Brasileiro é executado na Indonésia, e Dilma se diz 'indignada'
Fuzilamento de Marco Archer por tráfico de drogas ‘afeta gravemente’ relações entre países, diz presidente
Após receber a notícia da execução do brasileiro Marco Archer, a presidente Dilma Rousseff decidiu chamar o embaixador do Brasil na Indonésia, Paulo Alberto da Silveira Soares, para consultas. O gesto significa um movimento diplomático do governo brasileiro de descontentamento com a medida tomada por aquele país. Em nota, a Presidência afirma que Dilma ficou “consternada e indignada” com a confirmação da morte do brasileiro.Foi reiterado o conhecimento da gravidade do crime cometido por Archer, de tráfico de drogas, mas a presidente afirmou que a decisão da Indonésia “afeta gravemente as relações entre nossos países”. Além disso, o Itamaraty chamou na tarde deste sábado o embaixador da Indonésia. Na reunião, foi entregue uma nota de protesto do governo brasileiro.
IDELI: EXECUÇÃO É POLÍTICA
Já a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, considerou "política" a execução do instrutor de voo Marco Archer. Ideli acompanhou ontem o telefonema entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Indonésia, Joko Widodo, ocasião em que o pedido de clemência para que o brasileiro não fosse executado acabou ignorado. Já naquele telefonema, conforme Ideli, Dilma deixou transparecer a possibilidade de retaliação caso se confirmasse a execução, o que ocorreu na tarde deste sábado, pelo horário de Brasília. [Ideli! chato é que o Brasil não tem condições de retaliar em nada a Indonésia e mais uma vez a Dilma nos expõe ao ridículo - igual quando o Lula colocou o Brasil de quatro diante do poderoso exército boliviano.]
Ainda segundo a ministra de Direitos Humanos, em entrevista ao GLOBO no fim da tarde deste sábado, Dilma aguardava apenas o retorno ao Brasil do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, que estava nos Estados Unidos, para detalhar as medidas da retaliação. Vieira já está no Brasil. – Ele estava condenado à morte esse tempo todo, mas o presidente anterior da Indonésia deixou isso quieto. A decisão da execução (na gestão do atual presidente), de não acatar o pedido de clemência, foi também uma decisão política. Essa questão (do rigoroso combate ao tráfico de drogas) foi levada para a campanha dele. O brasileiro já estava condenado há muito tempo – afirmou Ideli.
A ministra considerou "inadmissível" a existência de pena de morte em determinados países: – É absurda por não permitir nenhuma possibilidade de arrependimento e reintegração. A presidente deixou claro no telefonema que o Brasil não tem pena de morte e que isso era incompreensível aos brasileiros. Ela fez apelo como mãe e deu a entender na conversa que as relações entre os dois países não ficará igual depois desse episódio.
Ideli revelou que o outro brasileiro na fila das execuções na Indonésia por tráfico de drogas, Rodrigo Goulart, vem apresentando um "quadro psíquico muito grave" e, em razão disso, a Embaixada do Brasil na Indonésia tenta uma internação a ele, em vez da execução. Para isso, também haveria a necessidade de clemência por parte do presidente da Indonésia. As chances são remotas, segundo a ministra. [quando ele for fuzilado ficará bom dos problemas psíquicos. A morte cura muita coisa.]
– As informações que chegaram até nós é de que o outro brasileiro está totalmente transtornado. Mas as possibilidades de clemência também são extremamente remotas – disse Ideli.
O sentimento após a execução de Marco Archer, conforme a ministra de Direitos Humanos, é de "choque" e "tristeza". Ela lembrou que o Brasil integra um grupo que discute na Organização das Nações Unidas (ONU) o fim da pena de morte. – Esse episódio acirra o debate a respeito da pena de morte. Existe uma tristeza profunda – afirmou.
O secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão, condenou o fuzilamento de Marco Archer Cardoso. Em sua conta no Twitter, ele disse que nada justifica a pena de morte e elogiou a atitude da presidente Dilma Rousseff, que fez um apelo ao governo indonésio para que o brasileiro não fosse executado. "Nada justifica a pena de morte e o fuzilamento do brasileiro na Indonésia. Foi acertado o apelo humanitário de Dilma", disse Abrão no Twitter.
Ele também retuitou outros três internautas que condenaram a execução. Uma delas, identificada como Louise Caroline, disse: "Tão triste quando a execução por pena de morte em pleno século XXI, são os defensores da medida com o discurso hipócrita de 'fez pq quis'." Outro internauta retuitado por Abrão, chamado Atila Roque, afirmou que Dilma "agiu bem convocando embaixador brasileiro na Indonésia p/ consultas, em sinal de desagrado c/ execução do brasileiro".
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