “Dilmou”). Ora, os sinais na campanha eram evidentes. Não havia um plano econômico bem definido. Lula falava em revogação do teto de gastos. Guilherme Boulos, em entrevista ao Roda Vida, disse queem nenhum momento as ideais liberais de Alckmin seriam incorporadas ao programa de governo da chapa (aqui)”. José Dirceu também sinalizou na mesma direção (aqui). Enfim, os sinais eram evidentes, mas aparentemente o mercado vivia numa espécie de dissonância cognitiva.

O segundo mandato de Lula foi um prenúncio do governo Dilma. Só não apareciam as consequências negativas da elevação do gasto público, porque a conjuntura internacional foi favorável até 2008, e Lula ainda contava com os frutos da casa arrumada herdada pelo governo FHC. Já no governo Dilma, uma espécie de segundo mandato de Lula turbinado, a deterioração fiscal e seus efeitos se tornaram evidentes.

O gráfico abaixo mostra a correlação entre queda do PIB e deterioração fiscal. É claro que correlação não é causalidade. Pode ser que o superávit primário tenha caído porque o PIB caiu, ou a queda do superávit primário levou a um menor crescimento econômico. Mas não me parece coincidência que após 2014 (resultado primário passa de +1,4%/PIB para -0,4%/PIB), e o PIB se retraia 3,6% e 3,3% nos anos seguintes, de 2015 e 2016.

Fonte: IBGE

E por que esse efeito? Porque a deterioração fiscal, além da política de preços na Petrobras e as mudanças de regras no setor elétrico, levou os empresários a um clima de medo. Eles se tornaram avessos ao risco, segurando investimento e retendo caixa. Nesse cenário, as empresas produziram menos, tiveram de demitir funcionários para sobreviver (desemprego se elevou), e a crise se concretizou com duas quedas consecutivas de PIB, praticamente na mesma magnitude da crise sanitária mundial de covid, sem haver uma pandemia.[não podemos considerar o pt = petismo = perda total uma pandemia, devido,  felizmente,  sua amplitude não ser mundial.]

Os fantasmas do passado
O governo Lula nem começou, mas a transição já dá sinais muito ruins, seja pelas medidas propostas, seja pela composição da equipe de transição. Fantasmas dos governos anteriores petistas voltam à cena, causando grande desconforto e desconfiança no mercado.

A questão principal é que hoje Lula não conta com a mesma sorte do primeiro mandato. Hoje, embora a casa esteja bem mais arrumada do que no fim do governo Dilma, a situação fiscal é bem diferente de 2003. Além disso, em 2003, a conjuntura econômica era altamente favorável. A China crescia a dois dígitos, e os EUA, a Europa e a América Latina apresentavam evolução significativa do PIB. Era um ciclo excepcional, marcado pelo crescimento da economia mundial, puxado pela liquidez internacional e pelo choque positivo de commodities.

Infelizmente, o mundo é outro. Pandemia, guerra entre Rússia e Ucrânia, elevação dos juros nos EUA e a desaceleração do crescimento chinês geraram uma perspectiva de estagflação em importantes economias do mundo (Zona do Euro e EUA)

Além dos problemas externos, Lula conta ainda com um Congresso mais à direita e uma forte oposição na sociedade civil. Seu governo nem começou, e há inúmeros protestos contra ele. [Claro; a maioria dos brasileiros não aceita simplesmente ser governada por um ladrão. DESdescondenem o ladrão e a situação vai melhorar e tudo dentro da DEMOCRACIA, da JUSTIÇA e das LEIS. ] Praticamente 49% dos eleitores se opõem ao petismo. Seu governo ainda carrega a mancha do Mensalão e do Petrolão, tornando sua popularidade bem menor.

Também por essas razões, o cenário será muito mais hostil. Nesse contexto, é bom lembrar que a farra fiscal poderá levar rapidamente ao desastre econômico e, consequentemente, político. Se elevar o gasto público fosse a solução dos problemas, a Argentina e a Venezuela seriam os países mais ricos do mundo. A PEC de transição (PEC da Argentina,[ também,  segundo a economista Elena Landau,  a PEC do PRECIPÍCIO] ) mostra que a rota para o desastre está contratada.

Leia também “Retomando o caminho para a miséria”

Alan Ghani, colunista - Revista Oeste

 

domingo, 26 de junho de 2022

O dragão e a eleição - Alon Feuerwerker

Análise Política
 
Todos os levantamentos apontam que a economia é e será a principal preocupação do eleitor nestes pouco mais de três meses que restam para o primeiro turno. Por “economia” leia-se “inflação”, até porque a atividade e o emprego mostram algum fôlego.

O que está pegando mesmo são os preços. O problema é global em boa medida, [a inflação dos Estados Unidos, país cuja economia é modelo para muitos brasileiros, está maior do que a do Brasil e um dos recursos utilizados para tentar contê-la é o mesmo usado no Brasil = elevação da taxa de juros = aliás, caminho adotado em outros países com problema semelhante.] mas isso não resolve o sufoco da dona Maria e do seu João na hora de encarar as compras no mercado.

Toda eleição traz o tema do “mercado”, mas quando a expressão entra em debate o foco da pauta costuma ser o mercado financeiro. Não para a massa, em particular quando a alta dos preços queima aceleradamente o poder aquisitivo. Quando o salário ou a renda não alcançam o final do mês.

A inflação derrotou a Arena de Ernesto Geisel em 1974 após um ciclo de crescimento brilhante no Milagre. Depois deu as mãos à estagnação e, com o nome de estagflação, enfraqueceu decisivamente João Figueiredo. E o fez perder o controle da sucessão.   A inflação estava quase derrubando José Sarney quando o Plano Cruzado estabilizou a política e deu ao PMDB uma vitória arrasadora em 1986. A volta da inflação transformou Sarney num pato manco e derrotou em 1989 todos os candidatos mais identificados com a Nova República.

Aí veio Fernando Collor, que dizia ter uma única bala para matar o dragão. A bala falhou. A isso juntaram-se 1) a falta de base parlamentar e 2) o ressentimento dos derrotados na urna. O resultado foi o impeachment.

O vice de Collor, Itamar Franco, sobreviveu na cadeira porque aceitou virar um presidente decorativo e entregar o poder de fato ao ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Cujo Plano Real salvou o governo e garantiu a ascensão dele próprio à Presidência em 1994. As raspas do tacho do Real garantiram também a inédita reeleição de FHC em 1998.

Mas o custo do estelionato eleitoral foi alto.
Um segundo mandato medíocre e, em 2002, a perda do poder para o PT. Na campanha, o PSDB dizia que a inflação, já nos dois dígitos, era culpa das incertezas políticas trazidas pelo petismo. Não funcionou.  O eleitor até tem algum interesse em saber de quem é a culpa, mas vai atrás mesmo é de quem ele acha ter melhores condições para resolver o problema.

Luiz Inácio Lula da Silva assumiu e deu logo a pancada. Superávit primário duro e um chute para valer nos juros, para cima. Tirou o oxigênio do dragão e, com programas sociais turbinados, ganhou musculatura para sobreviver aos escândalos, reeleger-se e eleger Dilma Rousseff. [e F ... o Brasil e milhões de brasileiros - em termos de desastre econômico os  13 anos do petismo foi pior que a pandemia e ainda teve a roubalheira do descondenado petista.]

Que vinha confortável, até que na virada de 2012 para 2013 [os petistas governando] as curvas do PIB e da inflação deram jeito de querer cruzar, a primeira para baixo e a segunda para cima. O mau humor começou a represar, e todo mundo sabe o que aconteceu em junho. Dilma, como FHC, ainda conseguiu raspar o tacho e reeleger-se, mas, ao contrário do tucano-rei, não tinha um colchão político para atravessar os quatro anos de vacas magras. E veio o segundo impeachment da redemocratização, abrindo o período turbulento que deu em Jair Messias Bolsonaro [turbulento já no começo pelo sistemático boicote, chegando mesmo à sabotagem e...] =  Que topou pela proa com dois anos de pandemia e uma guerra na Europa de consequências planetárias, especialmente na economia. E, para não variar, sofre por estar no comando e ter ele de dar as respostas ao principal problema do povão hoje: a inflação.

Repetindo: o eleitor até tem algum interesse em saber de quem é a culpa, mas vai atrás mesmo é de quem ele acha ter melhores condições para resolver o problema. Daí que períodos de inflação alta acabem favorecendo o ambiente para uma troca de guarda.[Podem até favorecer, só que se for o descondenado o novo 'guarda' teremos pelos frente além da roubalheira que caracterizou os desgovernos petistas o plano de governo que o ex-presidiário e descondenado Luladrão está apresentando é um plano para destruir o Brasil. Confira uma análise técnica e fria, porém, verdadeira e incontestável. 
Já o presidente Bolsonaro apesar de todos os esforços dos seus inimigos, que também são inimigos do Brasil,  não teve nenhum  pedido de impeachment acolhido,  pela  simples razão que  não cometeu nenhum crime que sustente um pedido. Graças a DEUS com o fim da pandemia e a recuperação econômica,  Bolsonaro enfim poderá governar.]

Mas governo é governo e tem os instrumentos para lutar.
Se vai saber ou conseguir usar, aí já é outra conversa. 
 
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
 
 

 

sábado, 4 de dezembro de 2021

Perdeu o juízo - Carlos Alberto Sardenberg

Será que o ministro Paulo Guedes acredita mesmo que a economia brasileira está decolando ou apenas tenta criar uma narrativa otimista para esconder um enorme fracasso?

É intrigante: não há como responder.

Por um lado, os números são avassaladores. Eliminados os indicadores que parecem positivos por causa da comparação com uma base muito baixa, a do ano passado, o resto aponta para uma paradeira inequívoca. Na verdade, a discussão relevante entre economistas do primeiro time – e de visões variadas – trata do seguinte: o Brasil se encaminha para a estagnação, a recessão ou estagflação?

Sim, porque a inflação, passando dos 10% ao ano, já comeu nada menos que 11% da renda do trabalho, reduzindo drasticamente a capacidade de consumo das famílias.  Como o ministro Guedes poderia desconhecer estes fatos? E entretanto, na última quinta, ao comentar os dados do PIB, disse que a B3 (a bolsa brasileira) havia subido 3% em comemoração aos bons resultados da economia real e do equilíbrio das contas públicas.

[economia é mais uma área alcançada pela nossa notória ignorância e completa ausência do saber, no caso,  econômico.
O importante, o fato que não pode ser ignorado,  é que a queda na economia em 2020 teve causa certa e indiscutível = a maldita pandemia; 
só que em 2021 os números não apenas parecem, SÃO POSITIVOS, modestamente, mas melhores  que se fossem negativos. Com a persistência da peste, seria de se esperar até mesmo queda igual ou maior que a de 2020.
O que acontece é a regra seguida pela MÍDIA MILITANTE e que consiste em qualquer notícia envolvendo o governo Bolsonaro tem que ser narrada de forma a MAXIMIZAR os aspectos negativos ou menos positivos menos positivo e MINIMIZAR os aspectos positivos. Tal conduta vale para qualquer notícia, seja de  que área. 
Exemplo: A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, evangélica de carteirinha, aplaudiu a aprovação de André Mendonça para o Supremo - normal, natural, além do indicado ter as condições (com sobras) para exercer o elevado cargo, "é irmão de fé" da primeira-dama.
Só que a mídia militante procura narrar dando destaque a um eventual  um lado 'negativo'. 
Vejam uma das manchetes: "Michelle chora, pula e reage com ‘glória a Deus’ aprovação de Mendonça ao STF; veja vídeo"Não será surpresa se um desses partidecos de nada, ingressar com ação no STF pedindo a revogação da decisão do Senado que aprovou a indicação de Mendonça. 
Motivo: PREVARICAÇÃO do presidente, já que indicou André Mendonça para satisfação pessoal da Michele.]

Quanto às contas públicas, ficou evidente que a PEC dos precatórios é uma manobra para legalizar o estouro dos gastos e o rompimento do teto orçamentário. [sem a PEC dos Precatórios mais de 17.000.000 de FAMÍLIAS FAMINTAS teriam sua fome aumentada. Ou a mídia militante apoia um HOLODOMOR alcançando quase cinco vezes o número de vítimas na Ucrânia? 
Quando a econometria ir devagar, quase parando, é melhor que parada ou mesmo em queda.]

Com esse conjunto de indicadores, é preciso concluir que Guedes sabe, sim, que a economia vai devagar quase parando, mas inventa uma narrativa para agradar o chefe e sua turma. É verdade que esse pessoal é ignorante em economia (e em muitas outras coisas, inclusive saúde), mas a narrativa é tão descolada da realidade, tão absurda, que leva as pessoas de mínimo bom senso a perguntar: o ministro perdeu o juízo?

Ou, por outro lado: não é possível que Guedes, com seu conhecimento de economia e mercados, acredite que alguém (fora da turma de fanáticos) vai acreditar nessa incrível farsa.

Então, como ficamos?

Hipótese: a economia brasileira deteriorou-se muito rapidamente neste segundo semestre. No início do ano, esperava-se um PIB crescendo acima de 5% e mais 2,5% em 2022, com inflação controlada e juros reais baixos. Hoje, mudou tudo. A inflação segue em alta persistente e espalhada, os juros em rota de elevação, o risco Brasil também subindo e o real sendo a moeda mais desvalorizada entre os emergentes. Mesmo com o avanço da vacinação.

De onde vem essa deterioração? Há fatos: a crise hídrica, que fez aumentar a tarifa de energia,  e a alta do petróleo (e, pois, da gasolina, do gás e do diesel). Mas o preço da energia em geral subiu no mundo todo e muitos países relevantes, mesmo com inflação mais alta, mantêm bom ritmo de crescimento. [a crise hídrica que, para tristeza de muitos, está cedendo graças as chuvas abundantes, não pode ser atribuída ao governo Bolsonaro. Outro absurdo é criticar o governo brasileiro - assaltado nos treze anos de governo petista, tenha uma economia que reaja a uma inflação mais alta com um bom ritmo de crescimento = só alcançado, como bem diz o articulista, nos países mais relevantes.]

Qual a diferença? O governo. A gestão Bolsonaro não é “apenas” politicamente  equivocada. É de uma incompetência brutal. E destruidora. Acrescente a isso a entrega dos cofres públicos à turma do Centrão – e, pronto, está explicada a enorme falta de confiança que se observa no país. Isso deve ter virado no avesso a cabeça do ministro Guedes. Ou o que mais seria?

E por falar em cabeças viradas no avesso, Lula entrou no debate para dizer que o Brasil estava num momento raro, histórico, de crescimento zero. Deve estar fazendo contas de 2017 para cá, pois em 2015 e 16 o país acumulou uma queda de quase 8% do PIB, consequência da gestão devastadora de Dilma Roussef. [foi este o Brasil que Bolsonaro recebeu em 1º janeiro 2019 - Temer não teve tempo de governar. Além do mais, foi perseguido pelo 'enganot' e o STF, em decisão monocrática da ministra Carmem Lúcia,  chegou a impedi-lo de nomear ministros para seu governo.]

Lula também não lembra da corrupção na Petrobras, assim como os Bolsonaros juram que não tem rachadinha. [até agora nada foi provado sobre a rachadinha atribuída aos Bolsonaros,  e convenhamos se Lula foi descondenado por ter sentado na vara errada, nada mais justo que o principio de "inocente até que se prove o contrário" se aplique aos familiares do presidente Bolsonaro.
Falando em rachadinha... a do senador Alcolumbre vai ser esquecida? não será investigada? Alcolumbre  não será julgado, condenado e preso? não perderá o mandato?]

É isso aí. Estamos entre birutas, esquecidos e/ou farsantes.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

Coluna publicada em O Globo - Economia 4 de dezembro de 2021

 

segunda-feira, 20 de maio de 2019

O milagre de governar o ingovernável

Era previsível (e a gente avisou desde o começo) que o Presidente Jair Bolsonaro e sua equipe econômica erraram, estratégica e taticamente, em priorizar a reforma da previdência em detrimento de outras reformas estruturantes. Na campanha, o assunto não foi prioritário. Após a vitória, na transição, o “equívoco” foi parido. Agora, o governo é refém deste “erro de comunicação”.

A responsabilidade disso foi, principalmente, do czar econômico Paulo Guedes. Proclamou-se a falsa tese de que, sem a reforma previdenciária, a economia não voltaria a crescer e o Brasil quebraria. A classe política comprou a idéia sem críticas. A extrema imprensa agiu deste mesmo jeitinho. O interesse maior era dos bancos e interessados em ganhar “muito dinheiro” na Capitalização.

No entanto, é preciso considerar que “o debate é mais embaixo”. A equipe econômica também focou na previdência porque verificou que ali poderia ocorrer a primeira e fatal quebradeira das contas públicas. Ou seja, dentre tantos problemas a resolver, a previdência foi escolhida como a primeira. O curto prazo dirá se a opção foi ou não a melhor. Não é fácil governar um Estado quebrado, gastador e corrupto.

Um importante e sábio conselheiro estratégico do governo chama atenção para um ponto fundamental – que explica por que Jair Bolsonaro se viu obrigado a contingenciar (e não cortar): “O contingenciamento drástico que está sendo aplicado a todos os ministérios é consequência da tendência de queda da arrecadação, que pode estar sinalizando o início de uma recessão. O custeio está em situação de pré colapso e não há recursos para investimento. Se não houver a reforma da Previdência, ocorrerá o colapso das contas públicas. Espero que o Congresso entenda, porque podemos mergulhar em uma instabilidade de final imprevisível. Diria que o cenário poderia ser de ruptura institucional, para que uma nova solução possa permitir a sobrevivência do Estado”.  

 Medo de Lula [saiba a razão do medo de dividir uma cela com Lula.]

Quase seis meses de Governo Bolsonaro, e se começa a cair na real. A situação econômica piorou. A persistente recessão caminha para uma estagflação. [a pior das combinações: recessão + inflação = estagflação.] A indústria patina. O comércio claudica. A demanda por serviços diminui. A inadimplência e os calotes começam a assustar. A arrecadação entra em ritmo de queda. Os impostos continuam exagerados e estratosféricos. Reforma tributária? Só na boa intenção retórica... Por que mexer nisso não foi prioritário?

A máquina estatal segue perdulária e corrupta. Precisa de mais e mais dinheiro pago pelo cidadão, trabalhador ou empreendedor. Mais vivo que sempre, o Mecanismo do Crime Institucionalizado se reinventa. Manobra até para desestabilizar, sabotar e derrubar o Presidente que, no insistente discurso, dificulta o toma-lá-dá-cá. A politicagem se revolta e chantageia. Já fala até em formular uma alternativa à proposta de reforma previdenciária proposta pelo Guedes. O sinal claro é que o pacote oficial (a tal “prioridade”) já foi sepultado. Não passará no Congresso.  

Mergulharemos no caos? Ou vamos descobrir que a tal “prioridade” era um falso argumento? O mais provável é que ocorra uma acomodação. Tem muito dinheiro, no mundo, interessado em investir e faturar alto no Brasil. Seja com a capitalização previdenciária, nas privatizações facilitadas ou no retorno triunfal do jogo legalizado... Tal vontade e necessidade de lucrar muito tem mais força que a picaretagem da classe política desqualificada que coloca o Presidente nas cordas do ringue.

É por isso que não adianta Jair Bolsonaro reproduzir, nas redes sociais, um texto que reclama que o Brasil é ingovernável sem conchavos. O que o Presidente tem de fazer é focar na articulação política. Este é o grande calcanhar de Bolsonaro. Gritaria com picaretas nada resolve. Bolsonaro tem tornar públicos os debates de bastidor. Tem de cobrar resultados práticos do seu ministro da Casa Civil e amigo Ônyx Lorenzoni. Pergunta fatal: Ônyx, do DEM, é mais fiel ao Governo ou ao Rodrigo Maia (também do DEM) que preside a Câmara Federal? [qualquer manobra que ocorre na Câmara dos Deputados que prejudica o governo, ou as vezes até algum comentário, tem sempre origem em algum ato, decisão, ou mesmo omissão do Maia.

As vezes fica a impressão que ele perdeu para ajudar Bolsonaro, mas, se observarmos com atenção veremos que Maia está preparando um caminho oara 2022 e Bolsonaro é parte do tapete.

Quanto mais negociar com o Congresso sem Maia melhor ficará a situação para o governo Bolsonaro, para o Brasil e para os brasileiros. Sem pretensão de ensinar política a quem exerceu mandato legislativo por quase 30 anos, lembro que na negociação Bolsonaro não pode agir como agia nos tempos de parlamentar, tem que agir como presidente da República, ser um negociador, evitar o confronto com os parlamentares e cobrar mais do Ônyx - ele é que tem ser o articulador político do governo Bolsonaro, inaceitável que seja o articulador político do presidente da Câmara.

A resposta verdadeira à pergunta que antecede este comentário é uma informação que o Bolsonaro precisa saber e com absoluta certeza.]

Independentemente da relação complexa com um Congresso que usa a estupidez da Constituição para subjugar o Presidente, Bolsonaro precisa ser mais eficiente. A campanha eleitoral acabou nove meses atrás, mas parece que não... O tempo de prometer terminou. O que vale, agora, é entrega de resultados positivos. A massa cobra melhora na economia, na segurança, na saúde, no combate à corrupção e na própria atitude pessoal do Presidente – que precisa cumprir a mínima liturgia do cargo, sem perder a humildade e a sinceridade que lhe são características.

Visivelmente, o Presidente peca por não apresentar e realizar sua Agenda Positiva de modo claro, objetivo e entendível pela maioria das pessoas. Conceder entrevistas para dizer pouco ou nada é imperdoável. Não é só Bolsonaro que precisa melhorar a comunicação. Tal missão é do Governo como um todo. Em vez de responder a provocações de adversários e inimigos,[e 'falsos aliados'] em tretas intermináveis, o governo tem de partir para a ofensiva comunicativa, listando tudo de bom que tem feito e que ainda se compromete a fazer. Se não fizer isto, só vai tomar pancada. A extrema mídia existe para espancar e extorquir o Governo. Tal esquema não vai mudar. Então, o que precisa mudar é eficiência, a efetividade e a eficácia do Presidente e de seu Governo.

Se Bolsonaro não conseguir realizar o milagre de “governar o ingovernável”, corre sério risco de ser substituído antes do tempo legal previsto. O Presidente tem de enfrentar o Mecanismo sem tréguas. Precisa de competência, coragem e inteligência para neutralizar e eliminar inimigos próximos – travestidos de “aliados”, “colaboradores” e “amigos”. Quase sempre, na política,amigo de ânus é pênis(Tem uma versão mais popular deste provérbio, mas se eu escrever aqui vão dizer que sou pornográfico).

Bolsonaro tem superar, depressa, a crise econômica (que vem lá de trás) e a crise política (que a falha na articulação de seu governo produziu muito rapidamente). Uma estratégia de comunicação correta é fundamental para ajudar no processo de governança. Tecnologia (teleprompter, Internet e por aí vai) depende de conteúdo estratégico...

O Presidente tem de focar em apresentar uma solução certa por dia para cada problema. Não pode promover, nem cair, em polêmicas (inúteis) com a extrema imprensa. Se perder tempo com o inimigo errado, o inimigo certo [tipo camaleão] vai detoná-lo antecipadamente.  Bolsonaro tem de deixar claro que seu Governo é de transição para algo melhor para o Brasil. Desautorize qualquer inocente que já fala, prematuramente, em “reeleição”. O foco imediato é governar, liderar, comunicar bem e encher bandido de porrada. O resto é conseqüência...


Transcrito de Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net