O direito do cidadão, do homem de bem, é usurpado,
enquanto os criminosos encontram defensores
Os
politicamente corretos são muito barulhentos. Representam uma minoria que se dá
ares de maioria como se, por mágica, fossem a encarnação do “progresso”.
Colocam-se em uma posição absoluta, a partir da qual procuram desqualificar a
todos os seus oponentes. Agora, estão tentando caracterizar a reação
maioritária da população brasileira às suas imposições como se estivéssemos
vivendo uma onda retrógrada.
Retrógrada
segundo qual perspectiva?
Curiosa
posição desses que se apresentam como a representação mesma do “progresso”. No
mais das vezes, estamos diante dos que, durante anos e décadas a fio, defendiam
os petistas, compactuando com toda a ruína produzida por eles, sempre omissos
na condenação da corrupção que, então, já grassava. Como o descalabro salta
hoje aos olhos, salvo para os que não querem ver, sobrou a luta pelos costumes,
como se, assim, pudessem ancorar em um porto seguro, capaz de lhes angariar um
pouco de reconhecimento. Reconhecimento almejado, pois estão ansiosos por um
tipo qualquer de bússola. Guardam, porém, a soberba dos supostamente justos.
Aliás,
seus porta-vozes são alguns intelectuais e artistas esquerdizantes que vivem em
um mundo à parte, o de universidades que se fecham dentro de si mesmas,
resistentes a qualquer confronto com a realidade, e artistas muito bem pagos
que procuram, inclusive, aumentar os seus rendimentos com verbas públicas. Exemplo
dessa miopia reside no modo de tratamento do crime e da insegurança que se
expande no país. Aqui, vivemos uma inversão completa de valores. O cidadão
encontra-se desarmado, não tendo mais nem o direito à legítima defesa, enquanto
os bandidos ostentam armas militares, exibindo todo o seu poder de fogo.
Policiais são assassinados, enquanto basta a morte de um criminoso para que se
iniciem investigações patrocinadas por ditas comissões de direitos humanos.
O direito
do cidadão, do homem de bem, é usurpado, enquanto os criminosos encontram
defensores. Note-se que quando um bandido é morto em um confronto, é
frequentemente noticiado que um “morador da favela” teria tido esse destino,
como se, desta maneira, houvesse a descaracterização do que está em questão.
Quem defende o cidadão, já que nem ele teria o direito de defender-se?
A
situação chega às raias do absurdo. No Centro-Oeste do país, um casal foi
vítima de invasão de seu domicílio por bandidos armados. A mulher deu o alarme
e o marido, tendo o seu quarto invadido, reagiu matando um dos assaltantes.
Tinha, aliás, registro de sua arma. Teria havido, depois, na delegacia, um
indiciamento seu por “homicídio”! Não me surpreenderia se, amanhã, a família do
criminoso reivindicasse uma reparação qualquer, apoiada por conselhos dos
direitos humanos, contra o cidadão de bem que defendeu a sua própria vida e a
da sua mulher.
Se o
Exército, em sua ação constitucional de defesa da lei e da ordem, mata um
marginal em um confronto nos morros do Rio, é imediatamente noticiado que ele
teria matado um “civil”. Não teria sido um “marginal” armado, e pesadamente
armado, mas simplesmente um civil, como se fosse um acidente com um cidadão
qualquer. A reação do politicamente correto à proteção legal de militares que
venham a exercer funções de polícia bem mostra a deturpação que estamos
vivendo. Parece que os politicamente corretos, sim, preferem bandidos que
ostentam fuzis. Ficam bem na foto?
Aliás, os “defensores” vivem em condomínios
de luxo, usufruindo de toda a segurança. Isolam-se na vida cotidiana e se dão o
reconforto “moral” da verborragia. Mulheres
e crianças são estupradas cotidianamente. A leitura de jornais e sites torna-se
um horror, com o leitor entrando em contato com as maiores barbaridades. Aqui,
o politicamente correto toma posição contra os estupradores, para logo defender
que, na prisão, devem ser ressocializados. Como assim? Deveriam ser punidos e
obrigados a viver à margem da sociedade, pois mostraram-se inaptos para a vida
familiar e social. [para estuprador uma longa temporada na cadeia e castração química;
reincidindo uma temporada maior no cárcere e castração física, sem anestesia.]
O
politicamente correto defende uma posição romântica segundo a qual o ser humano
seria bom em sua essência, tendo, conforme Rousseau, sido pervertido pela
sociedade, pelo capitalismo, pela miséria e assim por diante. Ora, há pessoas
que não têm nenhuma propensão ao bem e, enquanto tais, deveriam passar a vida
no sistema carcerário. Saindo, voltam a cometer os mesmos crimes. No entanto,
permanecem pouco tempo na prisão, sendo beneficiados por várias medidas de
redução de penas.
Uma
filósofa americana de gênero, em recente visita pelo Brasil, deu outro claro
exemplo do que significa ser "progressista". Segundo ela, o Hamas e o
Hezbollah, por serem de esquerda, seriam progressistas e enquanto tais deveriam
ser considerados. Traduzindo: os terroristas deveriam ser tidos por
“progressistas” por serem de esquerda. Aliás, sob a sua dominação, as mulheres
não possuem nenhum direito. Homossexuais tampouco. É melhor deixar para lá
tantas contradições que são uma afronta ao pensamento. Quando a
sociedade reage à insegurança, à afronta aos seus valores, é como se estivesse
posicionando-se contra o “progresso”. Começam, então, a vociferar contra a
“direita”, os “conservadores”, contra os que se insurgem contra essa nova forma
de dominação minoritária, particularmente presente nos meios de comunicação e
no posicionamento de alguns juízes e promotores.
Procuram
impor-se calando os seus adversários por “direitistas” e tentando conseguir
supostas “interpretações” da lei que lhes dariam ganho de causa contra a imensa
maioria da população. Recusam-se, mesmo, a consultas populares, por medo de as
perderem. Poderíamos, por exemplo, ter consultas deste tipo no que diz respeito
ao desarmamento e ao aborto. Deveriam submeter-se ao processo democrático.
O
politicamente correto vive de sua vociferação na mídia e na atuação de seus
grupos minoritários, muito bem organizados. Quando são contrariados, gritam
histericamente contra a onda retrógrada!
Denis
Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul - O Estado de S. Paulo
E-mail: Denisrosenfiel@terra.com.br
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