Em meio a críticas, Macri estaria analisando trocar
cúpula das Forças Armadas
O
presidente da Argentina, Mauricio Macri, foi pessoalmente na tarde de
sexta-feira à sede do Ministério da Defesa, localizada a poucos metros da Casa
Rosada, para informar-se sobre a situação do submarino ARA San Juan —
desaparecido desde quarta-feira da semana passada. O gesto do chefe de Estado
evidenciou a profunda crise militar desencadeada pelo que já se considera a
maior tragédia da Marinha argentina dos últimos 35 anos. Em meio ao desespero e
à ira dos familiares dos 44 tripulantes, Macri mostra-se profundamente irritado
com a atuação das autoridades militares e, no país, especula-se sobre mudanças
na cúpula das Forças Armadas até o final do ano. Na opinião de especialistas, o
submarino é apenas a ponta do iceberg, e trocar cabeças não resolverá um
problema que se arrasta há décadas: a indefinição sobre qual deve ser o papel
das Forças Armadas, hoje abandonadas, com cada vez menos recursos e sem rumo. [a situação de indefinição sobre o papel das FF AA na Argentina deve servir de alerta aos comandantes militares das três Forças do Brasil:
nossas Forças Armadas caminham de forma acelerada para um desprestígio generalizado, ofensivo e se algo não for feito - e cabe aos comandantes militares conduzirem um processo de recuperação das FF AA, tanto em termos de prestígio, quanto de salários e especialmente de modernização com um reequipamento ostensivo, firme e rápido (falando em reequipamento, os aviões Gripen ainda virão para a FAB? ou está tudo parado? a situação da Marinha de Guerra, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira será bem pior do que a da Argentina.
Todo cuidado é pouco com os efeitos altamente prejudiciais da política antimilitar praticada pelo Brasil desde o primeiro governo FHC, intensificada durante os desgovernos Lula e Dilma, que agora sob Temer está em banho-maria (colocar algo em banho-maria o que já está estagnado, se autodestruindo é péssimo).]
Ao sair
do Ministério da Defesa, o presidente evitou críticas à Marinha e tentou
acalmar as famílias dos tripulantes, que já falam em pedir justiça: — Não
temos de nos aventurar em buscar culpados. [há precipitação dos que querem atribuir responsabilidade pela tragédia aos militares argentinos;
apesar de raro o incidente com o submarino ARA San Juan está entre os riscos; basta lembrar o havido com o submarino russo Kursk - matéria no POST anterior.]
No
entanto, longe dos holofotes, o governo já abriu 40 investigações internas para
determinar o que aconteceu com o submarino. Negligência e ocultação de
informação estão entre as hipóteses. — Macri
está zangado com a situação. Sempre nos sentimos um pouco impotentes com uma
situação como esta, onde ninguém sabe o que aconteceu — declarou o senador
Federico Pinedo, líder da aliança governista Mudemos no Parlamento e terceiro
na linha de sucessão presidencial.
Pinedo
questionou “a política antimilitar dos governos kirchneristas” e defendeu a
necessidade de repensar a missão das Forças Armadas. — A
política deve ocupar-se de pensar para que servem as Forças Armadas no século
XXI e deve equipá-las para essa missão, que devemos definir — assegurou o
senador, um dos congressistas mais próximos do presidente.
Visivelmente
abalado pela crise, Macri comprometeu-se a continuar procurando o submarino,
com a ajuda de 12 países, entre eles Estados Unidos, Brasil, Espanha e Rússia,
última a unir-se às operações de busca. Até sexta-feira, as informações
técnicas divulgadas pela Marinha continuavam sendo as mesmas do dia anterior: a
confirmação de uma explosão na região em que o San Juan está sendo procurado,
muito próxima do local onde estava quando comunicou-se pela última vez com
terra. Mas, pela primeira vez, o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, admitiu
que a explosão confirmada no dia anterior teria sido no San Juan. —
Inferimos que poderia ser do submarino — afirmou. — Não temos indícios de um
ataque.
O que
causou a explosão continua sendo um grande mistério, assim como o que fazia o
submarino. A informação oficial menciona trabalhos de monitoramento de barcos
pesqueiros, mas a juíza que está investigando o caso assegurou que “são
segredos de Estado”. A equipe de promotores encarregada do caso solicitou
sexta-feira informações sobre as reformas realizadas durante o governo de
Cristina Kirchner (2007-2015).
Paralelamente,
setores da oposição estão pedindo ao ministro da Defesa, Oscar Aguad, que vá ao
Congresso dar explicações. — No
Parlamento, temos de fazer todos os esforços necessários para que este caso não
seja catalogado como uma tragédia derivada de um acidente, são fatos de extrema
gravidade — disse a deputada opositora Araceli Ferreyra.
‘Questão-chave é o papel das Forças Armadas’
Macri é
um político que sempre se manteve distante do mundo militar, como fez a grande
maioria dos dirigentes argentinos após a redemocratização do país, em 1983. A
crise, já instalada, será portanto um delicado desafio para o chefe de Estado,
que em dezembro completará dois anos de mandato. Na opinião de Sabina Frederic,
professora da Universidade de Quilmes e antropóloga do Conselho Nacional de
Investigações Científicas e Técnicas (Conicet), “a questão-chave neste momento
é que não está claro qual é o papel das Forças Armadas na Argentina”. Segundo
ela, nos últimos 30 anos, sua principal atividade foi participar de missões de
paz, uma delas no Haiti. Para a especialista, “o caso mostrou como funciona e
sempre funcionou a Marinha argentina: como uma organização coesa e absolutamente
fechada”.
— Não
demoraram para avisar Macri por razões políticas, demoraram porque a Marinha é
assim, hermética, e neste caso foi negligente — assegurou Sabina, que
participou de uma recente reforma do plano de estudos dos militares argentinos.
— A Marinha foi o setor mais complicado porque ela funciona de uma maneira
diferente, sempre foi assim. Na ditadura, por exemplo, exigiu-se que todos os
seus integrantes participassem da repressão. [por acaso essa especialista considera defender a Pátria de terroristas, comunistas e outros 'istas' um crime?
Se pensa assim está enganada;
combater os inimigos da Pátria, no Brasil, na Argentina ou em qualquer outro país, SEMPRE FOI, CONTINUA SENDO e SEMPRE SERÁ uma SUPREMA HONRA - pensar diferente é ALTA TRAIÇÃO À PÁTRIA.]
Não será
fácil para Macri redefinir as Forças Armadas num panorama prolongado de ajuste
no Estado. Em 2018, o presidente seria obrigado a aplicar novos cortes, o que
tornaria complicado atender a demandas internas de investimento. — Nos
últimos anos, os militares foram notícia pelos julgamentos de lesa-humanidade.
A limpeza é grande, mas a grande questão é o que virá depois dessa limpeza —
concluiu Sabina. [essa especialista falou bobagem no parágrafo anterior e mais ainda neste.]
O Globo
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