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quinta-feira, 28 de abril de 2016

Carta fora do baralho

Além de anunciar medidas que possam dar um “choque de animação” na economia, se vier a assumir cargo de presidente para completar o mandato de Dilma Rousseff, Michel Temer deve comunicar ao público em geral e aos políticos em particular que encerra por aí sua carreira de candidato a quaisquer cargos eletivos.

Ele recebeu o conselho de abrir mão de pretensões futuras de Nelson Jobim. O ex-ministro da Justiça, da Defesa e do Supremo Tribunal Federal apresentou a Temer uma série de pré-requisitos para obter êxito no possível comando da transição entre o impeachment e uma nova eleição. Esse foi um deles e que tem sido examinado com seriedade, pois, segundo seus aliados, seria fundamental dar um sinal de desprendimento pessoal a fim de pacificar os ânimos na política e na sociedade. Nessa percepção, tal desistência facilitaria as articulações tanto para a composição da equipe de governo quanto para a articulação de uma base parlamentar ampla, forte e fiel. Além de firmar diante do País uma boa impressão: a de que não pretenderia fazer uso eleitoral da Presidência.

Outros pontos do receituário de Jobim que foram aceitos com entusiasmo e, por isso, incorporados pelo vice e seu grupo, foram os seguintes: montar um ministério irretocável, não perseguir politicamente ninguém (leia-se PT) – retirando do dicionário a palavra “vingança” – e não tentar influenciar as eleições municipais e escolhas da candidatura presidencial em São Paulo, seu Estado de origem. Neste ponto, o ex-ministro Eliseu Padilha – cotado para a chefia da Casa Civil – vai mais longe adiantando que Temer não pode nem vai interferir em lugar algum, seja município ou Estado, para tentar favorecer o PMDB.
Não por altruísmo, mas por cálculo político. Levando em conta que vai precisar do apoio do maior número possível de partidos (fala-se numa base de 17 ou 18 legendas) Michel Temer não pode criar atrito com ninguém. Inclusive porque nem precisa. No PMDB tem gente de sobra para organizar as disputas eleitorais de forma favorável ao partido. Ainda no tema candidaturas, os peemedebistas mantém a ideia (na verdade, mais forte do que nunca) de concorrer à Presidência em 2018, coisa que não fazem há cerca de 20 anos.

Quanto ao programa de governo propriamente dito, a prioridade obviamente é a economia. A retomada da produção e, com isso geração de empregos. No grupo de Temer a isso dá-se o nome de “animação econômica”. Todos os integrantes da turma sabem que viradas em prazo curto são impossíveis, mas acreditam conseguir pôr em prática ações para estancar a queda da atividade econômica, a fim de colocá-la em “viés de alta”, e reunir apoio do Congresso para aprovar medidas necessárias ao ajuste fiscal.

Reformas estruturais (política e trabalhista), à exceção de alguma coisa na Previdência, ficam para um segundo momento ou para o próximo governo. Já uma reformulação na distribuição de receitas hoje concentradas na União, entre Estados e municípios está entre os assuntos considerados urgentes. Em resumo, serão três os eixos a serem enfrentados: economia, políticas sociais e infraestrutura.

No tocante aos nomes de prováveis integrantes do primeiro escalão pode até haver definições, mas são mantidas em sigilo. De realidade, o que existe é que hoje Romero Jucá seria o ministro do Planejamento; Henrique Meirelles da Fazenda; Temer preferindo José Serra na área social e decidido a consultar os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica antes de escolher o ministro da Defesa. Na Justiça, alguém que tenha especial sensibilidade para o tema dos Direitos Humanos. Carlos Ayres Britto, ex-ministro do STF, se encaixa no perfil e, embora não seja o único cogitado, é o preferido de gente influente junto a Michel Temer.


Fonte: Dora Kramer - O Estado de São Paulo

 

Decisão acertada - O Brasil é uma Nação Soberana e não precisa de inutilidades como MERCOSUL e UNASUL

A saída de senadores e deputados brasileiros da solenidade do Parlamento do Mercosul (Parlasul), em comemoração aos 25 anos da criação do bloco econômico, em Montevidéu, no Uruguai, foi a mais acertada em reação à postura do presidente da entidade, Jorge Taiana, diante da crise política pela qual passa o Brasil. O argentino Taiana dispensou tratamento inadequado aos representantes brasileiros na solenidade comemorativa. Dos 20 parlamentares presentes, 17 abandonaram a sessão plenária do Parlasul em discordância à decisão do presidente da entidade considerada "uma humilhação" pela maioria dos brasileiros. A delegação do Brasil foi posicionada na última fila do auditório onde seria realizada a solenidade, atrás de funcionários de segundo e terceiro escalões. Uma verdadeira inversão da hierarquia e bons modos.

Ligado por fortes laços com a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, Taiana faz parte do pelotão bolivariano
que ocupa postos estratégicos nos organismos internacionais do continente sul-americano. Um dia antes da plenária em comemoração à criação do Mercosul, o presidente do Parlasul, orgão de representação civil dos países-membros, divulgou nota oficial em que condena o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e omite opiniões que extrapolam a sua esfera de atuação. Chega ao ponto de dizer que o Brasil vive "situação escandalosa" e existe um golpe parlamentar em curso, "com a utilização forçada da lei do impeachment".

Diante do inusitado da situação criada pelo Sr. Taiana, a delegação parlamentar brasileira tem a intenção de cobrar do bolivariano kirchnerista uma explicação pela sua postura e pelas "palavras irresponsáveis" que usou ao contestar o processo de impeachment ora em curso durante a sessão plenária do Mercosul. O deputado Arthur Oliveira (PPS-BA) revelou que a delegação brasileira ficou surpreendida com as declarações de Taiana no site oficial do órgão de representação parlamentar dos países-membros do bloco econômico.

A tropa de choque do movimento bolivariano, criado pelo falecido presidente venezuelano Hugo Chávez, vem se movimentando em outros órgãos continentais para contestar o processo de impeachment em apreciação no Senado. Entre essas organizações está a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), presidida pelo não menos bolivariano Ernesto Samper. O colombiano prega a expulsão do Brasil da entidade caso o impeachment de Dilma Rousseff seja aprovado pelo parlamento brasileiro. Ele inclusive encontrou-se recentemente com a presidente para expressar-lhe solidariedade.

Indiferente a essas movimentações dos bolivarianos, ministros do Supremo Tribunal Federal, como nos últimos dias se manifestaram Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Celso de Mello, não deixam dúvidas de que o rito constitucional está sendo respeitado no processo de impedimento da presidente da República.


Fonte: EDITORIAL - CORREIO BRAZILIENSE

Só restou a truculência

A presidente Dilma Rousseff sofreu mais uma significativa derrota na tramitação do processo de impeachment no Congresso. A comissão do Senado que avalia o caso escolheu como relator o tucano Antonio Anastasia (MG), ligado ao presidente do PSDB, Aécio Neves. Os governistas tentaram de todas as formas impedir que Anastasia fosse eleito, mas o colegiado foi implacável: seu nome foi avalizado com apenas 5 votos contrários entre os 21 membros titulares, placar que reitera a galopante desvantagem de Dilma na luta contra o impeachment.

Essa desvantagem tende a crescer, porque o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em quem o Palácio do Planalto depositava a esperança de manipular o processo em seu favor, demonstrou indisposição para interferir nas escolhas da comissão e no prazo para a conclusão dos trabalhos, que a maioria oposicionista pretende encurtar. Os seguidos reveses de Dilma e do PT no campo institucional na Câmara, no Senado e no Supremo Tribunal Federal, que avalizou todo o processo de impeachment até aqui – certamente explicam o destempero do chefão petista Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou sua tropa para ir às ruas e desestabilizar um eventual governo de Michel Temer.

Sem argumentos legais ou políticos para derrubar o impeachment, já que o afastamento de Dilma é consenso entre os brasileiros e segue estritamente a previsão constitucional, Lula deixou de lado o pouco que lhe restava de responsabilidade e partiu para o ataque frontal às instituições.  Em encontro da Aliança Progressista, que reúne partidos de esquerda de várias partes do mundo, Lula disse que Dilma é vítima de “uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e uma verdadeira quadrilha legislativa, que implantou a agenda do caos”. Essa fraseque estava num discurso escrito, ou seja, não foi dita de forma impensada resume o atentado que Lula da Silva e seus comparsas estão dispostos a cometer contra a democracia no Brasil.
Incapaz de reunir os votos necessários para impedir o impeachment, nem mesmo depois de tentar comprar deputados num quarto de hotel em Brasília, Lula agora desqualifica o mesmo Congresso que lhe foi tão útil nesses anos todos – e que, acima de qualquer consideração sobre sua qualidade, foi eleito pelo voto direto e, portanto, é legítima representação popular.  No discurso, Lula disse também que o impeachment é uma “farsa” que “envergonha o Brasil aos olhos do mundo”, como se a grande vergonha brasileira não fosse a devastadora corrupção capitaneada pelo PT e seus acólitos, que gangrenou as estruturas do Estado, arruinou a Petrobrás e rebaixou a política nacional a um ordinário balcão de negócios.

O que se vê é Lula fazendo o possível para ampliar essa vergonha, lançando no exterior sua campanha para desacreditar as instituições democráticas. Àqueles dirigentes partidários estrangeiros, o chefão petista disse que “em todo o mundo há vozes responsáveis alertando para os riscos de um golpe de Estado no Brasil” e pediu aos colegas que “levem a seus países a mensagem de que a sociedade brasileira vai resistir ao golpe do impeachment”.

O problema, para Lula, é que sua voz já não tem o vigor dos tempos em que se julgava um grande líder mundial. A campanha movida por ele e por Dilma para sensibilizar governos e entidades mundo afora contra o tal “golpe” tem sido um completo fracasso. Nem mesmo a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), bloco de inspiração bolivariana, conseguiu aprovar alguma moção de repúdio ao impeachment.
Mas Lula não parece se importar com o vexame. [Lula veio do esgoto; pessoas do seu nível não se importam com vexame, sequer sabem o que é.] “As ameaças à democracia no Brasil e na América Latina dizem respeito a toda a comunidade mundial. Dizem respeito à luta entre civilização e barbárie”, disse o líder da tigrada. Ele tem razão: hoje, mais do que nunca, é preciso defender a civilização, calçada no respeito às leis, contra a barbárie, representada pela truculência daqueles que, por não terem mais um pingo de dignidade, não sabem perder.


 Fonte: O Estado de São Paulo
 

Renan joga pá de cal na tese golpista da nova eleição

“Qualquer cenário neste momento que signifique alterar a Constituição é muito difícil porque estamos vivendo um momento de crise, de conturbação política, econômica, e mudar a Constituição nesse momento é um consenso meio inatingível"

O fio de esperança do petismo destrambelhado e do marinismo oportunista já não existe. Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que esteve nesta quarta com Michel Temer (PMDB), vice-presidente, e com o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, se encarregou de jogar uma pá de cal na possibilidade de antecipar eleições.
Disse Renan: “Qualquer cenário neste momento que signifique alterar a Constituição é muito difícil porque estamos vivendo um momento de crise, de conturbação política, econômica, e mudar a Constituição nesse momento é um consenso meio inatingível”.

Essa talvez seja a ideia mais esdrúxula surgida no Brasil nos últimos anos. Não só pelo seu arreganhado oportunismo, mas também por sua escancarada inconstitucionalidade. Chega a ser espantoso que esse debate tenha prosperado sem que seus autores tenham se dado conta de que a proposta fere cláusula pétrea da Constituição, especificamente o Inciso II do Parágrafo 4º do Artigo 60.

A Carta Magna veta Propostas de Emenda Constitucional que alterem a periodicidade das eleições. “Ah, então o Brasil nunca poderá mudar uma eleição, estabelecendo, por exemplo, mandatos executivos de cinco anos, não de quatro?” Pode, claro! No bojo de uma reforma política e eleitoral, não para cassar mandatos. Também o presidente da Comissão Nacional de Direito Eleitoral da OAB, Erick Pereira, tachou a proposta de inconstitucional.

Ainda nesta terça, Lula esteve com Renan, e ambos teriam conversado sobre a possibilidade de se recorrer a um plebiscito para antecipar eleições. Bem, o dito-cujo poderia ser proposto por um terço dos parlamentares de uma das Casas ou por Decreto Legislativo. Ocorre que não se pode propor plebiscito sobre qualquer assunto. Os temas possíveis são aqueles atinentes às funções do Congresso, especificados no Artigo 49 da Constituição.

Sobraria a possibilidade de um projeto de lei de iniciativa popular. Mas qualquer alteração da data de eleições teria de ser feita por Proposta de Emenda Constitucional, não por projeto de lei. De todo modo, reitere-se, o Supremo certamente declararia a inconstitucionalidade da mudança se a besteira não fosse abortada antes.

Espero que a imprensa pare de perder tempo, energia e tinta com essa besteira. Se e quando o Brasil tiver um regime parlamentarista, então criaremos regras para a queda de gabinete, antecipação de eleições gerais etc. Enquanto o regime foi presidencialista, não será assim. E a Constituição prevê, no artigos 79, 80 e 81, a função do vice, em que circunstância ele substitui o titular definitivamente e em que hipótese se realizam eleições diretas ou indiretas caso ele também não possa mais exercer o cargo.

Renan afirmou que, no encontro que manteve com Michel Temer, defendeu a tese de que uma agenda para o país é mais importante que a distribuição de cargos. Ora, claro que sim! Mas me parece evidente que o agora vice tem de ter um governo definido tão logo Dilma seja afastada.  Renan afirmou também que não deve votar, em meados do mês que vem, quando vai presidir a sessão que apreciará o relatório da Comissão Especial do Impeachment. Por maioria simples — metade mais um dos presentes —, os senadores devem votar pela continuidade do processo, e Dilma deverá, então, ser afastada.

 Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo



Ruralista vai pedir a Temer intervenção do Exército em caso de invasões

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Marcos Montes (PSD-MG), disse que pretende incluir pedido de intervenção do Exército em caso de invasão de terras e bloqueios de estradas entre as propostas que irá entregar ao vice-presidente Michel Temer. Segundo ele, para isso seria necessária uma mudança na Constituição.
"Os Estados não suportam mais a confusão que às vezes se instala em suas regiões. Precisamos que esses movimentos não sejam mais municiados pelo governo, como tem ocorrido com o MST", disse ao chegar para uma reunião com Temer nesta quarta-feira, 27.

Para Montes, pedir essa intervenção não remete à ditadura militar. "Precisamos garantir o direito à propriedade", afirmou. Além da FPA, participam da reunião os presidentes das Confederações da Agricultura (CNA), da Indústria (CNI), das Cooperativas (CNCoop), de Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida (CNSeg) e de Saúde (CNS).

Fonte: Estadão 
 

Apenas caso de polícia

MTST faz atos em sete estados e no DF contra impeachment

[esses atos são baderna, vandalismo, contra baderneiros e vândalos se emprega a polícia usando a força necessária.] 

Protestos contra 'golpe' interditam vias e geram transtornos em 7 estados

Na cidade de São Paulo, há 14 pontos de interdição; Rio também tem protesto

Mais de 30 rodovias e avenidas do país foram bloqueadas na manhã desta quinta-feira pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que protestam contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e um eventual governo Michel Temer. [em 64 fizeram isto e foram derrotados; e os meios de repressão daquela época eram bem menos eficiente do que os atuais.] “O objetivo da mobilização é denunciar o golpe em curso no país e defender os direitos sociais, que entendemos estarem ameaçados pela agenda de retrocessos apresentada por Michel Temer caso assuma a presidência” , diz nota enviada pelo MTST.

Só em São Paulo, são 14 pontos de interdição, o maior deles nos sentidos lados da Rodovia Regis Bitencourt (Rodoanel), na altura de Taboão da Serra. Pneus e sacos de lixo foram queimados e o trânsito, interditado nos dois sentidos, provoca lentidão na cidade. Segundo o "G1", a cidade somava 156 km de vias congestionadas às 8h, no quarto pior trânsito da manhã na capital paulista em 2016. [São Paulo está acostumado a conviver com quase 300 km de vias congestionadas; a força policial tem total condição de controlar esses baderneiros - é só ordenar.]
 
No Rio de Janeiro, houve manifestação na entrada da ponte Rio-Niterói, na BR 101 e na Avenida Brasil, próximo a São Cristóvão. O MTST protesta ainda em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Ceará, Pernambuco e no Distrito Federal.  Ainda na cidade de São Paulo, os manifestantes fecharam a pista local da Marginal Tietê, próximo ao Sambódromo, na Zona Norte. Há bloqueio no Morumbi, Zona Sul, na Avenida Giovanni Gronchi. Duas pistas da rodovia Rodovia Raposo Tavares também foram fechadas.

Fonte: O Globo

Enterrar de novo o populismo

Os governos petistas sempre tiveram como meta fortalecer as estatais como o melhor meio de combater as propostas de privatização, reais ou imaginárias. Importante esta última ressalva porque, a rigor, privatizar a Petrobras nunca entrou na pauta política brasileira.

Mas isso não importava. Defender as estatais, eis o discurso básico do PT. O partido também procurou desmontar a tese implantada no governo FH, segundo a qual as companhias públicas deveriam ser administradas profissionalmente, quase como se fossem privadas, por executivos e quadros técnicos do setor.

Isso, dizia Lula, era neoliberalismo. Seria colocar as estatais a serviço do mercado e dos interesses privados. Vai daí, as estatais deveriam ser administradas pelos quadros partidários, pelos companheiros, para que fossem encaminhadas na direção correta. Essa direção era: ampliar as atividades e o alcance das estatais; objetivos políticos e sociais eram mais importantes que lucros ou valor de mercado; comprar e contratar no mercado nacional, mesmo que a preços mais caros.

Fizeram isso, com requintes de populismo, como o de entregar a administração de recursos humanos da Petrobras a representantes dos sindicatos de petroleiros. Quebraram a estatal. Vamos falar francamente: a Petrobras só não está em pedido de recuperação judicial porque é estatal. Todo mundo espera que, em algum momento, o governo imprima dinheiro para capitalizar a empresa.

A companhia tem problemas em todos os lados, inclusive de excesso de pessoal e de pessoal mais bem remunerado que no mercado. (Aliás, a ideia era exatamente essa). A Petrobras não quebrou apenas por corrupção. A causa maior é a péssima administração, consequência daqueles “princípios” estatistas.

Por isso estamos falando do assunto. O estatismo tem sido dominante entre nós. E ainda hoje, muita gente partilha daquelas ideias implantadas pelo PT. Diz esse pessoal: a coisa saiu mal por causa da incompetência dos governos Lula e Dilma, e não porque a tese seja errada. Esse é o grande risco que corremos. O modelo populista está errado, a doutrina estatista é origem do fracasso. Nem um gênio da gestão empresarial conseguiria evitar o desastre da Petrobras nesse processo em que foi lançada por Lula.

Vai daí que será preciso aproveitar a oportunidade para fazer o contrário, em tudo. Citamos mais a Petrobras porque é o caso mais notável. Imaginemos uma teoria conspirativa: um presidente neoliberal que tivesse a ideia macabra de quebrar a Petrobras para poder fechá-la e, assim, coloca-se uma equipe talhada para produzir o desastre. Pois não teria conseguido fazer o que a gestão petista aprontou.

Hoje, por exemplo, seria impossível privatizar a Petrobras — a menos que se vendesse a preço de banana. E por falar nisso, a ação da Petrobras não está mesmo valendo menos que um cacho de bananas?  Mas é possível — e absolutamente necessário — vender pedaços da Petrobras e privatizar um monte de ativos. E o que sobrar deve, sim, ser administrado por quadros do mercado, com regras de gestão privada.

O presidente da companhia também deveria ser procurado no mercado, inclusive no mercado internacional. Qual o problema de se colocar um executivo chinês ou norueguês tomando conta da Petrobras, conforme programas aprovados pelos conselhos? Isso vale para as demais estatais quebradas, como a Eletrobras.

E mais um programa de privatização não envergonhada. Quando percebeu que não tinha mais dinheiro nem competência para arrumar aeroportos, estradas, portos etc., o governo petista resolveu concedê-los à iniciativa privada. Mas como era feio privatizar, colocaram um monte de regras que tornaram o negócio menos atraente e mais caro para os concessionários.

Por isso, isso andou mal.  Fazendo o contrário, aqui há uma hipótese de rápida retomada de negócios. Muitas empresas médias, nacionais e estrangeiras, estão prontas para tomar o negócio das empreiteiras apanhadas na Lava-Jato. O que não funciona é privatizar e dizer que o concessionário não pode ganhar dinheiro ou só pode ganhar quanto o governo autorizar.

Tudo isso vale também para os bancos públicos. Todo o mercado desconfia que estão em situação pior do que no final dos anos 90, quando o governo FH precisou colocar um monte de dinheiro no BB e na Caixa.  A contrapartida foi a gestão profissional nesses bancos, também desmontada pelos governos petistas. Quebraram de novo.


A tristeza disso é que os governos Lula/Dilma estragaram o que estava pronto e funcionando. O que traz um certo ânimo é que sabemos o que precisa fazer: é só repetir a combinação privatização/profissionalização/equilíbrio das contas públicas. O país já havia conseguido enterrar o populismo estatizante. Ressuscitou. Agora é preciso corrigir o desastre e colocar esse populismo numa cova bem profunda, em algum cemitério privado, claro.

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - http://www.sardenberg.com.br/

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Chora, Lindbergh! PT fracassa em barrar relator tucano na comissão do impeachment



Blog comenta os melhores momentos da sessão tragicômica no Senado
O PT novamente fracassou em tirar a pá dos coveiros de Dilma Rousseff. Raimundo Lira (PMDB-PB) e Antônio Anastasia (PSDB-MG) foram confirmados nesta terça-feira como presidente e relator da comissão especial do impeachment no Senado.


Petistas e comunistas auxiliares choraram o quanto puderam contra a eleição do tucano Anastasia, mas prevaleceram as regras que eles tanto desprezam quando não lhes são favoráveis.

Comentei em tempo real no Twitter a sessão tragicômica.

Eis as tuitadas:
– Raimundo Lira (PMDB-PB) indefere questão de ordem contra relator: “Não há como dar interpretação ampliativa às hipóteses de suspeição”.
– Gleisi Hoffmann (PT-PR) resmunga contra relatoria de Antônio Anastasia (PSDB-MG) sem amparo no regimento. É mimimi para retardar o processo.

Quando petistas como Gleisi dizem que impeachment é grave, não uma sessão deliberativa qualquer, saibam: querem barrá-lo, atropelando a lei.
– Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) fala “no meu entendimento, no nosso entendimento”… Exatamente. Não é com base na literalidade das regras.

– Grazziotin, malandramente, cita caso de relator tido por suspeito no Conselho de Ética, como se regras para Conselho fossem as mesmas da Comissão.
Ronaldo Caiado (DEM-GO) diz que Raimundo Lira dá tempo demais para governistas se repetirem e mostra que omitiram trechos do acórdão do STF.

– Caiado refuta malandragem da comunista Grazziotin: Relator em Conselho de Ética é sorteado. Relator em Comissão de Impeachment é eleito. Exato. – Caiado: “Todos nós optamos pela decisão em bloco. O bloco é que tem que indicar. Nós temos a prerrogativa de indicar o relator.” Aceita, PT.

– Raimundo Lira coloca em votação o indeferimento da questão de ordem e declara aprovada a decisão da presidência (dele mesmo). Chora, PT.
– É patético: questão de ordem foi indeferida, indeferimento foi votado e aprovado, e Vanessa Grazziotin recorre… E perde na votação de novo!

– Cássio Cunha Lima (PSDB-PB): “Já estamos aqui a 2 horas e não conseguimos atingir o objetivo” da reunião. É “chicana” para “procrastinar”.
– Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) aponta incoerência do PT que tenta evitar tucano Anastasia como relator e aceita Raimundo (PMDB-PB) na presidência.
Alegação é que, se tem algum beneficiário direito do impeachment, é o PMDB de Raimundo, mas PT só reclama do relator do PSDB. Isso é amor…

– Cássio Cunha sobre mimimi do PT: “Implicância pura, birra, chicana”, tentativa de estourar o prazo de 180 dias para conclusão do julgamento.
– Lindbergh Farias (PT-RJ): “Nós aqui somos juízes” e “nós temos que dissecar o crime”. Finalmente, Lindbergh reconhece a existência do crime.
– Lindbergh Farias (PT-RJ) cita Barroso, prega seriedade que não tem, faz apelo para comissão ter relator governista… É o teatro do mimimi.

– Tom de Lindbergh Farias (PT-RJ) já é naturalmente de apelo, de menino mimado pedindo mais sorvete à mamãe. Quando apela de fato, só redobra.
– Lindbergh Farias (PT-RJ) mente de novo sobre New York Times contra “golpe” e senadores reagem: mundo inteiro cita petrolão e ele, não. Boa.

– Simone Tebet (PMDB-MS): “Anastasia não é amigo íntimo da presidente, nem inimigo capital.” Nega motivo de suspeição e orienta voto a favor.
– Humberto Costa (PT-PE) critica “quem quer ganhar debate no grito, com arrogância”: o que PT sempre fez. Orienta vota não ao relator. Mimimi.

– Cássio Cunha Lima (PSDB-PE) lê de novo hipóteses de suspeição previstas na lei (como consanguinidade). Nenhuma se enquadra ao relator.
– Cássio Cunha Lima (PSDB-PE): Base do governo faz apenas jogo político para tentar construir discurso mínimo com eleitorado que lhe restou.

– PT faz teatro para enganar trouxa com alegação de “golpe” enquanto tenta golpear leis e regimento do Senado para impedir eleição de relator.
– “Não existe nenhum impedimento legal nem regimental para que senador Anastasia seja relator desta comissão”, disse um senador do PSDB. Fato.

– Caiado: “Se PT e PCdoB discordam da forma como está sendo conduzido a comissão, que apresentem candidato. O relator deve ser eleito.”
– Caiado: “Conheço bem patrulhamento do PT, convivo com isso há 30 anos. Sou vacinado. Querem tumultuar processo e não vão conseguir.”

– Caiado: “Tentam desviar aquilo que a legislação, pela Lei do Impeachment, e o acórdão do STF definem. O rito está sendo seguido de forma correta.”
– Caiado: “Fica claro que isso na verdade é ação procrastinatória. Tentam ganhar tempo porque sabem que se trata de uma batalha perdida no Senado.”

– Zezé Perrella (PTB-MG): “Se fosse eu, eles diriam que não pode porque sou amigo do Aécio. Eles só aceitariam [o relator] se fosse alguém deles.” Claro.
– Ronaldo Caiado (DEM-GO), Zezé Perrella (PTB-MG), Cristovam Buarque (PPS-DF) e Magno Malta (PR-ES) orientam voto SIM para Anastasia relator.

– Magno Malta (PR-ES) arranca risos: “PT não precisa se preocupar porque o relatório não vai doer. Olha o nome do relator: Antônio AnEstesia”.
– Ana Amélia (PP-RS) diz que PT defendia impeachment em 1992 e hoje chama de “golpe”, mas todas as etapas vêm sendo cumpridas. Sim ao relator.

– Álvaro Dias (PV-PR) repete o que disse na sessão de segunda-feira (25) e encaminha voto sim para Anastasia relator.
– Ana Amélia (PP-RS) diz que PT defendia impeachment em 1992 e hoje chama de “golpe”, mas todas as etapas vêm sendo cumpridas. Sim ao relator.

– No desespero, Lindbergh Farias (PT-RJ) acusa Aécio Neves (PSDB-MG) de ser o culpado pela crise (que Dilma provocou, claro). Senadores riem.
– Lindbergh Farias (PT-RJ) manifesta sua inconformidade com escolha do relator tucano e encaminha voto “não”. Mamãe não deu mais sorvete.

– Raimundo Lira coloca em votação e declara aprovado o nome de Antônio Anastasia, com apenas 5 votos contra. Perdeu, PT. Aceita que dói menos.
– Raimundo Lira convoca Antônio Anastasia para a mesa e ele assume o posto, agradecendo muito “a confiança dos meus pares”. PT é ímpar.

– Antônio Anastasia (PSDB-MG) reitera a responsabilidade com que vai desempenhar sua função de relator da comissão do impeachment no Senado.
– Antônio Anastasia (PSDB-MG): “Acresço tão somente um esclarecimento ao senador Lindbergh – que não fui secretário de Miguel Reale.” Aprende.

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