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domingo, 28 de agosto de 2016

O adeus da feroz torturadora da verdade e do idioma

Neste 29 de agosto, o país verá em ação a Dilma que diz frases sem pé nem cabeça até quando lê e a Dilma que não diz coisa com coisa quando desanda no improviso

A pior oradora de todos os tempos protagoniza derrapagens espetaculares até quando está lendo discursos encomendados a quem consegue juntar sujeito e predicado. Foi assim em dezembro de 2009, durante a Conferência do Clima promovida em Copenhague, quando a chefe da Casa Civil do governo Lula surpreendeu o mundo com a notícia assombrosa: “O meio ambiente é, sem dúvida, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável”, recitou Dilma Rousseff sem tirar os olhos do papel. E foi em frente. Como não se corrigiu, não se explicou e nem pediu desculpas, continua valendo o que disse.
 Dilma define: "Casa" 

Em agosto de 2013, numa visita a Campinas, Dilma começou a ler à tarde o discurso escrito para ser lido à noite. Ela contava a sofrida saga de “uma mulher que estudou até a quinta série do curso fundamental porque vivia na roça com mais nove irmãos e não teve condições de continuá estudandoquando se deu conta de que aquilo era para mais tarde. 

“Mas essa mulher eu vou tratá dela no próximo… na próxima cerimônia que eu vou participá aqui em Campinas que é a formação do Bolsa Família”, informou. Dado o aviso, desandou a explicar por que “a casa própia é muito importante”. Isso mesmo: “própia”.
Se a Dilma dos discursos escritos é uma oradora de alta periculosidade, a Dilma dos palavrórios de improviso é uma selvagem serial killer da retórica. Neste 29 de agosto, a transmissão pela TV Senado do depoimento da presidente agonizante permitirá que milhões de brasileiros acompanhem ao vivo a primeira e última apresentação conjunta dessas duas Dilmas. A que diz frases sem pé nem cabeça até quando lê vai caprichar num falatório fantasiado de Auto da Injustiçada. A que não diz coisa com coisa quando improvisa vai responder a perguntas dos senadores.
Dilma define ponte
 
Dilma garante que foi ela quem resolveu defender-se pessoalmente no Senado. Como nenhum dos áulicos que seguem frequentando o palácio assombrado ousou apresentar-lhe os perigos da ideia de jerico, a performance da segunda-feira vai atestar que o impeachment livrará o Brasil, simultaneamente, de uma recordista mundial de incompetência, de uma mentirosa compulsiva e de uma torturadora da língua portuguesa.

Ela seria poupada desse vexame derradeiro se a missão impossível fosse repassada aos senadores que permanecem a bordo da embarcação condenada cujo piloto é José Eduardo Cardozo. O texto que inunda com lágrimas de esguicho os golpistas cruéis, por exemplo, deveria ser berrado por Lindbergh Farias, uma gritaria a serviço da pouca vergonha. As réplicas aos senadores favoráveis ao impeachment ficariam por conta dos integrantes da tropa, devidamente municiados com vídeos que registram alguns dos melhores piores momentos da chefe.
Mandioca + mulher sapiens

Gleisi Hoffmann cuidaria de mostrar que a presidente reincidiu em pedaladas criminosas por ter compreendido que a Lei de Responsabilidade Fiscal é mesquinharia de avarento shakespeariano diante da grandiosidade de um Minha Casa, Minha Vida. Vale tudo para impedir que tão esplêndido programa definhe por falta de verbas — até raspar o cofre do Banco do Brasil. Quem discordar de Gleisi será calado pela exibição do vídeo em que Dilma ensina que uma casa é muito mais que uma casa: “Porque casa é primeiro sinônimo de segurança. Casa, depois, é sinônimo de uma outra coisa muito importante. Um lugar para a gente construir laços afetivos. É ali na casa que o pai e a mãe amam as crianças, dão instruções para as crianças, educam as crianças… e os jovens. É ali na casa também que cumeça… né? Os encontros, os namoros, os noivados, os casamentos”.

 Em seguida, Vanessa Grazziotin explicaria que a gastança ilegal com obras de infraestrutura só é coisa de meliante juramentado aos olhos de gente que não sabe direito, por exemplo, para que serve uma ponte. É só ouvir o que a presidente diz no vídeo: “Por que o que que é uma ponte? Uma ponte é geralmente, e é algo que nós devemos nos inspirar, porque uma ponte é um símbolo muito forte. Pensem comigo, uma ponte ela une, uma ponte fortalece, uma ponte junta energia, uma ponte permite que você supere obstáculos”.

Kátia Abreu provaria que só uma estadista dotada de um sexto sentido pode enxergar as coisas que só Dilma vê — quem mais seria capaz de ver um cachorro oculto por trás de cada criança? No desfecho da contra-ofensiva, Humberto Costa apresentaria o vídeo em que a Mãe do Brasil Maravilha, numa única frase, saúda a mandioca, exalta o milho e anuncia a descoberta da mulher sapiens.

O show do quinteto de patetas faria mais que abreviar em algumas horas o desfecho da chanchada do impeachment. Também obrigaria a nação a apressar a caça a respostas exigidas por duas perguntas perturbadoras. Como pôde o Brasil eleger e reeleger um poste fabricado pelo farsante que oficializou a celebração da ignorância? E como conseguiu o país sobreviver a figuras assim?

Fonte: Coluna do Augusto Nunes

 

Se fossem senadores, 65% dos brasileiros votariam "Fora, Dilma!"

Quem deve governar o País?

Resignada com o próprio infortúnio político, a presidente afastada Dilma Rousseff acalentou uma última aspiração nos dias antecedentes à derradeira votação do impeachment: ela não gostaria de terminar como Fernando Collor, em 1992. Cortejado por meia dúzia de auxiliares, o ex-presidente foi compelido a deixar o Palácio do Planalto por uma porta lateral, de onde seguiu até o helicóptero presidencial debaixo de vaias. Ao piloto da Aeronáutica, Collor arriscou emitir uma última ordem. Como resposta, recebeu um rotundo “não”. Pressentira ali o epílogo de sua melancólica passagem pelo poder. [cabe aqui uma ressalva: há um certo exagero na classificação do comportamento do piloto; quando Collor solicitou que alterasse um pouco o trajeto até a Casa da Dinda, foi informado que o 'plano de vôo' e o combustível contemplava unicamente o trajeto Planalto x Dinda.
Pelas normas legais um 'plano de vôo' não pode ser alterado sem que uma série de exigências sejam seguidas ou em situação de emergência extrema.]



“Acho que Temer faz parte de um processo transitório e que o mercado, a economia e até o próprio cenário internacional receberam o nome dele de maneira muito positiva” Ana Paula Henkel, 44 anos, ex-jogadora de vôlei da seleção brasileira

DOBRO DO APOIO EM 100 DIAS
O protocolo do adeus e as circunstâncias políticas atuais podem até impedir a reprise do episódio, mas – como Collor Dilma não deixará saudades. A maioria dos brasileiros continua a apoiar o impeachment, prefere o presidente em exercício Michel Temer a ela e vislumbra um horizonte de esperança a partir da saída da petista do poder. São as principais conclusões de um levantamento realizado entre os dias 20 e 24 de agosto pelo instituto Paraná Pesquisas, a pedido da revista ISTOÉ (Clique AQUI para a pesquisa completa). Às vésperas do último ato no Senado para o afastamento definitivo, a pesquisa exibe um cenário tétrico para Dilma. Segundo a amostragem, 65,5% dos brasileiros, se fossem senadores e tivessem de comparecer à sessão marcada para terça-feira 30, votariam pelo “Fora, Dilma”. 


Apenas 29,5% diriam “não” à cassação. Confrontada em outra pergunta com a única opção em jogo durante a apreciação do impeachment, ou seja, se quem deve governar o País dali em diante é Dilma ou Temer, a maioria optou pelo presidente em exercício do PMDB: 41,2%. A petista aparece com 21,9%. Ou seja, em 100 dias de governo, Temer já ostenta quase o dobro da preferência dos brasileiros para governar no País em relação à Dilma Rousseff.

Espontaneamente, 34,7% responderam “nenhum dos dois”. O pior índice de Dilma foi registrado na região Sul: 17,7%. O melhor no Nordeste: 32,3%. Mesmo assim, ela não bateria Temer na região, tradicional reduto petista. O peemedebista teria a preferência de 34,7% dos nordestinos. Já Temer obteve o melhor desempenho nas regiões Norte/Centro-Oeste: 46,2%.

Em sintonia com a consolidação de uma maioria favorável ao “Fora, Dilma” e com a preferência por Temer, o levantamento indica um otimismo com o novo Brasil a emergir no pós-cassação. 

Ler íntegra da matéria >>>>>


A baixaria dos juízes do Senado

Lewandowski pediu uma “forma cortês” de falar. Mas o que se viu foi uma baixaria digna dos piores BBBs 

Começou mal o julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff, acusada de crimes de responsabilidade fiscal que contribuíram para jogar o Brasil no atual descalabro econômico. A baixaria explícita se instalou na Casa mais alta de nossa República. Era de esperar. Suas Excelências se acham acima do bem e do mal e transformam um julgamento histórico em briga de rua.


Os xingamentos mútuos, puxados pela porta-bandeira Gleisi Hoffmann, retrucados pelo mestre-sala do DEM Ronaldo Caiado e incendiados pelo puxador do samba do PT Lindbergh Farias, foram contidos a custo pelo ministro Ricardo Lewandowski, que parecia atônito diante da desobediência e incivilidade dos excelentíssimos senadores, que se acusaram de imorais, drogados, assaltantes e exploradores.  “Qual é a moral deste Senado para julgar a presidente da República? Qual é a moral que têm os senadores aqui, para dizer que ela é culpada, para cassar?”, gritou Gleisi ao microfone. [Gleisi fez  a indagação baseada em sua própria condição, que  é investigada pela prática de crimes e a qualquer momento pode ser denunciada. Como é possível que uma acusada de crimes, sob investigação e esposa de um assaltante possa julgar alguém?] “Não sou assaltante de aposentado”, retrucou Caiado, referindo-se ao ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi, acusado de fraudar empréstimos consignados. “Você é [assaltante] de trabalhador escravo”, afirmou Gleisi, abandonando o tratamento de “senhor”. Lindbergh saiu em defesa de Gleisi chamando Caiado de “canalha”, apoiado por bicheiros. Caiado mandou Lindbergh fazer exame antidoping porque o Senado não era lugar para ficar cheirando”.

Foi um espetáculo vergonhoso, que só não saiu totalmente de controle devido à serenidade do ministro Lewandowski. Ficou claro que jamais o senador Renan Calheiros ou qualquer outro político teria autoridade para acalmar os ânimos. A baixaria digna dos piores BBBs aconteceu apesar dos alertas. No início da sessão, Lewandowski orientou que os senadores agissem como “verdadeiros juízes”. Pediu que adotassem uma “forma cortês” de falar, “polida, respeitosa”, sem violar “a honra” ou “o decoro”. E quis também o impossível: que os senadores-juízes abandonassem “opções ideológicas, preferências políticas e inclinações pessoais”, para se ater a aspectos técnicos. 

Pode ser que, diante da repercussão negativa, os pitbulls de um lado e de outro resolvam se comportar e engulam os gritos de guerra. É irônico que o único personagem a ser rebaixado – de testemunha de acusação a “informante” –, Júlio Marcelo, procurador do Ministério Público no Tribunal de Contas da União (TCU), tenha sido o mais sereno, o mais articulado, sem ceder em momento algum a qualquer provocação, especialmente do advogado e ex-ministro José Eduardo Cardozo.

Júlio Marcelo foi rebaixado a pedido do PT, por não ser isento, já que apoiara pelas redes sociais uma manifestação pró-impeachment. Mas foram despidas de paixão suas respostas sobre as pedaladas fiscais de Dilma, as mentiras na campanha de reeleição e o papel concreto da presidente no (des)comando das estatais e da economia. Uma aula para quem deseja realmente entender por que, hoje, o brasileiro é obrigado a cortar plano de saúde e escola particular, por que já faltam alimentos e remédios na praça, por que as pequenas empresas estão endividadas ou fechando e por que os mais pobres sofrem uma taxa de desemprego de 20,6%.

Dilma foi um terremoto. Era para ser um poste passageiro instalado por Lula, à revelia do próprio PT, era para ser uma transição num país com as contas em dia. Era para Dilma ser mãe do PACo, Programa de Aceleração do Crescimento, mas virou mãe do PAQ, Programa de Aceleração da Queda, como escrevi aqui há três anos. Foi quando começou a cair a máscara do assistencialismo sem futuro. O país foi às ruas contra os políticos que arrombavam cofres, depredavam nossa autoestima e vandalizavam nossa economia. A presidente eleita, hoje ré, pede que tenham pena dela e se compara a Getúlio Vargas.

É válido o argumento de que o então vice-presidente Michel Temer não poderia se eximir de culpa. Nem ele nem muito menos o PMDB, o maior aliado dos governos petistas. Mas alegar inocência de Dilma é coisa de militante cego. Achar que Dilma não sabia nada do aparelhamento nas estatais, da promiscuidade com empreiteiras, dos superfaturamentos milionários, das escaramuças no Orçamento com fins eleitorais é uma ofensa até a ela, que sempre fez questão de centralizar todas as decisões.

Aparentemente, o PT também já abandonou a presidente afastada. Às vésperas do julgamento do impeachment, a executiva do PT rejeitou em peso, por 14 votos a 2, a proposta de Dilma de um plebiscito para antecipar as eleições presidenciais de 2018. O Partido dos Trabalhadores quer mais tempo para que o desastre dilmês passe a entrar na conta do PMDB e Lula tente voltar em 2018, prometendo o que não fez na era petista: saúde, segurança e educação de qualidade para todos. Alguém voltará a prometer ética na política?

Fonte: Ruth de Aquino - Época

 

A pergunta que Janaína Paschoal não fará a Dilma na segunda-feira



Ela diz que gostaria de saber por que R$ 50 bilhões foram mandados sob sigilo para outros países durante o governo do PT

jurista Janaína Paschoal (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A jurista Janaína Paschoal (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Coautora do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a advogada Janaína Paschoal acredita que não terá a chance de perguntar a Dilma na segunda-feira (29), no Senado, por qual motivo R$ 50 bilhões foram enviados a outros países, inclusive ditaduras, sob sigilo durante a gestão petista. Janaína admite que a pergunta não se enquadra no escopo do impeachment que está em discussão.

Para quem acha que Janaína vai bater boca com Dilma, ela afirma: “Vou fazer as perguntas que se mostrarem necessárias, se for necessário”.


Fonte: Época
 

 

O Epílogo

No derradeiro ato da saga de destruição deixada por Dilma o País ainda terá de assistir ao seu repisar de delírios. Nesta segunda, 29, ela vai ao Parlamento para dar, de novo, sua versão colorizada dos fatos. A mandatária afastada fala em golpe, mas estará na tribuna do Senado para discursar livremente, sem coações ou perseguições, em sessão dirigida pelo presidente do Supremo Tribunal, compondo lado a lado com os demais chefes dos três poderes – após esgotadas inúmeras fases de apelações e arguições de seus defensores. Tudo dentro dos ritos da lei e do estado democrático de direito. Um contrassenso bizarro que nessas circunstâncias ela cogite levantar a bandeira de golpe. Mas para Dilma não importa. Vale a versão, não os fatos. 

A detentora de um dos maiores índices de rejeição de que se tem notícia na história vai reclamar que 81 parlamentares daquela casa congressual não têm o direito de lhe tirar do cargo outorgado por 54 milhões de eleitores em um colégio de 110 milhões de brasileiros. Deixará de lado, propositalmente, a evidência de que esse apoio virou pó. Foi dilapidado por ela logo após assumir, através de um estelionato eleitoral escancarado. Mas para Dilma não importa. Vale a versão, não os fatos. A ex-chefe da Nação vai dizer que não cometeu crime algum – “Estão me condenando por algo fantástico, que é um não crime”, já reclamou a uma plateia de militantes e deve voltar a repetir na plenária-, como se a prática das pedaladas, pelas quais é julgada, não estivessem tipificadas na Constituição como crimes de responsabilidade fiscal. Mas para Dilma não importa. Vale a versão, não os fatos. 

A presidente que já foi retirada há mais de 100 dias do poder irá propor um plebiscito por eleições antecipadas, mesmo sabendo que não existe tempo hábil para isso antes do escrutínio de 2018 e que, no seu íntimo, guarde a convicção de que não levará adiante a ideia, até porque seu próprio partido PT rechaçou a possibilidade. Mas para Dilma não importa. Vale a versão, não os fatos. A comandante do Executivo que tratava os subordinados como meros capachos, tiranizando a relação – independente das alianças políticas estratégicas que eles representavam na base de seu governo -, agora tenta intimidá-los, insinuando a pecha de traidores a muitos deles. É que vários desses antigos colaboradores, como oito ex-ministros, estarão na votação final, na condição de juízes do processo que deve condená-la, e já se mostraram favoráveis ao seu afastamento. 

Mais do que ninguém, sabem o que ocorreu de errado intramuros do Planalto. Foram eles os traídos por um projeto de poder esquizofrênico, e não o contrário. Mas para Dilma não importa. Vale a versão, não os fatos. Ao antigo vice e companheiro de chapa, Michel Temer, ela reserva a pecha de “usurpador golpista”, muito embora seja dele, por direito, a atribuição de substituí-la, de acordo com os preceitos legais. Mas para Dilma não importa. Vale a versão, não os fatos. Independente de suas fanfarrices, o impeachment deve se materializar. Pela esmagadora vontade dos cidadãos, que escolhe seus representantes, e diante das evidências de malfeitos em profusão, os senhores senadores estão no dever de depô-la, encerrando uma tenebrosa etapa de 13 anos de desmandos petistas que arruinaram com a economia e a hombridade nacionais.  

Afinal, a permanecer na toada de esbórnia administrativa sem limites que Dilma, Lula & Cia. vinham impondo à sociedade e ao aparato público em especial – na qual as manipulações contábeis eram apenas um detalhe –, o Brasil logo estaria devastado, sem chances de salvação. Na exposição de justificativas, nessa segunda, 29, Dilma pode (como almeja) construir uma narrativa de saída, colocando-se no papel de vítima. As imprecações que vai cometer, como é de seu feitio, precisam ser analisadas à luz desse contexto. Tal encenação, no entanto, não pode lhe livrar do ostracismo ou até mesmo da cadeia mais adiante, dentro de um desfecho tão esperado como inevitável. Seria o epílogo ideal, sem ressalvas, do mais irresponsável e aflitivo mandato presidencial de nossa história, cujo legado todos querem esquecer.

Fonte: Editorial - IstoÉ

 

Lula toma na testa

Defesa de Lula abre o flanco e toma na testa: ex-presidente sabia de tudo

Advogados do ex-presidente tentam tirar caso do tríplex da força-tarefa e se dão mal

A defesa de Lula faça o que quiser para tentar livrar o seu cliente das malhas da lei, mas há coisas que são francamente contraproducentes e, de certo modo, incompreensíveis numa defesa profissional.  Os advogados de Lula recorreram ao juiz Sergio Moro com um recurso chamado “exceção de incompetência”. Alegam que o caso do tríplex do Guarujá não pode ser investigado pela força-tarefa da Lava-Jato porque os eventos se deram em São Paulo, e outro seria o juizado.

Pois é… Em casos assim, o juiz é obrigado a ouvir a opinião do Ministério Público Federal. Foi o que fez o juiz Sergio Moro.  Num documento de 70 páginas, os procuradores afirmam que Lula conhecia o esquema criminoso que se chama, por aí, de petrolão e que era seu beneficiário direto e indireto.  Depois de estabelecer os vínculos entre o tríplex do Guarujá e o esquema criminoso vigente na Petrobras, por intermédio da OAS, os procuradores alegam que não havia como Lula não saber do rolo uma vez que seus operadores, no mais das vezes, eram pessoas de sua confiança.

Aqui cumpre lembrar uma coisa: a ordem jurídica brasileira admite as chamadas provas indiciárias, presentes no Artigo 239 do Código de Processo Penal desde 1941. Lá se lê o seguinte:  “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”.

Vale dizer: um juiz não precisa das digitais do réu no fato criminoso quando todas as circunstâncias apontam para a autoria ou a participação no crime.

Isso não se confunde com a “teoria do domínio do fato” ou com a chamada “responsabilização objetiva”, que consistiria em condenar alguém só porque exerce um cargo de mando…  Estamos diante de outro caso. Os vínculos da OAS com o esquema de assalto à Petrobras estão evidenciados e, em boa medida, já foram confessados. A empreiteira efetivamente empreendeu melhorias no tal tríplex que, vamos dizer, serviu à família de Lula por algum tempo e que, agora, ele diz não lhe pertencer. Não se trata ainda de antecipar a culpa. Isso caberá à Justiça. Mas não vejo por que o caso não deva ser investigado pela força-tarefa.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

 

A semana mais tensa de Dilma Rousseff

Perto do desfecho, Dilma atua para documentaristas e se concentra em representar o papel de vítima de um golpe 


Claquete! “Companheirada, o comboio presidencial já chegou. Vamos receber a presidenta”, anuncia um integrante da Frente Brasil Popular às 20h15 da quarta-feira, dia 24. 

Dilma Rousseff chegava ao Teatro dos Bancários, na Asa Sul de Brasília, onde militantes e apoiadores a esperavam havia mais de uma hora em um espaço apertado. A trilha sonora remontava à campanha presidencial de 2014, com o jingle “Coração valente” pela voz da pequena baiana Giovanna Lima, que gravou a melodia quando tinha 7 anos. O tema foi tocado em looping ao longo do evento e interrompido apenas por poucos instantes. Dilma estava em cena, literalmentenão mais para se manter no Planalto, mas como intérprete de uma narrativa que ela deseja que se torne viral após o impeachment. Ali, em um ambiente fechado, controlado, com decoração avermelhada, aconteceria um comício cenográfico, artificial, no qual Dilma buscava com seus olhares as câmeras, não a plateia. A presidente da República já deixara de existir; surgia a atriz protagonista de um documentário sobre o “golpe”.


Com o propósito de que sua história seja contada, e mantendo desconfiança extrema em relação à imprensa, Dilma autorizou há dois meses que documentaristas filmassem seu cotidiano no Palácio da Alvorada, onde cumpre seu retiro desde abril, e em comícios de estufa. Desde então, quatro equipes, de Anna Muylaert e Lô Politi (ex-colega do marqueteiro petista preso, João Santana, em uma campanha de Dilma), Petra Costa, Maria Augusta Ramos e Douglas Duarte, filmam seu cotidiano. Dilma exigiu que as equipes estivessem no Senado Federal, para onde planejou o ato clímax de sua narrativa, previsto para a segunda-feira, dia 29: a defesa que fará pessoalmente de seu mandato. 

Com o cenário dado do impeachment, Dilma transmitiu que quer entrar para a história como a “primeira mulher eleita presidente do Brasil” e como “vítima de um golpe”. Não quer parecer Fernando Collor, que renunciou às vésperas de sofrer um impeachment em 1992 e terminou isolado, com fama de “explosivo” e de alguém que desistiu de lutar. Dilma tem extrema dificuldade em reconhecer publicamente seus erros, como a aversão à política, o jeito durão, a obsessão centralizadora e a inexperiência política que impossibilitou o diálogo com o Congresso e o PT. Prefere atribuir o fim de seu governo única e exclusivamente a um “golpe parlamentar” orquestrado por traidores e apoiado pela “elite conservadora do país” e por “segmentos da mídia”. Sem nunca mencionar que os deputados e senadores que a julgam foram eleitos democraticamente e representam a população tanto quanto ela.

Foi nesse tom que Dilma se apresentou no ato que antecedeu o início do julgamento final do impeachment. Não se viu ali uma tentativa de incendiar a militância para lutar por sua volta ao poder, resgatar o “projeto do PT” e a marca dos 13 anos do partido no governo. A única imagem estampada era de Dilma. Os discursos também pouco, ou quase nada, lembraram Lula e o reinado do PT no Planalto. Ao fundo do pequeno palco, de onde fez o que deve ser um de seus últimos discursos na condição de presidente, surgiu o velho recurso da retomada de um passado heroico: uma foto de sua prisão em 1970 durante a ditadura militar foi estampada perto da palavra “Democracia” e a frase “Quem resistiu ao golpe militar, resistirá ao golpe parlamentar”. A plateia tem capacidade para 474 pessoas e foi preenchida com o vermelho do PT e dos movimentos sociais aliados, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o braço sindical do PT, e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que ajudaram a organizar o evento por meio do movimento Frente Brasil Popular. Faixas de “Volta, Dilma”, “Fora,Temer” e militantes envoltos em bandeiras da campanha de dois anos atrás com o nome de Michel Temer riscado deram conta de atualizar o que mudou da campanha de 2014 para cá: Temer virou persona non grata desde que o impeachment avançou e ele assumiu interinamente o Palácio do Planalto em maio.

>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana

 

A delação que Janot jogou no lixo

VEJA - Exclusivo: a delação que Janot jogou no lixo

PGR anula acordo do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, descartando revelações pesadíssimas contra Lula - e que mencionam também Dilma, Aécio e Serra

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tomou a decisão mais controversa da Operação Lava-Jato na semana passada. Diante da repercussão da reportagem de capa de VEJA, Janot informou que as negociações de delação do empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, estão encerradas. O vasto material produzido ao longo de cinco meses de tratativas entre a Procuradoria e o empreiteiro foi enviado para o incinerador, eliminando uma das mais aguardadas confissões sobre o escândalo de corrupção na Petrobras.

Para quem vive atormentado desde 2014, quando surgiu a Lava-­Jato, a decisão de Janot representa um alívio ou até a salvação. Léo Pinheiro se preparava para contar os detalhes de mais de uma década de simbiose entre o poder e a corrupção. Em troca de uma redução de pena, o empreiteiro ofereceu aos investigadores um calhamaço com mais de setenta anexos. São capítulos que mostram como a corrupção se apoderou do Estado em diversos níveis.

VEJA teve acesso ao conteúdo integral de sete anexos que o procurador-­geral decidiu jogar no lixo. Eles mencionam o ex-­presi­den­te Lula, a campanha à reeleição da presidente afastada Dilma Rousseff e, ainda, dois expoentes do tucanato, o senador Aécio Neves e o ministro José Serra. A gravidade das acusações é variável. Para Lula, por exemplo, as revelações de Léo Pinheiro são letais. Lula é retratado como um presidente corrupto que se abastecia de propinas da OAS para despesas pessoais. O relato do empreiteiro traz à tona algo de que todo mundo já desconfiava, mas que ninguém jamais confirmara: Lula é o verdadeiro dono do famoso tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo comprado, reformado e mobiliado com dinheiro de uma conta em que a OAS controlava as propinas devidas ao PT.

O tríplex do Edifício Solaris é o tema de um dos anexos que narram crimes praticados pelo ex-presidente. O empreiteiro conta que, em 2010, soube, por intermédio de João Vaccari, então tesoureiro do PT, que Lula teria interesse em ficar com o imóvel no prédio. Vaccari, que está preso, pediu ao empreiteiro que reservasse a cobertura para o ex-presidente. Não perguntou o preço. E quem pagou? Léo Pinheiro responde: “Ficou acertado com Vaccari que esse apartamento seria abatido dos créditos que o PT tinha a receber por conta de propinas em obras da OAS na Petrobras”. Ou seja: dinheiro de propina pagou esse pequeno luxo da família Lula. Para transformar o que era um dúplex em um tríplex mobiliado, a conta, segundo a perícia, ficou em pouco mais de1 milhão de reais. Pinheiro esclarece até mesmo se Lula sabia que seu tríplex era produto de desvios da Petrobras. “Perguntei para João Vaccari se o ex-presidente Lula tinha conhecimento do fato, e ele respondeu positivamente”, diz o anexo.

Para ler a reportagem na íntegra, compre a edição desta semana de VEJA no iOS, Android ou nas bancas. E aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no iba clube.

Procuradores preparam denúncia contra Lula por tríplex e sítio

Ex-presidente da OAS cita ex-presidente, Dilma, Aécio e Serra, diz revista

Os procuradores da Operação Lava-Jato já estão preparando denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por supostos crimes cometidos em transações relacionadas ao tríplex do edifício Solaris, em Guarujá, e ao sítio em Atibaia, segundo disse ao GLOBO uma fonte que acompanha o caso de perto. Não está decidido, no entanto, se Lula será denunciado por corrupção passiva, ocultação de patrimônio ou lavagem de dinheiro, ou pelos três crimes em conjunto. Para investigadores, as provas são suficientes para apresentar acusação formal contra o ex-presidente à Justiça Federal, mesmo sem a propalada delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. 
 Para investigadores, as informações recolhidas desde o início das investigações são indícios contundentes de que Lula é o verdadeiro dono do sítio em Atibaia. A propriedade está registrada em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuana. Mas, para o Ministério Público, os dois seriam apenas testas de ferro do ex-presidente.  Os investigadores entendem que Lula e a mulher Marisa Letícia não teriam mandado fazer reformas, enviar parte da mudança e frequentar com regularidade o sítio se não fossem proprietários do imóvel. Para eles, Lula e Marisa estavam no completo usufruto da propriedade até o caso ter se tornado público durante as investigações da Lava-Jato. No entanto, apesar de a ex-primeira-dama ter sido indiciada pela Polícia Federal, os procuradores ainda não decidiram se irão denunciá-la, já que ela não tinha cargo público. 

Segundo um investigador, as acusações contra Lula estão fundamentadas em perícias e outros documentos obtidos ao longo da apuração, independentemente da versão apresentada pela OAS antes e depois do início de um pré-acordo de delação premiada de Pinheiro.  As negociações sobre o acordo foram suspensas na semana passada, depois de a revista “Veja” divulgar acusações contra o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). O procurador-geral determinou a suspensão das tratativas por considerar que a divulgação seria uma tentativa de forçar o Ministério Público a aceitar o acordo.

Esta semana, a revista traz informações que teriam sido dadas por Léo Pinheiro em sete anexos das tratativas do pré-acordo de delação premiada. Segundo a revista, Léo Pinheiro ficou sabendo, por meio de reportagem do GLOBO, publicada em 2010, que Lula seria o proprietário de um tríplex no edifício Solaris, em Guarujá, que a empreiteira havia assumido da Bancoop, cooperativa insolvente do Sindicato dos Bancários de São Paulo. O empresário diz ter entrado em contato com João Vaccari, ex-presidente da Bancoop, que teria pedido que o tríplex não fosse vendido a terceiros, porque seria reservado a Lula. De acordo com a revista, Léo Pinheiro afirmou ter acertado com Vaccari que o valor do imóvel seria abatido dos créditos que o PT tinha a receber por conta de propinas em obras da OAS na Petrobras. “Nesse contato, perguntei para João Vaccari se o ex-presidente Lula tinha conhecimento do fato, e ele respondeu positivamente”, teria contado o empresário.

A revista afirma que, em 2014, Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, chamou Léo Pinheiro para uma reunião na sede do instituto. Chegando lá, teria sido atendido por Lula, que lhe pediu que fosse feita uma reforma no sítio de Atibaia. Segundo o empresário, não houve menção a pagamento pelos serviços, e ficou implícito que a remuneração viria dos créditos de propina do PT ou dos serviços prestados por Lula em favor de negócios da empresa fora do país. “Veja” diz ainda que Pinheiro afirmou que foi Okamotto quem pediu, em 2010, quando Lula ainda era presidente, que a empresa custeasse a guarda do acervo presidencial, já que o mandato estava prestes a ser encerrado. Okamotto teria dito que Lula poderia ajudar a empresa a aumentar sua presença no exterior. Léo Pinheiro disse que concordou em pagar a conta de R$ 1 milhão pela guarda do acervo.  A revista, que não reproduz os documentos, traz informações sobre uso de caixa dois para campanha da presidente afastada, Dilma Rousseff, e sobre propinas que teriam sido negociadas durante gestão dos ex-governadores tucanos José Serra, em SP, e Aécio Neves, em Minas.


Em relação a Dilma, Pinheiro teria dito que o governo determinou a elaboração de um contrato fictício com a agência de publicidade Pepper, no valor de R$ 717,9 milhões — a ser pago em três parcelas de R$ 239,3 milhões em setembro e novembro de 2014 e em fevereiro de 2015. O valor teria sido pedido a Pinheiro por Edinho Silva, que coordenou a campanha de Dilma. A quantia seria destinada a pagamento de despesas da campanha de reeleição de Dilma.

O ex-presidente da OAS teria dito que houve cartel nas obras do Rodoanel Sul, em São Paulo. A OAS ganhou um lote. Segundo ele, “havia um convite” de 5% de propina para Dario Rais Lopes, secretário de Transportes, e Mário Rodrigues, diretor de Engenharia da Secretaria de Transportes. A licitação ocorreu em 2006, antes de Serra assumir, em 2007. Ao assumir, Serra determinou renegociação dos contratos. Segundo Pinheiro, o valor do contrato com a OAS teria sido reduzido em 4%, e a propina, repactuada para 0,75%.

Em outro anexo, Pinheiro disse que conheceu Oswaldo Borges da Costa Filho em 2001 e que no mesmo ano esteve com ele e Aécio para contribuir para a campanha do tucano ao governo de Minas em 2002. Em 2007, na licitação para a cidade administrativa, determinou que procurassem Borges. Sérgio Neves, executivo da Odebrecht, teria dito que haveria pagamento de 3% de propina e que as empresas deveriam procurar Borges. A OAS, segundo ele, teria pagado em dinheiro vivo. O empresário disse saber que Borges é operador de Aécio.
Fonte: O Globo
 
 

sábado, 27 de agosto de 2016

Lula - agosto é um mês adequado a que covardes encontrem soluções para situações desagradáveis. Aproveite! Abalado, Lula diz que 'nem nos piores momentos' imaginou a atual situação

A aliados, ex-presidente se mostrou preocupado com discurso de Dilma e pediu tom político na fala  

Pouco após ter sido indiciado pela Polícia Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Brasília nesta sexta-feira para se encontrar com a presidente afastada, Dilma Rousseff. Na volta da visita, já prestes a embarcar de volta a São Paulo, o ex-presidente fez um desabafo a aliados:  Nem nos piores momentos da minha vida eu imaginei que aconteceria o que está acontecendo hoje.

Lula debateu com Dilma a presença dela na sessão do julgamento do impeachment no Senado, marcada para a próxima segunda-feira, e fez uma avaliação negativa do que já ocorreu até agora. Segundo relatos, ele não tem expectativa de virada no impeachment e disse que, se algum voto mudar, será uma surpresa. Não adianta vir aqui achar vai virar um ou outro voto. Mas, se fosse qualquer outra pessoa no lugar dela, tenho certeza que reverteria – disse um petista que esteve com Lula.

O ex-presidente está preocupado com o discurso que Dilma fará na segunda-feira. Ele quer um tom politizado, sem focar em argumentos técnicos. Algo para “entrar para a história”, em que fique registrada a denúncia do “golpe”. Mas teme que sua sucessora não o escute, a exemplo do que fez diversas outras vezes, e perca a oportunidade de ajudar a construir uma versão futura para o PT.   – Ela não deve ficar entrando em detalhes de pedaladas, tentando convencer alguém com argumentos técnicos. Tem que olhar para frente, denunciar a agenda que eles querem implementar, privatizar a Petrobras, entregar tudo para o capital privado, e por isto deram o golpe – relatou um dos senadores que esteve com Lula.

Os aliados que estiveram com o ex-presidente nesta sexta afirmaram que ele estava muito abalado, como se tivessem finalmente “caído as últimas fichas”. E também muito preocupado com o futuro do PT. Para Lula, é importante ganhar a versão dos fatos, mesmo perdendo o processo, e dando um indicativo do que será a luta para o futuro para o partido.

Havia dúvida sobre a presença de Lula no plenário do Senado durante a fala de Dilma, mas ele decidiu que estará no momento para prestar solidariedade: – Eu vou, é uma questão de solidariedade – disse aos aliados, emocionado.

No próprio aeroporto da capital, o ex-presidente se encontrou com um grupo de senadores do PT para fazer uma análise do cenário. Jaques Wagner, ex-ministro de Dilma, acompanhou Lula na visita. Wagner e a mulher dele, Maria de Fátima Carneiro, estão entre os convidados da defesa que estarão presentes à sessão de segunda-feira, quando Dilma irá depor no Senado.

Na reunião com Lula, estavam presentes os senadores petistas Paulo Rocha (PA), Jorge Viana (AC), Humberto Costa (PE) e José Pimentel (CE). A expectativa é que nem mesmo a presença de Dilma sirva para mudar votos: — Acho que não mudará muita coisa depois da fala dela. A esta altura, todo mundo já definiu seu voto. Claro que vamos continuar trabalhando, mas acho difícil virar o jogo — admitiu Paulo Rocha.

Lula retornou ainda nesta sexta a São Paulo. O ex-presidente somente voltará a Brasília no domingo, para participar da sessão do julgamento em que Dilma estará presente no Senado.

Fonte: O Globo

PT quer tirar foco do julgamento do impeachment

Bancada lulopetista no Senado não discute de forma objetiva as acusações bem fundamentadas contra Dilma; prefere fazer proselitismo político

Pode-se dizer tudo do lulopetista militante, menos que não tenha disciplina e fé de sectário religioso. Nenhum fato da vida real abala suas convicções — vide as revelações devastadoras surgidas na Lava-Jato sobre seu líder e companheiros. Agora, por exemplo, o PT dá demonstrações de que deseja virar a página do impeachment o mais rápido possível, mas sua bancada no Senado atua com virulência em defesa de Dilma. Isso, apesar das provas fartas e sólidas de que a presidente cometeu crimes de responsabilidade na manipulação do Orçamento, passíveis de punição por impeachment. 

Há quem diga que o real objetivo, agora, é marcar posição para o ciclo oposicionista em que permanecerá o partido, com o afastamento definitivo da presidente. Não por acaso, profissionais de cinema estariam produzindo um documentário sobre o impeachment, por certo a ser usado à exaustão com fins de propaganda política, por um PT vitimizado.

A bancada continua a aplicar, nesta fase final do processo, a tática de ganhar tempo como faz desde o início —, agora pela desqualificação das testemunhas da acusação. Tudo também para não discutir o tema central do processo: a acusação, bem fundamentada, de que a presidente cometeu crimes de responsabilidade.

No início da madrugada de ontem, por exemplo, José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma, traçou o criativo roteiro de uma fantasiosa conspirata feita no TCU pelo procurador do Tribunal de Contas Júlio Marcelo de Oliveira e o auditor Antônio Carlos Costa D’Ávila Carvalho Júnior, para induzir os ministros do tribunal a rejeitar as contas da presidente. Chegou ao ponto de dizer que a crise foi provocada por pareceres dos auditores, arrolados pela acusação como testemunhas. Devido aos ataques do PT, Júlio Marcelo virou “informante”. Mas falou o que se esperava dele, sem problemas.

Ora, Cardozo faz pouco-caso do discernimento da população, principalmente dos já mais de 12 milhões de desempregados, devido aos graves erros de política econômica de Dilma. Esquece que analistas brasileiros e estrangeiros, das agências de avaliação de risco, já alertavam para problemas fiscais na economia brasileira desde no mínimo 2013. A imprensa profissional registrou tudo.


Seguiu a mesma linha diversionista o convite da defesa ao economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos ícones do “desenvolvimentismo”, para, ontem, servir também ao estratagema de se evitar questões fundamentais postas no impeachment. Belluzzo, por sua escola de pensamento, desgosta de preocupações “neoliberais” com o equilíbrio fiscal, portanto não considera que Dilma incorreu em crimes ao atropelar a Lei de Responsabilidade. Até porque não gosta da lei. 

Cumpriu, na sessão, o papel de vocalizador de críticas a um necessário cuidado com a estabilização fiscal. Tanto que não respondeu a perguntas objetivas feitas pela advogada, e uma dos signatários do pedido de impeachment, Janaína Paschoal, sobre as denúncias feitas à presidente. Confessou que não leu o processo.  Tem-se a impressão de que a bancada petista aproveita mesmo o tempo para proselitismo com vistas ao futuro. Sintomaticamente, a maioria pelo impedimento, depois de mais um show de bate-bocas e destemperos, preferiu não levantar questões às testemunhas levadas pela defesa. É perda de tempo. Cumpre-se a tabela, como no futebol.

Fonte: Editorial - O Globo