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sábado, 9 de setembro de 2023

Eu já tinha visto isso. - Percival Puggina

         “Hoje é dia de concentração na praça", disse-me a senhora. "Começa às 17 horas, mas os policiais do presidente chegam antes e usam essa sacada para observação de segurança. Talvez o senhor se sinta melhor se retornar depois do fim do evento”. 
Prontamente respondi que sim. Preferi chegar depois, porque, no mínimo, teria que me identificar para poder permanecer e, se ficasse, certamente não poderia usar a sacada.  
 
Eu estava em Havana e tinha, nessa vez, alugado uma parte do apartamento de uma professora (quarto, banheiro e sala, enquanto ela usava a cozinha e uma outra dependência com acesso particular). O prédio estava muito bem localizado, junto à Praça da Tribuna Anti-imperialista, e o apartamento tinha a tal sacada a que se referia minha hospedeira. 
Professora de História, era pessoa de confiança do regime e, graças a isso tinha “permiso” para alugar o imóvel a turistas. 
Com a sala, deu-me acesso à sua biblioteca (pouco mais de um metro de livros em espanhol e em russo). Explica-se o conteúdo em russo pelo fato de se haver graduado em Moscou, na Universidade da Amizade dos Povos, conhecida como Patrice Lumumba.
 
Então, por volta das 16 horas, desci para a praça e assisti aos atos que se seguiram
Eles consistiram numa sequência de discursos voltados ao enaltecimento do Comandante Fidel, da Revolução e dos admiráveis êxitos do regime tanto na Economia quanto na Educação e na dignidade do povo cubano. Tudo, claro, embrulhado, por todos os oradores, no invólucro comum: o dever patriótico de espinafrar o imperialismo e os “guzanos” (vermes), cubanos que se atiravam ao mar e iam para Miami, num fluxo contínuo, desde 1960.

Como eu descera cedo, pude apreciar a chegada do distinto público. Eram trazidos em ônibus, em grupos cuja afinidade se podia perceber tão logo desciam pois tagarelavam entre si. Alguém, mais tarde, me explicaria que provinham dos locais de trabalho e eram acompanhados por um “compañero” que representava os olhos e os ouvidos do Estado.

Nesse dia, Fidel não apareceu, o que deve ter representado um alívio para aquela pequena multidão, pois quando o tirano comparecia, falava, e quando falava proferia aqueles discursos que ficaram famosos, não pelo conteúdo, mas pelo muito que lhe custava colocar um ponto final nas arengas que duravam horas.

Por que este relato? Porque o público, raro e ralo, presente à solenidade deste dia 7 de setembro em Brasília, por quanto a TV mostrou, era muito semelhante ao daquela tarde/noite na Tribuna Anti-imperialista. Funcionários públicos, sindicalistas e companheiros de partido, convocados pelo governo, cumprindo ordens e portando bandeirinhas numa estranha mistureba do verde e amarelo com convenientes detalhes vermelhos no vestuário. 
 A Pátria passava muito bem sem essa.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

A intolerância é a marca das tiranias - Percival Puggina

Não ocorreu por falta de motivos, a reação dos rapazes e moças do Centro Acadêmico XI de Agosto ao retorno da professora Janaína Paschoal às atividades docentes. 
Os motivos estão no que fizeram com eles nos anos de formação: longo período de doutrinação, intolerância, hipocrisia, sectarismo, perda gradual da capacidade cognitiva, prolongado convívio com a produção de narrativas e com a mistificação dos fatos em favor da ideologia. E por aí vai a longa lista de enfermidades morais que afetou a educação em nosso país.

Estudantes chegam ao ensino superior após extenso trânsito pela cadeia produtiva da Educação brasileira. Nesse caminho, foram influenciados por professores que têm afeto especial por Paulo Freire, o suposto pedagogo para quem educar é um ato eminentemente político, tão político quanto ele, suas obras e sua vida foram.

Ah, se fôssemos avaliar Paulo Freire pelo que sua mitificação produziu e pelo que a multidão de seus seguidores extraiu como resultado humanizador junto à juventude brasileira! Ou, pelo que os alunos dos discípulos freireanos conseguiram extrair das próprias potencialidades através do que lhes foi proporcionado nos bancos escolares. Mesmo assim, estampa do pedagogo de longas barbas brancas faz parte da decoração junto à porta de entrada do prédio do MEC em Brasília.

Da doutrinação vem a intolerância à divergência. O jovem militante de esquerda, tipo uspiano, se declara adepto fervoroso de toda diversidade, exceção feita à diversidade de ideias. 
Vem daí o sectarismo incapaz de conviver com Janaina Paschoal, exemplo conhecido de tantos outros casos! 
Vem daí a hipocrisia, na ausência da qual a incoerência se desnuda de modo constrangedor. 
Vem daí a gradual perda da capacidade cognitiva porque o cérebro dessas pessoas bloqueia autores, conhecimentos e fatos do mesmo modo como quer bloquear o acesso à sala de aula aos professores que leram outros autores e presenciaram outros fatos. 
Vem daí a produção de narrativas, submetendo os fatos ao photoshop da ideologia ou às técnicas cinematográficas de “efeitos especiais”.

É assim que se leva uma nação para o atraso, à ignorância e à pobreza; é assim, também, que se cultuam tiranias e se põe em curso um esquema de destruição em massa do futuro de milhões de jovens no país.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

RETORNO AO GUETO? NÃO! - Percival Puggina

Uma fábula de verão, porque haverá outubro e haverá primavera.

 

Há exatos 10 anos, escrevi um artigo cujo título era, “No gueto, pensando”. A partir de 2015, porém, senti estar sendo alforriado. Conservadores e liberais haviam criado os próprios espaços, os que éramos poucos nos tornamos muitos, muitos. De repente, fomos 47 milhões e vencemos a eleição de 2018.

Naquele exato momento, vivemos o êxtase, mas realizamos o intolerável. Mobilizou-se o mundo das sombras. Acordamos as potestades do Averno. Foi tudo muito rápido. Agora, nos vemos de novo no gueto, contidos num sítio existencial bizarro, cujos muros são tão invisíveis quanto sensíveis, dentro dos quais vamos minguando em cidadania e sendo suprimidos, até mesmo, do direito de expressar opiniões. Estamos sitiados pelo Congresso, pelas altas Cortes, pela mídia que se abastardou, pelas “diretrizes da comunidade” nas plataformas das redes sociais.  

A caçamba e a corda foram recolhidas. As instituições jazem no fundo do poço do descrédito. Do ministro do STF ao camarada jornalista, do ex-presidente descondenado ao aluno que agride a professora, a noção de limites foi perdida. Mas não te passe pela cabeça, leitor, apontar causas para o que vê acontecer! Acabarás no gueto. O mundo das sombras veio às claras e te cobra total submissão.

Diariamente nos é ensinado que para não se dar mal, conservadores e liberais precisam reconhecer-se responsáveis por todos os males. Dizer que foi nosso mundo que gerou a desgraceira. 
Podemos criticar a corrupção, mas esse é o limite. 
Apontar suas causas e causadores é perigoso!  
Os que comandam fora do gueto esperam que você concorde quando dizem que as instituições funcionam bem, que corrupção sempre existiu e é igual em toda parte; 
esperam que você aceite que ser corrupto é um mal muito menor do que ser conservador, ou liberal. Eles não toleram os vocábulos "verdades", "princípios" e "valores". Aprende: no Brasil deles, é mais seguro entrar para o mundo do crime do que emitir opinião. O caminho dos princípios acaba no gueto.

Quem propuser algo de fato relevante perderá importância. Observa os partidos políticos, por exemplo, e se não quiseres ir para o gueto, faze como eles. Aprende a ser irrelevante. Quanto menos cada cidadão for, daquilo que deveria ser, quanto menor o conteúdo, mais importante será. Pode acabar numa tribuna. Ou de toga. Por isso, os partidos e os poderes de Estado estão fora do gueto. Mas o presidente está dentro, claro.

A coerência torna-se vício constrangedor. Sê incoerente e o STF te sorrirá. O mundo que o gerou, vê o sujeito coerente como antissocial, objeto de ameaças e maledicência. Se não quiser vir para o gueto, livre-se ele de suas convicções. É óbvio que para o mundo das trevas este país passa muito bem com pouco ou nenhum caráter, sem fé religiosa de qualquer espécie (à exceção da fé no grande demiurgo de Garanhuns). Sê fiel na igrejinha do politicamente correto, do pensamento fraco, onde a mentira deslavada se chama narrativa. É óbvio. Para um país ser como querem é preciso expurgar a virtude. Há que trancar a nação inteira no gueto, se necessário, para os arranjos do poder. 

Contudo, não! Essa fábula abjeta que descrevi não é o Brasil e a nação não será protagonista desse desastre multidimensional. O gueto é muito maior do que seus criadores. O pai da mentira não reinará entre nós.      

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

A AUTOPROCLAMADA CORAGEM DO STF - Percival Puggina

Ao longo do último ano esta Suprema Corte e o Poder Judiciário como um todo também enfrentaram ameaças retóricas, que foram combatidas com a união e a coesão dos ministros; e ameaças reais, enfrentadas com posições firmes e decisões corajosas desta Corte. (Ministro Luiz Fux no encerramento do ano

Pus-me a pensar sobre o que faz a virtude cardeal da Coragem nesse discurso. Não existe coragem, onde não existe o medo. Entre outras características, o ato corajoso representa, necessariamente, uma vitória sobre o medo.  Segundo Aristóteles, o ato de coragem envolve a aplicação da razão, a busca do bem e a disposição de superar o perigo presente na ação.

Tão nobre virtude, faz lembrar, isto sim, a professora Heley Abreu Batista, que em 5 de outubro de 2017 morreu queimada ao salvar as crianças de uma creche em chamas no município mineiro de Janaúba. Coragem teve o sargento Sílvio Delmar Hollenbach, que em agosto de 1977 pulou para a morte ao salvar um menino que caíra no poço das ariranhas. Coragem demonstraram os jovens que correram para a própria tragédia ao entrarem na boate Kiss em chamas para resgatar amigos que lá estavam caídos, pisoteados pelos que conseguiam escapar. Coragem tiveram todos os europeus que esconderam ou deram fuga a judeus na Europa tomada pelos nazistas. Coragem teve o padre Kolbe (São Maximiliano Kolbe), que se ofereceu para morrer por um chefe de família no campo de concentração de Auschwitz. E por aí segue um livro de muitas e nobres páginas.

Não vejo onde inscrever nelas os acontecimentos de 2021 no âmbito do STF. Não vejo coragem – e menos ainda motivos para coragem autoatribuída – por parte e arte de quem libertou corruptos e os devolveu à política nacional, efetuou insólitas prisões políticas, fechou meios de comunicação, inspirou medo, impôs censura, reivindicou para si mesmo uma fé religiosa e inibiu liberdades.

Que espécie de medo terá sido superado por quem assim procedeu? Em que dobras desse tempo se ocultaram a razão e o bem?

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Professora é acusada de fazer militância em escola de MS

Berenice Leite - Revista Oeste

Questões de interpretação de texto culpam o presidente Jair Bolsonaro pelas mortes por covid-19 no Brasil  

O Ministério público do estado de Mato Grosso do Sul (MPE-MS), recebeu uma denúncia contra a professora Janete Mianutti, da escola Marechal Deodoro da Fonseca em Aquidauana-MS. Em uma prova de língua portuguesa, a docente teria usado textos que atacam o presidente da república Jair Bolsonaro, acusando-o de ser o responsável pela pandemia no Brasil.

Segundo Rafael Tavares, coordenador do Movimento Endireita MS e autor da denúncia, em outro trecho da prova, o texto sugere que o Brasil é um problema para o mundo, no combate a Covid-19 e aponta o presidente como inimigo global número 1.

Na avaliação, após a introdução dos textos, a professora faz duas perguntas:
– Quem é o inimigo global número 1?
– Por que o Brasil é visto como um problema mundial?
Para Tavares, está clara a intenção da professora em forçar os alunos a culparem Bolsonaro, sobre as mortes de Covid-19.
“Ela coloca a narrativa na prova e manipula os alunos a concordar com o texto. Isso é doutrinação clara em sala de aula”.
O coordenador do Direita Minas usou suas redes sociais para mostrar as provas que embasam sua acusação e o perfil da professora onde ela declara apoio à um candidato do PT.
 
A oeste, entrou em contato com a Secretaria de Educação do Estado (SEC), para saber se a professora continua dando aula normalmente e se alguma medida será tomada, após conhecimento sobre o caso. Por nota, a SEC informou que está ciente do ocorrido e monitora o caso para a possível abertura de uma sindicância a fim de esclarecer o ocorrido. Caso a denúncia se confirme, poderá ser aberto um Processo Administrativo Disciplinar (PAD). [detalhe: A SEC está enrolando;não tem o que monitorar, O QUE DEVE SER FEITO,  POR SER DE PRAXE, é abrir a sindicância, constatado o fato e professora ser punida administrativamente. 
Para a punição deve ser aberto processo administrativo, podendo o  senhor Rafael Tavares apresentar o resultado da sindicância ao MP, solicitando sua anexação à denúncia, buscando punir na área penal a infratora.] 
 
Uma vez aberto, o processo resulta no afastamento temporário do servidor pelo período de duração da sindicância. O MPE tem até 30 dias para aceitar ou não a denúncia.
 
Revista Oeste

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A morte é uma possibilidade real para todos nós - Ana Dubeux

O respeito à morte

Faça um favor ao mundo: não mate a morte. Fale sobre ela; escreva sobre ela. Respeite a importância e o tamanho dela na vida de alguém. Tão viva quanto qualquer outra condição natural da existência humana, a morte é uma possibilidade real e concreta no amanhã de todos nós e de todos os que amamos. Por essa razão, havemos de aprender a lidar com os barulhos e os silêncios que a sucedem e que também a antecedem.

O medo do que virá, o pânico de perder um dos seus, o choro da saudade, o luto tão pouco compreendido e, às vezes, tão pouco respeitado... Todos esses sentimentos e emoções que cercam a morte nos colocam de joelhos perante ela. Não digo isso baseada nos meus próprios pensamentos. Reportagem da Revista do Correio de hoje mostra como enfrentar a etapa finda da vida humana é tarefa necessária. Sim, é preciso falar sobre a morte.

A psicóloga Cristiane Ferraz Prade, vice-presidente da Casa do Cuidar, organização social sem fins lucrativos que atua na prática e ensino de cuidados paliativos, conta na reportagem que as pessoas têm dificuldade de lidar com a morte e aí ficam sem saber o que fazer quando se deparam com ela. “Procuram qual a frase certa e acabam falando coisas que não ajudam. A gente se afasta desta angústia e não se permite elaborar a existência da finitude, que pode ser uma elaboração enriquecedora, que permite que se viva de forma autêntica e mais inteira. A morte é uma grande professora, mas a gente precisa ficar para ouvir a lição”, recomenda.

Nosso silêncio também ensurdece e, com frequência, adoece. O momento da partida, com toda a dor que isso envolve, pode ser mais bem vivido e compreendido se a sociedade, todos nós pudermos entender melhor o fim. Talvez encarar a morte como um novo começo; talvez envolvê-la com sentimentos de ternura e amor por quem partiu; talvez abraçando as causas que o outro deixou; escrevendo suas lembranças ou apenas dando e recebendo ombros e abraços para amparar.

Conheço muitas pessoas que conseguiram lindamente — e não sem sofrimento — ressignificar um momento de despedida. A maioria não se prepara para isso e, de fato, não existe ensaio antes de as cortinas fecharem. Mas o espetáculo continua para quem segue. Porque cada um é o protagonista de sua própria vida. É preciso refazer os cenários, os atos, dar nova leitura aos fatos. É preciso mexer no roteiro que fugiu do previsível e adaptar o texto para encaixar a dor e a saudade. Na nossa biografia, sempre haverá perdas.

Neste feriado de Finados, convido a uma reflexão e reproduzo o que já ouvi de muitos pais órfãos e amores sofridos de uma falta eterna: não tente limitar ou abreviar o luto de alguém; não indique soluções fáceis para preencher vazios profundos; não procure as palavras certas na hora de consolar, procure, antes, entender que esse momento chega para todos nós e que é preciso falar sobre isso com mais naturalidade ao longo da vida. Não é um preparo antecipado, é apenas um esforço para ser o humano que somos em toda a sua dimensão.

Correio Braziliense


terça-feira, 29 de setembro de 2020

Professora denuncia racismo em escola pública de Taguatinga

Correio Braziliense

A professora relata que a diretora começou a persegui-la e, em uma das vezes, chegou a dizer que ela teria que trabalhar em uma "senzala"

“Ela disse que eu iria dar aula na senzala. Na hora, não consegui reagir e, até hoje, estou abalada e precisando de acompanhamento médico.” Essa é a declaração da professora Vera Lucia Gomes da Silva, de 38 anos, que acusa a diretora de uma escola pública de Taguatinga de racismo. A situação teria ocorrido no início do ano e ela denunciou o ataque à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que abriu inquérito para apurar o caso.

[Comentando: mais uma denúncia de racismo, apresentada por uma suposta vítima, sem um fiapo de prova - seja documental, testemunhal ou mesmo factual.
Se tornou recorrente a apresentação de denúncias em delegacias de polícia de pessoas declarando que foram vítimas de racismo, por parte de um superior no trabalho, da polícia, sem apresentar a menor prova.

No caso em questão, a denunciante narrou toda uma história - ou  será estória?-  sem nada que sustente sua versão.
Sem parcialidade, o único ponto que poderia ser prova do suposto racismo, seria a devolução da professora Vera à Regional.
Mas a devolução, por insuficiência de desempenho, também pode ser usada como motivo para apresentação da denúncia - e já que tudo está no campo das conjeturas!!!.

A devolução da professora acusadora é procedimento que pode gerar desconforto para o professor devolvido, mas faz parte da condição 'professor temporário'.
Alguma coisa precisa ser feita, de forma a que denúncias sem provas, sem elementos de sustentação, sejam arquivadas na apresentação, e até eventual punição a quem denuncia por 'denunciação caluniosa'.
A polícia tem mais o que fazer, devendo evitar o desperdício de tempo investigando denúncias vazias.]

Vera contou ao Correio que os atos racistas denunciados começaram assim que ela entrou na escola, onde lecionava em contrato temporário. “Eu trabalhava em uma outra instituição de ensino e, por motivos de dinâmica, mudei para essa escola, que fica a menos de 300 metros da minha casa”, disse. Quando entrou na instituição, quem a recebeu foi a vice-diretora, segundo ela. “Era um ambiente muito agradável, onde fiz vários amigos e todos se davam bem. Até então, eu nunca tinha conhecido a diretora. Quando tive o primeiro contato com ela, me pareceu uma pessoa do bem, sem nenhum problema”, ressalta.

No entanto, a “perseguição” começou pouco tempo depois, denuncia. Como consta no boletim de ocorrência registrado na 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte), a diretora teria começado a chamar a professora de “negrinha” e “nega”, sempre na ausência da comunidade escolar. “Como dava aulas para crianças com deficiências múltiplas, eu praticamente não tinha tempo para ir ao banheiro, lanchar ou beber água. Foi quando solicitei para ela um monitor para me ajudar, mas ele não fazia as tarefas básicas. Só depois percebi que a diretora o colocou para me vigiar”, relatou.

Consequências 
Vera conta, ainda, que as perseguições não pararam por aí. “Uma vez, ela (diretora) chegou a falar para mim que eu iria dar aula em uma senzala. Tive uma crise de choro dentro da escola, a orientadora veio conversar comigo, mas eu estava abalada.”

Devido a isso, a docente chegou a faltar trabalho por uma semana pois, segundo ela, tinha medo da diretora e não conseguia sair de casa. Como Vera trabalha em contrato temporário, em 17 de junho, foi devolvida à Regional de Ensino. “O que fizeram comigo foi uma injustiça. Eu não sabia que essa mulher fosse capaz de destruir a minha vida dessa forma”, completou. Na ocorrência policial, Vera afirmou que a diretora alegou que o motivo para o desligamento seria a “desqualificação para o cargo, com uma avaliação de desempenho negativa”. “Agora, estou aqui, com uma ordem de despejo, sem emprego e com medo, muito medo”, finalizou.

Corregedoria apura o caso 
Por meio de nota oficial, a Secretaria de Educação informou que a Corregedoria abriu processo de apuração preliminar em relação à denúncia feita pela professora. “A pasta reafirma a sua missão educacional de assegurar o respeito à diversidade e à pluralidade na rede pública de ensino e, com isto, contribuir para que se propague em toda a sociedade”, disse no documento.

Ao Correio, o chefe da unidade regional de gestão de pessoas de Taguatinga, Sonildo Santos, disse que “nunca viu denúncia dessa natureza” na instituição de ensino. “Não podemos entrar nesse mérito, até porque nunca recebemos denúncia desse tipo dessa gestão em específico”, afirmou. A reportagem também procurou a diretora denunciada, mas não conseguiu contato até a mais recente atualização desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.

O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro) também se posicionou, por meio de um dos diretores, Bernardo Távora, que esclareceu que foi procurado por Vera, que o questionou sobre a devolução à regional. “Quando se é reprovado na avaliação, você é devolvido para o banco. Fornecemos a ela a assessoria jurídica e tentamos manter um atendimento humanizado. De qualquer forma, esperaremos a apuração dos fatos para nos posicionar”, alegou.

Cidades - Darcianne Diogo - Correio Braziliense