Por Ricardo Noblat
Cidadãos de primeira categoria
Saiu tudo ao gosto dos chefes militares e de Jair Bolsonaro. O Congresso limitou-se a incluir policiais e bombeiros aumentando os custos do Tesouro e reduzindo a economia antes prevista. A reforma da Previdência para os que vestem farda acabou sendo muito mais generosa do que a reforma da Previdência para os que vestem terno ou qualquer outra coisa. A votação durou cerca de 30 minutos. Como houve acordo entre os partidos de direita, centro e esquerda, ninguém foi contra. Em momento algum o governo imaginou que pudesse ser assim. [ponto importante: os militares quando da Reforma da Previdência, dispunham de uma assistência previdenciária - por buscar os mesmos objetivos da previdência dos servidores civis - mas, que não era alcançada pela previdência objeto daquela reforma, visto que a assistência que dispunham considerava as especifidades típicas da carreira militar.]
No início do ano, o
deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, temeu que reforma
tão vantajosa para os militares fosse capaz de contaminar a discussão da
reforma para os civis. O governo falava em
regras iguais para todos. O ministro Paulo Guedes reconhecia que os
salários dos militares estavam defasados, mas achava que não era hora de
mexer com isso. Mas Bolsonaro bateu o pé e
disse que todas as reivindicações dos militares deveriam ser atendidas.
O lobby militar no Congresso foi eficiente. O resultado… O que se
colheu ontem à noite.
O líder de um partido de
oposição explicou que a conjuntura não permite que se contrarie a
vontade da caserna. Fazê-lo poderia estimular atos de indisciplina e dar
mais força a Bolsonaro. [a força atribuída ao presidente Bolsonaro é proveniente dos quase 60.000.000 de votos que recebeu nas eleições 2.1018.] Em tudo por tudo, a
reforma dos militares exigirá deles menos sacrifícios. Serão
contemplados com aumento de salários e de gratificações não só para os
oficiais, mas também para os praças.
A reestruturação da
carreira dos militares deverá custar aos cofres públicos pouco mais de
R$ 86 bilhões, o que reduzirá a economia real esperada com a reforma
deles a R$ 10,45 bilhões em dez anos. Bolsonaro pagou caro pelo
apoio que lhe deram seus ex-camaradas para que se elegesse presidente
da República. E já começou a fazer seu pé de meia para quando tentar se
reeleger em 2022.
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