Um ano para barrar a corrupção
O País tem a chance histórica de combater os malfeitos e punir corruptos e corruptores. Se falhar a classe política pode cair em total descrédito
O tema pautou as eleições e ocupou boa parte da agenda legislativa e do noticiário no ano que passou. Agora, ganha status de política pública. Nenhum desafio será maior em 2015 que o combate à corrupção. Dele depende a retomada do crescimento e a própria garantia de governabilidade da presidente Dilma Rousseff. Declarações populistas que lhe renderam votos na campanha não surtirão efeito sem medidas concretas. Ao que cabe à chefa do Executivo, a cautela na escolha de ministros e assessores deve ser redobrada.
ELE IMPÕE RESPEITO
O juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, tornou-se
símbolo do combate implacável à corrupção
O juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, tornou-se
símbolo do combate implacável à corrupção
O ato mais aguardado para o início do ano
virá das mãos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que
prometeu apresentar até o final de fevereiro a denúncia contra os
políticos envolvidos no escândalo do “petrolão”. É provável que o total
de políticos envolvidos supere em muito os 28 nomes indicados pelo
ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. Mas de nada
valerão tais suspeitas se o procurador-geral não apresentar provas
robustas de que parlamentares, governadores e ministros foram
destinatários da propina paga por contratos superfaturados da Petrobras.
De uma denúncia bem feita dependerá a abertura da ação penal no STF.
A oposição se articula para, na volta do
recesso, pressionar por investigações de potencial ainda mais explosivo,
como dos empréstimos do BNDES, os investimentos dos fundos de pensão e
os contratos de grandes obras. Mais importante que comissões de inquérito,
é imperativo a aprovação de uma reforma política profunda, que reveja
os atuais mecanismos de financiamento eleitoral – origem de todos os
descalabros do sistema político.
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