Após casos de violência, com quatro motoristas mortos apenas neste ano, distritais votaram proposta com medidas para facilitar a identificação de passageiros. Especialistas alertam, contudo, para possível inconstitucionalidade
Os quatro casos de assassinatos de motoristas por aplicativo
neste ano reacenderam debates sobre a lei que regulamenta o serviço no
Distrito Federal. Nesta terça-feira (11/2), em sessão marcada por
discussões e pela presença de integrantes da categoria na Câmara Legislativa, os deputados aprovaram, em dois turnos, um projeto de lei que altera pontos da norma que trata do tema (leia Exigências). A proposta será encaminhada para apreciação do governador Ibaneis Rocha (MDB).
[mais uma vez a Câmara Legislativa do DF, campeã nacional de LEIS INCONSTITUCIONAIS, apresenta um projeto que é um simulacro - se virar lei será anulada, por ser inconstitucional - um engodo para a categoria e para a população do DF.
Além do que, sem uma melhora efetiva, real, concreta, que não seja para inglês ver, da Segurança Pública do DF, o projeto não é lá grande coisa. Sem perder tempo em longa crítica, cito o 'botão de pânico' = que adianta o motorista acionar e não ter disponibilidade de policiais para atender ao alerta.
Autorizar motorista a conferir documentação do usuário de nada adianta.
O governador do DF, a CLDF, e, mais importante, o Congresso Nacional, precisam entender que a causa da INsegurança Pública no DF é a falta de efetivo - seja na PM, seja na PC.
A PMDF trabalha com pouco mais da metade do efetivo ideal e a Polícia Civil está na mesma situação.
On aumenta o efetivo da Polícia Militar e da Polícia Civil, ou pede para fechar e entrega para o Exército.
Projetozinho tipo o noticiado não resolve nada e serve apenas para os distritais alegarem que a Justiça é que não deixa eles legislarem.
Falando em Justiça, as normas da 'audiência de custódia' precisam ser revistas, da forma atual para mais "aundiência de soltura de bandidos'.
A situação exige que valha o princípio: 'na dúvida, o suspeito é culpado até que prove o contrário'.
Vão dizer a Constituição não deixa, esquecem que temos um Poder Legislativo (o FEDERAL, é óbvio) que pode modificar a Carta Magna.]
Além do que, sem uma melhora efetiva, real, concreta, que não seja para inglês ver, da Segurança Pública do DF, o projeto não é lá grande coisa. Sem perder tempo em longa crítica, cito o 'botão de pânico' = que adianta o motorista acionar e não ter disponibilidade de policiais para atender ao alerta.
Autorizar motorista a conferir documentação do usuário de nada adianta.
O governador do DF, a CLDF, e, mais importante, o Congresso Nacional, precisam entender que a causa da INsegurança Pública no DF é a falta de efetivo - seja na PM, seja na PC.
A PMDF trabalha com pouco mais da metade do efetivo ideal e a Polícia Civil está na mesma situação.
On aumenta o efetivo da Polícia Militar e da Polícia Civil, ou pede para fechar e entrega para o Exército.
Projetozinho tipo o noticiado não resolve nada e serve apenas para os distritais alegarem que a Justiça é que não deixa eles legislarem.
Falando em Justiça, as normas da 'audiência de custódia' precisam ser revistas, da forma atual para mais "aundiência de soltura de bandidos'.
A situação exige que valha o princípio: 'na dúvida, o suspeito é culpado até que prove o contrário'.
Vão dizer a Constituição não deixa, esquecem que temos um Poder Legislativo (o FEDERAL, é óbvio) que pode modificar a Carta Magna.]
O
PL, de autoria do distrital Daniel Donizet (PSDB), prevê mudanças na
operação do serviço e a adoção de procedimentos com foco na segurança
dos motoristas, como a necessidade de cadastro de foto para passageiros
que pagarem em dinheiro, além da instalação de um botão do pânico em
local de conhecimento apenas do condutor. A matéria chegou a ser debatida há um ano, e o projeto de lei,
protocolado em outubro. Nesta terça-feira (11/2), os deputados falaram
da importância da proposta diante dos casos recentes de violência e da
precarização da profissão. Líder da minoria na Casa, Fábio Felix (PSol)
se posicionou favoravelmente à matéria. “Esses profissionais têm
enfrentado uma situação gravíssima no DF. E não podemos nos calar dado o
tamanho da violência nas cidades enquanto trabalhadores e trabalhadoras
pegam o carro, mesmo de forma precária, para ganhar dinheiro”,
declarou.
Exigências
Há uma semana, a 5ª Turma do Tribunal
Superior do Trabalho (TST), em decisão inédita, entendeu que os
motoristas de transporte por aplicativo não têm vínculo empregatício com
as empresas. Na ação, um motorista de Guarulhos (SP), que trabalhou na
Uber de julho de 2015 a junho de 2016, pedia registro na carteira de
trabalho e pagamento de direitos trabalhistas, como horas extras,
adicional noturno e 13° salário.
Com voto
contrário nos dois turnos, a deputada Júlia Lucy (Novo) chamou a atenção
para a implementação do projeto e dos efeitos das mudanças na prática.
Para ela, o assunto não foi tratado de forma amadurecida e esbarra em
problemas, como custos e execução. “Estamos diante de um projeto que tem
tudo para não ser aplicado. A intenção é dizer que se fez algo ou fazer
algo que realmente funcionará? A questão está sendo tratada de forma
apaixonada. Quem vai arcar com isso?”, questionou a distrital. Única a
se manifestar contra a matéria nos dois turnos, Lucy foi vaiada pelos
motoristas na galeria pública do Plenário.
Responsabilidade
Representante
do Movimento dos Motoristas do Distrito Federal, Manoel Scooby comentou
que o projeto de lei atende a solicitações antigas da categoria. Em
relação à criação de um botão para casos de emergência, além da
instalação de câmeras e de sistema de monitoramento por GPS nos
veículos, Manoel disse que os gastos poderiam ser cobertos por meio de
parcerias com anunciantes. “Posso fazer um acordo com uma empresa, para
que ela anuncie no veículo, e, com o valor da publicidade, pago os
gastos (com a instalação dos dispositivos de segurança)”, sugeriu.
No
entanto, para o deputado Daniel Donizet, os dispêndios devem recair
sobre as companhias de transporte individual por aplicativo. “É
responsabilidade da empresa. Ela é quem tem de implementar. Todos os
itens citados no projeto: câmera, botão. Tudo por conta da empresa. Ela
(a empresa) terá de fazer a contabilidade dela, ver se continuará tendo
lucro ou não. A ideia é que ela continue operando. Mas o objetivo do
projeto é dar segurança para o motorista”, ressaltou o distrital.
Inconstitucional
Presidente da Comissão de Direito do Trabalho e Sindical da Ordem
dos Advogados seccional do Distrito Federal (OAB-DF), Fernando Abdala
considera que as mudanças na lei distrital que dispõe sobre o serviço
podem extrapolar limites. “O mais provável é que alguma das empresas
recorra ao Judiciário para obter uma declaração de inconstitucionalidade
da lei. A Câmara Legislativa tem índices muito altos de leis assim no
Tribunal de Justiça”, avaliou. “É competência da União legislar sobre
transporte. E há uma lei federal que regula o transporte de passageiros
por aplicativo.”
Para a especialista em
segurança pública e professora da Universidade Católica de Brasília
(UCB) Marcelle Figueira, a análise do cenário dos transportes por
aplicativo deve acontecer de modo amplo. “Temos de olhar para outros
lugares onde ações específicas funcionaram, para saber se podem ser
implementadas aqui. Se todas as medidas forem pensadas no calor da
emoção, elas têm chances de serem muito opinativas e pouco eficazes.
Entretanto, não podemos esperar resultados de estudos para tomar
decisões”, frisou.
A 99 informou que está à
disposição para colaborar com a polícia na investigação dos casos e que
trabalha para aprimorar a segurança dos motoristas. “A companhia mostra
aos motoristas informações sobre o destino final, a nota do passageiro e
se ele é frequente”, informou, em nota. A Uber alegou que os quatro
condutores assassinados não estavam trabalhando pela empresa e que
implementa um projeto-piloto adotado no Chile. “Por meio dele, usuários
que não adicionarem meios de pagamento digitais no cadastro ou antes de
realizar uma viagem serão solicitados a submeter um documento de
identificação. O recurso chega ao Brasil no primeiro semestre de 2020.”
»
Obrigatoriedade da informação de dados pessoais, com RG, CPF e selfie,
para passageiros que optarem pelo pagamento em dinheiro;
» Instalação de câmeras, sistema de monitoramento por GPS e botão de pânico nos veículos;
» Permissão para os motoristas consultarem o destino dos passageiros antes de iniciar a corrida;
» Habilitação de meio que permita ao condutor escolher a forma de pagamento que prefere receber;
» Indenização das famílias em caso de morte do profissional durante a corrida;
» Necessidade de senha para o passageiro acessar a plataforma;
» Indicação de parentes e pessoas próximas no cadastro, nos casos de corridas solicitadas para terceiros.
Adeus a mais uma vítima
Amigos
e familiares deram o último adeus a Túlio Russel Cesar, 27 anos, nesta
terça-feira (11/2) no cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. O
sentimento era de indignação e dor por mais um caso de violência contra
motoristas de aplicativo. A vítima estava em serviço na hora do
assassinato e foi encontrada com um tiro na cabeça, ao lado do carro.
Centenas
de pessoas participaram da cerimônia. O jovem foi lembrado por todos
como um homem esforçado e alegre. Formado em direito pelo Centro
Universitário Iesb, Túlio havia sido demitido da empresa em que
trabalhava como caminhoneiro havia cerca de um mês. “Para não ficar
parado, ele decidiu alugar um carro e atuar como motorista de
aplicativo. Ele estava há menos de 15 dias trabalhando na área”, conta
Sheila Russel, mãe da vítima. “O que ele deixou de mais marcante era a
felicidade. Sentirei saudades”, acrescenta.
Segundo
familiares, desde pequeno, Túlio corria atrás dos objetivos para
garantir renda própria. O jovem trabalhou como motoboy, vendedor e
mecânico e, recentemente, esperava assumir vaga na Polícia Militar.
“Nunca quis nada de ninguém, sempre trabalhou para conseguir o dele”,
diz o tio Charles Russel, 45. “Ele passou no concurso, mas não queria
ficar parado. Decidiu trabalhar como motorista de aplicativo até entrar
na corporação”, explica Charles. Os dois se encontraram no sábado
passado e conversaram sobre os perigos da profissão. “Falei para ele
largar essa ideia, porque as estatísticas estavam mostrando que era
perigoso, mas, infelizmente, recebi a notícia da morte no domingo de
manhã”, lamenta o tio.
O advogado morava com a
companheira, Andressa Santos, em Valparaíso (GO). “Eles tinham muitos
planos pela frente. Haviam acabado de se casar e estavam montando a
casinha deles. A família está desolada”, afirma a tia Sherley Russel,
43. No enterro, Andressa se despediu com um discurso ao marido: “Está
doendo muito, nem sei de onde estou tirando forças. Agradeço a
oportunidade de ter sido escolhida por ele. Estávamos juntos havia dois
anos. Vai ficar a saudade.”
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