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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Vírus do faz de conta - Luís Ernesto Lacombe

VOZES - Gazeta do Povo 

Não acaba nunca. Eles inventam inquéritos, reinventam, prorrogam apurações, mas nada provam... Já avisaram, aliás, que não precisarão mais de provas, eles sabem, eles sabem de tudo. Criam tipos penais e, num coro desafinado, ficam repetindo “fake news, desinformação, discurso de ódio”! Apoiam milícias digitais, agências de checagem, uma “polícia de conteúdo” que escolhe a dedo o que “investigar”. 
Apoiam covardes que organizam linchamentos e cancelamentos de quem ousa desconfiar, questionar, expor dúvidas, pedir explicações. É proibido o debate, é proibida a discordância. É obrigatório aceitar a verdade oficial.

Estamos há muito tempo nisso. Os arrogantes donos da verdade vão corroendo as liberdades, destruindo a democracia que juram defender. Censuram, calam, banem das redes sociais, prendem quem tem a certeza de que, como nos Estados Unidos, no Brasil não há crime de opinião. E ainda recebem aplausos por isso! Artistas, intelectuais, jornalistas, um grupo considerável dá apoio aos desmandos, à perseguição, à imbecilidade. A ditadura que criam é tão mal disfarçada. Essa gente que tenta se apropriar da bondade, da fraternidade, da luta pela liberdade, essa gente é recordista mundial de falsidade, de hipocrisia.

Os candidatos fingem que suas propostas são positivas para o país, que suas comparações são legítimas. Os magistrados fingem que suas togas são capas de super-heróis

Todo apoio à libertação dos verdadeiros bandidos... E ninguém diz nada! Nem mesmo quem combateu o maior esquema de corrupção já montado no Brasil. Transmutado em pré-candidato à Presidência da República, ele anda por aí, comparando a inflação de agora com a gerada pelo desgoverno Dilma e com a hiperinflação das décadas de 1970 e 1980. Ele compara mensalão e petrolão com rachadinha... E ninguém diz nada! 
Claro, a velha imprensa tem sua guerra particular e continua vendo a miragem do fascismo num deserto em que não há sequer um oásis de honestidade.
 

Ninguém diz nada também quando outro candidato fala em regulamentar a mídia, a internet, em revogar uma reforma trabalhista, acabar com o teto de gastos, rever privatizações, a autonomia do Banco Central. É como se fosse um “vírus do faz de conta”. Os candidatos fingem que suas propostas são positivas para o país, que suas comparações são legítimas. Os magistrados fingem que suas togas são capas de super-heróis. A velha imprensa os apoia, magistrados e candidatos de oposição, e finge que o pior presidente da história é o atual. E, nesse caso, também parece não haver ainda uma vacina salvadora, segura e eficaz. Há, sim, um caldeirão em que podem arder aqueles que apontarem a infecção generalizada.

Luis Ernesto Lacombe, colunista - Gazeta do Povo - VOZES 

 

Imunidade turbinada: estudo mostra que infecção por Covid-19 complementa vacina e cria superproteção - O Globo

Giulia Vidale

Covid-19: combinação entre vacina e infecção natural pelo coronavírus cria 'superimunidade'

[podemos acreditar? é o tipo de notícia sempre desejada, esperada.Devemos torcer para não ser mais um chute dos "especialistas". !!!]

Combinação resulta em anticorpos dez vezes mais potentes contra a doença
Micrografia eletrônica de varredura colorida mostra célula fortemente atacada pelo SARS-Cov-2 (em vermelho) Foto: NIH/Divulgação
Micrografia eletrônica de varredura colorida mostra célula fortemente atacada pelo SARS-Cov-2 (em vermelho) Foto: NIH/Divulgação

Ômicron:Novo subtipo pode ser mais contagiante, mas sem risco aumentado de internação

De acordo com a pesquisa, a quantidade de anticorpos no sangue de pessoas que foram infectadas após a vacinaçãoe vice-versa é dez vezes maior do que aquela gerada apenas pela imunização. O estudo foi realizado antes do surgimento da Ômicron, mas os cientistas esperam que as respostas imunes híbridas sejam semelhantes para a nova variante, altamente transmissível.

Estudo:Ômicron é a variante que sobrevive por mais tempo na pele e em superfícies plásticas

Segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO, esse resultado reforça o que já foi mostrado em trabalhos anteriores e adiciona uma nova via para a superimunidade. — Esse estudo mostra que a pessoa que se infectou deve se vacinar. Ele reforça o que sabíamos até agora. Mas o mais interessante é que ele mostra que a pessoa que se vacinou, se for infectada, está superprotegida também. Ainda não havia evidências sobre isso — diz o médico Salmo Raskin, geneticista e diretor-médico do Laboratório Genetika, de Curitiba.

Investigação
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram a reposta imunológica de 104 pessoas que estavam vacinadas contra a Covid-19. Elas foram divididas em três grupos: 42 vacinados sem contágio prévio, 31 que receberam imunizante após uma infecção e outros 31 que foram infectados depois da vacinação. Em seguida, os cientistas coletaram sangue dos participantes e as amostras foram expostas em laboratório a três variantes do Sars-CoV-2: Alfa (B.1.1.7), Beta (B.1.351), e Delta (B.1.617.2).

Os resultados mostraram que os dois grupos com “imunidade híbrida”, composto por aqueles que foram vacinados depois de serem infectados e vice-versa, geraram os maiores níveis de anticorpos em comparação com o grupo que foi apenas vacinado. Em ambos os casos, a resposta imune medida no soro sanguíneo revelou anticorpos igualmente mais abundantes e pelo menos dez vezes mais potentes do que a proteção gerada apenas pela vacinação. — Quanto mais exposição aos antígenos, maior o benefício. Se a pessoa teve Covid-19, por exemplo, a vacina vai estimular, selecionar e expandir as células de defesa que a infecção natural selecionou — explica Raskin.

Embora a infecção natural e a vacinação estimulem o sistema imunológico, elas agem de maneira diferente. Portanto, acrescenta o geneticista, há complementação. O infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), acrescenta que a imunidade híbrida gera uma resposta mais robusta não só em níveis de anticorpos, mas em outras frentes da defesa, como a imunidade celular, na qual linfócitos B de memória são capazes de reconhecer agentes infecciosos.

Há alguns trabalhos que indicam que a imunidade híbrida é mais eficaz para prevenir novas infecções e também para reduzir a transmissão. Entretanto, vale ressaltar que isso não significa que pessoas que apresentam esse tipo de imunidade podem abandonar os cuidados preventivos. Para começar, ainda não existem estudos que mostrem, na prática, o quanto esse reforço se traduz em proteção. Além disso, também não se sabe qual é a duração dessa defesa.

— A maioria dos estudos disponíveis é feita em laboratório. Eles apontam um sentido, mas não são categóricos. Para responder essas questões, é preciso realizar estudos de mundo real, que não são simples de serem feitos. Mas são eles que vão comprovar se, na prática, esse aumento da resposta imunológica se traduz em menos infecções, por exemplo. Além disso, outras variáveis precisam ser observadas, como a vacina recebida, o tempo entre a vacinação e a infecção, as variantes circulantes, o desfecho considerado (se são formas mais graves ou mais leves). Ainda tem muita coisa sem resposta, mas é uma construção de conhecimento — diz Kfouri.

Intervalos
Um estudo publicado em setembro na revista Nature alertou, por exemplo, para a necessidade de considerar o momento em que a infecção aconteceu e também o período da vacinação, porque até mesmo a imunidade híbrida varia entre os indivíduos. Para explicar, Raskin faz uma analogia com a imunização. Tomar várias vacinas seguidas, sem respeitar um intervalo mínimo entre as doses, por exemplo, não se traduz em maior proteção contra o coronavírus. — Há um consenso de que um maior intervalo entre as doses se traduz em maior proteção, justamente porque dá tempo para o organismo produzir a resposta imunológica, e só quando ela começa a cair é a hora de pensar em ativá-la novamente — destaca.

Apesar dessas lacunas e do estudo não ter avaliado especificamente a proteção da imunidade híbrida contra a Ômicron, especialistas estão otimistas com a possibilidade de as características da variante, capaz de infectar pessoas já vacinadas, ajudarem a multiplicar as pessoas superimunes à Covid-19 e, assim, aproximar o mundo do fim da pandemia. “Esses resultados apontam para um momento em que o Sars-CoV-2 pode tornar-se uma infecção endêmica leve, como uma infecção sazonal do trato respiratório, em vez de uma pandemia”, salientou um dos autores, Marcel Curlin, especialista em infectologia na universidade norte-americana, em comunicado.

Em Saúde - O Globo - MATÉRIA COMPLETA


quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Variante delta torna a imunidade de rebanho impossível, dizem cientistas - Folha de S. Paulo

Quem esperava ser protegido da Covid pela imunidade coletiva pode esquecer e tomar logo sua vacina, afirmam especialistas de algumas das principais universidades europeias, com base nos dados disponíveis até agora. A variante delta, duas vezes mais contagiosa que o Sars-Cov-2 original, enterrou (ao menos por enquanto) as chances da chamada imunidade de rebanho - aquela em que o número de pessoas protegidas contra infecção é grande o suficiente para conter a circulação do vírus. 

Quando os primeiros casos de Covid surgiram, cientistas calcularam que essa imunidade coletiva poderia ocorrer quando cerca de 70% de uma população estivesse protegida. Mas essa sempre foi uma aproximação, presumindo muitas coisas e ignorando outras mais", diz Samir Bhatt, professor da escola de saúde pública do Imperial College de Londres.

A porcentagem deriva de dados como a proteção fornecida pela vacina contra a infecção (diferente da eficácia contra doença grave e morte) e a capacidade intrínseca de propagação do vírus, ambos ainda não totalmente conhecidos ou em transformação. Outro fator de imprecisão é que a transmissão varia fortemente de acordo com o comportamento humano: o vírus circula mais se as pessoas se encontram mais, por mais tempo e com menos barreiras -e essa variável também está em constante mudança ao longo do tempo.

As pesquisas iniciais indicavam que o Sars-Cov-2 passava de um infectado para duas ou três pessoas, mas essa razão de contágio subiu com o aparecimento da alfa e mais ainda com a delta, diz Raghib Ali, pesquisador clínico sênior da Unidade MRC de Epidemiologia da Universidade de Cambridge (Reino Unido). "Cada vez que esse número aumenta, sobe também a porcentagem calculada para imunidade de rebanho", diz o pesquisador. O novo mutante, indicam os cientistas, é capaz de passar de uma pessoa para cerca de seis ou sete. 

 Na ponta do lápis, com essa taxa de contágio, a imunidade de rebanho seria de cerca de 85%, mas apenas se a vacina ou a recuperação de um caso de Covid prevenissem completamente as infecções, o que não ocorre. "A chegada da delta foi realmente uma virada de jogo", diz o virologista Jeroen van der Hilst, professor de imunopatologia da Universidade de Hasselt (Bélgica).

Além de o mutante ser muito mais contagioso, os dados indicam que indivíduos vacinados podem ser infectados e infectar outros, diz ele. "Isso significa que o vírus pode circular em uma comunidade com um grande número de pessoas vacinadas. Com essa noção, temos que concluir que a imunidade de rebanho não é mais possível." 

Duração da imunidade  
Para o professor emérito de estatística aplicada da Open University (Reino Unido) Kevin McConway, os dados já disponíveis sobre a barreira das vacinas ao contágio são insuficientes para estimar qual seria uma imunidade coletiva para a Covid, seja qual for a variante que predomina."Muitos cálculos são indiretos: estima-se a eficácia contra infecção assintomática, por exemplo, e, em seguida, fazem-se suposições sobre a probabilidade de um assintomático transmitir o vírus a outra pessoa. Há várias fontes diferentes de incerteza aqui, então as estimativas não são muito boas", diz ele. A mesma falta de informação existe para os que desenvolveram imunidade natural, por terem sido infectados, e para o caso dos que tiveram Covid e foram também vacinados. 

Além disso, acrescenta o estatístico, ainda não há certeza sobre quanto tempo dura a proteção causada por vacinação ou por infecção natural. "Imagine que atingimos a imunidade coletiva, mas a defesa das pessoas desaparece completamente dois anos depois. Como a imunidade de rebanho significa apenas que qualquer surto será pequeno e será contido rapidamente, ainda haverá alguma infecção depois desses dois anos. Se a defesa das pessoas diminui, eles se tornam suscetíveis novamente e os surtos podem se espalhar novamente e se tornar perigosos", exemplifica McConway.

(..........)

O pesquisador faz uma comparação com o sarampo, uma doença também altamente infecciosa, cuja porcentagem de proteção necessária para a imunidade de rebanho é de 95%. O vírus do sarampo, porém, não sofre as rápidas mutações do Sars-Cov-2, e as vacinas são praticamente 100% eficazes para evitar a transmissão. Nesse caso, se 95% das crianças são vacinadas contra o patógeno, ele não se espalha mais nessa população. 

No caso da Covid, "com o declínio da imunidade, a evolução contínua do coronavírus, um retorno à normalidade no comportamento das pessoas, a expectativa de que a doença desaparecerá porque atingimos um limite é ilusória", diz Batt, do Imperial College.

Vacinação fundamental 
Para o diretor do instituto de genética da UCL de Londres, François Balloux, há um único benefício -inexplorado- dessa impossibilidade. "Isso deve acabar com as guerras culturais em torno das vacinas. As pessoas devem ser encorajadas a se vacinarem, mas, no final das contas, o objetivo principal da vacinação agora é proteger a si mesmas, não a outros. Então, viva e deixe viver", afirmou ele em rede social.

Folha de S. Paulo - MATÉRIA COMPLETA
 

terça-feira, 27 de julho de 2021

Covid-19: coquetel freia a infecção dentro de casa; eficácia chega a 81%

Combinação de drogas evita que um paciente que testa positivo para a covid-19 transmita o Sars-CoV-2 para pessoas que moram com ele. Em testes, a eficácia da abordagem é de 81%. Terapia pode beneficiar idosos e indivíduos com comorbidades

Testes com uma terapia que previne a infecção por covid-19 entre pessoas que moram em uma mesma casa têm resultados significativos. O coquetel mostrou-se 81% eficaz para esse tipo de proteção — em que se convive com alguém que esteja infectado — durante a terceira, e última, fase de ensaios clínicos, ou seja, com humanos. Caso tenha o uso aprovado, poderá ajudar a proteger, principalmente, indivíduos com maior risco de sofrer com a forma grave da doença causada pelo novo coronavírus, como idosos e pessoas com comorbidades.

A terapia preventiva une as drogas casirivimab e imdevimab — anticorpos monoclonais já usados para tratar cânceres e outras doenças — e foi batizada de REGEN-COV. Participaram do estudo 1.505 pessoas, sendo que metade recebeu um placebo. A combinação de remédios foi administrada por meio de uma injeção subcutânea em doses de 1.200 miligramas. Durante os testes, cada participante teve contato com um parente infectado pelo Sars-CoV-2.  “Esses ensaios clínicos tiveram como objetivo avaliar o tratamento em pacientes não doentes, que não apresentam anticorpos e sintomas e vivem em uma família em que uma das pessoas foi diagnosticada como positiva para a covid-19 nos quatro dias precedentes (ao estudo)”, detalha, em comunicado, o laboratório americano Regeneron e o suíço Roche, que testaram a abordagem.

A aplicação “atingiu seus objetivos principais”, segundo as empresas, com o registro de uma taxa de 81% de eficácia na prevenção da enfermidade.  Além disso, mesmo os voluntários que receberam o medicamento e desenvolveram sintomas da infecção pelo coronavírus viram esses transtornos desaparecerem mais rapidamente: em uma semana, em média.

No caso dos indivíduos que tomaram o placebo e foram infectados, os sintomas sumiram após três semanas. “Com mais de 60 mil americanos tendo um diagnóstico positivo para a covid-19 a cada dia, esse coquetel pode ajudar a fornecer proteção imediata para pessoas não vacinadas que são expostas ao vírus”, afirma, em comunicado, George D. Yancopoulos, chefe do Departamento Científico da Regeneron.

Ciência e Saúde, Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA


sábado, 6 de fevereiro de 2021

O triunfo da mentira - O Estado de S. Paulo

A covid-19 foi a descoberta para os políticos brasileiros, que viram na epidemia uma belíssima oportunidade para tirar proveito pessoal

A covid-19 foi sem dúvida a descoberta do ano para os políticos brasileiros. Desde o primeiro caso de infecção, boa parte dos nossos homens públicos viram na epidemia uma belíssima oportunidade para tirar proveito pessoal e “assumir posições” - calculadas para dar mais gás (ou o que eles acham que é mais gás) para as suas carreiras. Vivem falando que agem de acordo com a “ciência”. Mentira. Eles não sabem rigorosamente nada de ciência, mas acreditam saber tudo sobre os truques mais eficazes para utilizar em seu benefício uma tragédia – e o pânico trazido por ela. O governador João Doria foi um dos primeiros a ver o potencial desta mina. Dez meses depois, continua achando que ainda há muita coisa a tirar daí.

No dia 13 de novembro, duas semanas antes do segundo turno das eleições municipais, o governador disse o seguinte, em praça pública: “Vim aqui para desmentir mais uma fake news”, disse Doria, àquela altura convencido de que manter em grau mais moderado seu sistema de repressão ao vírus, como vem ocorrendo nos últimos meses, era a postura mais rentável para dar votos ao seu candidato Bruno Covas. “Depois das eleições nós não vamos endurecer as medidas de combate à pandemia. A pandemia está sob controle.” Afirmou, também, que as previsões de endurecimento eram “um golpezinho” de campanha eleitoral.

As urnas mal tinham sido fechadas quando o governador, que então já não precisava mais dos votos, mandou fazer exatamente o contrário do que havia acabado de prometer: depois de uma campanha eleitoral vivida dentro da “fase verde” das restrições, Doria votou a impor as exigências da “fase amarela”, mais extensas e rigorosas. Qual foi, nessa história, a notícia falsa: o anúncio do endurecimento que viria depois da eleição, ou o desmentido formal do governador?

A covid-19, ao ser utilizada como ferramenta política, transformou-se no triunfo da mentira. Essa malversação dos fatos, feita de forma sistemática e maciça, leva aos disparates que se repetem diariamente à vista de todos. Há a vacina “boa” (a estadual) e a vacina ruim (a federal), com o pormenor de que nenhuma das duas existe. Há a aglomeração “ruim”, quando é feita pelos adversários políticos, e a aglomeração “boa”, quando é feita nas sedes de partidos para comemorar as vitórias do segundo turno. Há os chiliques constantes das autoridades diante de “ameaças ao distanciamento social”, e a sua mais absoluta indiferença com os ônibus, trens e metrô que viajam lotados todos os dias.

A Prefeitura de São Paulo é patentemente inepta para cuidar de tarefas elementares e essenciais, que o homem sabe executar há 5.000 anos, como manter os bueiros da cidade razoavelmente limpos – a causa direta das enchentes a qualquer chuva mais forte. É inepta para cortar árvores que ameaçam cair sobre a rua e matar gente, como acaba de acontecer na Vila Mariana – apesar de todos os pedidos de providências por parte dos moradores. É inepta para consertar os buracos de rua. Mas o prefeito e o governador são craques em usar máscaras pretas fashion, brincar de “cientista” e propor a “igualdade social”. É onde São Paulo veio parar.

JR Guzzo, jornalista - O Estado de S.Paulo - 02 dezembro 2020


domingo, 24 de maio de 2020

Dias Toffoli está internado com suspeita de Covid-19

Na quarta-feira, 20, Toffoli havia se submetido a teste para diagnóstico para o vírus, e o resultado foi negativo. Agora, ele passará por novos exames. Ficará afastado da presidência do Supremo, inicialmente, por sete dias, a depender dos novos resultados, e será substituído pelo seu vice, o ministro Luiz Fux.

Brasil - Revista VEJA




sexta-feira, 22 de maio de 2020

O PIOR DOS MUNDOS - Percival Puggina


 A cada dia que passa, observando a evolução dos números de novos diagnósticos e de óbitos levados à conta da covid-19, mais me convenço de que iremos conviver com essa doença por muitos meses.  Produzir imunidade ampla em relação ao vírus é tarefa gigantesca, de eficácia incerta, para as calendas do ano que vem, e olhe lá. Não há segurança sequer em relação à imunização que a própria infecção confere ao enfermo curado. Pessoas continuarão se contagiando e adoecendo por um período de tempo incerto e não sabido.


A pergunta que está sobre a mesa é a seguinte: até quando devemos manter o isolamento horizontal, se sabemos que o coronavírus continuará entre nós? O isolamento vem acompanhado de uma paralisação das atividades econômicas e traz um séquito de desgraças, a saber: recessão, fechamento de empresas em cascata, desemprego, redução de salários, queda do consumo, descrédito de investidores e aumento do risco Brasil, perda de valor das empresas, desvalorização da moeda, redução proporcional das receitas públicas e, consequentemente, da capacidade de o setor público dar conta de suas atribuições essenciais. Se quem pode mais, como a Petrobras, fechou o trimestre com prejuízo recorde, imagine-se a situação de quem pode menos.

Convivem hoje dois consensos bastante amplos. Segundo os profissionais da saúde, é necessário manter o isolamento para “achatar a curva” e reduzir a pressão sobre o sistema de saúde, e evitar a mortalidade por incapacidade assistencial. Segundo o mundo do trabalho, ou seja, o setor privado produtivo, é preciso retomar atividades, com as devidas precauções, para evitar a miséria e suas consequências fatais sobre os segmentos mais frágeis da sociedade, a saber, entre muitas outras: falta de recursos fiscais para irrigar o sistema público de saúde e sobrecarga desse sistema por abandono dos planos privados, desemprego, desabitação e aumento da população de rua, subnutrição.

Junto a todos os louvores aos profissionais da saúde atendendo na ponta do sistema, contraindo a enfermidade, morrendo durante seu empenho em curar os outros, contrastando a nobreza de sua tarefa com a vilania da politicagem e da corrupção, sei que a Ciência, tão exaltada quanto necessária nestes tempos difíceis, sofre maus tratos em certas mãos. 
Por que será que a OMS me vem à mente enquanto escrevo?
Numa visão distópica, se ninguém sair de casa e ali ficarmos assépticos, passando álcool gel, teremos deixado o vírus à míngua, mas escreveremos o posfácio da civilização. Caberá aos sobreviventes escrever o futuro. Repito, é uma distopia.

Penso que o debate sobre o mais grave problema da humanidade neste período de protocolos, quarentena, isolamento horizontal, vertical e lockdown não pode – em hipótese alguma – cair na ideologização. Neste estreito e raso patamar, as Ciências relacionadas à Saúde são vistas como cuidadoras da humanidade e a Economia como ciência cuidadora do dinheiro... Essa é uma visão realmente estreita e terrivelmente ideológica. A Economia como Ciência, ou substantivada como atividade econômica, liga-se inteiramente, por preposição, à vida e sobrevivência do ser humano! A Economia é para pessoas, de pessoas, com pessoas, por pessoas, sobre pessoas, mediante pessoas.

Associá-la exclusivamente a dinheiro é desconhecer o que a torna essencial, inclusive para que as Ciências da Saúde avancem e proporcionem a todos o bem que a elas corresponde. Na prática, é preciso saber como conciliar as condições de sobrevivência com as de proteção da vida. A melhor solução será aquela que minimizar as duas perdas defasadas na linha do tempo, mas significativas e reais: as mortes causadas pela doença e as mortes determinadas pela miserabilização da sociedade. Receio estarmos andando pelo pior dos mundos, com o maior dano em ambos os casos.

 Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
  

sábado, 28 de março de 2020

São Paulo registra maior número de mortes por coronavírus em 24 horas - VEJA


Entre eles está o primeiro óbito na cidade de Sorocaba, no interior, um homem de 92 anos, e a primeira em Embu das Artes, Grande São Paulo, uma mulher de 82 anos. Outras cidades fora da capital paulista também registraram suas primeiras mortes, caso de Guarulhos, Vargem Grande Paulista, Taboão da Serra, e Ribeirão Preto, todas contabilizaram pelo menos um óbito.

Entre as vítimas recentes da capital, os mais novos são um homem de 58 anos e uma mulher de 62. No total, são 1.406 casos confirmados da doença no Estado.

No Brasil
O Ministério da Saúde afirmou também neste sábado que são 3.904 de casos confirmados de infecção por coronavírus no país, com 111 mortes causadas pela Covid-19, o que significa 19 novas mortes confirmadas nas últimas 24 horas. Na véspera, a pasta havia anunciado que o país tinha 3.417 casos confirmados, com 92 mortes.

VEJA - Brasil


domingo, 22 de março de 2020

- UTILIDADE PÚBLICA - Aprenda a diferenciar os sintomas entre resfriado comum e Covid-19

O Ministério da Saúde divulgou informações sobre doenças que atacam as vias aéreas, com suas semelhanças e diferenças 

Pode parece estúpido lembrar. Mas nem tudo que é febre é coronavírus. Ou tosse, ou cansaço. Espirros e coriza frequente, que têm feito as pessoas enlouquecerem de preocupação, nem são sintomas típicos da Covid-19. Está muito mais com jeito de um resfriado ou gripe comum. Ou mesmo de uma rinite alérgica, uma inflamação da mucosa nasal que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge 25% da população brasileira.

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 Coronavírus: Saiba como negociar seus contratos com bancos, telefonias e companhias aéreasHora de buscar soluções conjuntas, mas sem transferir todo o ônus a clientes 

Mas como manter a tranquilidade diante dos sintomas semelhantes que muitas síndromes têm com a Covid-19 e não correr para uma emergência de hospital, sobrecarregando o Sistema de Saúde?
Nos últimos dias, o Ministério da Saúde divulgou materiais explicativos sobre doenças que atacam as vias aéreas, com suas semelhanças e diferenças, ajudando a população na identificação dos sintomas. Mas fique atento: segue a recomendação de isolamento domiciliar para a população, até porque nem sempre a presença do vírus se dá em uma condição sintomática e mesmo a febre pode não estar presente em alguns casos, como em pacientes jovens, idosos, imunossuprimidos ou em algumas situações em que medicamentos antitérmicos foram utilizados.

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Em caso de suspeita, vale a avaliação clínica de um médico especializado.
— Os sintomas fluem, são diferentes para cada pessoa, e o paciente nem sempre é o mais adequado para julgar como está se sentindo. A pessoa pode sentir uma falsa segurança de achar que não tem coronavírus porque a febre dela não é tão alta. Ou talvez achar que tem só um resfriado porque não dói as juntas, quando, na verdade, qualquer uma dessas doenças pode ter uma variação completa desses sintomas. Só um médico treinado sabe realmente interpretar, dizer o que está acontecendo e fazer referências do que se deve ser feito — explica Eduardo Finger, Imunologista do Hospital Oswaldo Cruz e da Care Plus.




Mesmo não sendo causada por vírus, a rinite — uma doença alérgica, e não uma infecção — também confunde as pessoas. Ela normalmente não causa febre e sua sintomatologia é localizada no nariz. Mas muitas vezes a congestão nasal permite que a pessoa acabe com uma sinusite, que é uma infecção.  — Começa com uma rinite, acaba com uma sinusite, infecção, dor de cabeça, febre e tudo mais. Mas se você não tiver febre e tiver só o nariz entupido, coçando ou lacrimejando, isso provavelmente é rinite. Já se você tem febre, provavelmente, não é — diz Finger, que ressalta que, se a pessoa tem esses sintomas, deve se isolar em casa e esperar passar. Se tiver dificuldade respiratória, aí sim deve procurar um hospital.



Em O Globo, MATÉRIA COMPLETA


quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Proibindo a proibição - Folha de S. Paulo

Hélio Schwartsman

A pauta de 2020 do STF é fraca em costumes, mas a questão da doação de sangue dará o que falar

O presidente do STF, Dias Toffoli, não parece muito disposto a entrar nas guerras culturais neste ano. A pauta dos próximos julgamentos que foi divulgada há pouco é forte em questões penais e tributárias e fraca em costumes. A notável exceção é a retomada do juízo sobre a constitucionalidade da proibição de doação de sangue por gays. Sou simpático ao desejo de homossexuais de não se sentirem discriminados, mas não dá para esquecer que, do outro lado, está o direito de pacientes de ter acesso a sangue com o melhor mix possível de segurança e custo.(*2)
[o tema é bem complexo; afinal, existe uma suprema decisão que  proíbe o cidadão em território brasileiro expressar qualquer rejeição aos homossexuais - caso não goste dos mesmos, guarde o não gostar em seus pensamentos. Declarar rejeição aos homossexuais foi declarado ato criminoso equivalente ao racismo.
Mas, vamos tentar abordar, de forma imparcial, isenta e não técnica - não trabalho na área de saúde.
Deixando bem claro, que não está em análise a conduta sexual do doador e sim os riscos de uma doença que caso ele seja portador, não é por vontade própria. E que todos estão sujeitos ao HIV e outras doenças não controladas por vacinas, independente dos hábitos de vida. Algumas práticas podem até aumentar os riscos - mas, é pacífico que o HIV também é transmitido por vias não sexuais. 
Por diversas razões, doenças graves e sem cunho sexual, acidentes, qualquer ser humano está sujeito a necessitar de uma transfusão de sangue. Pela sua natureza o sangue é um dos melhores condutores de vírus, bactérias, etc, e com o agravante que permite uma rápido contágio. Uma doença venérea circulando no sangue do doador será imediatamente transmitida a quem receba a doação, 'saltando' várias etapas, já que a moléstia contida no sangue se integra imediatamente a corrente sanguínea do receptor.

Assim, além de uma rigoroso exame do sangue a ser doado, uma anamnese criteriosa do candidato a doador, são essenciais. Apesar do HIV atingir não homossexuais(não é uma moléstia exclusiva dos homossexuais) pelas razões expostas pelo articulista no penúltimo parágrafo da matéria em comento, há uma alta prevalência de HIV entre homossexuais.

Só que ao se candidatar a doador alguns gays se sentem discriminados com as perguntas que lhe são feitas e com a rejeição da doação se a resposta for positiva para algumas delas. 
O DIREITO à SAÚDE é essencial - ninguém adquire HIV, sífilis, hepatite, câncer ou qualquer outra doença por vontade (as doenças não discriminam) nem necessita de uma transfusão de sangue por querer. Da mesma forma, o normal, o justo é  o Supremo Tribunal Federal não ter autoridade para ao buscar impedir uma  suposta violação a um direito de um gay (*1), casse de uma vítima involuntária de uma doença o direito de ter acesso a sangue nas melhores condições possíveis de segurança e custo (*2)  buscando impedir
Nada mais justo que se mantenha as normas restritivas atuais e até mesmo seja majorada a pena para o candidato a doador que omita ou falseie respostas as perguntas do questionário da anamnese - visto a necessidade de se detectar eventual janela imunológica.]

Todo sangue doado é testado, para o HIV e outras doenças. O problema está nos falsos negativos e na janela imunológica, que podem fazer com que sangue contaminado não seja detectado. Como as taxas de infecção por HIV são maiores em homossexuais masculinos do que na população geral19 vezes maior—, o Brasil, a exemplo de vários outros países, prefere excluir do pool de doadores homens que fizeram sexo com homens no último ano.

Se isso fosse tudo, eu penderia para o lado dos técnicos. Bancos de sangue não são o melhor lugar para travar batalhas de direitos civis, se é que a doação pode ser considerada um direito.(*1) Acredito, porém, que é possível buscar soluções alternativas.

Uma possibilidade é trocar o critério de exclusão de ter feito sexo com outros homens nos últimos 12 meses por ter feito sexo anal no mesmo período. Com isso, a pergunta se tornaria mais republicana, pois deixaria de dizer respeito só a gays, abarcando toda a população. A segurança estaria em certa medida preservada, já que a mecânica do sexo anal (microlesões que facilitam o contato entre esperma e sangue) é o principal fator a explicar a alta prevalência de HIV entre homossexuais.

Como a tendência do STF é proibir a proibição, é bom já ir testando a segurança dessa e outras variações no questionário, para ninguém ser apanhado de calças curtas. [calças abaixadas talvez seja o termo mais adequado.]

Hélio Schwartsman, colunista - Folha de S. Paulo